Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

19 de Julho

 

São Símaco

 

O Papa Símaco viveu e dirigiu a Igreja no triste e turbulento período da desagregação do Império Romano, com as numerosas invasões bárbaras que, descendo do norte da Europa, devastavam a Itália. Era o período entre os séculos V e VI.

Nasceu na ilha da Sardenha, mas era membro do clero romano quando foi eleito papa, em 498. Sua eleição foi perturbada por maus elementos do Senado, que pretendiam eleger outro candidato. Deram-se, portanto, em Roma, vários distúrbios, e até vítimas inocentes provocadas por quem, curto de razões e de virtudes, se faz forte na violência.

Voltada a paz, o Papa Símaco reuniu em Roma um sínodo de bispos com os vigários das 77 paróquias, em que estava dividida a Cidade Eterna, a fim de estabelecer normas mais certas por ocasião da eleição do papa e impedir contestações. Havia naquele tempo muita ingerência nos negócios eclesiásticos por parte das antigas famílias romanas, como dos membros do Senado, causando incessantes perturbações na vida da Igreja, com graves repercussões sociais. O papa tomou providências para salvaguardar a devida liberdade da Igreja em sua organização e disciplina.

Corriam tempos difíceis, não tanto pela disciplina interna da Igreja, quanto pela situação social e política na derrocada do Império Romano.

O imperador de Constantinopla considerava-se o legítimo sucessor do império mas, preocupado com os graves problemas sociais do Oriente, não tinha condições de proteger e governar o Ocidente: alvo de contínuas invasões bárbaras. Vândalos, godos, visigodos e, mais tarde, longobardos, iam se espalhando pela Europa Ocidental até a África do Norte. A nobreza romana e o Senado, impotentes em controlar a situação, pediam proteção ao rei dos godos, Teodorico. Na ausência de autoridades atuantes, muitas vezes, o papa era procurado pelas populações indefesas, escolhendo-o como árbitro nas diversas contingências. O papa, em sua posição central de pai comum, devia salvaguardar situações delicadas contra pressões opostas.

O imperador do Oriente, Anastácio, olhava com ciúme e suspeita as relações do Papa e do Senado Romano com o rei Teodorico e, como que por vingança, perseguia as comunidades cristãs latinas existentes no Oriente. O Papa Símaco lhe escreveu em termos firmes: "Reconhece, ó Imperador, ao lado de tua autoridade, também a do Sumo Pontífice na Igreja. A tua diz respeito aos negócios temporais, ao passo que a nossa, às coisas divinas. Como Imperador recebeste da Igreja o batismo, os sacramentos: podes solicitar dela as orações, as bênçãos e o perdão dos pecados. Mas respeita a Deus em nossa autoridade, assim como nós respeitamos Deus em ti. Porque se tu não respeitas Deus, como poderás pretender o respeito em nome de Deus? Lança um olhar, ó Imperador, a tantos príncipes que perseguiram a Igreja e vê como todos eles tiveram triste fim, ao passo que a Igreja perseguida continua com tanto mais glória, quanto mais violenta lhe foi a perseguição".

O Papa Símaco viveu seus últimos anos mais livre de intrigas políticas e pôde dedicar-se ao incremento da disciplina eclesiástica e das obras de promoção social, como: fundar asilos para pobres e abrigos para romeiros. Favoreceu o culto dos mártires nas catacumbas. Foi no pontificado dele que São Bento deu início a sua grande obra da Ordem Beneditina.

Símaco faleceu em 19 de julho de 514, com 16 anos de pontificado, e teve logo um culto de veneração que a Igreja ratificou com sua autoridade.