12 de Junho
Santa Mariana de Jesus Paredes y Flores
É com certa ufania que damos hoje espaço a esta santa, flor desabrochada na América Latina e justamente chamada “a Açucena de Quito”. É a primeira santa do Equador, onde nasceu, em 1618, duma nobre família espanhola. Ficando órfã de pais na primeira infância, foi acolhida pela irmã maior, Dona Joana de Caso Miranda, que a educou junto com seus três filhinhos com muito amor e carinho, inculcando naqueles corações os princípios da religião cristã. A pequena Mariana entretinha-se com os sobrinhos em singulares exercícios de piedade e de penitência. Com dez anos de idade sentiu-se inspirada a consagrar sua vida a Deus, emitindo em forma particular os três votos religiosos de pobreza, castidade e obediência. Vivendo numa região povoada pelos Incas e compadecendo-se da situação marginalizada e pagã em que viviam, sentia anseios profundos de dedicar-se à conversão e civilização dos mesmos. Contudo, eram tempos em que a mulher não tinha condições sociais para um apostolado missionário, aliás delicado e perigoso. Só havia para as mulheres instituições claustrais. Vendo o caráter forte de Mariana, os parentes próximos lhe sugeriram que entrasse num convento, mas ela desejava um contato mais direto e pessoal com as misérias humanas para ajudá-las e ser fermento de espiritualidade entre os homens. Escolheu ela própria o tipo original de vida; reservou-se um aposento da casa paterna onde pudesse recolher-se em oração, meditação e entregar-se a práticas de penitência. Visava com isso ser vítima de imolação pela conversão dos pecadores e dos índios. Daí saía só para freqüentar a Igreja dos jesuítas em Quito e assistir aos pobres e doentes. Modelo de caridade cristã, de bondade, de inocência, rica de carismas proféticos, tornou-se preciosa conselheira dos fiéis que, numerosos, recorriam a ela para conselhos e orientação espiritual. Faleceu consumida pelo amor divino aos 26 de maio de 1645, com 27 anos de idade. O povo lhe dedicou imediatamente um culto de veneração, e a República do Equador a declarou heroína nacional. Na cerimônia solene de canonização no Ano Santo de 1950, o Papa Pio XII assim se expressava: “A história de Mariana de Jesus é muito breve. Vergôntea de nobre família de origem espanhola, desde a primeira infância sua alma exalava toda a suavidade daquele clima, a claridade daquele céu equatorial, e toda a graça das palmeiras e flores. Prodígio de piedade, pela precoce madureza do espírito, com cerca de dez anos, obriga-se aos votos de pobreza, castidade e obediência. O exemplo dos missionários arrebata-a, acende-lhe a alma e enche-a de altíssimos desejos, concretizados em orações fervorosas, contemplações extraordinárias e outros dons místicos, aos quais se juntam austeridades tamanhas que a simples enumeração delas causaria profundo espanto. Vítima do amor primeiro, acaba os dias em holocausto de caridade em 1645, oferecendo a vida pelo seu povo. Não viveu num claustro, porque a Providência queria-a no meio do mundo; mas aspirou à perfeição como pudera fazê-lo a religiosa mais observante. Não foi figura histórica, mas veio para dar a vida pelos seus irmãos. Amou a Igreja como o mais zeloso defensor dos seus direitos e honrou-a com as suas virtudes. Finalmente, não foi imolada pelo furor alheio, mas soube bem mortificar-se por mão própria”.
|