Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Carta a Dom Farès Maakaroun -

Arcebispo da Igreja Greco-Melquita Católica no Brasil

 

 

Carta 1

Anápolis, 24 de março de 2009

               

À Sua Excelência Dom Farès Maakaroun

Arcebispo da Igreja Greco-Melquita Católica no Brasil

 

Amado Pastor, que o seu coração esteja transbordante do amor que emana do Santíssimo Coração de Cristo Jesus: “No Coração de meu Jesus quero viver, padecer e agir de acordo com os seus desígnios, e é por ele que quero amar e aprender a sofrer bem. Entrego-lhe todas as minhas ações, para que delas disponha conforme sua vontade e repare as faltas que cometerei” (Santa Margarida Maria  Alacoque, Retiro III).

Deus lhe pague por nos atender com tanta bondade e amabilidade. Os meus religiosos e eu ficamos encantados com o seu acolhimento e caridade: “Feliz o homem que pode amar todo homem como homem” (São Máximo,  dos Capítulos sobre a caridade).

Peço-lhe desculpas pela nossa maneira desastrada e desajeitada no agir; com a ajuda de Deus prometemos melhorar.

Querido Pastor, a Semana Santa está se aproximando; mergulhemos fervorosamente na Sagrada Paixão do Imaculado Cordeiro, porque esse é o caminho mais curto para o céu: “Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias a Paixão do Senhor. Nada contribui tanto para a santidade das pessoas como a Paixão de Cristo” (São Boaventura, Stimulus amoris, p. I, c. 1).

Afastemo-nos do mundo e acompanhemos o Doce Jesus na Sua Dolorosa Paixão.

Vamos com o Bondoso Cordeiro ao Horto das Oliveiras, onde sua sangue... o preciosíssimo sangue... onde é entregue a seus inimigos por um apóstolo traidor: “À alma que devotamente quer considerar a paixão de Jesus Cristo, o primeiro que se lhe apresenta é a perfídia do traidor. Repleto estava ele de tanto veneno de fraude que entregou a seu mestre e Senhor; abrasado em tais chamas de cobiça que por dinheiro vendeu a Deus infinitamente bom, por vil moeda o sangue preciosíssimo de Cristo; tamanha foi sua ingratidão que perseguiu de morte a quem o havia constituído familiar tesoureiro seu e enaltecido ao excelso grau de apóstolo” (São Boaventura, Obras Escolhidas).

Entremos com o Amado Jesus no Tribunal de Caifás, onde é esbofeteado, onde é julgado digno de morte, onde Pedro O nega três vezes, onde é mofado pela soldadesca e coberto de afrontas! “O nosso pontífice Jesus Cristo, apresentado aos pontífices malignos reunidos em conciliábulo, como desse testemunho da verdade, confessando ser Filho de Deus, foi declarado réu de morte por blasfemo e submetido a inumeráveis ultrajes. Aquele vulto, venerável aos anciãos, desejo dos anjos, alegria dos céus, é inquinado pelas salivas de lábios imundos, ferido por mãos ímpias e sacrílegas, coberto com um véu por escárnio. O Senhor de tudo quanto foi criado é esbofeteado, qual viu escravo” (Idem.).

Sigamos o Inocente Senhor até à casa de Pilatos, onde é posto em paralelo com o maior facínora daqueles tempos em Jerusalém, onde é açoitado e coroado de espinhos, e, por fim, condenado à morte de cruz! “Horrenda impiedade dos judeus, ainda não farta de injúrias, bradando de raiva bestial apresenta ao juiz ímpio a alma do justo, para que, qual cão raivoso, a devore. Conduziram, pois os pontífices a Jesus manietado ante Pilatos, insistindo para que fosse cominado o suplício da cruz àquele que estava isento de todo pecado. E ele, como cordeiro diante de quem o tosquia, permanecia de pé, perante o juiz, manso e calado, enquanto acusadores falsos e ímpios, com um cúmulo de delitos inventados, com grandes clamores exigem a morte do autor da vida e a liberdade ao ladrão homicida e revolucionário, preferindo, loucos e ímpios, o lobo ao cordeiro, a morte à vida, as trevas à luz” (Idem.).

Acompanhemo-Lo até ao Calvário, onde é despido, onde é cravado na cruz, de pé e mãos, onde é levantado ao alto, onde está três horas em agonia, onde morre, por fim, pela redenção do mundo! “Fartos, finalmente, de insultos e zombarias aqueles malvados, nosso amantíssimo rei vestiu novamente suas vestiduras, das quais será outra vez despojado. E com a cruz sobre os ombros é conduzido ao calvário. Ali, de todo desnudado, cingido somente aos rins um vil sudário, é arrojado com fúria sobre o lenho da cruz, estendido, estirado, transpassado e cravado na cruz com pregos, feito todo uma chaga seu corpo” (Idem.).

Em todos esses passos de sua paixão, Jesus sofre como nunca mortal algum sofreu nem há de sofrer! Sofre na alma e no corpo! Sofre em todos os sentidos! Sofre os mais inauditos tormentos que nós Lhe demos com os nossos pecados!

Bondoso senhor Arcebispo, a Paixão de Nosso Senhor é uma preciosa Escola onde aprendemos a LUTAR sem desanimar e a PERSEVERAR até o fim: “Marcar metas não basta. É preciso lutar... Para atingirmos qualquer meta humana ou espiritual, tem que lutar com garra” (Dom Rafael Llano Cifuentes).

Agradeço-lhe por tudo.

Envio-lhe, como presente, dois livros: Vida de São João Crisóstomo e Fortaleza.

Peço que nos abençoe.

 

Respeitosamente,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP