Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

 

Circular 19

 

CIDADE MISSIONÁRIA DO SANTÍSSIMO CRUCIFIXO - ANÁPOLIS-GO

 

Circular nº 19 – 13/02/2005

 

Prezados religiosos, que a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja em vossos corações: "Quem venera realmente a paixão do Senhor deve contemplar de tal modo, com os olhos do coração, a Jesus crucificado, que reconheça na dele a sua própria carne" (Dos Sermões de São Leão Magno, papa).

Mergulhemos com sinceridade e amor na Santa Paixão de Nosso Senhor, e aprendamos desse Oceano de exemplo a vivermos santamente, porque nele encontramos todas as virtudes que necessitamos para o nosso progresso espiritual: "…a paixão de Cristo basta para orientar nossa vida espiritual. Quem quer viver na perfeição, não tem nada mais que fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na cruz e desejar aquilo que Cristo desejou. Na cruz, pois, não falta nenhum exemplo de virtude" (Das Conferências de Santo Tomás de Aquino, presbítero).

Esse Oceano é profundo, por isso, não fiquemos na superfície, mas como bons mergulhadores, apaixonados por Nosso Senhor, submerjamo-nos o máximo que pudermos, e com certeza absoluta colheremos inúmeras virtudes; verdadeiras pérolas preciosas que enriquecerão e ornamentarão a nossa vida espiritual.

Da Bendita Paixão do Salvador aprendemos muito; quero destacar nesta Circular apenas duas mensagens:

 

1. Carregar a cruz com perseverança: "Então eles tomaram a Jesus. E ele saiu, carregando a sua cruz…" (Jo 19,16).

Nosso Senhor, o Cordeiro Inocente e Imaculado: “…como um cordeiro conduzido ao matadouro" (Is 53,7), não correu da cruz e não negou carregá-la, pelo contrário, a abraçou com amor: "Com santo desejo abraça o bom Jesus, já todo extenuado de tantos sofrimentos, o pesado Lenho da Cruz" (Frei Ambrósio Johanning, Maná, pág. 232) e não ficou questionando se levaria a cruz até ao Calvário ou se ficaria deitado à beira do caminho, pelo contrário, ele perseverou até o fim: "…e chegou ao chamado "Lugar da Caveira" (Jo 19,17).

Se somos Filhos da Sagrada Paixão de Nosso Senhor, precisamos beber com sinceridade dessa Inesgotável Fonte de exemplo, eu disse com sinceridade, e não somente de aparência. Em Jo 19,17 diz: "…e ele saiu, carregando a sua cruz". Está claro que o Senhor não arrastou a cruz, mas a carregou, isto é, a tomou sobre os seus ombros; é essa a atitude de quem possui o amor verdadeiro: "Jesus vem com uma cruz, e sobre ela está escrita uma só palavra que comove meu coração até suas mais íntimas fibras: “Amor". Oh! que belo é Ele com sua túnica de sangue! Esse sangue vale para mim mais do que as jóias e diamantes de toda a terra" (Santa Teresa dos Andes, Diário 16), e Santa Teresa D'Ávila diz também: "A cruz que arrastamos torna-se mais pesada do que a que carregamos".

Dos lábios de Nosso Senhor não saiu nenhuma palavra de reclamação ou de revolta, nenhuma atitude de desânimo ou de pouca vontade; mas reinava o silêncio e o esforço em carregar a pesada cruz: "Foi maltratado, mas livremente humilhou-se e não abriu a boca… Como uma ovelha que permanece muda na presença dos seus tosquiadores ele não abriu a boca" (Is 53,7).

Não é correto e nem sinal de santidade, uma pessoa se consagrar a Deus com a intenção de levar uma vida de oba-oba, sanguessuga ou parasita; porque o próprio Senhor disse: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16,24).

O Filho da Paixão deve ser amigo íntimo da cruz, não deve jamais arrastá-la, e sim, carregá-la com amor: "Sofrer de nada vale se não for por amor a Deus" (Santo Tomás de Aquino), e "Quem ama a Deus no sofrimento recebe dupla recompensa no céu (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, cap. V), paciência: “…não há coisa mais agradável a Deus do que sofrer com paciência e paz todas as cruzes por ele enviadas(Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, cap. V), e: “Nós podemos ser mártires sem a espada, se guardarmos a paciência" (São Gregório, Homilias XL in Evangelia, 1.2, hom. 35, n° 7: ML 76-1263), e alegria: "Quanto a eles, saíram do recinto do Sinédrio regozijando-se, por terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo Nome" (At 5,41). É uma contradição monstruosa, dizer-se Filho da Paixão, e desejar uma vida fácil e cheia de regalos; esse, longe de se salvar, será precipitado nas chamas eternas: "…largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição. E muitos são os que entram por ele" (Mt 7,13).

Caríssimos religiosos, sigamos as pegadas de Nosso Senhor, carreguemos a cruz com perseverança, firmeza e otimismo; lancemos para bem longe de nós todo desânimo, preguiça e comodismo, e assim seremos abençoados por Nosso Senhor que sofreu para nos salvar. A nossa "viagem" para o Calvário deve ser cheia de convicção e entusiasmo, sacudamos do nosso corpo o desejo de vida fácil; tampemos os nossos ouvidos diante dos gemidos da nossa carne, pedindo uma vida preguiçosa e sossegada; raspemos da nossa vida aquele desejo do caminho mais cômodo e tranqüilo e corramos apressadamente para o Calvário.

Se alguém nos oferecer uma vida fácil, fujamos dessa pessoa e cortemos a amizade com a mesma, porque com certeza absoluta, ela foi enviada pelo "deus" do mundo que trabalha continuamente para perder-nos: "Se em algum tempo, meu filho, alguém quiser persuadi-lo - seja ele prelado ou não - a seguir alguma doutrina de liberdades e facilidades, não lhe dê crédito nem a abrace ainda que ele a confirme com milagres. Dê, antes, preferência à penitência e ao maior desapego de todas as coisas; e não busque a Cristo sem Cruz(São João da Cruz, Carta 24).

Caríssimos religiosos, carreguemos a cruz com disponibilidade e amor; não façamos como alguns que hoje carregam a cruz e amanhã pisam sobre a mesma, ou como aqueles que na felicidade a beijam e nas dificuldades escarram sobre a mesma. Amemos a cruz de coração, porque se revoltarmos contra ela, com certeza não entraremos no céu: “Quem a carrega com paciência, salva-se; quem a carrega com impaciência, perde-se (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, cap. V), e: “Os que suportam com paciência os sofrimentos desta vida gozam do paraíso. Quem assim não o faz, sofre o inferno!" (São Felipe Neri, Bacci, Vita I. 2,c. 20, nº 20).

 

2. Viver fervorosamente no calvário. O Filho da Paixão deve subir corajosamente o Calvário, e nesse Monte Santo encontrará a verdadeira segurança e o mais sincero Amor; o mesmo deve rejeitar todos os convites para seguir uma vida fácil na planície do mundo, porque no mundo não existe amor verdadeiro: "O monte Calvário é o monte dos amantes. Todo o amor que não tiver por origem a Paixão do Salvador é frívolo e perigoso (São Francisco de Sales, Tratado do Amor de Deus, cap. XIII).

Quem encontraremos no Calvário? Encontraremos a Cristo crucificado, esse Amado Senhor que nos ama apaixonadamente: "Jesus amou-me desde toda a eternidade, pois desde sempre eu estava presente aos seus olhos. Via-me, amava-me e preparou-me os seus Dons e as suas Graças" (São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3), se Ele sofreu e morreu para nos salvar; é nosso dever pagar amor com amor, e a melhor maneira, é sofrermos unidos a Nosso Senhor no Calvário, com a intenção de agradar-Lhe: “O sinal mais certo para saber se uma pessoa ama a Jesus Cristo é, não tanto o sofrer, mas sofrer por amor d’Ele(Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, cap. V).

No Monte Calvário, o Filho da Paixão aprenderá de Nosso Senhor o quanto é importante sofrer com paciência e por amor. Ele, Jesus Cristo, o Servo sofredor, lhe ensinará a suportar tudo com amor: "Sem morrer nem sofrer, ele bem podia salvar-nos, é o que mais se admira. Mas não! Escolheu uma vida de aflições e desprezos e uma morte cruel e vergonhosa. Morreu numa cruz, destinada aos criminosos… Podendo remir-nos sem sofrer, por que desejou escolher a morte de cruz?…amou-nos e, porque nos amava, entregou-se nos braços da dor, da vergonha, da morte mais dolorosa que algum homem já suportou na terra (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, cap. I).

Será que possuímos esse amor no nosso coração? Será que buscamos o trabalho mais difícil, o caminho mais longo, a tarefa mais complicada? Será que sentimos no nosso coração o desejo de vivermos na planície do mundo? O Filho da Paixão deve viver no Calvário com Nosso Senhor, e aprender do Mestre a percorrer o caminho da cruz e a suportar tudo com paciência e alegria.

Que Cristo Sofredor afaste do Instituto todos os membros que correm da cruz. Precisamos de pessoas corajosas e valentes, pessoas preparadas para o martírio: "O nosso Instituto precisa de almas fortes, robustas na virtude e não de estátuas mortas...Quem não sente coragem de afrontar o martírio por Cristo, não pode ser verdadeira religiosa(Madre Clélia Merloni, Fundadora das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus).

 

Eu vos abençôo e vos guardo no Coração Doloroso de Maria Santíssima, Mar de Fortaleza.

 

Pe. Divino Antônio Lopes, FP.

 

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Circular nº 19 - 13/02/2005”.

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/circulares/circulares_01_019.htm

 

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