Aos detentos da Cadeia Pública de Nova Xavantina –
Nova Xavantina – MT
Circular n.º 01
Anápolis, 22 de agosto de 2016
Estimados detentos, SEJAM HOMENS do
BEM e DESPREZEM tudo aquilo que NÃO
AGRADA a Deus: “Finalmente,
irmãos, ocupai-vos com tudo o que é verdadeiro, nobre, justo, puro,
amável, honroso, virtuoso ou que de qualquer modo mereça louvor.
Então o Deus da paz estará convosco” (Fl 4, 8-9b).
Feliz do preso que aproveita do tempo de reclusão
para crescer na santidade e no amor a Deus... que faz com
sinceridade um sério exame de consciência com firme desejo de mudar
de vida.
O encarcerado não pode DESANIMAR e
PENSAR que a vida acabou por causa da prisão; mas é
preciso reconhecer seus erros, pedir perdão a Deus e recomeçar com
a cabeça erguida.
A cela não deve ser uma “jaula” para
agressões, brigas e assassinatos... mas
deve ser um lugar de PAZ, DIÁLOGO e verdadeira
AMIZADE. É preciso RESPEITAR o próximo, fazendo tudo
para não feri-lo, especialmente os amigos. Quando uma pessoa
se machuca, em pouco tempo a ferida se cicatriza... mas a
TRAIÇÃO de um amigo deixa marca no coração. É muito perigoso
ferir um amigo verdadeiro, porque é difícil de encontrá-lo:
“Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o
descobriu, descobriu um tesouro”
(Eclo 6, 14).
Quem maltrata e ofende um
amigo verdadeiro constrói em muro de separação. Uma palavra pesada
ou uma brincadeira infeliz poderão criar distância entre dois
amigos. Nada mais desagradável do que o esfriamento de uma
velha amizade.
É preciso tratar bem os amigos verdadeiros. Seja
simples e sincero com eles. Não abuse da boa amizade. Como um
cristal trincado, assim é uma amizade ferida.
Qual deve ser a atitude do verdadeiro amigo
numa cela? Deve
dialogar, aconselhar e acalmar aqueles que planejam realizar MOTINS,
REBELIÕES, ASSASSINATOS... DESTRUIR OS MÓVEIS DA CADEIA... PROVOCAR
BRIGAS.
Os VERDADEIROS AMIGOS são como estrelas do firmamento
que são mais brilhantes no tempo de escuridão. Eles ajudam os
amigos principalmente quando o presídio está passando por
dificuldades e provações. O amigo sincero nunca abandona o
outro... mas sabe dizer não quando é preciso. Só é possível
conhecer quem é verdadeiramente amigo quando surgem obstáculos pelo
caminho: “Há amigo que é
companheiro de mesa, mas que não será fiel no dia da tribulação”
(Eclo 6, 10).
O detento NÃO DEVE ser REBELDE e VIOLENTO, mas
deve RESPEITAR o delegado, policiais e funcionários da cadeia...
quem planeja MOTINS e REBELIÕES cava uma abismo profundo e perde a
confiança de todos. Violência gera violência... e rebelião gera
cacetada.
Feliz do encarcerado que ABRE o coração
para Deus... que confia no amor do Criador... que LUTA
para mudar de vida. Esse é sábio e agrada muito a Deus!
Ninguém gosta do preso de queixo duro e do nariz empinado. A
rebeldia não esmorece o coração; pelo contrário, o endurece mais
ainda.
Para viver bem dentro de uma cela é preciso possuir
PAZ no coração. Essa PAZ não é adquirida
através da pornografia, piadas imorais, provocações, xingos,
motins, rebeliões... mas sim, em Deus. Somente Deus pode
colocar no coração do detento a VERDADEIRA PAZ:
“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não
vo-la dou como o mundo dá”
(Jo 14, 27).
Quem é católico deve pedir a presença de um sacerdote
para confessar os seus pecados. Deus e o Demônio não podem
habitar num mesmo coração: “Que
comunhão pode haver entre a luz e as trevas? Que acordo entre Cristo
e Belier?”
(2 Cor 6, 14-15).
O encarcerado deve buscar continuamente a
PAZ... quem possui ódio e revolta no coração não
possui a PAZ do alto, mas vive um “pequeno” inferno aqui nesse mundo.
Não há PAZ onde Deus não faz falta... Não há
paz sem amor, e todo amor deve querer a PAZ... Só Deus é que pode
dar a PAZ num instante... Ao mesmo tempo que tiras a PAZ dos outros,
deixas de tê-la... Acredito mais em quem reza pela PAZ do que na PAZ
de quem não reza... Prefiro a PAZ que sofre a ter alegrias sem
PAZ... Foge do perigo de perderes a PAZ. Apressa-te na necessidade
de levá-la (Pe. Orlando Gambi).
É preciso aceitar a punição dada pela justiça
com o máximo de paciência. É melhor a
prisão aqui desse mundo do que a prisão do inferno que é para
sempre.
Sou um padre. Rezo por vocês, delegado,
policiais e funcionários que cuidam da Cadeia Pública de Nova
Xavantina.
VIVAM EM PAZ!
Que o Deus da paz abençoe a todos.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
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