“O Papa Leão XIII deu a São Pedro Canísio o honroso título de segundo apóstolo da Alemanha. O primeiro, São Bonifácio, foi sobretudo o evangelizador da Igreja Católica da Alemanha, o segundo emprestou todas as suas forças para recatolicizá-la, nas partes que aderiram   ao   protestantismo,   e   conservar   as   regiões   ainda   fiéis   à   Igreja Católica.

Pedro Canísio nasceu na Holanda no mesmo ano em que Lutero se rebelava contra Roma, em 1521. Coincidência curiosa, pois ele ia ser um baluarte de resistência ao protestantismo e apóstolo da Contra-Reforma na terra de Lutero. Estudou direito e letras na universidade de Colônia. Tendo conhecido São Pedro Faber, um dos companheiros de Santo Inácio na fundação da Companhia de Jesus, e admirando-lhe a ciência e a santidade, pediu admissão na Ordem. Completou seus estudos de teologia em Colônia, onde foi ordenado sacerdote.

Desde cedo o Pe. Canísio interessou-se pela sorte da Igreja Católica na Alemanha. Adquiriu, em breve, tão grande prestígio por seu zelo e ciência que foi escolhido pelo cabido metropolitano de Colônia para representá-lo junto ao imperador na Dieta de Worms, e lá advogou com tanta eloqüência a causa da Igreja Católica que conseguiu a deposição do arcebispo de Colônia que, escandalosamente, apoiava a nova heresia.

O cardeal de Ausburgo levou Canísio como teólogo ao Concílio de Trento e foi nesta ocasião que teve a oportunidade de se encontrar com o santo fundador dos jesuítas, Inácio de Loiola, que lhe confiou a missão de recuperar a Alemanha para a Igreja Católica, missão que ele continuou até a morte, isto é, por 45 anos.

A obra de Pedro Canísio foi gigantesca. Pregador, escritor, organizador, cada uma destas três facetas daria para ocupar integralmente uma vida. E isto num contínuo tecer e destecer de caminhos, cruzando várias vezes a pé toda a Alemanha e a Suíça.

Como escritor, podem ser lembradas duas importantes obras: A Suma da doutrina cristã, a que deu três redações diferentes segundo o público a que se destinava: juventude universitária, manual de pastoral para sacerdotes, ou catecismo para o povo simples. Esta obra teve enorme sucesso: alcançou, naquele século, 50 edições e foi traduzida em 15 línguas. A outra obra tem o nome de Controvérsias, obra histórica das origens do Cristianismo destinada sobretudo à gente culta. A obra escrita por Pedro Canísio mereceu-lhe o título de Doutor da Igreja conferido pelo Papa Pio XI.

“Como apologista jamais foi um fanático defensor da fé; guiou-o sempre o amor ao próximo, inclusive aos adversários que combatia. Talvez aí se radique o sucesso do seu trabalho na Europa Central, dividida religiosamente. Como superior provincial dos jesuítas na Alemanha, procurou, Canísio, assentar as bases para o eficiente trabalho da Ordem, sobretudo através da fundação e consolidação da rede de colégios e universidades jesuítas em várias cidades, como Ingolstadt, Praga, Munique, Tréveris, Mogúncia, Spira, etc.”

Desempenhou também várias e delicadas missões diplomáticas em nome da Santa Sé, junto a bispos e príncipes.

Pedro Canísio foi um santo típico da Contra-Reforma, no sentido que sua incansável atividade foi condicionada pelas conjunturas do tempo. Mas, como homem de Deus, deixou exemplos que sobrepairam o tempo. Foi um sacerdote de profunda espiritualidade, um homem corajoso e suave, humilde e douto, sempre pronto a todos os trabalhos e fadigas em defesa da fé professada na Cátedra de Pedro.

Nos últimos seis anos de sua vida, Canísio foi vítima de congestão cerebral que o imobilizou. Faleceu em 1597 com 76 anos de idade, amado e venerado como santo.