Anápolis, 13 de setembro
de 2006
Memória de São João Crisóstomo
À Sua Santidade
Papa Bento XVI,
“Meu bondoso e santo
Pai”
(Santa
Catarina de Sena, Carta nº 196, 3).
Santo Padre, que o Amor e a
Paz do Coração de Jesus Cristo estejam no vosso coração tão sofrido:
“Coração de Jesus, vós sois o único senhor do meu coração”
(Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas a Jesus Sacramentado e a
Nossa Senhora, 25).
Bondoso Pastor, escrevo-lhe
por dois motivos:
1. Dizer-lhe que existe em
uma capela dos Irmãos Maristas, numa cidade do interior, na
Arquidiocese de Goiânia - GO, uma casa do pássaro joão-de-barro
como sacrário. Sabemos que essa maneira de tratar Jesus Sacramentado é
completamente errada: “O tabernáculo em que habitualmente se
conserva a Santíssima Eucaristia seja inamovível, construído de
matéria sólida e não-transparente, e de tal modo fechado, que se evite
o mais possível o perigo de profanação”
(Código de Direito
Canônico, Cân. 938, 3).
O senhor Arcebispo Dom
Washington Cruz, deveria se preocupar menos com o “grito dos
excluídos” e com a “romaria da terra”, e cuidar
melhor de Jesus Sacramentado.
2. Manifestar-lhe, com dor
e tristeza, o quanto Jesus Sacramentado é profanado e
desprezado por parte de muitos do clero e também dos leigos; algo
que deixa até os demônios admirados: “Jesus é muito ofendido na
Eucaristia pelas múltiplas irreverências cometidas pelos próprios
cristãos; pelos sacrilégios, cujo número e malícia causam admiração
aos próprios demônios. Quantas comunhões sacrílegas, em que Jesus é
entregue ao demônio, aos atos diabólicos da magia... – e isto ainda em
nossos dias! Quantos sacerdotes indignos que traem o seu Mestre e o
entregam aos seus inimigos! E só Deus conhece a enormidade desses
sacrilégios, os seus mistérios ocultos”
(São Pedro Julião
Eymard, A Divina Eucaristia, Vol 3).
Como Jesus Sacramentado
é profanado e desprezado?
A) Através
dos modelos das igrejas que são construídas.
Hoje, constroem-se verdadeiros monumentos para o esporte e
belíssimas mansões para os homens; e para Nosso Senhor são construídas
igrejas em forma de barracões, terminais rodoviários e outros modelos
que parecem mais banheiros públicos. Desapareceram as torres das
igrejas, que apontam para o alto, e agora o que sobressai, são
telhados semelhantes a cascos de tartarugas.
B) Será que o dono de uma casa ficaria feliz em ter que deixar a
mesma para morar no quintal? Com certeza que não!
Na maioria das igrejas, Nosso Senhor é colocado de lado ou
fora das mesmas. O Senhor do céu e da terra é afastado de Sua casa,
porque a mesma deve servir para reuniões políticas, de local de
encontro para senhoras desocupadas conversarem, local de descanso para
os bêbados ou até de namoricos de jovens mundanos.
Santo Tomás de Aquino escreve:
“O zelo, em qualquer sentido se tome, provém da intensidade do amor”
(Suma Teológica 1ª, 2ae, q. 28, a 4)
E aplicando-o ao amor de amizade, acrescenta:
“O amor de amizade procura o bem do amigo; portanto, quando intenso,
faz o homem investir contra tudo que repugna ao bem do amigo... E,
neste sentido, diz-se de alguém que zela por Deus, quando se esforça
por repelir, na medida do possível, quando se opõe à honra ou vontade
de Deus”
(Ibid).
Colocar Jesus Sacramentado às escondidas, para transformar a sua casa
em um salão de festa, com certeza não Lhe agrada.
Essa maneira estúpida e ridícula de tratar a Nosso
Senhor, vai fazendo o povo perder a fé e o respeito pelo sagrado.
C) Em centenas de paróquias no Brasil, os ministros extraordinários da
Eucaristia oferecem um verdadeiro show de exibicionismo no altar,
deixam transparecer que estão ali para se exibirem.
Muitos deles são pessoas que fumam, bebem bebidas
alcoólicas e se vestem com indecência. Está claro que falta o amor
verdadeiro no coração daqueles que permitem tais desordens:
“Quem não ama não zela”
(Santo Ambrósio, In. Sl. 128).
Santo Padre, é um absurdo os senhores bispos se
preocuparem tanto com os sem terra, os excluídos, os oprimidos, etc.,
e deixar de lado o Senhor do Universo, que nos alimenta diariamente. É
preciso ensinar-lhes que Jesus Sacramentado é o verdadeiro tesouro:
“Na Santa Eucaristia encontrei meu verdadeiro tesouro”
(Santa Margarida Maria Alacoque, G. II, 843).
D) O Catecismo da Igreja Católica, no n° 1387 diz:
“A atitude corporal (gestos, roupa) há de traduzir o respeito, a
solenidade, a alegria deste momento em que Cristo se torna nosso
hóspede”.
É de se lamentar o que está acontecendo na maioria das
igrejas no Brasil, no momento da Santa comunhão. O que ordena o
Catecismo da Igreja Católica no número 1387, é ignorado por bispos,
sacerdotes e leigos. Vê-se meninas, moças e senhoras, semi-nuas,
receberem o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor.
Santo Padre, como é
triste constatar que a maioria dos católicos nada conhecem sobre a
Santíssima Eucaristia. Como seria agradável a Deus se V. Santidade
exigisse que o clero ensinasse com rigor aos fiéis a doutrina sobre o
Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Peço que V. Santidade
abençoe a mim, aos meus religiosos e aos leigos com quem trabalho.
Filialmente,
Pe. Divino Antônio
Lopes FP.
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