11 de maio
Santa Maria Bertilla Boscardin
No dia 11 de maio de 1961, o Papa João XXIII elevava às honras dos altares uma humilde irmã, símbolo da dedicação, até ao heroísmo, em favor dos doentes; é Santa Maria Bertilla Boscardin. Nasceu em Vicenza, aos 6 de outubro de 1888. Filha de modestos camponeses, passou sua adolescência ocupada nos serviços domésticos e na ajuda aos pais no cultivo dos campos. Jovem, afiliou-se à Pia União das Filhas de Maria, prestando-se nas iniciativas paroquiais, sobretudo no ensino do catecismo às crianças. Ouvindo o apelo de Deus que a chamava à consagração religiosa, acedeu ao conselho do vigário de sua paróquia que a orientou para as Irmãs Dorotéias dos Sagrados Corações, em Vicenza, Tinha então 18 anos. Ocupou-se inicialmente nos serviços mais pesados da comunidade, como os da cozinha, lavanderia, limpeza e cultivo da horta, santificando-os por um intenso amor a Cristo. Diplomou-se enfermeira a fim de dedicar-se ao delicado e precioso serviço dos doentes. Oferecia-se para os serviços mais difíceis, como ser plantão de noite, cuidar da limpeza dos doentes, transformando estes serviços em apostolado da palavra, do bom exemplo, a fim de levar os enfermos à conversão ou prepará-los espiritualmente ao desenlace final. Nos tristes anos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), vivendo no teatro dos conflitos, compartilhou dos perigos de bombardeios, nas privações e fome, sempre fiel e devotada aos serviços dos doentes e feridos. Nesta abnegada tarefa, nem sempre foi bem compreendida, o que lhe causou não poucos dissabores. Era o sinal-da-cruz de Cristo que purificava seu espírito e o elevava às alturas da perfeição. Sofreu silenciosamente, redobrando seu amor para com os doentes. Neste período foi transferida para perto de Milão, acolhendo sempre sorridente a vontade de Deus. Só ao término da guerra, voltou ao seu hospital no Vêneto, continuando sua missão de enfermeira. Já tendo sido operada dum tumor, este se alastrou de tal forma que precisou de segunda intervenção cirúrgica. Mas seu organismo, já depauperado pelos longos sofrimentos suportados silenciosamente para não interromper sua obra caritativa, não agüentou e veio a falecer no dia 20 de outubro de 1922, com 34 anos de idade. “Em pouco tempo ela percorreu longo caminho”, diz a Bíblia. Seu enterro foi acompanhado por numeroso povo que lhe tinha admirado as extraordinárias virtudes de abnegação e caridade. Deus confirmou sua santidade com numerosos milagres que induziram as autoridades eclesiásticas a introduzir sua causa de canonização. Na cerimônia oficial da sua glorificação, o postulador da causa justificou sua santidade com estas palavras: “Esta virgem, embora de nascimento humilde e apesar de sempre exercer cargos de pouca importância e comuns, realizou, no curto espaço de sua vida, obras que não podem deixar de ser consideradas realmente notáveis e admiráveis por quem tenha um julgamento reto e justo. Com efeito, o amor a Deus, a quem sempre serviu com ardentíssima piedade, levou-a à caridade para com os outros homens, principalmente os fracos e infelizes, os doentes; não se subtraiu a nenhum trabalho, não evitou nenhum incômodo que se referisse à cura ou alívio dos doentes, ou, principalmente, à salvação eterna das almas; e mesmo, mais de uma vez, arriscou a vida, não se afastando da assistência dos doentes, cuja existência estimava mais do que a própria”. Nesta santa moderna a Igreja quis enaltecer a figura da irmã enfermeira que silenciosamente se sacrifica nos hospitais, leprosários, hospícios, no serviço desinteressado dos sofredores que são vistos e amados como a imagens de Cristo.
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