Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Cartas a Dom Manoel Pestana Filho,

Bispo de Anápolis - Go

 

 

Carta 2

 

Jaraguá, 6 de agosto de 1994

 

Exmo. Senhor Bispo

Dom Manoel Pestana Filho

 

Recebi a carta do senhor, e envio-lhe resposta:

 

O senhor disse: “Mando-lhe carta que enviei, carta que recebi, e devolvo a sua, lida e relida, e seu envelope de contas que não pedi e por isso nem abri”.

 

A carta do Padre…, é uma carta mentirosa e obscura, pena que o mesmo não foi capaz de confirmar por escrito o que disse oralmente à senhora…

Quanto ao envelope de contas que o senhor me enviou, “devolvido sem abrir”, afirmo que o senhor não só deveria abri-lo, lê-lo, mas também arquivá-lo para esclarecer presentes e futuros caluniadores.

A senhora…, deseja conversar pessoalmente com o senhor para contar-lhe aquilo que ela ouviu em Pirenópolis da boca do Padre… Ela afirma com juramento, se for preciso, tudo aquilo que ouviu.

Ela afirma que o Padre… disse que não somente o senhor está preocupado, mas que, o senhor disse que têm muitos sacerdotes na Diocese preocupados.

Já estou cansado de ser caluniado por leigos e sacerdotes, além de ser xingado de doido pela maioria dos sacerdotes; quero avisar-lhe que a partir de hoje não ficarei mais calado, irei até as últimas conseqüências.

 

Aproveite enquanto ainda estou vivo, porque duvido que encontre facilmente outro bispo que ature seus desaforos. Se assim me trata, quem te formou, como o senhor gosta de realçar, fico pensando, preocupado, na triste possibilidade de o senhor vir a ser tratado da mesma forma por tantos que está formando”.

 

Também duvido que outro bispo seja tão fechado com alguns sacerdotes como o senhor o é.

A maneira do senhor tratar alguns sacerdotes, faz os mesmos recuarem da sua presença.

O senhor gosta de citar que o Pastor vai ao encontro das ovelhas, só que o senhor esquece de meditar essa passagem em relação a alguns dos seus sacerdotes, que se dependessem de seu apoio, já teriam abandonado o sacerdócio, como os mesmos já disseram.

Quanto aos que estou formando, acompanho-os de perto, fazendo reunião semanalmente, sendo Superior, pai, irmão e amigo ao mesmo tempo, corrigindo-os e incentivando-os na caminhada rumo à santidade, não tenho prediletos e nem faço acepção de pessoas, porque Deus não o faz (Dt 10,17).

O Papa Paulo VI na Encíclica “Sacerdotalis Cealibatus”, diz como deve ser o procedimento de um bispo para com os seus sacerdotes: “A solidão humana do padre, muitas vezes fonte de desânimo e de tentações, seja confortada acima de tudo por vossa ação FRATERNA e AMIGA. Antes de superiores e juízes, seja para vossos sacerdotes MESTRES, PAIS, AMIGOS e IRMÃOS, BONS e MISERICORDIOSOS, prontos a compreender, a ter compaixão, a ajudar. Encorajai de todos os modos vossos sacerdotes para que tenham convosco amizade pessoal e confiante abertura que não suprima, mas domine na caridade pastoral a relação de obediência jurídica, a fim de que a própria obediência seja mais generosa, leal e segura. Amizade dedicada e confiança filial para convosco, permitirão aos padres vos abrir a tempo a própria alma, vos confiar as dificuldades, na certeza de poder sempre dispor de vosso coração para fazer confidentes até dos eventuais fracassos, sem o temor servil do castigo, mas na expectativa filial da correção, do perdão e do socorro que os estimularão a retomar com maior confiança o árduo caminho”.

 

Em relação ao processo que pretende instalar contra um sacerdote, lembro-lhe o escândalo que certamente causará  e os recursos que há dentro da Igreja para resolver tais situações”.

 

Gostaria de saber, se um sacerdote levantar calúnias contra outro também não é causa de escândalos para os leigos.

Gostaria também de saber se na Igreja existem recursos para punir sacerdotes caluniadores.

Quero deixar bem claro que não ficarei calado.

 

Continuo não entendendo a sua atitude com algumas capelas. Nosso Senhor se apresenta como o Pastor que deixa noventa e nove ovelhas abrigadas e vai buscar a perdida. Nós somos responsáveis por aqueles que nos foram confiados”.

 

É claro que o senhor não entende, porque nunca esteve aqui para acompanhar o meu trabalho na Paróquia; o senhor julga o meu trabalho pelos falsos e caluniadores telefonemas de verdadeiros “urubus carniceiros”, que só vão à igreja no tempo destas festas profanas, que são verdadeiras Babilônias, para se promoverem politicamente ou para ganharem dinheiro desonesto.

Será que os mesmos já disseram ao senhor que três dias por semana, às sete horas da manhã, já se encontram filas esperando para confissão? Que são visitadas de oito a quinze famílias por semana? Cenáculos com igreja cheia no primeiro sábado de cada mês? Adoração do Santíssimo de terça a sexta-feira? Terços nas praças todos os sábados? Missas? No interior, onze das quinze capelas, estão recebendo semanalmente a visita dos Lanceiros, e também, pelo menos uma vez por mês, recebem a visita dos Carismáticos, Cursilho, etc.? Além de uma Missa e confissão mensalmente? As outras quatro, ainda não receberam tais visitas por falta de membros disponíveis e preparados. Alvelândia e Monte Castelo receberão esse atendimento a partir de setembro.

Jesus deixa noventa e nove ovelhas abrigadas e vai buscar a perdida, muito bem, quanto a isso estou tranqüilo, o que  eu não aceito é abuso nas coisas de Deus.

Quero lembrar-lhe de que Jesus disse também em Mt 10,11: “Mas se alguém não vos recebe e não dá ouvidos às vossas palavras, saí daquela casa ou daquela cidade e sacudi o pó de vossos pés”, conferir também At 18, 5-7.

 

Insisto em que participe mais da vida da Diocese. Creio que muitas coisas não aconteceriam se pudéssemos vê-lo com mais freqüência”.

 

Como é possível participar da vida da Diocese se o responsável pela mesma não dá abertura? Quando alguns sacerdotes chegam na Cúria são enxotados por mocinhas com o rótulo de secretárias.

Na residência Episcopal a coisa não é diferente, já fiz o teste várias vezes, e descobri que elas mentem.

Quanto à reunião do clero, como poderia estar bem num lugar onde todos te apunhalam com palavras picantes. Em algumas paróquias, eu e aqueles que estou formando não somos aceitos, isso também vale para a reunião do clero, porque um doido não pode participar de uma reunião onde tem tantos santos, como por exemplo: Frei…, Frei…, Padre…, etc.

 

Com caridade e respeito, lembrando-lhe de que a “caridade se regozija com a verdade (1 Cor 13,6).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

Obs: Os nomes dos sacerdotes e frades foram preservados nessa página, porém, os mesmos estão citados na carta original que se encontra guardada em nossos arquivos.

 

 

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