Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

9 de Julho

 

 Santa Verônica Giuliani

 

Folheando a vida dos santos, notamos como o Espírito de Deus, às vezes, brinca com as almas. Enquanto a maioria dos santos leva vida perfeitamente normal em suas manifestações e reações físico-psíquicas, outros parecem invadidos pela força do Alto, revelando fenômenos místicos que fogem a todo controle humano. Entre estes, está Santa Verônica Giuliani.

Nasceu ela na Itália, em 1660. No batismo, recebeu o nome de Úrsula. Cresceu como menina normal, de aspecto gracioso, de temperamento vivo, exuberante e até um pouco obstinado. Era a última de sete irmãs, quase todas religiosas. Nos folguedos de menina, Úrsula demonstrava certa impertinência, com explosões de impaciência, querendo sempre se afirmar sobre as outras colegas: defeitos estes contra os quais deverá lutar durante sua vida de religiosa. Era muito mimada pela mãe por ser a caçula da família e recebeu educação privilegiada, favorecida pela confortável posição social dos pais. No entanto, desde pequena, manifestava marcada inclinação à oração, à penitência e alimentava especial devoção a Nossa Senhora e à paixão e morte de Cristo.

Aos 17 anos, ingressou na Ordem das Religiosas Capuchinhas da cidade de Castelo, perto de Roma, onde ficou por toda sua vida. Tomou o nome de Verônica, por desejar ser, em sua vida religiosa, como aquela piedosa mulher que, no dizer da tradição, enxugou o rosto de Jesus na dolorosa subida ao Calvário.

Inicialmente, teve que lutar muito contra os próprios defeitos e sua adaptação à vida religiosa não foi fácil. Mas, sua força de vontade, unida à graça do Alto, lhe desembaraçaram o caminho da perfeição. Seus progressos espirituais se tornavam cada vez mais evidentes; isso se deu, passo a passo, renúncia após renúncia, porque a santidade é como um bordado lento, paciente, feito de fios minúsculos, entrelaçados com arte.

Poucos anos depois da entrada no claustro, Verônica manifestou evidentes sinais místicos. Conversava com a Virgem Maria e com o Menino Jesus, com naturalidade e singeleza impressionantes. Estes fenômenos místicos foram objeto de longas e severas investigações por um sábio e prudente sacerdote jesuíta, enviado pelo bispo diocesano.

Este sacerdote experimentou todos os meios possíveis para certificar-se da objetividade e veracidade das revelações e êxtases, mandando, inclusive, que ela escrevesse, com escrupulosa exatidão, tudo o que se passava durante as experiências místicas. Destes relatórios pormenorizados foram preenchidos 44 volumes, que contêm incomparáveis riquezas de espiritualidade. Muitos destes escritos tiveram larga divulgação, inclusive com traduções em várias línguas.

Verônica gostava de contemplar e meditar sobre a paixão e morte de Cristo. Foi numa sexta-feira, que Jesus quis privilegiá-la com os sinais da sua paixão e morte na Cruz, gravados visivelmente em seu corpo. Depois da morte, na autópsia realizada no corpo de Verônica, foi de fato notada no coração a ferida de Jesus no peito.

Por causa destes fenômenos místicos, Verônica teve que suportar palavras mordazes, satíricas, com críticas caluniosas; mas tudo superou com paciente bondade, gostando de sentir-se unida aos sofrimentos de Cristo, pela salvação dos pecadores. Estes fenômenos místicos, todavia, não lhe tolhiam a liberdade humana nem a capacidade de cuidar de seus deveres comunitários, tanto assim que por vários anos foi superiora do claustro, cargo que ela desempenhou com iluminada prudência. Faleceu com 67 anos de idade, em 1727.