CIDADE
MISSIONÁRIA DO SANTÍSSIMO CRUCIFIXO – ANÁPOLIS-GO
Circular n° 22 – 01-03-2009
Caríssimos
religiosos, fujamos das criaturas falsas e bajuladoras
desse mundo e nos refugiemos no Coração Santíssimo de Nosso Senhor:
“Em tudo, procura
esconder-te na chaga do peito do Crucificado. E uma vez aí dentro,
fixa o pensamento no segredo do Coração de Cristo. Então acenderás a
chama do teu amor. Entenderás que Jesus fez no seu corpo uma
caverna, onde te esconderás dos inimigos, onde repousarás, onde
acalmarás tua mente no fogo do amor. Aí acharás alimento, pois Jesus
deu sua carne como comida e seu sangue como bebida. Aquela carne
assada na chama do amor, aquele sangue servido no altar da
Eucaristia” (Santa
Catarina de Sena, Carta 47, 4).
Estamos no Tempo da
Quaresma, bem no início; aproveitemos do Tempo Quaresmal para
crescermos no amor a Jesus Cristo: o pobrezinho de Belém... o
silencioso de Nazaré... o bondoso da vida pública... o
misericordioso do Calvário...
Vivemos num mundo
cheio de maldade e falsidade:
“O mundo está pegando fogo”
(Santa Teresa de Jesus, Caminho de perfeição,
Capítulo 1, 5). Cada dia que
passa, presenciamos um lamaçal à nossa frente: mentiras,
corrupções, imoralidades, golpes, traições... tudo são obras do
mundo; mundo inimigo de Deus e do bem... quanta lama:
“Santo Anselmo, arroubado em
êxtase, viu, um dia, um imenso rio que arrastava todas as imundícies
da terra, de modo que nenhuma cloaca se achou mais nojenta do que
aquela. Sobre as negras e espumosas águas da caudal, transportados
em rapina, alvejavam muitos cadáveres de homens, mulheres, rapazes,
ricos, pobres, com os ventres túmidos de lodo. Tendo o Santo
perguntado o que significava aquela visão, assim lhe foi respondido:
‘O rio é o mundo, e os afogados são os seus amadores”
(Pe. João Colombo).
Prezados
religiosos, não nos iludamos com as criaturas, mas fujamos
apressadamente delas... corramos para longe... não nos
entretemos com elas... elas estão sempre armando
contra nós... É preciso fugir do mundo e de seus
seguidores: “Vi que a felicidade no mundo não existe, sempre
seu trato me deixa um vazio que Nosso Senhor enche por completo
quando estou com Ele na igreja... Vejo que tudo o que é do mundo é
vaidade, que a felicidade que podemos encontrar na terra está em
servir a Deus... Toda beleza e grandeza encontro em Nosso Senhor. Em
troca, no mundo tudo é pequeno, passageiro e nada quero senão Jesus”
(Santa Teresa dos Andes, Cartas),
e: “É necessário ter
caridade com todos; mas não familiaridade”
(Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, Livro I,
Capítulo VIII, 2).
O religioso deve ser reservado...
muito reservado... Deve viver escondido em Cristo
Jesus.
Será que
encontraremos felicidade, alegria e paz
tagarelando nas casas dos leigos? Claro que não! Somente em Deus
encontraremos a verdadeira felicidade, a mais pura alegria
e a paz duradoura:
“Somente Deus pode saciar a pessoa humana. N’Ele o homem se
tranquiliza, n’Ele repousa, pois tudo o que deseja está em Deus. Ao
unir-se a Deus, a pessoa encontra a sabedoria que lhe dá a instrução
e o amor que lhe fornece o necessário para a salvação. Bem o
experimentamos: Deus não nos dá a graça porque a pedimos, porém,
muito antes de existirmos. Sem nossa influência, criou-nos à sua
imagem e semelhança; e recriou-nos pela graça no sangue do seu
Filho. Deus é a suprema riqueza, paciência, bondade e beleza. Deus é
um bem sem preço. Ninguém pode avaliar sua bondade, grandeza e
felicidade. Somente Deus se conhece e se ama totalmente. Somente
Deus sabe, pode e quer saciar e realizar inteiramente as aspirações
de quem procura desapegar-se do mundo e revestir-se do que é divino”
(Santa Catarina de Sena, Carta 111, 4).
Vivamos escondidos em
Cristo Jesus. Ele, somente Ele é capaz de saciar a nossa alma
imortal... nada desse mundo pode saciar uma alma.
Milhares de
religiosos assanhados caíram por terra e se perderam, exatamente
porque se afastaram de Cristo para buscar consolo nas criaturas...
Jamais abandonemos a amizade de Nosso Senhor; pelo contrário,
construamos um silencioso deserto à nossa volta e
deixemos a solidão somente por necessidade; porque muitos religiosos
andejos fracassaram por andarem sem motivo: “O religioso
andarilho é pior que o demônio” (Pio II),
e: “Evita a convivência com
pessoas do mundo e leigos; evita o contato e até a recordação dos
próprios parentes, como se fossem serpentes venenosas... Quantas
colunas vimos ruir por terra, por ficarem andando e viverem fora das
suas celas... Conheceis as consequências da permanência fora da cela
exterior? Algo mortífero: distrai-se a mente ao procurar a companhia
dos homens e esquecer dos Anjos; esvazia-se a mente dos santos
pensamentos sobre Deus, enchendo-a de pensamentos humanos; a boa
vontade e a devoção decaem por causa de preocupações dissipadas e
más; escancaram-se as portas dos sentidos: do olho, para ver o que
não se deve; dos ouvidos, para escutar o que é contrário à vontade
de Deus e à salvação das almas; da língua, para pronunciar palavras
e deixar de falar sobre Deus. Afinal, pela falta de oração e de bons
exemplos, a pessoa prejudica a si mesma e os outros. As palavras são
insuficientes para descrever os males derivantes. E se a pessoa não
estiver atenta, sem perceber irá decaindo aos poucos, chegando até a
abandonar o sagrado aprisco da vida consagrada”
(Santa Catarina de Sena, Carta 37, 3 e 4).
Caríssimos
religiosos, vivamos escondidos em Cristo Jesus; que nada
nesse mundo atrapalhe a nossa união com o Senhor que morreu na cruz
para nos salvar... vivamos em contínua oração... em
contínuo deserto, também quando trabalhamos:
“A oração, o diálogo com Deus, é um
bem incomparável, porque nos põe em comunhão íntima com Deus. Assim
como os olhos do corpo são iluminados quando recebem a luz, a alma
que se eleva para Deus é iluminada por sua luz inefável. Falo da
oração que não é só uma atitude exterior, mas que provém do coração
e não se limita a ocasiões ou horas determinadas, prolongando-se dia
e noite, sem interrupção. Com efeito, não devemos orientar o
pensamento para Deus apenas quando nos aplicamos à oração; também no
meio das mais variadas tarefas... é preciso conservar sempre vivos o
desejo e a lembrança de Deus” (Pseudo-Crisóstomo,
Homilias).
Não nos iludamos,
as criaturas são perigosas, interesseiras,
traidoras e falsas... Confiemos somente em Deus:
“O nosso fim é Deus, fonte de todos
os bens, e devemos, como repetimos em nossa oração, confiar
unicamente n’Ele e em mais ninguém” (São
Jerônimo Emiliani, Cartas).
Hoje, infelizmente,
muitos entram na vida religiosa para levar uma vida de
“poltronice”... vivendo comodamente, atarefados em fazer nada...
Fujamos desse tipo de gente e tapemos os ouvidos para os seus
repugnantes conselhos.
Jesus Cristo disse:
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua
cruz e siga-me” (Mt 16, 24).
Jesus não aprova vida de “poltronice”, mas sim, de
sacrifício.
Em muitos conventos e
seminários existe o MALDITO REPOUSO após o almoço... todos
roncando com o sol quente: Que vergonha! Moças e rapazes que
vieram de famílias pobres que trabalhavam na roça... agora repousam
com o sol quente: Que desgraça!
No nosso Instituto é
proibido até pedir para dormir durante o dia, temos a noite para
dormir, não aceitemos aqui “bonecas dorminhocas”.
Vivamos
escondidos em Cristo Jesus... vivamos no Calvário... levemos uma
vida de sacrifício: “... Se em algum tempo, meu filho, alguém
quiser persuadi-lo – seja ele prelado ou não – a seguir alguma
doutrina de liberdade e facilidade, não lhe dê crédito nem a abrace
ainda que ele a confirme com milagres. Dê, antes, preferência à
penitência e ao maior desapego de todas as coisas; e não busque a
Cristo sem cruz” (São João da Cruz,
Epistolário 39).
Sejamos abertos
e escancarados para Deus, nosso Criador e Pai;
fechados e lacrados para as criaturas: “Guardai-vos
dos homens...” (Mt 10, 17).
Eu vos abençôo e vos
guardo no Coração Santíssimo de Jesus Cristo.
Atenciosamente,
Pe. Divino Antônio Lopes
FP.
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