Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

31 de Março

 

Bem-Aventurado Amadeu de Sabóia

 

Mais um exemplo de príncipe santo, exemplar em seus deveres de estado e heróico nas virtudes cristãs nos é oferecido hoje à veneração pela Igreja na pessoa de Amadeu de Sabóia.

Nasceu ele na Sabóia, região situada entre a França e a Suíça nos Alpes ocidentais, em 1435. Seu avô, Amadeu VIII, foi um duque valoroso, prudente e piedoso que, em condições particularmente favoráveis, estendeu o ducado na região do Piemonte com sede em Turim. Depois de muitos anos de governo, entregou o poder ao filho Luís e, renunciando a honras, bens, conforto, se retirou à vida monástica, fundando com amigos a Ordem dos Cavalheiros de São Maurício, e veio a falecer, como bispo e cardeal.

Amadeu, quando menino, fugia do luxo e das vaidades da vida da corte para se misturar com as crianças pobres ou visitar a capela onde contemplava com emoção a imagem de Cristo Crucificado.

Cultivou o amor à piedade e à mortificação a fim de preservar-se puro da corrupção deste mundo.

Por razões de conveniência dinástica foi forçado a contrair matrimônio com Iolanda, filha do rei da França, princesa de nobres sentimentos e comprovada virtude que partilhou os anseios de santidade do príncipe Amadeu. Desta união nasceram sete filhos que os pais souberam educar com amor nas sendas das virtudes cristãs. Entre estes, uma filha viveu santamente, terminando sua existência no mosteiro das Clarissas, sendo elevada à honra dos altares com o nome de bem-aventurada Luísa de Sabóia.

Morto o pai, Amadeu com 29 anos de idade assumiu o governo do ducado de Sabóia. Sua ação como soberano foi sábia, prudente, pacífica; tinha horror de dever, às vezes, empunhar a espada, preferindo solucionar os conflitos por via diplomática. Preocupou-se, sobremaneira, pelo bem dos súditos, particularmente dos mais necessitados, cuidando pessoalmente dos pobres e doentes. Construiu hospitais, escolas, hospícios, Igrejas e mosteiros.

A tradição nos transmitiu um episódio que põe em evidência a caridade do príncipe. A um embaixador que perguntava a Amadeu onde conservava seus cachorros e instrumentos de caça, ele respondeu: “Eu tenho outras diversões em que me entretenho com muito prazer”. Depois, acompanhando-o para o pátio onde estavam sendo distribuídos alimentos a cerca de 500 pobres, disse: “Esta, senhor embaixador, é a diversão com a qual espero alcançar o Reino do Céu”. O embaixador observou: “Muitos destes são pobres por vagabundagem". O príncipe retrucou com bondade: “Que o céu não permita que eu investigue com rigor a condição de cada pobre que bate à minha porta, porque se Deus usasse conosco a mesma medida, poucos de nós se salvariam”.

Amadeu de Sabóia foi um homem de intensa oração, de profunda devoção à sagrada paixão e morte de Cristo, e, inclusive, fez várias peregrinações penitenciais à capela de Annecy onde se conservava o Santo Sudário de Cristo.

De saúde um tanto precária, estava sujeito a ataques epiléticos, de tal modo que frequentemente sua esposa devia assumir as responsabilidades do governo. Veio a falecer no dia 31 de março de 1472 com 37 anos de idade, durante uma forte crise do mal que o atormen­tava. Suas últimas palavras foram uma comovente exortação à esposa e filhos para que cultivassem as virtudes da piedade, da caridade e justiça, como foi a sua preocupação em toda a vida. Seu corpo foi depositado na Catedral de Vercelli, cidade onde faleceu. São Francisco de Sales recolheu notícias e provas de sua heróica santidade e levou o processo de beatificação a Roma. São Roberto Belarmino apontou Amadeu de Sabóia como modelo de cristão de todos os príncipes.

O Santo Padre Inocêncio XI lhe conferiu o culto público em 1677, colocando sua festa neste dia.