Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

 

Circular 26

 

CIDADE MISSIONÁRIA DO SANTÍSSIMO CRUCIFIXO – ANÁPOLIS-GO

 

Circular n° 26 – 07-10-2014

 

Caríssimos religiosos do Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima, rezemos com fé, atenção, devoção e respeito, TODOS os DIAS, o Ofício Divino: “Nada lhe falei do Ofício Divino, ofício dos anjos. Creio-me no céu quando estou no coro cantando os louvores da Santíssima Trindade. Quero falar-te do Ofício Divino. Tu sabes que é o grito incessante que a Igreja eleva a Deus... Quando estamos no coro, somos já anjos que louvam a Deus, formamos parte desse concerto angélico, e nossas antífonas são estrofes dessa pura e divina poesia. Não somos nesses instantes os anjos que cantam perante o sacrário para consolar a Jesus Cristo em sua triste prisão? Os salmos são de uma beleza incomparável, inspirados por Deus em pessoa. A alma que verdadeiramente se compenetra deles ficará muito perto do céu, pois cantar o Ofício Divino é fazer o que fazem os anjos no céu. Esses salmos são os mesmos que Jesus salmodiava na solidão quando vivia na Judéia. Todos são preciosos e são um grito humilde e confiante que a criatura dirige a seu Pai do céu” (Santa Teresa dos Andes, Obras Completas).

 

Devemos ter medo dos religiosos que fogem ou desprezam a oração... o religioso que não reza vira “lobisomem”; não fisicamente, mas nas atitudes.

É preciso que nos convençamos de que da oração depende todo o nosso bem. Da oração depende a nossa mudança de vida, o vencer as tentações; da oração depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a salvação eterna... se queremos nos salvar, rezemos sempre. Recomendemo-nos a Jesus Cristo, nosso Redentor, especialmente no momento da tentação (cfr Santo Afonso Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo).

Depois da Santa Missa, a mais excelente das orações é o Ofício Divino, que São Bento definiu: “Obra de Deus” (Regulae, c. 43, 47, 52). São Boaventura o denomina: “Uma imitação do concerto celestial” (Exposit. in Reg. Frat. Minor., c. III). Como no céu os anjos e os bem-aventurados louvam incessantemente a Deus, assim a Igreja Católica Apostólica Romana lhe ergue, por meio do Ofício Divino, “o louvor perene”.

Ao ouvir o cântico dos Salmos é que Santo Agostinho, em Milão, sentiu-se atraído à fé. São Francisco de Sales nutria tamanha estima pelo Ofício Divino, que aprendeu a rezá-lo antes da ordenação sacerdotal.

Como rezar o Ofício Divino? Rezando o Ofício Divino, devemos assumir os sentimentos expressos nos textos que lemos. Por exemplo, rezando os salmos, lembremo-nos das palavras de Santo Agostinho: “Se o salmo geme, gemei; se pede, pedi; se rejubila, rejubilai-vos; se espera, esperai; se teme, temei” (Enarr. in Psal. 33, n. 1).

O Ofício Divino, além disso, deve ser rezado “com dignidade, com atenção e devoção”.

1. Com DIGNIDADE interna e externa. Interna: com o coração isento de pecados; fazer um ato de contrição antes de rezá-lo. Externa: observando as prescrições da Igreja no que concerne ao tempo. A sobrecarga de ocupações, normalmente, não nos deve fazer protelar (adiar) a reza do Ofício Divino. Rezando no devido tempo, é um peso suave. Os sacerdotes santos consagram o melhor tempo ao Ofício Divino. Quanto ao lugar: rezai-o possivelmente na igreja, que é casa de oração. Se por necessidade deveis rezá-lo em público, procurai recolher-vos no vosso coração. Além disso, rezai-o com compostura e decência, sabendo que estais na presença de Deus para louvá-lO.

2. Com ATENÇÃO. Atenção material (às palavras), atenção formal (ao conteúdo), atenção final (a Deus).

3. Com DEVOÇÃO. O Ofício Divino será devoto se colocarmos toda a atenção (cfr Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual).

Prezados religiosos, devemos amar o Ofício Divino: “... gosto apaixonadamente do Ofício Divino” (Bem-aventurada Elisabete da Trindade, Obras Completas).

Infeliz do religioso que reza o Ofício Divino sem piedade e sem devoção: “Estejamos absolutamente certos de que o padre que quiser ser fiel à dignidade do seu meio e da sua missão, deve ter em grande estima a oração e nela se aplicar! Muitas vezes, no entanto, é de lamentar que rezem mais por hábito que com fervor e recitem com tanto relaxamento o Ofício nas horas de obrigação ou se contentem apenas com algumas breves orações, sem que mais pensem em consagrar a Deus outro momento do dia em piedosas orações” (São Pio X, Encíclica “Haerent Animo”, 17), e: “A perfeita santidade exige ainda uma contínua comunicação com Deus; e a fim de que este íntimo contato que a alma sacerdotal deve estabelecer com Deus não seja interrompido na sucessão dos dias e das horas, a Igreja impôs aos Sacerdotes a obrigação de recitar o Ofício Divino... Meditai atentamente, portanto, aquelas verdades fecundas que o Espírito Santo generosamente nos deu na Sagrada Escritura e que os escritos dos Padres e Doutores comentam. Enquanto os vossos lábios repetem as palavras ditadas pelo Espírito Santo, esforçai-vos por nada perder de tanto tesouro, e para que em vossa alma encontre viva ressonância a voz de Deus, afastai cuidadosamente tudo quanto vos possa distrair e concentrai os vossos pensamentos, a fim de vos dedicardes mais facilmente e com maior fruto à contemplação das verdades eternas” (Pio XII, Exortação “Menti Nostrae”, 38 e 43), e também: “Total e exclusivamente aplicado aos negócios de Deus e da Igreja, tal como Cristo... o ministro de Cristo, à imitação do Sumo Sacerdote, sempre vivo diante de Deus para interceder a nosso favor... haure na recitação atenta e piedosa do Ofício Divino, em que empresta sua voz à Igreja suplicante em união com seu Esposo, alegria e entusiasmo sempre renovados” (Paulo VI, Encíclica “Sacerdotalis Caelibatus”, 28).

Feita com atenção, é a oração esse incenso de suave odor que tanto agrada a Deus e nos obtém tesouros de graças; ao contrário, se for feita com distrações voluntárias, torna-se como um FUMO INFECTO, que IRRITA a Deus e ATRAI CASTIGOS. Por isso, ao recitarmos o OFÍCIO DIVINO, o Demônio se empenha em nos tentar com distrações e defeitos. Então nos importa redobrar de esforços para o recitarmos dum modo conveniente. Eis para isto alguns avisos práticos:

1.º Avivemos então a nossa fé, com a lembrança de que a nossa voz se une à dos anjos para louvar a Deus. Diz Tertuliano: Estamos a fazer ensaio do que havemos de praticar na glória; fazemos na terra o que fazem os bem-aventurados na pátria celeste, onde cantam sem cessar e cantarão eternamente os louvores do Senhor. Assim, antes de entrarmos na Igreja, ou de lançarmos mão do breviário, devemos deixar na porta e despedir todos os pensamentos do mundo, segundo o aviso de São João Crisóstomo: Ninguém entre no templo com o fardo dos cuidados terrenos; tais coisas deixam-se na porta.

2.º É necessário que os afetos do nosso coração acompanhem os sentimentos que a nossa boca exprime, segundo o que ensina Santo Agostinho: Se o salmo ora, orai; se geme, gemei; se inculca esperança, esperai.

3.º É bom que renovemos a nossa intenção de tempos em tempos; por exemplo, no começo de cada salmo.

4.º Deve-se evitar tudo quanto possa ocasionar distração ao nosso espírito. Que atenção e devoção poderia ter no Ofício Divino quem o recita num lugar transitado, ou em presença de pessoas que soltassem risadas e gritos? (cfr Santo Afonso Maria de Ligório, A selva).

O sacerdote tem a obrigação de rezar todos os dias o Ofício Divino: “... a celebração íntegra e fervorosa da liturgia das horas, à qual é cotidianamente obrigado” (Diretório para o ministério e a vida do presbítero, n.º 39).

O Código de Direito Canônico ensina: A Igreja, no desempenho do múnus sacerdotal de Cristo, celebra a liturgia das horas, na qual, ouvindo a Deus que fala ao seu povo e fazendo me­mória do mistério da salvação, com o canto e a oração, sem interrupção O louva e interpela para a salvação de todo o mundo. Têm obrigação de celebrar a liturgia das horas os clérigos nos termos do cân. 276, § 2, n.° 3; os membros dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica, segundo as constituições. Uma vez que a liturgia das horas é ação da Igreja, também se recomenda vivamente aos restantes fiéis que nela participem, segundo as circunstâncias. Ao celebrar-se a liturgia das horas, observe-se, quanto possível, o verdadeiro tempo de cada uma das horas” (Cânones 1173, 1174 e 1175).

O Decreto Presbyterorum Ordinis ensina: Os próprios presbíteros, ao recitar o ofício divino, distribuem pelas horas do dia os louvores e ações de graças que elevam na celebração da Eucaristia; é com o ofício divino que eles, em nome da Igreja, rezam a Deus por todo o povo que lhes fora confiado; mais ainda, por todo o mundo” (n.º 5).

A Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis, 45 e 72, de São João Paulo II diz: “Vivam o mistério pascal de Cristo, de modo a saberem um dia iniciar nele o povo que lhes será confiado. Sejam ensinados a procurar Cristo por meio da fiel meditação da Palavra de Deus; pela participação ativa nos mistérios sacrossantos da Igreja, sobretudo na Eucaristia, e na Liturgia das Horas... A experiência, de fato, ensina que na oração não se vive dos rendimentos: em cada dia é preciso não só reconquistar a fidelidade exterior aos momentos de oração, sobretudo aos que se destinam à celebração da Liturgia das Horas e àqueles deixados à escolha pessoal livres de prazos e horários de serviço litúrgico, mas também e especialmente reeducar à contínua procura de um verdadeiro encontro pessoal com Jesus, de um confiante colóquio com o Pai, de uma profunda experiência do Espírito...”

Devemos rezar muito! Pois é na oração, no trato de intimidade com Jesus Cristo, que aprendemos a prestar atenção, a compreender e a valorizar as pessoas que Deus põe no nosso caminho. Quem não reza assemelha-se a uma planta sem raízes; acaba secando e não terá a menor possibilidade de dar fruto.

Eu vos abençôo e vos guardo no Coração Santíssimo de Jesus Cristo, nosso refúgio, amparo e proteção.

Com respeito,

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

 

 

                                                                          

 

Este texto não pode ser reproduzido sob nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

Depois de autorizado, é preciso citar:

Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Circular nº 26 - 07/10/2014”.

www.filhosdapaixao.org.br/escritos/circulares/circulares_01_026.htm

 

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