31 de Janeiro
São João Bosco
A oração da missa põe em realce o carisma do santo que hoje veneramos: “Deus suscitou São João Bosco para dar à juventude um mestre e um pai”. Nasceu em 1815, num lugarejo próximo a Turim, chamado Becchi. Com dois anos de idade perdeu o pai, e a mãe, Dona Margarida, teve que lutar contra a pobreza para criar seus filhos. Aos dez anos, João teve um sonho profético no qual viu como Cristo o conduzia junto de um bando de rapazes vadios que o destratavam e blasfemavam. Irado, João queria bater neles, mas Cristo lhe disse: “Não com pancadas, mas com mansidão e amor os farás teus amigos”. João desejava ser padre, mas não tinha recursos para estudar e os irmãos mais velhos reclamavam sua presença no trabalho do campo. Contudo, à custa de incontáveis sacrifícios, com a proteção da mãe e a ajuda de vizinhos, conseguiu entrar no seminário. Ao aproximar-se do sacerdócio D. Margarida o advertiu: “Eu nasci na pobreza, vivi sempre pobre e desejo morrer pobre. Se tu desejas tornar-te padre para ficar rico, eu nunca irei te visitar”. Aos 26 anos, ordenou-se sacerdote e desde então foi universalmente conhecido com o nome de “Dom Bosco”. No início de sua vida sacerdotal, estava decidido a ser missionário nas Índias. Entretanto, seu diretor espiritual, São José Cafasso, que o conhecia profundamente, opôs-se dizendo que sua missão eram os jovens de Turim. De fato, a escola da vida de menino pobre tornou-o profundamente sensível aos problemas dos jovens abandonados ou que viviam longe de suas famílias como operários. Desta constatação e preocupação nasceram os “Oratórios”, células-bases do grande esforço educacional de Dom Bosco e seus salesianos. Seu método de apostolado era partilhar em tudo da vida dos jovens. Abriu escolas de alfabetização, de artesanato, casas de hospedagem, campos de diversão para os jovens com catequese e orientação profissional. Sua obra era uma inovação tão radical em seu tempo, que chegou a ser contrariado até pela autoridade eclesiástica. Certa vez, dois eclesiásticos de alta posição foram de carruagem, a fim de levá-lo a um hospital de loucos. Dom Bosco, por uma intuição profética, percebeu a jogada e a revidou. Fez com que eles entrassem primeiro, fechou a porta e deu ordem ao condutor: “Levai-os ligeiro ao manicômio!” Em 1864, Dom Bosco fundou uma congregação religiosa que perpetuou suas iniciativas em favor dos jovens e colocou-a sob a proteção de São Francisco de Sales; daí o nome Salesianos. Para atender à educação feminina fundou, com a colaboração de Santa Domínica Mazzarello, o Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora. Sua grande arma formativa foi o método preventivo, segundo o conhecido ditado: “Vale mais prevenir que remediar”. Numa carta aos seus colaboradores, Dom Bosco dizia: “Se desejamos ser solícitos pela felicidade de nossos alunos e levá-los a cumprir seus deveres, é indispensável jamais esquecer-nos de que fazeis as vezes dos pais dos queridos meninos. Por eles sempre com amor trabalhei, estudei e exerci meu sacerdócio. Quantas vezes no curso de minha vida tive de me persuadir dessa grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que agüentar, ameaçar a criança do que persuadi-la; direi mesmo, mais cômodo para nossa impaciência e soberba impor castigos aos obstinados do que corrigi-los, tolerando-os com firmeza e suavidade”. Natureza e graça dotaram Dom Bosco de ricas prendas: estatura atlética, pendor para a música e para a poesia, memória incomum, palavra fácil e convincente, espírito de liderança; todos esses dons e qualidades a serviço do amor profundo a Cristo fizeram dele o modelo ideal de educador e apóstolo da juventude. Contudo, o cuidado com a juventude não esgotou o zelo apostólico de Dom Bosco. Ele foi capelão das prisões de Turim, familiarizando-se de tal modo com os presos que conseguia levá-los a passeio fora de Turim sem que algum se atrevesse a fugir. Dom Bosco foi também escritor, promovendo a boa imprensa com a publicação das leituras católicas, em fascículos mensais e fundando a Biblioteca da Juventude Católica Italiana. Alargando mais seus horizontes apostólicos, formou missionários para a evangelização dos infiéis. Em 1875, enviava missionários à Patagônia, em 1883, ao Mato Grosso, onde é bem conhecido o zelo deles entre os índios Bororos e os Xavantes. Ao falecer, em Turim, no dia 31 de janeiro de 1888, sua instituição contava com 64 casas de religiosos em diversas nações e mais de mil padres salesianos. Atualmente, não há nação livre que não conte com obras salesianas. Canonizado por Pio XI, em 1934, João Bosco foi proclamado modelo acabado para sacerdotes e educadores.
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