Aos detentos da Cadeia Pública de Lucas do Rio
Verde – Lucas do Rio Verde – MT
Circular n.º 01
Anápolis, 22 de agosto de 2016
Prezados detentos, OCUPEM o TEMPO
de reclusão para REALIZAREM o BEM, porque a
OCIOSIDADE não agrada a Deus: “A
ociosidade traz a pobreza e a penúria, porque a mãe da indigência é
a ociosidade” (Tb 4, 13).
Não sei como “funcionam” os
horários num presídio, mas tenho certeza absoluta que a
OCIOSIDADE e a PERDA do TEMPO
não faz bem para os presos. Quem vive de braços cruzados e
mergulhado na preguiça comete loucuras, porque mente
vazia é oficina do Demônio.
O preso está numa cela, num presídio... nem por isso
deixou de ser gente, de possuir uma alma espiritual e imortal... não
se transformou num animal irracional nem foi dispensado de lutar
para conquistar o céu. Deus quer que o detento SEJA SANTO:
“… não vim chamar os justos, mas sim os
pecadores, ao ARREPENDIMENTO”
(Lc 5, 32). Deus quer que o
encarcerado se arrependa dos pecados e recomece uma nova vida.
Mas é impossível recomeçar uma nova vida VIVENDO na
OCIOSIDADE.
O detento já PERDEU MUITO TEMPO com o
CRIME; é preciso, então, aproveitar cada minuto para
fazer o bem, para entesourar preciosos tesouros no céu:
“Não desanimemos na prática do bem, pois, se
não desfalecermos, a seu tempo colheremos”
(Gl 6, 9).
O preso não pode se sentir feliz vivendo na
OCIOSIDADE dentro de uma cela, mas deve fazer algo de bom:
rezar, ler a Bíblia, limpar o piso, lavar roupa, dar bons
conselhos para os companheiros, cuidar da horta, cuidar das galinhas
e dos porcos, estudar o Catecismo... pensar somente em coisas boas.
Quem vive na OCIOSIDADE se tornará em pouco tempo um
“vulcão” em erupção:
“Manda-o para o trabalho, para que não fique ocioso, porque a
ociosidade ensina muitos males” (Eclo
33, 28).
O encarcerado que está sempre em atividade não tem
tempo para pensar em MOTINS, REBELIÕES, REVOLTAS e
ASSASSINATOS, mas está sempre desejoso em ser útil ao
próximo. Os santos estão no céu porque realizam o bem sem preguiça:
“O ócio é pai dos vícios; e o vício da
incontinência é o primogênito de todos. Os santos sempre evitaram o
ócio e amaram o trabalho, inclusive os que se dedicavam de modo
especial à oração. Quando se trabalha, não sobra mais espaço para
maus pensamentos” (Bem-aventurado José Allamano).
O preso DEVE FUGIR da ROTINA,
e NÃO da PRISÃO.
O que é ROTINA? É o hábito de fazer
algo sempre do mesmo modo, mecanicamente;... rotineira.
Quem ama a Deus e trabalha com amor foge da ROTINA.
O preso que faz as coisas por ROTINA vive
desanimado e faz tudo com lentidão e amargura. Está sempre
AZEDO, AMARGO e com o coração ARDIDO.
Parece mais um porco espinho! O detento não pode deixar a
ROTINA entrar em seu coração... na sua vida. Quem
vive unido a Deus através de uma oração sincera e contínua não
aceita a ROTINA.
O encarcerado deve amar a sua vida!
Deve construir uma mansão sobre o casebre, isto é, uma vida nova e
santa sobre a vida passada cheia de pecados e rebeldias. Deve
construir uma nova história com alegria... cada dia que passa,
nunca mais voltará; por isso o detento não pode viver OCIOSO e de
braços cruzados.
O encarcerado deve BUSCAR com alegria a
VERDADEIRA LIBERDADE. Ela não consiste
em correr pelas ruas de uma cidade ou pelos campos de uma fazenda;
mas sim, em possuir Deus no coração. Quem possui Deus é livre, mesmo
estando numa cela atrás das grades. Só é livre quem possuir
Jesus Cristo PRISIONEIRO na “cela” do coração.
O detento pode ser LUZ ou TREVAS...
depende dele. Para ser LUZ é preciso seguir a Jesus
Cristo; quem segue o Demônio vive nas TREVAS.
Feliz do encarcerado que RESPEITA o delegado,
policiais e funcionários da cadeia.
Nenhum preso caiu do céu por descuido ou está na cadeia porque
estava dando esmolas ou rezando. É preciso aceitar a punição da
justiça com paciência e esperar a hora certa de deixar a prisão.
A justiça sabe a hora certa.
Quem briga com a justiça cava um grande abismo e faz
piorar a situação.
Sejam HOMENS SINCEROS, isto é, que
reconhecem os erros cometidos e que estão buscando a mudança de
vida. Não basta reconhecer os erros, mas é preciso mudar de
vida.
A pior prisão não é a cadeia; mas sim, o inferno.
Quem vai para o inferno nunca mais sairá desse mar de fogo.
Sou um padre. Rezo por vocês, delegado,
policiais e funcionários que cuidam da Cadeia Pública de Lucas de
Rio Verde.
VIVAM EM PAZ!
Que o Deus do Amor abençoe a todos.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
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