Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

29 de Janeiro

 

São Pedro Nolasco

 

São Pedro Nolasco, fundador da Ordem de N. Senhora das Mercês e Redenção dos Cativos, nasceu em 1190, em Recando, perto de Carcassone. Os pais constatavam, com muita satisfação, que ao de­senvolvimento físico do filho correspondia igual progresso moral. Era admirável a terna compaixão que Pedro, criança ainda, revelava pelos pobres. O aspecto da miséria causava-lhe tanta tristeza, que os pais, querendo consolá-lo, haviam de dar-lhe esmolas para os pobres. Mais tarde, quando estudante, repartia com os pobres tudo que dos pais recebia. Com o maior cuidado guardava o tesouro da pureza do coração, e todo o seu desejo era poder servir a Deus do modo mais perfeito. Daí a fuga de tudo que pudesse desagradar a Deus, ou ser um perigo para sua alma. Pedro tinha 15 anos, quando perdeu o pai. A mãe, desejando ter uma auxiliar no governo da casa, insistiu com Pedro para que estabelecesse família, ao que este se opôs terminantemente. Mais ainda: fez os votos de castidade e de pobreza, com o propósito de repartir os bens entre os pobres.

A França era naquele tempo teatro de graves desordens, devido aos abusos dos Albigenses, que infestavam todo o sul do país. Para evitar qualquer contato com os hereges, Pedro se associou ao conde Simão de Monfort, comandante do exército católico, e com ele chegou à Espanha, onde lhe foi confiada a educação do príncipe Jaime de Aragão. Se bem que se achasse no meio de círculos aristocráticos de Barcelona, sua vida era só de Deus.

Ofereceu-se-lhe ocasião de observar a tristíssima sorte dos cristãos que tiveram a infelicidade de cair no poder dos muçulmanos. Vendo que perigo corriam de perder a fé, aplicou toda a fortuna no resgate daqueles infelizes. De uma vez libertou trezentos cristãos. A boa vontade e energia, porém, de um só eram insuficientes, para remir tantos escravos. Por isto recorreu à caridade de outras pessoas, de quem recebeu avultadas somas, para a redenção dos pobres cativos.

A primeiro de agosto de 1223 teve Pedro uma revelação sobrenatural, que lhe indicou novos meios de libertar os cristãos das mãos dos mouros. Apareceu-lhe Maria Santíssima, a qual mostrando grande satisfação pelo bem que fizera aos cristãos deu-lhe a ordem de fundar uma congregação com o fim determinado da Redenção dos cativos. Pedro comunicou este fato a São Raimundo de Peñaforte, seu confessor e ao rei Jaime, e grande surpresa teve, quando deles soube, que ambos, na mesma noite, haviam tido a mesma aparição. Tendo assim tão claramente a revelação da vontade divina, Pedro sem demora pôs mãos à obra e emitiu os três votos, de pobreza, castidade e obediência, acrescentando o quarto, de sacrificar os bens e a própria liberdade, se necessário fosse, pela Redenção dos Cativos. O bispo Berengário, de Barcelona, recebeu estes seus votos; S. Raimundo organizou as constituições da regra da nova Ordem, e impôs a Pedro o hábito, nomeando-o primeiro Superior. A nova instituição teve gratíssimo acolhimento da parte do povo e com Raimundo, mais dois fidalgos receberam o hábito.

A nova Ordem viu-se logo a braços com grandes dificuldades, e mais de uma vez parecia não haver esperanças de se desenvolver. Pedro porém, confiou em Deus, e do céu lhe veio auxílio. "Tenhamos temor de Deus" — costumava dizer aos seus — "louvemos a Deus, pois Ele tem nas mãos os corações dos homens. Dirige-os como quer". A nova regra obteve, em 1235, a aprovação da Santa Sé. Logo depois de se ter dedicado à sua obra, Pedro abandonou a corte real. Durante o espaço de trinta e um anos dirigiu os destinos da Ordem, e por milhares contaram-se os cristãos que lhe deveram a libertação do cativeiro mourisco.

Grande desejo tinha de visitar o túmulo do Apóstolo São Pedro, a quem dedicava especial devoção. Quando, na hora das Matinas apresentou a Deus o pedido de ver realizado esse desejo, apareceu-lhe S. Pedro, fazendo-lhe ver que não era a vontade de Deus que fizesse aquela viagem. Pedro contentou-se inteiramente com esta resposta.

Os últimos anos de vida foram-lhe amargurados pela impossibilidade de trabalhar. Sentindo-se ao fim da peregrinação terrena, reuniu todos os religiosos da sua Ordem, para lhes dar os últimos conselhos e a bênção. As últimas palavras que disse, foram: "Eu vos louvarei, Senhor, porque salvação trouxestes ao povo". S. Pedro Nolasco morreu em 25 de dezembro de 1256.

 

REFLEXÕES

 

São Pedro Nolasco,  receando cair na tibieza e da tibieza passar para o estado do pecado, encheu-se de horror contra o pecado. O pecado mortal é de todos o mal maior e deve ser evitado a todo custo, porque é ele que nos exclui da felicidade eterna. Pecados veniais não têm esse efeito, mas predispõem a alma a consentir em infidelidades maiores e preparam o caminho para o pecado mortal.

Pequenas, muito pequenas são as vezes as causas de grandes danos. Um descuido qualquer pode ter em conseqüência grandes desastres. Na vida espiritual não é diferente. Quem se acostuma a cometer faltas leves, sem delas se arrepender, e nada faz para delas se livrar, está em grande perigo de cair em faltas graves. O exemplo de S. Pedro Nolasco é, digno de ser imitado.