Aos detentos do Presídio de Pires do Rio – Pires
do Rio – GO
Circular n.º 01
Anápolis, 04 de junho de 2016
Prezados detentos, é POSSÍVEL MANTER a
VERDADEIRA FELICIDADE no cárcere...
basta VIVER com Jesus Cristo no coração e REALIZAR somente o que
lhe AGRADA: “Felizes todos os que
temem a Deus e andam em seus caminhos!” (Sl 128,
1), e: “Feliz o homem que
teme a Deus e se compraz em seus mandamentos!” (Sl
112, 1).
O preso também é chamado por Deus para VIVER
FELIZ... para VIVER a VERDADEIRA
FELICIDADE que consiste em ANDAR na
presença do Criador e evitar as MÁS OBRAS.
É grande loucura buscar a
FELICIDADE na bebedeira, nas arruaças, nos motins, nas
revoltas, nas rebeliões, na pornografia, nas piadas e conversas
imorais, no ódio, na vingança, no rancor, na prostituição, nas
drogas... isso torna o filho de Deus INFELIZ e cheio de ANGÚSTIA.
O detento precisa saber que o INOCENTE
Jesus Cristo foi preso e não se revoltou, não xingou nem
perdeu a FELICIDADE. São João Batista também foi
preso e não perdeu a FELICIDADE (Lc 3, 20), o
mesmo aconteceu com Santo Estêvão (At 6, 8ss) e com
São Pedro Apóstolo (At 12,1ss).
O preso é filho de Deus e foi criado para o céu... o
Criador não quer que o detento se perca indo para o inferno, mas
quer a sua MUDANÇA de VIDA. Deus não
obriga ninguém a entrar no céu... Ele criou o homem livre.
O detento deve desprezar as coisas da terra e
CAMINHAR com PASSOS FIRMES no caminho do céu.
O CAMINHO para o céu é muito custoso,
pois o Demônio e o mundo aumentam-lhe, de mil modos e continuamente,
a dificuldade e o perigo. Feliz do preso que TRABALHA todos os dias
para CONQUISTAR o céu... esse é SÁBIO!
É importante conhecer a GRANDEZA do céu. Muitos
não LUTAM pelo céu porque não conhecem a sua GRANDEZA.
Em que consiste o céu?
O céu consiste em:
1. Contemplar a Deus face
a face:
“Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas o que nós seremos
ainda não se manifestou. Sabemos que por ocasião desta manifestação
seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é”
(1 Jo 3, 2).
Nessa visão imediata de Deus tal como é, e de todas
as coisas em Deus, a vida da graça e a filiação divina alcançam o
seu pleno desenvolvimento. Pela sua natureza, o homem não é capaz
de ver a Deus face a face; é necessário que Ele o ilumine mediante
uma luz especial, que chamamos lumen gloriae. Com ela não
abarca de todo a Deus – coisa impossível para qualquer criatura –
mas pode sem dúvida contemplá-Lo diretamente:
“A bem-aventurança consiste em duas coisas:
uma, que veremos a Deus tal como é na sua natureza e substância; e a
outra, que seremos transformados como deuses, pois os que gozam
d’Ele, ainda que conservem a sua própria natureza, todavia,
revestem-se de certa forma admirável, semelhante à divina, de modo
que mais parecem deuses que homens”
(Catecismo Romano).
Em 1 Cor 13, 12 diz:
“Agora vemos em espelho e de maneira
confusa, mas, depois, veremos face a face. Agora o meu conhecimento
é limitado, mas, depois, conhecerei como sou conhecido”.
A felicidade no céu consiste nesse conhecimento
imediato de Deus. Para o entender melhor São Paulo põe a semelhança
do espelho: antigamente os espelhos eram feitos de metal, e a imagem
que ofereciam era baça e obscura. A comparação em todo o caso é
igualmente compreensível para nós, tendo em conta que – como explica
Santo Tomás de Aquino – no céu
“veremos a Deus face a face, porque O veremos imediatamente, tal
como face a face vemos um homem. E por esta via assemelhamo-nos
especialmente a Deus, tornando-nos participantes da sua
bem-aventurança: pois Deus compreende a sua própria substância na
sua essência e nisso consiste a sua felicidade. Por isso escreve São
João (1 Jo 3, 2): E quando aparecer, seremos semelhantes a Ele,
porque O veremos tal como é”.
Em relação a este ponto, ensina o Magistério da
Igreja que,
“segundo a ordenação comum de Deus, as almas de todos os santos que
saíram deste mundo (...) vêem a essência divina com visão intuitiva
e também face a face, sem mediação de criatura alguma que tenha
razão de objeto visto, mas por lhes ser mostrado a essência divina
de modo imediato e descoberto, clara e patentemente, e que vendo-a
assim gozam da mesma essência divina e que, por tal visão e fruição,
as almas dos que saíram deste mundo são verdadeiramente
bem-aventuradas e têm vida e descanso eterno”
(Benedictus Deus).
Veremos a Deus!
Chegaremos a compreendê-Lo e a ver todas as profundezas do seu ser?
Não! O ser criado não pode compreender completamente
o seu Criador. O ser finito não pode compreender o infinito. A água
do mar não cabe dentro dum copo.
Não veremos só o reflexo de Deus como num espelho;
mas veremos o mesmo Deus. Vê-lo-emos e nunca nos cansaremos de
vê-Lo.
Veremos a Deus e em Deus as suas obras. Que
espetáculo! Ver os planos da divina Providência que muitas vezes
durante a vida julgamos duros e injustos!
Veremos as leis da natureza e suas forças ocultas, e
aquelas que o homem não chegou a descobrir!
Veremos tudo isso no resplendor da claridade eterna,
sem nunca nos saciarmos nem nos enfastiarmos.
2. Felicidade eterna:
“O que os olhos não
viram, os ouvidos não ouviram e o coração do homem não percebeu,
isso Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Cor
2, 9).
Em Ap 21, 4 diz:
“Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos, pois nunca mais haverá
morte, nem luto, nem clamor, e nem dor haverá mais”.
Santo Afonso Maria de Ligório
escreve: “Esses trabalhos, penas,
angústias, perseguições e temores hão de acabar um dia e, se nos
salvarmos, serão para nós motivos de gozo e alegria inefável no
reino dos bem-aventurados”.
A felicidade do céu é eterna.
Trata-se de uma verdade de fé, de um dogma: Creio... na vida
eterna. Mas é também uma condição necessária para que a
felicidade seja perfeita. Aqui na terra, quando nos sentimos
felizes, pensamos: “Isto não vai durar”, e no mesmo instante
a felicidade diminui. Uma vida feliz com Deus, mas de duração
limitada, é uma suposição absurda, impensável: a visão beatífica,
uma vez concedida, já não pode perder-se.
Os eleitos contemplam a Deus uns mais perfeitamente
do que os outros, de acordo com os seus méritos. A Sagrada Escritura
afirma claramente que cada qual receberá a sua recompensa segundo as
suas obras, o que é de justiça.
Em Jo 14, 2 diz:
“Na casa de meu Pai há muitas moradas”, e:
“Um é o brilho do sol, outro o brilho da
lua, e outro o brilho das estrelas. E até de estrela para estrela há
diferença de brilho”
(1 Cor 15, 41), e também:
“Aquele que planta e aquele que rega são
iguais entre si; mas cada um receberá seu próprio salário, segundo a
medida do seu trabalho”
(1 Cor 3, 8).
Existem, portanto, diferentes graus de felicidade
entre os eleitos, mas essa desigualdade não é ocasião de ciúmes,
pois cada um se encontra plenamente saciado. Um copo de água
encontra-se cheio, e um caminhão-pipa também está cheio: a nenhum
dos dois é possível acrescentar nada. Pode-se falar de desigualdade
neste caso? Ou será necessário derramar metade do conteúdo do
caminhão no copo? No céu, a alma menos elevada em santidade está
totalmente cumulada, é incapaz de receber mais, não pode aspirar a
uma felicidade mais alta. Por conseguinte, cada um, na sua medida, é
perfeitamente feliz.
3. Não ofender nem
desagradar a Deus.
No céu já não poderemos mais pecar nem desagradarmos
a Deus, ou seja, estaremos fixados no bem. O pecado será impossível
porque viveremos já de Deus e em Deus. Pensaremos e amaremos na
contemplação divina, não apenas com a fé e a esperança, mas com uma
caridade – um amor – que terá tomado posse de nós definitivamente. A
alegria que nos dará essa segurança de estarmos para sempre
ancorados no bem será a mesma que experimentam os anjos.
4. Conhecer a Santíssima
Trindade, Jesus (Deus-Homem), Maria Santíssima, os Anjos e Santos.
Para que nada falte à bem-aventurança do céu, é
preciso acrescentar a grande alegria que será, não só conhecermos a
Santíssima Trindade, mas também vermos Jesus (Deus-Homem), e
podermos admirar sua Humanidade. Cristo é o mais belo dos filhos dos
homens; a sua beleza, como a de Maria, é simples, e custa-nos muito
imaginar a simplicidade. A alegria de ver a Santíssima Virgem, que
todos desejamos contemplar, será também, sem dúvida, uma deliciosa
surpresa.
Santo Afonso Maria de Ligório
escreve: “Que dirá
a alma quando entrar naquela mansão felicíssima? O anjo da guarda a
acompanha e felicita, e ela lhe mostra sua gratidão pela assistência
que recebeu dele... Os anjos e os santos a recebem alegres e lhe dão
amorosas boas-vindas... encontrará seus santos patronos... beijará
os pés da Santíssima Virgem, Rainha dos céus... Jesus Cristo a
receberá como esposa amantíssima... Jesus a apresentará ao Pai
Eterno que a abençoará...”
5. Encontrar todos os que
amamos nesse mundo.
Por fim, haverá a bem-aventurança de encontrarmos de
novo todos aqueles a quem amamos e que nos precederam na casa do
Pai. Há separações que não cicatrizam, e é somente a esperança do
reencontro que sustenta o ânimo de quem fica para trás. Por isso,
muitas pessoas esperam a morte e desejam o céu para terem a alegria
de encontrar os entes amados e sempre recordados.
A este propósito, põe-se uma questão: se duas pessoas
que se amaram não se encontrarem no céu, por uma delas ter ido para
o inferno, isso não será um sofrimento, um enorme sofrimento, para
aquela que se salva? Só há uma resposta possível: como no céu se
verá e se julgará tudo em Deus e a partir de Deus, não se poderá
senão ficar contente com a sua justiça, que então se poderá
compreender.
Santo Afonso Maria de Ligório
escreve: “... ali encontrará amigos e
parentes que a precederam na vida eterna”.
Aqui está o RESUMO da GRANDEZA do céu.
O detento não pode DESPREZAR esse OCEANO
de FELICIDADE ETERNA.
Feliz do preso que RESPEITA os policiais,
funcionários e companheiros de cela... que FOGE
daqueles que são REBELDES, VINGATIVOS, REVOLTOSOS e AMOTINADORES.
O detento NÃO DEVE piorar a sua situação no
presídio promovendo MOTINS e REBELIÕES; pelo contrário,
DEVE ser EDUCADO, BONDOSO, FIEL, TRABALHADOR, RESPONSÁVEL e GENTIL.
O detento não deve ser BRIGUENTO. O
preso BOM de BRIGA é aquele que
FOGE dos BRIGÕES. Esperto é quem FOGE de
uma BRIGA; sábio é quem não deixa a
BRIGA acontecer.
Sou um padre. Rezo por vocês, pelos policiais e
funcionários que cuidam do Presídio de Pires do Rio.
VIVAM EM PAZ!
Que o Deus Bondoso abençoe a todos.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
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