Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

VOLUME I

 

Trechos extraídos das palestras do Revmo. Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Fundador e Diretor do Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima e do Movimento Missionário Lanceiros de Lanciano.

 

Anápolis – Goiás, 17 de setembro de 1996

 

Ilustração: Ir. Adair Cândido Corrêa FP.

 

APRESENTAÇÃO

 

Chamas, são labaredas, claridade, luz que alteiam rumo ao céu.

O autor usou desta metáfora para mostrar àqueles que buscam crescer na vida espiritual, a força da palavra, mesmo em curtas linhas, mas cheias de Deus, cheias de unção, cheias de verdade.

É uma “chama de espiritualidade” que aquece o espírito, ilumina o indeciso, fortalece o enfraquecido, conforta o sofredor.

É uma “chama de espiritualidade” que ajuda o bom a caminhar, incentiva o empreendedor a trabalhar, dá uma visão de Deus para os retos corações.

Apresentando esta obra do Padre Divino Antônio Lopes (Pe. Toninho), dedicado fundador do Instituto Missionário dos Filhos da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima e do Movimento Missionário Lanceiros de Lanciano, só tenho a augurar que as “chamas de espiritualidade" cumpram sua grande missão junto aos que nelas vierem se aquecer.

Acostumado à oratória, em suas belas, piedosas e práticas homilias, o Pe. Divino Antônio Lopes, (Pe. Toninho), soube condensar em pequenas palestras grandes verdades e dar um grande incentivo às almas para o bem.

Que Maria Santíssima seja a ativadora dessas Chamas de Espiritualidade e que elas se espalhem pela Igreja de Deus, para o maior progresso espiritual das almas.

 

Madre Beatriz Guerra de Aguiar Vallim

Co-Fundadora do Instituto Missionário

dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso

Senhor Jesus Cristo e das Dores

de Maria Santíssima.

 

 

 

 

SEDE SANTOS

 

 

“Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 2).

 

A santidade não é um privilégio para um grupo de pessoas, mas todos nós somos chamados à santidade, não importa a idade, cor, condição social, nacionalidade, culto ou analfabeto, consagrado ou leigo, solteiro ou casado, o importante é que Deus quer que sejamos santos, é vontade d’Ele: “Esta é a vontade de Deus: que vos santifiqueis (1Ts 4, 3).

A nossa preocupação principal deve ser esta: quero ser santo, quero ser santo o mais rápido possível, como escreve o Bem-Aventurado José Allamano: “Eis, pois, o vosso dever: tornar-vos santos, grandes santos, logo santos”. Assim como o avarento corre atrás dos bens materiais  esquecendo até de comer e dormir; nós também devemos correr em busca da santidade, sem a qual ninguém verá a Deus: “Procurai a paz com todos e a santidade sem a qual ninguém verá o Senhor(Hb 12, 14).

Deus não criou o homem para os prazeres do mundo, para viver mergulhado na lama do pecado: “Deus não nos chamou à impureza mas à santidade(1 Ts 4, 7). Se Deus nos chamou à santidade, o que estamos esperando? Obedeçamos a vontade do nosso Pai, que deseja que sejamos santos não somente em determinadas circunstâncias, mas em todo lugar: “Mas a exemplo da santidade daquele que vos chamou, sede também santos em todas as ações(1Pd 1, 15).

A santidade não é um luxo, mas é um dever de cada católico; o católico que não se santifica, vive aqui na terra uma vida frustrada e se perderá eternamente.

Os santos e santas foram sempre fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis em toda a história da Igreja. Hoje temos muitíssima falta de santos, que devemos pedir com assiduidade(II ASSEMB. GER. EXTRAORD. SINODO DOS BISPOS (1985), ecclesia sub Verbo Dei mysteria Christi celebrans pro salute mundi. Relatio finalis, II, A, 4).

 

 

 

SALVA TUA ALMA

 

 

“Que servirá a um homem ganhar o mundo inteiro, se vem a prejudicar a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua vida?” (Mt 16, 26).

 

Estamos no mundo somente para salvar a nossa alma. Não fomos criados por Deus para vivermos aqui gozando dos prazeres que o mundo oferece, e muito menos para levarmos uma vida cômoda e preguiçosa.

Não compramos o Céu com ouro e prata, mas sim, com muito sacrifício, renunciando tudo aquilo que vai contra o Evangelho. Mas podemos também perder a salvação cometendo um só pecado mortal de pensamento. Para salvar a nossa alma vale a pena fazer todo sacrifício e abandonar todos os vícios, porque para se salvar não basta ter sido bom durante um mês, um ano... mas devemos perseverar até o fim, fazendo o bem e bem feito: “Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo(Mt 10, 22).

Nós devemos buscar a salvação continuamente sem jamais desanimar: “Começar é de todos; perseverar, de santos(São Jesemaría Escrivá). Se perdermos a salvação, perdemos tudo, isto é, a nossa vida aqui na terra foi um fracasso total.

Perder a saúde, bens materiais, entes queridos, fama, profissão, etc., não é nada comparando com a perda da salvação, porque não se salvar é o mesmo que perder Deus. A alma é uma só: ou se salva ou se condena.

O grande negócio, o único negócio é a salvação, negócio de uma perda irreparável. Perdida a alma, tudo perdido. Salva a alma, tudo está salvo(Mons. Ascânio Brandão) e “Os homens que não pensam na salvação, são homens loucos(São Felipe Neri). Será que você faz parte desse hospício?

 

 

 

APROVEITAR BEM O TEMPO

 

 

“Por isso, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos os homens...” (Gál 6, 10).

 

O tempo é o maior tesouro da terra, porque com ele nós podemos adquirir o Céu, isto é, se for bem empregado. O tempo é uma graça para aquelas pessoas que o aproveitam para crescerem na santidade, mas é também uma desgraça para aquelas que o jogam fora, desperdiçando-o com as vaidades e loucuras do mundo.

O tempo bem empregado pode nos levar ao Céu, sendo que mal empregado pode nos levar ao inferno, por isso que São Bernardo de Claraval diz: “O tempo vale o quanto vale Deus”.

Tempo breve, e tempo precioso. Cada segundo, cada minuto, cada hora, cada dia, cada ano que passa, a nossa vida fica mais breve, e esse tempo que passou nunca mais voltará, e nós sabemos muito bem que Deus que é misericordioso, mas também é justo, pedirá conta de cada segundo mal empregado: “Se na hora da conta te há de pesar de não teres empregado este tempo no serviço de Deus, porque o não ordenas e empregas agora como o quererias ter feito quando estiveres a morrer?(São João da Cruz).

Esse tempo que Deus nos concede durante a nossa vida aqui na terra é muito precioso, com ele podemos comprar a felicidade eterna ou a desgraça eterna, a decisão é nossa. Que prestação de conta terrível daremos a Deus na hora da nossa morte, principalmente aquele que o usou para o mal ou simplesmente o deixou passar em vão.

O tempo é realmente a maior mina de ouro, que bem explorada nos dará o Céu, quanta responsabilidade para nós católicos em relação ao uso do tempo. Que dirão a Deus aquelas pessoas que desperdiçam o tempo passando horas e horas diante da televisão, nas portas dos bares, nas portas das casas? Que julgamento terrível! Ai dessas pessoas. E você, faz parte desse grupo?

Façamos o bem agora, porque depois da morte ninguém mais poderá fazê-lo. Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. Seja um católico sábio, faça o bem enquanto é tempo: “Ajuntai para vós tesouros no Céu...(Mt 6, 20), não sejas estúpido, jogando fora uma pérola tão preciosa que é o tempo: “O demônio, o mundo e a carne, quando queremos aproveitar o tempo e fazer alguma coisa para o Céu, nos gritam: Deixa para amanhã, e assim nos ilude até a morte(Mons. Ascânio Brandão).

 

 

 

O PECADO MORTAL

 

 

“Há pecado que é para morte...” (1Jo 5, 16).

 

O pecado mortal é o maior mal que existe na face da terra, porque ele lança a nossa alma no inferno para sempre. Quem comete o pecado mortal, expulsa Deus da alma e tem o demônio por amigo.

O pecado mortal é tão horroroso, que basta um só para lançar a nossa alma no inferno: “As almas dos que morrem em pecado mortal, imediatamente depois da morte, vão para o inferno, onde são atormentadas com suplícios infernais(Constituição dogmática Benedictus Deus, do Papa Benedito XII).

Hoje a maioria das pessoas cometem o pecado mortal com a maior tranqüilidade, como se estivessem tomando um copo d’água na hora que estão com sede. Quanta cegueira! Muitos anjos caíram no inferno por um só pecado, e hoje existem milhares de pessoas que vivem no pecado mortal e se julgam seguras.

O pecado mortal é realmente uma grande desgraça, ele faz o homem perder a felicidade eterna e viver eternamente longe de Deus. Devemos fugir do pecado mortal, mais do que fugimos de uma serpente venenosa, porque esta prejudica somente o nosso corpo, enquanto que o pecado mortal lança corpo e alma nos tormentos do inferno.

Quem por desgraça cair no pecado mortal, deve fazer um ato de arrependimento perfeito, acompanhado de um firme propósito e aproximar da confissão o mais rápido possível, porque é uma contradição monstruosa um católico chamado a ser luz, viver nas trevas, isto é, no pecado mortal.

 

 

 

LOUCURA DOS PECADORES

 

 

“A sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus” (1Cor 3, 19).

 

A maior miséria e desgraça dos pecadores é, ofenderem a Deus, pisarem na Sua misericórdia, desafiá-lO e ainda acharem que estão com toda a razão: “Vinde, portanto! Aproveitemo-nos das boas coisas que existem! Vivamente gozemos das criaturas durante juventude!(Sab 2, 6).

Os pecadores são pessoas que vivem na cegueira espiritual, são infelizes, e se julgam sábios e prudentes, sendo que na realidade são os homens mais cegos e loucos que podem haver na face da terra, somente na hora da morte verão que aquilo que o pecado oferece é pura angústia e tormento: “Nós nos manchamos nas sendas da iniqüidade e da perdição, erramos pelos desertos sem caminhos e não conhecemos o caminho do Senhor! (Sab 5, 7).

Os pecadores ofendem a Deus e se gabam dessa rebeldia, são pessoas tapadas e orgulhosas, somente na hora da morte verão com amargura a desgraça deles e a ilusão do mundo: "O que ganhamos com nosso orgulho, e que nos trouxe a riqueza unida à arrogância?" (Sab 5, 8).

A maior de todas as loucuras, seria uma pessoa tomar veneno e sorrir de alegria, ou enfiar uma faca no braço e cantar de felicidade, o mesmo acontece com os pecadores, eles bebem o veneno do pecado, fazem, discursos usando o palanque da rebeldia contra Deus, e se gabam da própria desgraça, mas diante de Deus um dia eles terão que dizer: “É no mal que nossa vida se consumiu!(Sab 5, 13).

Os pecadores chamam os santos de loucos, sendo que na realidade, loucos são eles, que trocaram a eternidade feliz por um momento de prazer. Um dia, eles querendo ou não, reconhecerão que loucos são aqueles que servem o demônio, e sábios são os que servem a Deus: “Ei-lo, aquele de quem outrora escarnecemos, e a quem loucamente cobrimos de insultos! Considerávamos sua vida como uma loucura, e sua morte como uma vergonha” (Sab 5, 4).

O grito terrível dos pecadores na hora da morte será este: “Enganamo-nos”, mas será tarde: “Portanto, nós nos desgarramos para longe da verdade: a luz da justiça não brilhou para nós e o sol não se levantou sobre nós! (Sab 5, 6). Qual será o nosso grito na hora da morte, “Enganamo-nos” ou “Acertamos?

 

 

 

MOMENTO DA MORTE

 

 

“Como está determinado que os homens morram uma só vez...” (Hb 9, 27).

 

Todos nós havemos de morrer. Vamos deixar tudo: parentes, amigos, bens materiais, fama, diplomas, etc. A nossa morada neste mundo será um sepulcro cheio de vermes e a nossa alma irá para a eternidade, boa ou má, depende da nossa vivência aqui na terra.

A morte é o momento do qual depende a eternidade. Já está o homem nos extremos da vida e, portanto, próximo a uma das duas eternidades(Santo Afonso Maria de Ligório).

A hora da morte será sempre um momento de dúvidas: se me salvarei! Se me condenarei! Mas para o infeliz, para aquele que passou toda a sua vida aqui na terra, mergulhado nas vaidades e pecados do mundo, a hora da morte será um momento de desespero e de horror.

O desgraçado verá num segundo todo o tempo que ele perdeu com as coisas do mundo, contemplará as suas mãos vazias e dirá entre soluços: joguei fora todo o tempo que Deus me concedeu para salvar a minha alma, e agora por minha culpa, irei para o inferno, arder entre os condenados e os demônios, ai de mim! Onde estão os meus amigos dos prazeres? Será que ninguém virá me consolar? Não! Para quem desprezou a graça de Deus e morreu impenitente, só receberá como “consolo” as chamas do inferno.

Nós não sabemos o dia e nem a hora da nossa morte, não sabemos também como vamos morrer. E a maioria das pessoas vivem como se a morte não existisse, ou até pior, com se Deus não existisse. Muitos nem querem pensar na morte, mas não adianta, querendo ou não, um dia seremos visitados por ela.

Nós devemos nos preparar todos os dias: “Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora (Mt 25, 13).

Conta São Gregório Magno, nos seus Diálogos, que um homem rico, mas de maus costumes, chamado Chrysâncio, estando a ponto de morrer, gritava aos demônios que lhe apareciam visivelmente para se apoderar de sua alma: “Dai-me tempo, dai-me tempo até amanhã”. Respondiam os demônios: “Ó insensato, é nesta hora que pedes tempo? Tiveste tanto tempo e perdeste-o, empregaste-o a pecar, e agora é que pedes tempo? Já não há mais tempo. “O desgraçado continuava a gritar e a pedir socorro. Próximo dele achava-se um seu filho chamado Máximo, que era monge. Dizia-lhe o moribundo: “Socorre-me, filho, meu caro Máximo, socorre-me!” No entanto, com o rosto chamejante, volvia-se de um para outro lado do leito, e nesta agitação e gritos de desespero, expirou desgraçadamente.

 

 

 

JUÍZO

 

 

“Todos temos que comparecer perante o tribunal de Deus” (Rm 14, 10).

 

Todos, sem exceção, compareceremos diante do tribunal de Jesus Cristo, para prestarmos contas da nossa vida, essa será realmente a hora da verdade: “Como está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo(Hb 9, 27).

A mentira não terá espaço na hora do julgamento, porque Deus é a verdade, e para comparecermos tranqüilos diante do Divino Juiz, a melhor coisa é viver a verdade aqui na terra e aceitar a Palavra de Deus por inteira, porque os mundanos tem o péssimo costume de pensar somente na misericórdia de Deus para continuarem amontoando os seus pecados, mas isso é enganar a si mesmo: “Há uma grande propensão nas almas mundanas para recordar a Misericórdia do Senhor. – E assim se animam a continuar em seus desvarios. É verdade que Deus Nosso Senhor é infinitamente misericordioso, mas também é infinitamente justo. E há um julgamento, e Ele é o juiz (São Josemaría Escrivá).

Seremos julgados pelo mal que fizemos, pelo bem que praticamos e também pelo bem que deixamos de fazer. Deus será o juiz, e Ele é conhecedor de tudo, até do pensamento mais oculto, palavras, afetos, desejos, etc.

O momento do julgamento será um momento decisivo! Seremos convidados para entrarmos no Céu ou lançados no inferno para sempre. Quem morrer no pecado mortal será reprovado para sempre: “Vai, maldito, para o fogo eterno!(Mt 25, 41). Eis o prêmio do rebelde, daquele que deixou de seguir a Deus para seguir o demônio, quem não viveu perto de Deus aqui na terra, depois da morte irá também para longe d’Ele.

Quem quiser ter Jesus por amigo na hora do julgamento, deverá ser amigo d’Ele agora aqui na terra, mas amigo de verdade, obedecendo a Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e o Magistério, porque amizade só de poesias, Ele não aceita.

 

 

 

INFERNO

 

 

“Retirai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno destinado ao demônio e aos seus anjos” (Mt 25, 41).

 

Hoje a maioria das pessoas não gostam de ouvir falar do inferno, mas não adianta fugir, porque ele existe e basta morrer só com um pecado mortal na alma, para ser condenado para sempre.

Tão certa é a existência do inferno como é certa a existência de Deus” (Pe. Alexandrino Monteiro).

Quando um criminoso comete um crime, ele é lançado na prisão, e essa punição está certa, o mesmo acontece com aquela pessoa que comete o pecado mortal e morre com ele na alma, quem ofende a Deus que é eterno, merece uma prisão eterna que é o inferno.

Todos sabem da existência do inferno, e estão vivendo como se ele não existisse. Outros tentam negá-lo para não doer tanto a consciência, mas não adianta, porque a existência do inferno não depende se cremos ou não: “Há inferno. – Uma afirmação que para ti é sem dúvida um lugar-comum. – Vou-te repetir: há inferno!(São Josemaría Escrivá). Em vão o pagão tentará negar a existência do inferno.

Devemos trazer sempre essa lembrança: posso morrer a cada instante, e se a morte me surpreender em pecado mortal irei para sempre para o inferno.

Santa Teresa D’Ávila viu, por divina revelação o inferno: “Foi de brevíssima duração, mas, embora eu vivesse muitos anos, parece-me impossível esquecê-lo. Parecia-me a entrada à maneira dum beco muito comprido e estreito, semelhante a um forno muito baixo, escuro e apertado. O chão pareceu-me duma água com lodo muito sujo e de cheiro pestilencial e cheio de muitas sevandijas peçonhentas. No fundo havia uma concavidade aberta numa parede a modo dum armário, aonde me vi colocar em muita estreiteza... Senti um grande fogo na alma que eu não chego a entender como poder dizer de que maneira é. As dores corporais são tão incomportáveis que apesar de eu as ter passado nesta vida gravíssimas, tudo é nada em comparação do que ali senti... Estando em tão pestilencial lugar, tão desesperada de toda a consolação, não há sentar-se, nem deitar-se, nem há lugar, porquanto me puseram neste como que buraco feito na parede; porque estas paredes, que são espantosas à vista, apertam por si mesmas e tudo sufoca. Não há luz, mas tudo trevas escuríssimas. Eu não entendo como pode ser isto, que, não havendo luz, se vê tudo o que à vista há-de causar pena(Livro da Vida, capítulo 32, 1, 2 e 3). Veja o lugar que está preparado para você, caso morra em pecado mortal.

 

 

 

O FOGO DO INFERNO

 

 

“Quem de nós poderá permanecer perto deste fogo devorador? Quem de nós poderá permanecer perto das chamas eternas?” (Is 33, 14).

 

A pena que mais atormenta os sentidos do condenado, é o fogo do inferno, que afeta o tato. Por isso o Senhor faz dele menção especial no juízo: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno (Mt 25, 41)(Santo Afonso Maria de Ligório).

Nós sabemos que mesmo aqui na terra, a pena do fogo é a maior de todas, mas não podemos nem comparar o fogo aqui na terra como o fogo eterno do inferno: “O fogo da  terra comparado com o fogo do inferno, parece apenas um fogo pintado(Sano Agostinho). E São Vicente Ferrer acrescenta: “O nosso fogo comparado ao do inferno é um fogo frio”.

Cada católico deve diante dessas afirmações fazer um sério exame de consciência, principalmente aquele que vive no pecado mortal ou então aquele que busca sempre uma vida fácil sem sacrifício, aquele que foge de qualquer tipo de sofrimento, é bem melhor sofrer agora aqui na terra, do que sofrer eternamente no fogo terrível do inferno: “A razão dessa diferença, é que o nosso fogo foi criado para nossa utilidade, ao passo que o fogo do inferno foi criado por Deus expressamente para atormentar(Santo Afonso Maria de Ligório). Também o profeta Jeremias diz: “Aquele fogo é um fogo vingador aceso pela cólera de Deus (Jr 15, 14).

O condenado ao inferno irá não somente para o fogo, mas para dentro do fogo: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno(Mt 25, 41). Você já parou para pensar nessa possibilidade, caso venha morrer no pecado mortal? “O desgraçado será envolvido pelo fogo como a lenha na fornalha(Santo Afonso Maria de Ligório), e também: “Todos os sofrimentos deste mundo não passam de uma sombra das penas do inferno(São João Crisóstomo).

Quem for para o inferno jamais sairá daquele lugar de tormentos. Vale a pena enfrentar todas as dificuldades aqui na terra para não cair naquele fogo eterno.

 

 

 

SEMPRE! SEMPRE!

 

 

“Irá o homem para a casa da sua eternidade” (Ecl 12, 5).

 

Nós sabemos que a eternidade existe! Para os bons é consolador pensar na eternidade, enquanto que para os maus é sempre um tormento.

O mundano está sempre querendo afugentar o pensamento sobre a eternidade, para viver mergulhado no seu pecado e na sua vida de prazeres, mas esse esforço é inútil: “O pensamento da eternidade é como o sol, que sempre brilha, ainda quando não queiramos ver(Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de Luz, I, 18).

Não adianta ninguém fingir ou fugir desta realidade: A eternidade é a casa que nos espera além-túmulo. Cada dia que passa vamos nos aproximando da eternidade, feliz ou infeliz, depende da nossa vida aqui na terra.

O que é a eternidade? “Já viste, de certo, o mar. Pensa agora que de século em século, se evapora uma gota desse grande repositório d’água. Pois bem, quando se começar a descobrir o fundo do oceano, a eternidade estará ainda no seu princípio!" (Pe. Alexandrino Monteiro, idem).

A eternidade inicia-se logo após a nossa morte. Eternidade no céu! Eternidade no inferno! Eternidade com Deus! Eternidade com os demônios! Eternamente feliz ou eternamente infeliz! A decisão é nossa.

Que eternidade terrível será a dos condenados, daqueles que jogaram as graças de Deus fora durante o tempo em que viveram aqui na terra, e ainda se gabavam de sábios. Na outra vida sofrerão eternamente naquele mar de fogo. Que eternidade triste! Quanto melhor fora não ter nascido, do que ir para tão horrendo lugar!

Eternidade feliz! E eternidade infeliz!... Qual delas você está escolhendo?

Deus aponta para o céu, onde uma felicidade eterna será o prêmio da virtude; e aponta para o inferno, onde o pecado será o pasto de eternas chamas; e deixa à sua escolha uma ou outra!...

Feliz do católico que pensa na eternidade todos os dias e trabalha continuamente para conquistar a feliz. Não podemos perder um minuto do tempo sequer. Devemos escolher e trilhar o caminho do bem enquanto é tempo, para não chorarmos tarde dizendo: se eu soubera!

 

 

 

A COROA DA VITÓRIA

 

 

“Se queres entrar na vida, observa os mandamentos” (Mt 19, 17).

 

O reino do céu padece violência, e os esforçados o arrebatam(Mt 11, 12). Eis para quem é o céu, para os esforçados, para aqueles que tiveram coragem de pisar o respeito humano e vencerem todas as barreiras para progredirem na santidade e alcançarem a coroa da vitória. O céu não é para os covardes nem preguiçosos.

Quem vive, pois, na moleza, quem se deixa ir na corrente da maldade, que não refreia as paixões, quem não se nega a si mesmo, não dá esperança de vir um dia a entrar no céu: “Quão estreita é a porta e apertado é o caminho que conduz à vida! E são poucos os que o encontram!" (Mt 7, 14). Para entrar no céu é preciso trilhar o caminho da renúncia, do desapego, da mortificação e do desprezo das coisas que o mundo oferece.

Com temor e tremor andai ocupados no negócio de vossa salvação(Fl 2, 12). A nossa preocupação principal durante a nossa vida, tão breve aqui na terra, deve ser a nossa salvação, isto é, alcançar o céu. Para aquele que não conseguir salvar a alma, a sua vida foi verdadeiramente uma desgraça. E nós sabemos que para entrarmos no céu, não basta estar no caminho dele, mas devemos perseverar até o fim, isto é, até na hora da morte: “Aquele que perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10, 22).

Para alcançar a salvação eterna, vale a pena enfrentar todas as dificuldades. O céu é a nossa pátria, mas para conquistá-la, devemos viver sempre na graça santificante, e se por desgraça, viermos a perdê-la cometendo o pecado mortal, devemos fazer um ato de arrependimento perfeito, acompanhado de um firme propósito e procurar um sacerdote o mais rápido possível.

 

 

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