Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

10 de Janeiro

 

São Luciano, Sacerdote e Mártir

 

Samosata, cidade da Síria, é a  terra de São Luciano. Menino de doze anos apenas, perdeu os pais, mas tão firmado já estava na virtude cristã que distribuiu os seus bens entre os pobres e procurou asilo no convento do abade Macário, para poder instruir-se ainda melhor nos princípios da fé cristã e da santa perfeição. A prática constante das virtudes e o estudo dedicado dos livros sacros prepararam Luciano para a luta contra as heresias do tempo.

Tendo recebido em Antioquia o sacramento da Ordem, dedicou-se primeiramente ao ensino nas escolas primárias, com o fim de dar à mocidade uma instrução nos moldes dos princípios cristãos. Pelo estudo e pela prática, adquiriu conhecimentos tão sólidos nas ciências bíblicas, que pôde organizar uma nova edição dos livros sagrados, corrigindo erros que, por descuido ou por ignorância, talvez por malícia, se tinham insinuado nas traduções antigas. Esta nova edição teve acolhimento gratíssimo e prestou grandes serviços mais tarde a São Jerônimo quando, por ordem do Papa Dâmaso, este fez nova tradução da Escritura Sagrada.

Eram tão acatadas sua autorida­de e competência, que todos, fiéis e hereges, se lhe referiam, e sua ortodoxia foi valorosamente defendida por São João Crisóstomo e Santo Atanásio contra os arianos, que seu testemunho tinham invocado em favor de sua heresia. O fato de Luciano ter sido preso em Nicomédia, por causa de uma controvérsia com um sacerdote herético, é prova cabal da retidão de sua doutrina. Uma apologia da Religião Católica, apresentada ao imperador Maximiano, tem Luciano por autor.

A decretação da guerra, de extermínio à Igreja, por Diocleciano, surpreendeu Lucia­no, quando se achava em Nicomédia. Por ser católico e sacerdote de Cristo, foi encar­cerado. Da prisão dirigiu uma carta aos fiéis de Antioquia, comunicando-lhes, que o Papa Antimo tinha sofrido o mar­tírio e o incumbira de transmitir-lhes saudações. Nove anos durou a prisão. Passado este longo tempo, foi apresentado em juízo ao governador imperial ou ao próprio imperador. O processo que os juízes adotaram, para fazê-lo abjurar a religião, foi o de costume: elogios promessas, ameaças e por fim condenação. Luciano ficou firme, e sua resposta a todos os argumentos e propostas do juiz foi esta: "Sou cristão !" O imperador mandou sujeitar o servo de Deus à crudelíssima flagelação, que não deixou um lugar são no corpo da vítima, e depois ordenou que, assim horrivelmente maltratado, fosse deitado sobre cacos de vidro e pedras agudas. Quinze dias passou o mártir nesta posição, sem que alguém se lembrasse de oferecer-lhe de comer. Quando depois lhe apresentaram comida, era esta deliciosa, apetitosa; mas Luciano rejeitou-a resolutamente, porque eram comidas que tinham vindo dos tem­plos pagãos.

Pela segunda vez Luciano foi citado perante o juiz. O resultado não foi outro. Negando-se a sujeitar-se às exigências do magistrado, foi de novo submetido à dolorosíssima tortura e metido no cárcere. Aos fiéis que o visitaram, o santo sacerdote exortava à constância na fé. Para fortificar a si mesmo e aos irmãos, celebrou a santa Missa sobre o pró­prio peito e deu a santa Comunhão a si e a todos os fiéis presentes. Esta última Missa foi o prefácio de sua morte gloriosa. São João Crisóstomo afirma que Luciano morreu pela espada. Outros porém, dizem que foi es­trangulado   secretamente,   por   ordem de Maximiano. Atiraram com o corpo ao mar. Poucos dias depois, porém, os cristãos o encontraram na praia   e deram-lhe   honrosa sepultura. As relíquias do mártir es­tão na Igreja principal de Aries, na França.  São Luciano morreu provavelmente em Samosata, em 7 de janeiro de 312.

 

REFLEXÕES

 

Imita São Luciano no zelo pela propa­ganda da fé entre os infiéis e pela conservação  da  mesma  entre  os  católicos. Embora não possas, como os missionários, tomar parte ativa na grande obra das   missões   estrangeiras,   de   muitos meios dispões para indireta, porém, eficazmente, auxiliar esta obra eminente­mente católica: da oração, de uma vida santa e da esmola. A oração é indispensável, para que o reino de Cristo possa to­rnar  incremento,  cada  vez  mais  forte. Cristo mesmo ensina-nos como devemos rezar pelo advento do seu reino: "venha a nós o vosso reino". A oração pela conversão dos infiéis é agradável a Deus e corresponde admiravelmente ao espírito da Igreja. — O bom exemplo de uma vida  santa muito contribui para  que se realize o desejo de Nosso Senhor, de ver o reino se lhe firmar cada vez mais entre os homens.  “O bom  exemplo edifica  e, mais do que a palavra, obriga a respei­tar e admirar uma religião, que dos homens faz verdadeiros amigos de Deus". Se vives entre hereges e incrédulos, teu bom exemplo   pode,   com a graça   de Deus, ocasionar a conversão de muitos.  Auxiliar as missões estrangeiras com a esmola é, não só uma obra de caridade,  mas das obras de caridade uma das melhores.  Poderás  dos teus  bens  fazer uso melhor, que empregá-los em benefício da conversão dos infiéis? Dar esmola para este fim não é trabalhar diretamente   pelos   interesses   de   Jesus Cristo? Quanta esmola poderias dar, se quisesses  privar-te,  de vez  em quando, de uma diversão ou impor-te um sacrifício,   em  coisas dispensáveis! Quanto tributo supérfluo pagas aos teus caprichos, à moda, ao luxo, etc. Quanto bem poderias   fazer,    se   quisesses com teu óbulo contribuir  para  a formação do clero missionário ou  subvencionar os estabelecimentos de ensino, de caridade ou as pobres capelas, das missões ! Que pretendes fazer no futuro em referência a este assunto ?