Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

29 de maio

 

São Fernando III, Rei de Castela e Leão

 

São Fernando, filho do rei Afonso de Leão, na Espanha, nasceu em 1198 e recebeu uma educação aprimorada de sua mãe Berenguela, irmã da rainha Branca de França. Quando tinha onze anos, por intercessão da Santíssima Virgem, sarou de uma grave doença. Com dezoito anos subiu ao trono de Castela. Aconselhado pela mãe, a quem teve grande respeito, casou-se em 1219 com Beatriz, filha do imperador Felipe da Suábia. Escrupuloso na observação das leis, era muito condescendente para com os ofensores e, devido à sua mansidão e paciência, foram abafadas diversas revoltas. Organizou  o supremo conselho de Castela e mandou compilar um novo código. Teve o grande desgosto de precisar pegar em armas contra o próprio pai, o qual, mal aconselhado, lhe tinha invadido os territórios. Com o maior cuidado evitava os conflitos diplomáticos e preferia sacrificar uma ou outra localidade a recorrer à guerra.

Fernando fundou novos Bispados, edificou muitas catedrais, igrejas, conventos e hospitais, sem com isto recorrer ao lançamento de novos impostos. A um ministro que veio fazer-lhe uma proposta de elevar os impostos, respondeu com indignação: “Deus me livre! A Divina Providência há de valer-nos. Eu temo mais a maldição de uma pobre mulher, que um exército inteiro de Mouros e Árabes”.

No ano de 1225 empreendeu a primeira campanha contra os turcos. A intenção naquela cruzada era mais propagar a fé, do que expulsar os maometanos, por isto levou em sua companhia o Arcebispo de Toledo, e exigiu dos soldados que recebessem os Sacramentos e levassem vida honesta. Ele mesmo observava com rigor o jejum, trazia consigo um cilício em forma de cruz e passava noites em oração, mormente aquelas que precediam um encontro com o inimigo. Os despojos da guerra foram por ele destinados à construção da catedral de Toledo. Muitas cidades tomadas aos Mouros deu às Ordens militares religiosas. Qual era a intenção que guiava naquelas guerras, traduz claramente a oração seguinte de São Fernando: “Senhor, que perscrutais os corações, Vós sabeis que não procuro minha honra. Não quero fazer conquistas de reinos passageiros, mas propagar o conhecimento do Vosso Santo Nome”.

Pela morte do pai (1230) ficou Fernando sendo rei de Leão e comum pequeno exército alcançou vitórias admiráveis sobre os Mouros. Estes perderam ainda Córdova e Servilha, baluartes considerados inexpugnáveis, tanto que um general muçulmano disse: “Só a um Santo seria possível tomar, com tão poucos soldados, cidades tão fortes e populosas. Que os Mouros as perdessem, não se explica senão pelos desígnios eternos de Deus”.

Fernando quis levar ainda à África as armas vitoriosas, mas sua grave doença embaraçou este plano. Sentindo a morte aproximar-se, fez uma confissão geral e recebeu com muita devoção os santos Sacramentos. Quando viu o sacerdote entrar com o Santíssimo Sacramento, levantou-se da cama e ajoelhou-se. Nas mãos segurava um crucifixo, que beijava ternamente, regando-o com as lágrimas. Nesta posição humilde fez confissão pública dos pecados. Tendo recebido o santo Viático, despediu-se dos filhos e deu-lhes saudáveis conselhos. Enquanto o sacerdote rezava o ofício da agonia, Fernando entregou a alma a Deus, a quem aqui na terra servira 53 anos.

 

REFLEXÕES

 

O exemplo que São Fernando deu, como rei justo e caridoso, deve ser imitado pelos patrões, no modo de tratar os empregados.

Todas as regras que a moral cristã expõe a este respeito, resumem-se em 5 pontos:

1 —  Os patrões, donas de casa, têm por dever tratar os empregados segundo as leis da justiça. Esta exige, que cumpram fielmente o contrato que com eles fizeram, isto é, que lhes paguem com pontualidade o ordenado estipulado; que não exijam serviços não previstos no compromisso; que lhes dêem o trato a que têm direito, pela combinação anteriormente feita.

2 — A caridade exige, que tenham paciência também com as fraquezas e misérias dos empregados; não tem caridade a dona de casa que exige das empregadas serviços exaustivos, que lhes prejudicam a saúde, não lhes concedendo nenhum descanso; que não lhes perdoa nenhuma falta, por menor e mais involuntária que seja e se exaspera por causa de um prejuízo insignificante, exigindo indenização e restituição até do último centavo.

3 — A caridade ainda exige que os patrões tratem os empregados com bondade; que dêem as ordens com moderação e prudência; que lhes desculpem as faltas, principalmente quando cometidas irrefletida e involuntariamente, e que procurem todos os meios de corrigi-los.

Faltas, porém, que implicam grandes desordens, não devem ser toleradas e pecariam os patrões, se nelas consentissem ou facilmente as aprovassem. Faltas como impiedade, leviandades, fraudes, furtos, embriaguez, mentiras, rixas, maledicências, vagabundagem, escândalos, desrespeito à religião e suas  instituições, são incompatíveis com a vida cristã e não devem portanto ser toleradas pelos patrões. Estes devem chamar à ordem o empregado e convencê-lo do mal que fez. Se não os atender, afastem-no, quanto antes, para que o veneno do mau exemplo não chegue a fazer sérios estragos nas almas dos outros empregados ou crianças. Quantas almas de crianças inocentes têm sido e são vítimas de ruins empregados!

4 — A justiça e a caridade exigem, que os patrões dêem toda a liberdade aos empregados em matéria de religião. Um bom empregado, que preza a religião, sentiria muito, se os patrões não lhe dessem esta liberdade. Os empregados mais fiéis são os que recebem freqüentemente os Santos Sacramentos. Não roubam, não mentem, nem caluniam; são fiéis cumpridores dos seus deveres.

5 — Os patrões devem dar bom exemplo aos empregados e deles afastar os perigos para a alma. Vigiem pela boa disciplina entre eles, pelo respeito que deve reinar entre empregados de sexo diferente. “Se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua casa, esse negou a fé e é pior que um infiel (1 Tm 5,8)”.