Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

22 de Fevereiro

 

Cátedra de São Pedro e Santa Margarida de Cortona

 

CÁTEDRA DE SÃO PEDRO

 

A liturgia comemora hoje a “Cátedra de São Pedro apóstolo”. Esta festa une, numa só, duas comemorações anteriores à reforma litúrgica: a da estadia de São Pedro como bispo em Antioquia e a da sede definitiva de Pedro em Roma, onde morreu por volta do ano 67.

Com a palavra “Cátedra” a Liturgia entende  o lugar simbólico de onde  Pedro exerceu sua função de mestre e guia da Igreja universal, conforme as palavras de Cristo: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,18) e as outras: “apascenta meus cordeiros, apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,16).

Da palavra “Cátedra” deriva o termo “Catedral”, ou igreja primacial, de onde o bispo ensina e preside à Comunidade dos fiéis na diocese.

 

SANTA MARGARIDA DE CORTONA

 

Santa Margarida, natural de Alviano na Toscana, tem o sobrenome de Cortona, cidade onde passou grande parte da vida e morreu. Menina de 8 anos apenas, perdeu a mãe, que a tinha educado com todo o cuidado. A perda da mãe foi o princípio da infelicidade da pobre órfã. Não havendo quem lhe guiasse os passos e de certo modo substituísse o cuidado e a vigilância materna, Margarida viu-se em breve rodeada de elementos que pessimamente a influíram na formação do caráter. Bonita, atraente, de temperamento jovial e expansivo, deu ouvidos às vãs lisonjas e fúteis amabilidades, e abriu as portas do coração à vaidade.

Em vão o pai avisou-a do perigo que corria. Esses bons conselhos foram dados a ouvidos surdos. Dezesseis anos contava Margarida, quando abandonou secretamente a casa paterna, procurando a companhia de um jovem fidalgo, com quem viveu ilícita e criminosamente, pelo espaço de nove anos, em Montepulciano. Deus, que permitira esta triste queda, não perdeu de vista a ovelhinha desgarrada. A consciência não deixou de fazer-lhe reclamos, com insistência cada vez mais acentuada.

Debalde, Margarida não se animava a deixar a vida, que a algemava aos prazeres ilícitos. Deu-se então um fato que lhe abriu os olhos e lhe chamou ao bom caminho. O amante tendo empreendido longa viagem de negócio, foi em caminho assaltado e assassinado. O cadáver esteve dois dias e duas noites no lugar do crime, ficando-lhe ao lado do cão, que tinha acompanhado o dono. No terceiro dia apareceu o fiel animal na casa de Margarida e pelo latido plangente, deu sinal de um acontecimento extraordinário.

Como, porém, Margarida não desse atenção, o cão puxou-a pelo vestido, como se quisesse convidá-la a acompanhá-lo. Margarida então atendeu e o cão conduziu-a ao lugar onde se achava o corpo do assassinado, já em estado de decomposição bem adiantada, enchendo o ambiente de cheiro insuportável.

Margarida, diante do espetáculo que se lhe apresentava ante os olhos, impressionou-se profundamente, e o primeiro pensamento que lhe veio, foi: “Onde estará sua alma?” Que momento de horror para Margarida! Mas também era a hora da graça e da salvação que se aproximava!

A porta do coração, tanto tempo fechada aos convites de Deus, abriu-se ao Bom Pastor. Jesus, que tinha andado tantos anos atrás desta ovelha desgarrada achou-a enfim, e, pondo-a sobre os ombros, levou-a ao aprisco. Lágrimas de arrependimento borbulhavam dos olhos de Margarida; uma dor profunda e sincera feria-lhe o coração; mas, animada por uma confiança ilimitada na misericórdia de Deus, dizia de si para si: “Deus quer salvar-me. Por que teve tanta paciência comigo? É seu amor, que me deu tanto tempo para fazer penitência; é seu amor que me mandou este tremendo aviso, quem sabe? Talvez o último”.

Profundamente abalada, no seu interior, voltou para casa, resolvida a dizer adeus ao pecado e começar uma nova vida, vida de penitência. Fez o voto de dedicar o resto da vida à mais severa penitência. Caiu-lhe na alma, como um peso enorme, o modo ingrato com que tratara o pai, e parecia-lhe ouvir os gemidos de dor, que, durante nove anos, seu procedimento tinha arrancado do coração do seu maior benfeitor.

Resolutamente se pôs a caminho, à procura do pai. Embora compenetrada da gravidade da culpa, embora dizendo-se indigna do paternal perdão, resolvida estava a fazer tudo, para reparar a falta e reabilitar-se na amizade do pai. Margarida contava então 25 anos.

Chegando a Alviano, em altos soluços, prostrou-se aos pés do pai, pedindo a recebesse outra vez em sua casa, pois que estava resolvida a mudar de vida. O pai comoveu-se diante do pedido da filha, e recebeu-a com todo amor; não assim, porém, a madrasta, que não viu de bons olhos a permanência da pecadora em sua casa. Assim, exposta de novo ao perigo, Margarida, renovou o protesto de antes morrer de fome, do que voltar à vida anterior. Elevando os olhos ao céu, exclamou: “Meu Senhor e Salvador de minha alma, quereis que ela se perca? Ela vos custou tanto como a de Madalena. Ó vós que me remistes, pelo preço de vosso sangue, não me desampareis no meu mísero estado! Tende compaixão de mim!” Deus ouviu a oração da pobre pecadora. Esta, cedendo a um impulso interior, dirigiu-se a Cortona, para lá se confessar e receber do confessor a diretiva de uma nova vida. Fez a confissão geral, com  muita contrição, na Igreja dos Padres Franciscanos. O pedido de Margarida de ser aceita entra as penitentes da Ordem Terceira pôde ser atendido, só depois dela ter dado prova suficiente de sua constância.

A partir da conversão, a vida de Margarida foi uma série contínua de práticas de virtudes, principalmente da mortificação, penitência, humildade e paciência. Tinha por alimento só pão e água; por leito o soalho, e de travesseiro servia-lhe uma pedra. A maior parte da noite passava em oração e em práticas de penitência. Para castigar e mortificar o corpo, sujeitou-o à disciplina diária. A meditação da Sagrada Paixão e Morte de Jesus Cristo não só lhe despertou no coração terno amor ao divino Salvador, mas também fez crescer-lhe cada vez mais o desejo de sofrer com Ele e por Ele. Os sofrimentos, que Deus lhe enviava aceitava-os com a maior paciência, e o desprezo que recebia do mundo, causava-lhe prazer. O  pesar de ter ofendido a Deus era tão grande, que não só chorava amargamente as infidelidades passadas, mas chegava até a desmaiar.

Vinte e três anos passou Margarida penitenciando-se por seus pecados. Alguns anos depois da conversão lhe sobrevieram tentações as mais terríveis. O inimigo tudo fazia, para convencê-la da insuficiência das obras penitenciais. Surgiram na mente veleidades de abrandar a mortificação, sair de Cortona. Parecia-lhe que as penitências deviam ter já alcançado o completo perdão dos seus pecados, e tinha a obrigação de conservar a vida, para poder servir a Deus muito tempo ainda. O bom senso, porém, e mais ainda a graça divina fizeram-lhe conhecer em tudo isto uma tentação diabólica.

Numa ocasião, em que as tentações sobremodo a atormentaram, Margarida prostou-se aos pés do Crucifixo, clamando a Deus que a socorresse. Cristo se dignou de aparecer a sua serva e disse-lhe: “Tem ânimo, minha filha! Estou contigo, no meio das tentações. Com o apoio da minha graça, vencerás todas. Segue em tudo o conselho do teu confessor”. Não foi esta a única aparição que Margarida teve. Distinguiram-na com seus colóquios a Santíssima Virgem, vários Santos e principalmente o Anjo da Guarda.

Este lhe deu certeza do completo perdão dos seus pecados. Apareciam-lhe também as almas do purgatório, em particular aquelas que foram remidas pelas suas orações e penitências.

A visão, porém, mais consoladora que Cristo lhe concedeu, foi uma, pouco antes do feliz trânsito, em que Jesus, anunciando-lhe a proximidade da morte, assegurou-lhe a completa remissão dos pecados passados, e que sua alma iria para o céu, acompanhada de todas as almas do Purgatório, que deviam a libertação às suas orações e boas obras. Com santa impaciência aguardou Margarida a chegada desta feliz data. Era o dia 22 de fevereiro de 1297. Margarida contava 48 anos. O corpo foi, em grande solenidade, enterrado na Igreja da ordem de São Francisco, onde até hoje é conservado intacto. Muitos milagres têm provado a santidade da serva de Deus. Bento XIII inseriu-a solenemente no catálogo dos Santos, em 1728.

 

REFLEXÕES

 

1. Depois de longos anos vividos em pecados, Margarida de Cortona recebeu a graça de converter-se dos seus erros. O companheiro dos seus desvarios morreu assassinado, sem ter dado um sinal seque de arrependimento. Arca-nos da providência divina! – Quantos motivos não tens para agradecer a Deus sua misericórdia e bondade, pois se tivesse te tratado como a justiça o exigia, qual teria sido tua sorte, e onde agora estarias?

2. Uma vez convertida, Margarida não mais tergiversou, mas castigou o corpo com jejuns e penitências. A penitência e o jejum em particular são necessários, para justos e pecadores. Para os justos, que assim se defendem contra o mal, que é o pecado; para os pecadores, que devem dar uma satisfação à divina justiça. – Margarida não recaiu mais em pecados e, tendo confessado a culpa, não procurou mais ocasiões de pecar. Assim devem fazer todos que, tendo-se deixado levar pela fraqueza da carne, depois voltaram a Deus com sinceras penitências. O pecador que volta à prática do mal, põe em grande perigo a salvação de sua alma. A penitência e a conversão sincera porém, causam alegria a Deus e aos Santos Anjos.