CIDADE MISSIONÁRIA DO SANTÍSSIMO CRUCIFIXO -
ANÁPOLIS-GO
Circular nº 20 – 17-01-2006
Caríssimos religiosos: “Não vos inquieteis com
coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades de ação de
graças. E a paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento,
guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus”
(Fl 4,6).
Escrevo-lhes essa primeira Circular do ano de 2006,
logo no início desse novo ano, para convidá-los a agradecer ao nosso
Deus por nos ter sustentado diante de tantas perseguições, calúnias
e difamações; afinal, tudo indica que estamos no caminho certo e Lhe
agradamos: “Uma Congregação Religiosa ou uma pessoa que não sofre
e a quem todos aplaudem, está próxima de uma queda”
(São Vicente de Paulo, Abelly, Vie, Ed. 1881, 1, 3,
c. 22), e: “Como Deus tratou seu Filho
predileto, do mesmo modo trata a todos aqueles que ele ama e recebe
como filhos” (Santo Afonso Maria de
Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, Capítulo V),
e também: “O Senhor castiga os que ama e aflige todo aquele que
recebe como filho” (Hb 12, 6).
Santa Teresa de Jesus diz que sentiu na sua alma como se Deus lhe
falasse: “Fica sabendo que as pessoas mais queridas de meu Pai
são as que são mais afligidas com os maiores sofrimentos!”
Caríssimos, nada deve nos assustar, intimidar ou
desanimar; nem o coice do burro, nem o uivo do lobo e muito menos o
rugido do leão; lembrem-se de que servimos ao Deus Todo-Poderoso que
protege e ampara aquele que trabalha para a Sua Glória. Meditem
atentamente no que se segue: “Confia no Senhor e faze o bem, e
sobre a terra habitarás em segurança. Coloca no Senhor tua alegria e
ele dará o que pedir teu coração. Deixa aos cuidados do Senhor o teu
destino; confia nele, e com certeza ele agirá. Fará brilhar tua
inocência como a luz, e o teu direito, como o sol do meio-dia.
Repousa no Senhor e espera nele!” (Sl 37,
3-7).
Prezados religiosos, vivamos sempre unidos a Nosso
Senhor, e quando a tempestade soprar furiosamente contra nós, com
certeza a suportaremos com valentia, porque o Senhor nos dará
forças: “Tudo posso naquele que me fortalece”
(Fl 4,13).
Alguém poderia perguntar-me: qual é um dos remédios
que mais nos fortalece diante dos ataques dos inimigos visíveis e
invisíveis. Eu lhe diria que é o pensamento sobre o prêmio eterno,
isto é, o céu. Quando uma pessoa vive desejosa do céu, ela suporta
todos os tipos de tormentos, sabendo que depois da morte viverá
mergulhada para sempre no Deus-Amor: “Ninguém pense na morte mas
na imortalidade, nem no sofrimento passageiro, mas na glória eterna…
Assim, quando vos lembrais de que ides julgar e reinar com o Cristo
Senhor, a alegria é que deve prevalecer em vós, superando os
suplícios presentes pela exultação futura”
(Das Cartas de São Cipriano, bispo e mártir, Ep. 6,
1-2: CSEL 3, 480-482).
Quando rezardes pedindo vocações para o nosso
Instituto, não esqueçam de acrescentar: santas e fortes;
lembrem-se de que vale mais um Gedeão, do que os mais de
trinta mil soldados do
seu exército que "molhavam as calças" com medo de entrar na batalha, e
os mesmos, com os olhos arregalados, preferiram assistir a luta de
longe, ficando sobre um monte (Cf. Jz 7, 1-8).
Hoje, mais do que nunca, nesse mundo moderno, podre e
voltado para o comodismo e boa vida, a Santa Igreja Católica
Apostólica Romana necessita de vocações santas e fortes, de pessoas
que entram na luta para vencer, de sacerdotes e religiosas que
evangelizam em qualquer ambiente sem se recuar diante das críticas e
ameaças dos inimigos: “E quem vos há de fazer mal, se sois
zelosos do bem? Mas se sofreis por causa da justiça, bem-aventurado
sois! Não tenhais medo nenhum deles, nem fiqueis conturbados”
(1Pd 3,13-14).
Vocês já perceberam que as pessoas em geral sentem
pavor da renúncia, da penitência e até da oração; e muitas delas
querem se consagrar a Deus trazendo consigo toda a penteadeira,
achando que a vida religiosa é um salão de beleza. Que Deus nos
proteja e envie para bem longe de nós as “bonecas de louça”,
as “garotas da nívea”, os “garotos do cabelo tingido”,
as “rapadurinhas de coco”, as “pelinhas de ovo”, os
“melzinhos
intocáveis”, os “buchinhos melindrosos” e outras
“coisas”
de baixa categoria; esse tipo de gente se assemelha aos “mijões”
do exército de Gedeão.
Muitas Congregações tentam atrair as vocações
eliminando do dicionário as palavras: renúncia, penitência, rigor,
oração, etc., achando que estão fazendo uma ótima pescaria. E quando
tais vocacionados ingressam nas mesmas, são tratados com mimos e
sorrisinhos de Branca de Neve, em resumo, todos devem engolir sapos
e jacarés para não contrariá-los, e haja sorriso forçado e tapinhas
nos ombros; na realidade é um belo circo e não falta palhaço. É
importante lembrar de que o quarto dos mesmos deve estar
rigorosamente ornamentado, sem falar na televisão que ocupa o centro e da
promessa de um futuro carro. Haja purgante para suportar tais
"animadores" vocacionais. Será que estão formando discípulos de Jesus
Cristo ou Cinderelas de sapatinho de ouro?
Caríssimos religiosos, desprezemos com repugnância
tais “pescarias vocacionais”, ou melhor,
"porcarias vocacionais", e jamais ousemos imitar tão
grande baixaria, porque esse tipo de gente jamais suportará o
vendaval das perseguições, ou melhor, não suportará nem a brisa.
Sigamos sim, os passos de Nosso Senhor que disse: “Se
alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e
siga-me” (Mt 16,24).
Está claro que Jesus Cristo não promete vida fácil para os seus
amigos, pelo contrário, Ele ordena que os mesmos coloquem a cruz
sobre os ombros e a carreguem com alegria e disponibilidade. Para um
discípulo que Lhe pediu: “Senhor, permite-me ir primeiro enterrar
meu pai” (Mt 8,21),
Ele lhe respondeu sem rodeios: “Segue-me e deixa que os mortos
enterrem seus mortos” (Mt 8,22).
Sobre essa passagem escreve São João Crisóstomo: “Se Jesus o
proibiu, não é porque nos manda descurar a honra devida àqueles que
nos geraram, mas para nos dar a entender que nada há de haver para
nós mais necessário que procurar as coisas do Céu, que a elas nos
havemos de entregar com todo o fervor e que nem por um momento
podemos deferi-las, por mais iniludível e urgente que seja o que
poderia afastar-nos delas” (Hom. Sobre S.
Mateus, 27). E para outro que Lhe pediu: “…permite-me
primeiro despedir-se dos que estão em minha casa”
(Lc 9, 61), respondeu
abertamente: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto
para o Reino de Deus” (Lc 9,62).
Comentando essa passagem, São Francisco de Sales escreve: “Nós
recebemos a graça de Deus em vão quando a recebemos à porta do
coração sem lhe permitir a entrada. Recebemo-la sem a recebermos;
recebemo-la sem fruto, pois de nada serve sentir a inspiração se não
se consente nela (…). Sucede por vezes que inspirados a fazer muito
não aceitamos toda a inspiração, mas apenas algo, como aqueles
personagens do Evangelho que, aconselhados pelo Senhor a que O
seguissem, um pediu-Lhe autorização para enterrar o pai, e o outro
para se despedir dos parentes” (Tratado do
amor de Deus, liv. 2, cap. 11).
Caríssimos religiosos, o caminho do Senhor é exigente
e estreito, não nos iludamos com certas pessoas que desejam se
consagrar a Deus com a intenção de levarem uma vida cômoda e
preguiçosa, esse tipo de gente são ladrões disfarçados, são
parasitas de mãos postas e sanguessugas com “cara de anjo”,
em resumo: são terríveis golpistas.
Sabemos muito bem que a Santa Igreja Católica
Apostólica Romana foi fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, mas
dentro dela também existem muitos Judas Iscariotes e falsos
religiosos; gente que ocupa altos e baixos cargos, mas possuem o
mesmo grau de maldade. Dizem a todos que amam a Igreja, mas só da
boca para fora, e assim, depois de passar o mel da “obediência e
fidelidade” nos olhos dos outros, arrasam as almas com as suas
garras de tigres assassinos, como escreve São Pio X: “…a não
poucos do clero que, fingindo AMOR à IGREJA e sem nenhum sólido
conhecimento de filosofia e teologia, mas embebidos antes das
teorias envenenadas dos inimigos da Igreja, blasonam, postergando
todo o comedimento, de reformadores da mesma Igreja; e cerrando
ousadamente fileiras se atiram sobre tudo o que há de mais santo na
obra de Cristo, sem pouparem sequer a mesma pessoa do divino
Redentor que, com audácia sacrílega, rebaixam à craveira de um puro
e simples homem” (Carta Encíclica
“Pascendi Dominici Gregis, Introdução). Santo
Agostinho diz: “Infelizmente existem monges falsos, como há
falsos clérigos e falsos fiéis… Não se espantem com o fato de que
também no convento existam réprobos”, e o mesmo Santo
acrescenta: “Quantos maus existem também no seio da Igreja”,e
São João Crisóstomo ainda escreve: “Não quero mencionar os fatos
de que alguns, só para conseguir o cargo de chefe da Igreja,
cometeram até assassínios dentro das comunidades e devastaram
cidades inteiras” (O Sacerdócio, Livro
Terceiro, 10), e o mesmo Santo escreve: “…o
sacerdote deve temer mais os que lhe estão próximos, inclusive os
colegas de cargo” (idem, 14).
Prezados religiosos, para conviver com esse tipo de
gente de alta periculosidade, é preciso que tenhamos uma profunda
formação e grande amor a cruz, e assim, jamais nos venderemos para
os lobos que uivam e dançam no seio da Igreja.
Muitas pessoas piedosas, para conservarem a fé,
sofreram horrores dentro da Santa Igreja; citarei apenas algumas,
porque se citar todas, com certeza escreverei um livro e não uma
Circular.
1. São Raimundo de Peñafort: “Se todos os que
querem viver piedosamente em Cristo devem sofrer perseguições,
conforme disse, com absoluta verdade o pregador da verdade, ninguém,
a meu ver, delas está excluído, a não ser quem negligencia ou não
sabe viver “sóbria, justa e piamente”. Quanto a vós, não permita
Deus sejais contados entre aqueles que têm casas pacatas, seguras,
sem que a mão do Senhor esteja sobre eles; e que passam satisfeitos
seus dias e de repente descem aos infernos… Exteriormente a espada
se duplica e triplica quando sem motivo se levanta uma perseguição
ECLESIÁSTICA, acerca de assuntos espirituais, em que são mais
dolorosas as feridas porque vindas de amigos”
(De uma Carta de São Raimundo, presbítero).
2. Santo Antônio Maria Zacaria: “Quanto aos que
nos combatem, pior para eles, mas para nós são um bem, aumentam as
coroas da eterna glória, provocam sobre si a cólera de Deus; devemos
sentir antes compaixão por eles, e amá-los em vez de detestá-los e
de odiá-los. E mais, rezar por eles, não nos deixamos vencer pelo
mal, mas vencer o mal pelo bem e ajuntar atos de piedade, “quais
carvões” acesos de caridade “sobre suas cabeças”, como nosso
Apóstolo ensina; desta maneira, provando nossa paciência e mansidão,
convertam-se a melhores sentimentos e se inflamem do amor de Deus”
(Do Sermão de Santo Antônio Maria Zacaria,
presbítero, a seus confrades).
3. São João Bosco escreveu o seguinte diante das
perseguições do Arcebispo Dom Lourenço Gastaldi: “…Uma vez que
estou submetendo a pobre Sociedade Salesiana a esta humilhação, pelo
menos as coisas durassem! Mas receio muito. Vai-se propalando que D.
Bosco foi condenado, que o Pe. Bonetti não irá mais a Chieri, etc.
“De toda a maneira agi com seriedade, e conservando silêncio vou
para a frente…” (Carta ao Cardeal Nina,
Turim, 18 de julho de 1882).
“… As coisas com o Arcebispo sofrem diariamente
alternativas. Hoje é tudo paz, amanhã tudo é guerra e eu aceito tudo
e assim iremos para frente…” (Carta ao Pe.
Dalmazzo, Turim, 29 de julho de 1882).
4. Santa Teresa D’Ávila escreveu o seguinte à Madre
Maria de São José: “Digo a vossa reverência que está acontecendo
uma coisa aqui na Encarnação que creio não ter visto outra igual.
Por ordem do Tostado, veio o PROVINCIAL dos Calçados fazer a
ELEIÇÃO, há quinze dias, e trazia grandes censuras e EXCOMUNHÕES
para as que VOTASSEM em MIM. E apesar de tudo isso, elas pouco se
importaram e, como se não lhes tivessem dito nada, votaram em mim
cinqüenta e cinco monjas, e a cada voto que entregavam ao
PROVINCIAL, ele as EXCOMUNGAVA e AMALDIÇOAVA, e com o PUNHO SOCAVA
os VOTOS, AMASSAVA os papéis e os QUEIMAVA. E deixou-as
EXCOMUNGADAS, fazem hoje quinze dias, e sem ouvir missa nem entrar
no coro, mesmo quando não recita o ofício divino, e que ninguém FALE
com elas, nem os CONFESSORES nem os seus próprios pais. (…) Não sei
onde isto vai parar” (Carta de 22 de
outubro de 1577, Obras Completas).
O Núncio Sega chamou Santa Teresa D’Ávila de “mulher
irrequieta e andarilha, desobediente e contumaz”
(Obra Completas), e dizia que
os mosteiros que ela fez era sem a licença do Papa e do Geral (Obras
Completas).
“Era tal o clima de animadversão contra ela (Santa
Teresa D’Ávila) que, quando quis fundar o convento de São José,
tanto o clero como outras ordens religiosas começaram a atacá-la
violentamente: “Padres, freiras e frades” — escreve Marcelle Auclair
na sua biografia à Santa — “sentiam-se ameaçados no seu pão de cada
dia, pois os tempos eram de carestia e pobreza crescentes. Já não
havia em Ávila conventos demais para repartir entre eles as parcas
esmolas? Na igreja de Santo Tomás, um pregador, referindo-se a
Teresa durante um sermão, pôs-se a trovejar contra certas religiosas
que “saem dos seus mosteiros e, sob pretexto de fundar novas ordens,
procuram somente conseguir privilégios”, e acrescentou “outras
palavras tão pesadas que a sua irmã, Dona Juana, se ruborizou com a
afronta e quis retirar-se”. E isto não foi mais que um episódio no
conjunto de sofrimentos e contradições — “FACADAS”, como as chamava
a Santa — que acompanharam toda a vida de Teresa de Ávila”
(José Miguel Cejas, Os Santos, pedras de
escândalo).
5. São João da Cruz, em meados de dezembro de 1576,
com os olhos vendados, foi levado a um convento em Toledo… Lá foi
julgado e declarado rebelde e contumaz… condenaram-no primeiro a um
cárcere conventual e mais tarde a outro que se criou especialmente
para ele: um antigo banheiro de dois metros de largura por três de
comprimento, sem janelas, escavado na parede, que tinha por único
mobiliário umas tábuas e duas mantas velhas. Nesse lugar desumano
suportou o rigoroso frio do inverno toledano e o calor do verão.
Santa Teresa escreve o seguinte sobre essa prisão: “Durante nove
meses, esteve num carcerezinho onde, apesar de ser tão pequeno, não
cabia bem, e durante esse tempo não mudou a túnica, embora estivesse
à beira da morte” (Carta ao Pe. Jerônimo
Gracián, de 21-08-1578, em Obras Completas).
6. Santa Micaela, Fundadora das Escravas do
Santíssimo Sacramento e da Caridade, teve que enfrentar a
hostilidade de quase todo o clero de Madri. Ela escreve: “Como o
clero, em geral desaprovava a minha obra, e estes eram os de mais
fama pela sua piedade e posição, isso não só me prejudicava diante
das pessoas de fora, como também me deixava confusa e me feria o
coração do modo mais cruel; na verdade, fazia-me passar as horas ao
pé do altar, desfeita em pranto: — “Senhor, se não Te sirvo a Ti, a
quem sirvo numa vida tão amarga e cheia de contínuos sacrifícios?” —
“É a Mim que me serves, sim, a Mim!” — sentia no fundo da minha
alma, como um bálsamo que curava a minha dor”
(cit. por Barrios Moneo, Mujer audaz, pág 231).
Essa hostilidade contra Santa Micaela manifestou-se
de muitas maneiras e chegou até à agressão física: certa vez, um
sacerdote chegou a esbofeteá-la. Esse fato aconteceu nos primeiros
dias de agosto de 1849, como relata uma testemunha presencial. A
Santa insistia com o padre em que confessasse uma enferma, ao que o
sacerdote se negou, contra-atacando-a:
— “Tudo isto acontece porque não há quem domine a
senhora”.
— “Domine-me o senhor, se quiser” — respondeu-lhe
a Santa.
Então o sacerdote deu-lhe uma bofetada, e a Santa,
após tê-la recebido, disse-lhe em voz suave:
— “Agora o senhor está satisfeito?”
— “Sim, senhora”.
— “Pois eu também estou satisfeita; agora, senhor,
confesse a menina” (cit. por Barrios Moneo,
Mujer audaz, pág. 232).
Esse mesmo sacerdote não cessou de insultá-la em
público durante anos a fio. Dizia ele: “A quem quereis seguir”
— perguntou um dia às alunas da instituição dirigida pela Santa: “a
essas religiosas, umas santas que se desvivem por vós, ou à
viscondessa de Jorbalán, que é um membro PODRE da sociedade?”
(ibid).
De que acusavam Santa Micaela? Das coisas mais
estapafúrdias: diziam que saía todas as noites, disfarçada, para
dançar, e que comungava diariamente! Sabiam até a cor do vestido que
usava. Outro sacerdote dizia que a Santa prostituía as moças que
tinha sob os seus cuidados (ibid).
As calúnias demoraram em ser esquecidas, e o ambiente
de animadversão que se criou contra a Santa não só a acompanhou
praticamente durante toda a vida, como se fez presente até mesmo
durante o seu processo de beatificação. Influenciou o próprio Papa
Bento XV, que esteve a ponto de mandar retirar a causa.
Caríssimos religiosos, sinto que os exemplos escritos
acima são suficientes para nos ajudar a suportar tudo por amor a
Deus, e para formar no nosso Instituto somente pessoas fiéis e
apaixonadas pela Santa Igreja, isto é, formar pessoas que realmente
sabem o que querem da vida, e não estátuas mortas, caniços e
bastardos.
Aconteça o que acontecer conosco, façamos cada dia um
ato de amor e de entrega a Deus, e prometamos de coração sermos
filhos fiéis à Santa Igreja.
Prezados religiosos, não deixem jamais de fazer o bem
por causa das críticas, calúnias e perseguições, trabalhem com
otimismo e fé, lembrando de que existe um Deus Onipotente e
Onisciente que julgará a todos.
Quero que permaneça no Instituto somente pessoas
corajosas e apaixonadas por Deus e pela Igreja; quero somente rochas
e não caniços: “O vendaval da perseguição é bom. – O que é que se
perde?… Não se perde o que está perdido.. apenas caem os ramos
secos… E esses, bom é que caiam…” (São
Josemaría Escrivá, Caminho, 685).
A desunião dentro da Santa Igreja é grande e
aumenta-se a cada dia: “Também esta nau ( a Igreja) encontra-se,
muitas vezes, no meio de tempestades provenientes não apenas de
fora, mas também de dentro” (São João
Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 4), e:
“Eis o seio materno da Igreja que sofre com o gemido das dores
agudas, lancinantes. Povo bom e povo mau: todos os dois lutam num
único ventre; um contra o outro lutam nas vísceras de uma única mãe.
É o Cristo que se angustia e sofre para dar à luz…”
(Santo Agostinho), mas é nessas
horas de tempestades e escuridão que provamos a nossa fidelidade e
o nosso amor a Deus e à Santa Igreja. Deixa a Barca de Pedro
balançar, agarremo-nos nas cordas dos sacramentos, da oração e da
penitência, não com o semblante fechado, mas sereno, e assim
chegaremos ao porto desejado: “Fica firme como a bigorna que é
malhada. Convém ao grande atleta ser ferido e vencer”
(Início da Epístola a Policarpo, de Santo Inácio de
Antioquia, bispo).
Dentre os sacerdotes que nos atacam, muitos são
bastardos , incultos, amigos da boa vida e devotos do dízimo, e nem
sabem o que significa o sacerdócio, vivem com os seus carrões para
baixo e para cima, e nem sequer cuidam de suas ovelhas, isso não é
novidade, porque desde o seminário não era essa a intenção deles: “Homens
infames, dotados de toda espécie de maldade, são premiados por
motivos pelos quais mereceriam ser punidos, e , por razões que
deveriam impedi-los até de passar a soleira da Igreja, chegam até a
dignidade do sacerdócio” (São João
Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Terceiro, 15).
Rezemos por eles, para que encontrem um dia alguém que lhes possa
explicar o verdadeiro significado do sacerdócio. Espero que não seja
tarde demais.
As únicas passagens bíblicas que os mesmos conhecem
são as que falam a respeito do DÍZIMO e da OFERTA, e são tão
aplicados nessa “matéria”, que falam da mesma com freqüência.
Para esses “zelosos” amigos do bolso diz o Senhor: “Ai dos
pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os
pastores apascentar o seu rebanho?Vós vos alimentais com leite, vos
vestis de lã e sacrificais as ovelhas mais gordas, mas não
apascentais o rebanho” (Ez 34, 2-3).
Vocês já viram as paróquias deles? Parecem
cemitérios. Não existem filas para confissão, a catequese é aquela
água com açúcar, aos domingos o povo vai à Santa Missa para ouvir a
pregação: e que pregação!!! E a mudança de vida é zero. O que existe
muito bem preparada é a secretaria paroquial, com uma secretária bem
sorridente para receber a lá e a carne das ovelhas. Será que as
ovelhas recebem algo em troca? Recebem uma boa “ração” ou um
“capim” seco? Para saber, basta olhar a “fisionomia
espiritual” e o comportamento de cada uma.
Eu vos abençôo e vos guardo no Sagrado Coração de
Jesus Cristo: “Seu Coração era meu repouso, meu retiro e minha
força nas minhas fraquezas” (Santa
Margarida Maria Alacoque, Carta 27).
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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