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			Anápolis, 01 de abril de 2012 
			  
			
			À Sua Santidade 
			
			Papa Bento XVI 
			
			“Doce Cristo na terra”
			(Santa Catarina de Sena) 
			  
			
			Querido Pastor, apaixonemo-nos pelo humilde Cordeiro 
			que entra triunfalmente em Jerusalém: “Ó 
			Jesus, prevendo a turba que viria ao vosso encontro, montastes no 
			jumento e destes exemplo de admirável humildade entre os aplausos do 
			povo que acorria, cortava ramos e atapetava a estrada. Enquanto a  
			multidão cantava hinos de louvor, vós, jamais esquecendo vossa 
			compaixão, chorastes o morticínio de Jerusalém. Levanta-te agora, ó 
			serva do Salvador, e no cortejo das filhas de Sião, vai ver teu 
			verdadeiro rei... acompanha o Senhor do céu e da terra montado num 
			jumentinho, segue-O sempre com ramos de oliveira, com obras de 
			piedade e com virtudes triunfantes” 
			(São Boaventura). 
			  
			
			Nesse dia em que 
			celebramos a entrada triunfal de Nosso Senhor Jesus Cristo em 
			Jerusalém, escrevo-lhe, com franqueza, para informar sobre centenas 
			de moleques que estão sendo ordenados sacerdotes no 
			Brasil: “A 
			ninguém imponhas apressadamente as mãos, não participes dos pecados 
			de outrem”
			(1 Tm 5, 22), e: 
			“Quem pois quiser impor as 
			mãos a alguém, antes deverá proceder a um exame rigoroso do mesmo”
			(São João Crisóstomo, O sacerdócio, Livro Quarto, 2), 
			e também: 
			“Em tais casos, quando falta experiência de boa conduta de vida, não 
			só peca gravemente quem se ordena, mas também o bispo que o 
			promove às ordens sem a comprovação devida, sem a certeza moral 
			da idoneidade do ordenado” 
			(Santo Afonso Maria de Ligório, A prática 
			do amor a Jesus Cristo, Capítulo XI). 
			
			Santo Padre, dezenas de bispos estão brincando de 
			ordenar sacerdotes; estão impondo as mãos sobre rapazes 
			despreparadíssimos (raízes venenosas) que usam da 
			Santa Igreja como trampolim para ingressarem depois na política e 
			outros: “Que nenhuma raiz venenosa cresça 
			no meio de vós, tumultuando e contaminando a comunidade”
			(Hb 12, 15). 
			
			Sabemos da escassez de vocações em toda a Igreja, mas 
			isso não é motivo para bispos incompetentes ordenarem moleques
			que causarão muito mal à Igreja. É melhor poucos e santos 
			sacerdotes, do que uma multidão de medíocres: 
			“E nem os bispos nem os Superiores das 
			sociedades religiosas afrouxem, nem sequer um ponto, na devida 
			severidade, pelo temor de que na Diocese ou no Instituto religioso 
			venha a diminuir o número dos Sacerdotes. Este sofisma já Santo 
			Tomás de Aquino o preveniu e desfez com a sua habitual agudeza e 
			singeleza de expressão: ‘Deus nunca desampara a sua Igreja, a ponto 
			de não se encontrarem Sacerdotes idôneos em número suficiente para 
			as necessidades do povo, uma vez que se promovam os dignos e se 
			eliminem os indignos’(Summ. Theol., Suppl., q. 36, a 4, ad 1 m). 
			Demais o mesmo preclaríssimo Doutor, citando quase à letra as 
			palavras do Concílio Ecumênico Lateranense IV (an. 1215, cân. 22), 
			observa com a maior oportunidade: ‘Se não se pudessem encontrar 
			tantos ministros quantos atualmente existem, melhor seria ter poucos 
			Ministros bons que muitos maus’ (loc. cit.)” (Pio 
			XI, Ad Catholici Sacerdotii, nº 121). 
			
			Santo Padre, para se ter uma ideia da situação, leia 
			essa entrevista de um sacerdote da Diocese de Uruaçu – 
			GO, que abandonou recentemente o ministério... é de causar 
			ânsia de vômito, nojo e repugnância; isso está 
			acontecendo com centenas de sacerdotes. Depois, 
			fazendo parte da sociedade, eles se tornam perseguidores da Santa 
			Igreja... são novos Judas Iscariotes que encabeçam a fila de 
			perseguidores contra a Igreja Católica: 
			“À frente estava o chamado Judas, um dos Doze...” 
			(Lc 22, 47). 
			
			Não tenho escrúpulo em dizer que o Brasil está se 
			tornando a cada dia um cemitério de ex-sacerdotes. 
			
			A maioria dos seminaristas vive nos seminários como
			parasitas e sanguessugas. Chega ao 
			sacerdócio sem conhecer o caminho da cruz... sem subir o Calvário... 
			e o pior de tudo: sem saber o que é o sacerdócio ; então, esses 
			neo-sacerdotes, fracos e ignorantes da missão sacerdotal, caem 
			diante de qualquer obstáculo que surge pelo caminho. 
			
			O senhor, “Doce Cristo na terra”, 
			precisa tomar uma atitude com urgência, principalmente em relação 
			aos jovens que são ordenados no Brasil. Muitos bispos abandonaram os 
			seminários e os entregaram a superiores “moleques 
			crescidos”... muitos bispos parecem mais empresários que 
			pastores de almas e formadores. 
			
			Infelizmente estão escolhendo pessoas 
			despreparadas, incultas, ambiciosas, politiqueiras e 
			tíbias para serem bispos; pelos frutos podres se conhecem as 
			árvores. 
			
			Santo Padre, o senhor não deve respeitar em demasia 
			os bispos, porque muitos deles são inimigos da Igreja e das almas; 
			mas sim, deve obrigá-los a abandonar suas “linhas” e
			“diretrizes” para obedecerem cegamente a Sagrada 
			Escritura, Tradição e Magistério. 
			
			Amado Pai, a situação é vergonhosa em muitas 
			dioceses... os escândalos aumentam continuamente... os 
			moleques despreparados abandonam com facilidade o ministério 
			com os olhos fixos nas coisas caducas da terra... sugam da Santa 
			Igreja e depois a apunhalam, não pelas costas, mas pela frente... 
			sem escrúpulos. 
			
			Está claro que não basta aconselhar os bispos do 
			Brasil; mas sim, é preciso ordenar que levem a sério a 
			formação e a seleção dos futuros sacerdotes...
			basta de ordenar moleques: 
			“Para essa seleção colaborem, segundo as suas forças, todos quantos 
			estão encarregados da formação do clero. Os  Superiores, o Diretor 
			Espiritual e os Confessores – mas cada um dentro dos limites e na 
			defesa do seu cargo assim como devem com todo o empenho fomentar e 
			fortalecer essa inclinação dada por Deus para abraçar o sacerdócio, 
			assim também com a mesma solicitude e em tempo oportuno afastem das 
			sagradas Ordens os que virem que não são idôneos e até inúteis para 
			desempenharem dignamente o ministério sacerdotal” 
			(Pio XI, Ad Catholici Sacerdotii, 105). 
			
			Santo Afonso Maria de 
			Ligório escreve sobre a seriedade, prudência e 
			zelo na escolha dos candidatos ao sacerdócio: 
			“Assim como corre grande perigo de condenar-se quem não segue o 
			chamado de Deus só para satisfazer os pais; também corre grande 
			risco quem se ordena padre sem vocação, só para agradar seus 
			parentes. São três os principais sinais para se conhecer a 
			verdadeira vocação sacerdotal: a ciência competente, a reta 
			intenção de buscar só a Deus e a boa conduta de vida. 
			
			O Concílio de Trento, 
			falando especialmente da boa conduta, mandou aos bispos que 
			não promovam às ordens sacras a não ser os já aprovados na virtude e 
			bons costumes. Isso já tinha sido estabelecido por antigas 
			prescrições canônicas. Isso se entende principalmente da constatação 
			externa que o bispo deve fazer a respeito da boa conduta de quem vai 
			ser ordenado. Mas, não se põe em dúvida que o Concílio exige e pede 
			tanto a probidade exterior como a interior. Sem a interior, a 
			probidade exterior não passa de um puro engano e fingimento. Por 
			isso admoesta o Concílio: Saibam os bispos que ninguém deve 
			ser promovido às ordens sacras sem ser digno, e sem que seu 
			procedimento esteja de acordo com a probidade de vida. Com a 
			mesma intenção de ter provas completas sobre aquele que vai ser 
			ordenado, o Concílio estabeleceu ainda intervalos entre os diversos 
			graus das ordens para que aumente neles, juntamente com a 
			idade, a maturidade da vida e a abundância do saber. 
			
			Quem é ordenado é destinado 
			ao ministério de servir a Jesus Cristo na Eucaristia; por isso — diz 
			Santo Tomás — a santidade do sacerdote deve ser maior do que a do 
			religioso. Acrescenta ainda que as “ordens sacras” pré-exigem 
			santidade. A palavra “pré-exigem” supõe que o jovem 
			deve ser santo já antes de ser ordenado. Indica, então, o santo, a 
			diferença entre a vocação religiosa e a vocação de quem recebe as 
			ordens sacras. Na vida religiosa se purificam os vícios, mas 
			querendo alguém receber as ordens sacras, é preciso que se encontre 
			já purificado por meio de uma vida santa. Explicando esse mesmo 
			pensamento, diz ainda Santo Tomás: Como os que recebem as 
			ordens sacras são colocados acima do povo, assim devem eles estar 
			acima pelo mérito da santidade. O santo exige essa santidade 
			de vida antes da ordenação, porque a julga necessária não só para 
			que se possa exercer dignamente as ordens sacras, mas também para 
			que se possa contar dignamente entre os ministros de Cristo. 
			Finalmente conclui: Na ordenação lhes é concedida maior 
			abundância de graça para que, por meio dela, possam tornar-se 
			idôneos para coisas maiores. 
			
			Notemos a expressão 
			“para coisas maiores”. Santo Tomás de Aquino declara que a 
			graça do sacramento, que depois se confere, não será inútil, mas 
			dará ao ordenado maiores auxílios para que se torne capaz de 
			conquistar maiores méritos. Mas exprime que no ordenando se requer a 
			graça precedente suficiente para torná-lo digno de ser contado entre 
			os membros do povo de Cristo. 
			
			Sobre esse assunto, escrevi 
			uma longa exposição provando que se alguém recebe uma ordem sacra 
			sem a experiência de uma vida exemplar, não pode se isentar de uma 
			grave culpa. Isso porque abraça um estado de vida sem a vocação de 
			Deus. Não se pode dizer chamado por Deus quem se ordena sem estar 
			livre de todo o vício habitual, especialmente contra a castidade. 
			Embora possa receber o sacramento da Penitência, por estar preparado 
			através do arrependimento, em tal estado ainda não está capacitado 
			para receber as ordens sacras. Além disso é necessária já antes a 
			boa conduta, comprovada com a experiência há mais tempo. 
			
			Não pode, igualmente, se 
			isentar de pecado mortal quem, por grande presunção, assume os 
			sagrados ministérios sem a devida vocação. Grande perigo de 
			condenação corre em semelhante caso, ao se expor assim. Quem 
			conscientemente, sem ter em conta a vocação de Deus — como o 
			faz um habituado a qualquer vício grave — entra como intruso 
			no sacerdócio colocando-se em evidente perigo de condenação. 
			
			Falando do sacramento da 
			Ordem, Solo afirma: Embora a boa conduta não seja da essência 
			do sacramento, ela é absolutamente necessária por preceito divino...
			Tal idoneidade de costumes não se identifica com a disposição 
			geral exigida na recepção de qualquer sacramento para que a graça 
			não encontre obstáculo. O homem que abraça o sacerdócio não só 
			recebe a graça, mas abraça um estado de vida mais sublime. Exige-se, 
			pois, dele a honestidade de vida e o brilho das virtudes. 
			
			O que acabo de escrever não 
			é opinião de algum doutor particular, mas opinião comum; todos se 
			fundamentam na doutrina exposta por Santo Tomás de Aquino. 
			
			Em tais casos, quando falta 
			experiência de boa conduta de vida, não só peca gravemente quem se 
			ordena, mas também o bispo que o promove às ordens sem 
			a comprovação devida, sem a certeza moral da idoneidade do ordenado. 
			Peca gravemente o confessor que absolve um candidato com maus 
			hábitos e que, sem esta experiência de uma vida virtuosa, pretende 
			receber a ordenação. Pecam gravemente os pais que, sabendo da vida 
			má do filho, o estimula a se ordenar, movidos por interesses de 
			ajuda à família. 
			
			O estado de vida sacerdotal 
			não foi instituído por Jesus Cristo para amparar as casas das 
			pessoas no mundo, mas para promover a glória de Deus e a salvação 
			dos homens. Alguns imaginam que a vida sacerdotal é um ofício ou uma 
			profissão leiga para se promover nas honras ou bens materiais. 
			Enganam-se. Por isso, quando os pais inquietam o bispo pedindo a 
			ordenação de algum ignorante ou de maus costumes, argumentando que 
			sua casa é pobre e não sabem como fazer, o bispo deve 
			responder-lhes: Não, meu filho. O estado de vida sacerdotal 
			não foi criado para socorrer a pobreza de casas particulares, mas 
			para o bem da Igreja. 
			
			É preciso mandá-los embora 
			sem lhes dar mais atenção. Tais candidatos indignos são, em geral,
			não só a ruína de si mesmos, mas a ruína da família e das 
			próprias cidades que os acolhem” 
			(A prática do amor a Jesus Cristo, 
			Capitulo XI). 
			
			Amado Pastor, não espere 
			mais... não deixe para depois... mas averigue rapidamente a situação 
			dos seminários aqui no Brasil, porque o senhor também comparecerá 
			diante do Tribunal de Cristo para prestar contas de sua 
			administração: 
			“... todos compareceremos diante do tribunal de 
			Cristo”
			(Bem-aventurado João Batista Scalabrini, Carta a Leão XIII, 
			11-11-1881). 
			
			É importante informar-lhe 
			que a teologia ensinada em muitos seminários é totalmente 
			anti-tomista. A verdadeira teologia está sendo substituída por uma
			“teologia” protestantizada, resultando num exército de 
			padres vazios e mundanos, preocupados somente em conquistar público 
			para si próprios esquecendo-se totalmente da salvação das almas. 
			
			Falando dos bispos e 
			sacerdotes no Brasil, é importante salientar que a maioria destes 
			estão mais preocupados em acariciar os ouvidos dos fiéis com 
			palavras adocicadas e piadinhas, do que pregarem com fidelidade o 
			que a Santa Igreja ensina: 
			“Para ser autêntica, a 
			palavra deve ser transmitida ‘sem duplicidade e sem nenhuma 
			falsificação, mas manifestando com FRANQUEZA a VERDADE diante de 
			Deus’ (2 Cor 4, 2). O presbítero, com uma maturidade responsável, 
			evitará DISFARÇAR, REDUZIR, DISTORCER ou DILUIR o conteúdo da 
			mensagem divina. Com efeito, a sua missão ‘não é de ensinar uma 
			sabedoria própria, mas sim, de ensinar a palavra de Deus e de 
			CONVIDAR INSISTENTEMENTE a todos à CONVERSÃO e à SANTIDADE”
			(Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 45). 
			
			Nenhum rapaz deveria ser 
			ordenado sem conhecer profundamente esses escritos: O sacerdócio
			(São João Crisóstomo), A selva (Santo Afonso Maria 
			de Ligório), Sermões sobre os pastores (Santo 
			Agostinho), Carta aos sacerdotes (Bem-aventurado 
			Eduardo Poppe), O espelho dos clérigos (São João de 
			Capistrano) e a Encíclica Haerent Animo (São Pio X). 
			
			Querido Pastor, tome uma 
			atitude antes que seja tarde demais. 
			
			Peço-lhe que abençoe minha 
			família religiosa e a mim. 
			
			Filialmente, 
			  
			
			Pe. Divino Antônio Lopes 
			FP. 
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