Volume 01
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Trechos extraídos das meditações feitas
pelo Revmo. Pe. Divino Antônio Lopes FP., Fundador e Diretor do
Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor
Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima e do Movimento
Missionário Lanceiros de Lanciano.
Anápolis - Go, 20 de maio de 2006
São Bernardino de Sena, Presbítero
Capa: Ir. Gabriel do Santíssimo Crucifixo FP.
Apresentação
Nessas meditações bíblicas feitas pelo
Revmo. Pe. Divino Antônio Lopes, você católico, encontrará uma ótima
e segura orientação para conviver com segurança neste mundo tão
cheio de falsidade, calúnia, fofoca e inveja.
Lembre-se continuamente, de que o mundo
está cheio de “Sauls”, de “anciãos” caluniadores que abusam de suas
autoridades, de “bocas-de-matraca”, que fofocam dia e noite, etc.
Cuidado! Não se distraia, viva prudentemente e peça com fé a
proteção de Deus e o amparo da Virgem Santíssima.
Leia-as atenciosamente e saberás
preservar a verdadeira amizade e “cortar” a falsa.
Me. Mariana de Nossa Senhora das Dores,
FP.
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01 - Invejoso: Pior que Satanás
“Desse
dia em diante, Saul sentiu inveja de Davi”
(1 Sm 18, 9).
Saul não era um simples homem, e
sim, rei de Israel (Cfr. 1 Sm 11, 12-15),
ele marchava à frente do povo de Israel (Cfr.
1 Sm 12, 1-2). Saul era um rei corajoso e
valente, derrotava com freqüência os inimigos
(Cfr. 1 Sm 14, 47-48).
Eis que um dia aparece um guerreiro
gigante e forte, chamava-se Golias, de Gat, terrível inimigo de
Israel; Saul e o exército de Israel tremiam diante de suas palavras:
“Quando Saul e todo o Israel ouviram estas palavras do filisteu,
encheram-se de espanto e de temor”
(1 Sm 17, 11).
Golias era tão forte e valente, que os homens de Israel fugiram ao
vê-lo (Cfr. 1 Sm 17, 24).
Para enfrentar o tal gigante, eis que
aparece o adolescente Davi, de aparência delicada e fraco
fisicamente (Cfr. 1 Sm 17, 32-33.
42).
Davi enfrentou o gigante Golias e o
matou (Cfr. 1 Sm 17, 48-51).
Diante da vitória de Davi contra Golias,
o rei Saul o admirou, e quis saber de quem era filho e o reteve
naquele dia em sua casa e também o colocou como chefe de seus
guerreiros (Cfr. 1 Sm 17, 55-58;
18, 1-5).
A admiração de Saul por Davi não durou
muito, a mesma começou a se desmoronar quando Saul ouviu que
mulheres vindas de todas as cidades de Israel cantavam: “Saul
matou mil, mas Davi matou dez mil”
(1 Sm 18, 7),
referindo à vitória de Davi contra Golias.
Ao invés do rei Saul se alegrar com a
festa e com os elogios feitos a Davi, por ter vencido um grande
inimigo de Israel, fez totalmente o contrário, se entristeceu e
ficou irritado: “Então Saul se indignou e ficou muito irritado”
(1 Sm 18, 8).
Nasce aqui a inveja de Saul contra Davi, do poderoso rei contra o
seu servo.
O invejoso não consegue ficar
indiferente diante do elogio dado ao invejado: “Manifesta-se este
defeito pela mágoa que um sente ao ouvir louvar os outros; e então
procura-se atenuar esses elogios, criticando os que são louvados”
(Ad. Tanquerey, Compêndio de
Teologia Ascética e Mística, 846).
O rei Saul não conseguiu esconder a sua
inveja contra Davi, deixou a mesma transparecer em suas palavras: “A
Davi deram dez mil, mas a mim só mil: que mais lhe falta senão a
realeza?” (1 Sm 18, 8),
e no versículo 9 diz: “Desse dia em diante, Saul sentiu inveja de
Davi”.
O invejoso é um monstro, é pior que
Satanás: “Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não
inveja os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer
os participantes da sua própria natureza”
(São João Crisóstomo),
e o Frei Pedro Sínzig diz: “A inveja assemelha o homem a Satanás”.
Você que possui boas qualidades e que se
esforça para viver santamente, fique atento e observe cuidadosamente
a atitude daqueles que te cercam, porque aparecerão inúmeros “Sauls”
desejosos de te destruir; os mesmos são “borboletas loucas”
que com suas “asas assassinas”, tentarão apagar a chama do
seu sucesso, rodopiando e batendo-as furiosamente sobre você.
Não olhe para o invejoso como se ele
fosse um cordeiro ou um inofensivo, ele é uma serpente venenosa e
traz em sua língua um veneno mortífero: “A inveja quando não
destrói o invejado, tira a paz do invejoso!”
(Pe. Orlando Gambi).
A inveja de Saul contra Davi era tão
grande, que o mesmo tentou matá-lo com a lança várias vezes: “Saul
atirou a lança e disse: 'Encravarei Davi na parede!', mas Davi lhe
escapou duas vezes” (1 Sm 18,
11). Saul temia a Davi e o
invejava, porque Davi saía-se muito bem em tudo o que fazia: “Saul
tinha medo de Davi porque Deus estava com ele… Em todas as suas
expedições, Davi se saía muito bem e Deus estava com ele. Vendo que
ele era sempre bem sucedido, Saul o temia…”
(1 Sm 18, 12. 14-15).
Davi era bom e estava fazendo o bem,
tentando agradar o rei: “…Davi tangia a lira como nos outros
dias…” (1 Sm 18, 10).
Às vezes você é um desses “Davis”
de hoje, que se esforça e faz tudo para agradar e ser fiel ao
patrão, diretor do colégio, professor, amigo, etc., e em resposta,
ao invés de ser respeitado e valorizado, é atacado continuamente,
não por uma lança de metal, arma usada por Saul, e sim, pela “lança”
da língua, que é mais venenosa e mortífera que a lança de Saul: “A
inveja pode levar às piores ações”
(Catecismo da Igreja Católica, 2538).
O invejoso não respeita o próximo e não
se dá por vencido, mas com “voz de anjo” e com o “semblante
de imaculado”, mexe os pauzinhos tentando loucamente destruir o
invejado: “Da inveja nascem o ódio, a maledicência e a calúnia”
(São Gregório Magno).
O rei Saul não conseguiu matar Davi com
a lança, e agora, mexe os pauzinhos para tentar destruí-lo de outra
forma: “Apresento-te minha filha mais velha, Merob, que te quero
dar por mulher; apenas serve-me como um guerreiro e trava as guerras
de Deus'. Saul raciocinava: ' Não morra ele por minha mão, mas pela
dos filisteus” (1 Sm 18, 17).
Davi não aceitou tal “presente”
(Cfr. 1 Sm 18, 18).
Cuidado com os “presentes” do
invejoso, ele costuma ser “generoso” e “caridoso”, mas
somente por interesse; é aquele tipo de gente que mata e depois vai
no velório e chora “piedosamente”; é um macaco enlouquecido.
A outra filha de Saul, chamada Micol, se
apaixona por Davi, e Saul, monstro de coroa, aproveita de tal
situação e diz consigo: “Eu a darei a ele para que lhe seja uma
armadilha, e a mão dos filisteus estará sobre ele”
(1 Sm 18, 21),
e no mesmo versículo diz que Saul disse a Davi duas vezes: “Hoje
te tornarás meu genro”. É importante lembrar de que o “fervor”
do invejoso não é alimentado pelo amor, e sim, pelo ódio.
Saul com a intenção de destruir Davi,
mente e finge gostar dele, e manda os servos também mentirem
(Cfr. 1 Sm 18, 22-23).
O rei Saul, por inveja, maquinava
destruir Davi: “Saul planejava fazer Davi morrer pela mão dos
filisteus” (1 Sm 18, 25),
e no versículo 29 diz: “Então Saul teve mais medo ainda de Davi,
e todos os dias alimentava a hostilidade que tinha contra ele”.
Quando você descobrir que alguém lhe
inveja, não ande distraído pela sua “rodovia”, isto é, na sua
amizade, mas ande pela “calçada”, isto é, aja com prudência e
atenção com tal pessoa, porque senão, ela acabará te atropelando com
o “caminhão” da inveja, e o ferimento será quase incurável.
O rei Saul já não consegue mais se
controlar, a inveja está roendo o seu interior: “A inveja é cárie
para os ossos” (Pr 14, 30).
Antes ele mexia os pauzinhos, preparava armadilhas, falava sozinho,
etc., mas agora já não guarda mais segredo; a inveja o corrói como
um verme faminto, então fala do seu plano de destruir Davi: “Saul
comunicou com o seu filho Jônatas e a todos os seus oficiais a
intenção de levar Davi à morte”
(1 Sm 19, 1).
Jônatas era amigo íntimo de Davi, e pediu ao pai que não fizesse
isso com o amigo Davi, porque o mesmo havia arriscado a vida
(Cfr. 1 Sm 11, 4-5).
Saul ouviu e atendeu o pedido do filho e prometeu não mais atentar
contra Davi.
Será que você possui amigos fiéis à
semelhança de Jônatas, que te avisa quando alguém promete
abertamente te destruir? Dê uma olhada em sua volta e averigue,
porque, são nessas ocasiões que se conhece o verdadeiro amigo.
A inveja é como pimenta nos olhos do
invejoso, deixa-o cego.
Saul prometera ao seu filho Jônatas não
mais tramar contra a vida de Davi, mas diante do sucesso de Davi na
batalha contra os filesteus, então o rei enfureceu-se e “esqueceu”
o que havia prometido e voltou a atacar Davi: “Saul procurou
transpassar Davi contra a parede, mas o mesmo se desviou e a lança
se encravou na parede. Então Davi fugiu e escapou”
(1 Sm 19, 10).
A inveja de Saul contra Davi ferve em
seu coração; o rei torna-se perseguidor implacável de Davi, nada o
consegue acalmar.
Em 1 Sm 19, 10 diz que Davi escapou da
lança e fugiu, mas o rei não desiste, o seu ódio está transbordando,
ele quer que Davi seja destruído: “Naquela mesma noite, Saul
despachou emissários para vigiar a casa de Davi para que o matassem
pela manhã” (1 Sm 19, 10-11).
Cuidado com o invejoso! Quando o mesmo
não consegue por própria conta destruir o invejado, une-se aos
outros invejosos e formam um exército satânico, e trabalham
continuamente e com empenho contra o invejado.
Saul é um invejoso insistente, não se dá
por vencido, passa por cima de tudo e de todos com a intenção de
destruir aquele que o ajudara tanto, é realmente um homem cego.
Saul não desistia de perseguir Davi, e
Davi não se cansava de fugir desse monstro de coroa. Imite o exemplo
de Davi, não se entregue ao invejoso, mas aja com prudência e
sabedoria, e assim conseguirá se livrar de suas “lanças
mortíferas”.
Oração:
Ó Deus Onipotente, dai-nos sabedoria para enxergarmos aqueles que
tramam contra a nossa vida. Dai-nos força para desviarmos das “lanças
mortíferas” que são suas línguas.
Amado Senhor, que a prudência esteja
sempre em nosso coração, para cortarmos a amizade com aqueles que
possuem o veneno da inveja no coração.
Bondoso Senhor, arrancai do coração dos
invejosos a erva venenosa da inveja, e colocai nos mesmos a
verdadeira caridade, para que possam logo após a morte, entrarem
alegremente na Pátria Celeste. Amém! |
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02 - Cuidado com as palavras ociosas
“Eu
vos digo que de toda palavra inútil que os homens disserem darão
contas no Dia do Julgamento”
(Mt 12, 36).
A boca da maioria das pessoas é uma “porteira
aberta”, as mesmas não conseguem controlá-la e falam o tempo
todo e de assuntos que não edificam o próximo, pelo contrário, o
escandaliza.
Feliz daquele que sabe controlar-se e
dizer somente o necessário; que pede ajuda a Deus para falar com
prudência: “Senhor, coloca uma guarda em minha boca, uma
sentinela à porta dos meus lábios”
(Sl 140, 3).
É preciso buscar a perfeição também no
falar, isto é, saber usar bem a língua, e aquele que já conseguiu
dominá-la está bem adiantado no caminho da santidade: “Aquele que
não peca no falar é realmente um homem perfeito, capaz de refrear
todo o seu corpo” (Tg 3, 2).
Quais são as palavras “inúteis”,
“vãs” e “ociosas” que o Senhor pedirá contas no Dia do
Julgamento?
Será que são as palavras amigas que são
ditas durante o jantar ou em uma viagem? Será que são aquelas que
são ditas entre os amigos com a intenção de manter um ambiente
cristamente alegres? Não; certamente que não; se fosse assim, o
mundo seria um velório gigante.
O Amado Jesus não viveu trinta anos em
Nazaré em completo silêncio, com certeza Ele conversava, como Bom
Filho, com Maria Santíssima e São José.
O Amigo Jesus conversava também com os
seus discípulos, com Marta, Maria e Lázaro.
O Pe. Francisco Faus diz o seguinte
sobre o diálogo de Jesus: “… esse diálogo não é palavra inútil, é
palavra humana, palavra cordial, palavra afetuosa, palavra que
alegra e que, deste modo, traz consigo a carga positiva do amor”.
Quais são então as palavras ociosas que
teremos de prestar contas no Dia do Julgamento? O Pe. Francisco Faus
diz: “Palavra ociosa é outra coisa. É aquela que não carrega
consigo nada de bom, porque está vazia de idéias e sentimentos e,
portanto, é inútil para o amor… palavras sem substância alguma, sem
interesse, afeto, ajuda, alegria ou verdade, que ocupam com a sua
estéril presença o lugar que deveriam ter ocupado palavras
construtivas. São palavras ociosas, sobretudo, as palavras gastas,
formais e sem vida, que se dizem gélida e cansadamente na vida
familiar, no relacionamento profissional, na conversa de amigos,
quando o amor ou a amizade já se tornaram uma ruína decadente. Tais
palavras rotineiras, sem calor nem cadência de afeto, sem vibração
de pensamento, sem entusiasmo nem sonhos escondidos em seu bojo, são
uma monótona e persistente chuva de cinzas, que vai sepultando o
amor”.
Está claro que Jesus Cristo não exige de
nós o mutismo, mas sim, que falemos para edificar, quer que
reflitamos antes de falarmos, que coloquemos um “freio” em
nossa língua.
Santo Ambrósio se pergunta: “É
conveniente ficarmos sempre calados?” Ele mesmo responde: “Não”
(De officiis, 1. I. c.3).
Depois ele mostra como devemos falar: “Ou cala, ou dize coisas
que sejam melhores que o silêncio”. São Francisco de Sales
declara: “As nossas palavras sejam poucas e boas, poucas e
suaves, poucas e simples, poucas e repassadas de caridade, poucas e
amáveis”, e o Bem-aventurado José Allamano diz: “… é preciso
falar com moderação, com prudência, com caridade, com piedade”.
Oração:
Ó Deus de misericórdia, coloque a prudência em nossos lábios, para
que saiam deles somente palavras que edifiquem o próximo, isto é,
cheias de caridade e que sirvam para ajudá-lo a crescer
espiritualmente.
Ó Senhor, ajude-nos a compreender que a
palavra que não serve para edificar não deve ser proferida, e que o
juízo será mais rigoroso para aquele que não soube mortificar a
língua.
Jesus Boníssimo, que o nosso interior
esteja sempre em paz, que andemos sempre na Vossa Presença, e assim,
saberemos dizer somente aquilo que Lhe agrada. Amém! |
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03 - Caluniador: Amigo íntimo de Satanás
“Falaram
então os anciãos: 'Enquanto passeávamos sozinhos no jardim, esta
mulher entrou com duas servas. Depois, fechou as portas do jardim e
despediu as servas. Nesse momento aproximou-se dela um jovem, que
estava oculto, o qual deitou-se com ela”
(Dn 13, 36-37).
Quão triste e pesada é a calúnia, a
mesma fere mais que o punhal. Não só Satanás aplaude o caluniador,
mas todo o inferno.
Pobre Susana, como sofreu com a calúnia.
A calúnia é um pecado contra o oitavo
mandamento. Caluniar é prejudicar a reputação do próximo mentindo
sobre ele.
Quem era Susana? Uma prostituta? Não.
Mulher má? Não. Uma revoltada contra Deus? Também não.
Susana tinha um marido, era bela e
temente a Deus (Cfr. Dn 13, 2),
recebera uma ótima educação dos pais
(Cfr. Dn 13, 3),
e possuía boa fama diante das pessoas
(Cfr. Dn 13, 27).
Mesmo vivendo corretamente, não escapou
da língua dos caluniadores.
Freqüentavam a casa de Joaquim, esposo
de Susana dois idosos, eram juizes
(Cfr. Dn 13, 5),
e todos os que tinham alguma questão a julgar vinham a eles
(Cfr. Dn 13, 6).
Esses dois, por serem idosos e juizes,
deveriam dar bom exemplo para o povo, mas não; com suas línguas eram
os piores: “A iniqüidade saiu de Babilônia, dos anciãos, que só
aparentemente guiavam o povo”
(Dn 13, 5).
Hoje, também, existem milhares de idosos
que são pedras de tropeço no caminho de crianças, adolescentes,
jovens e adultos; os mesmos, com suas línguas malignas e coração
podre, destroem a inocência de muitos e coloca-os no caminho da
perdição.
A honesta Susana, por causa do calor
(Cfr. Dn 13, 15),
resolveu banhar-se no jardim de seu esposo
(Cfr. Dn 13, 7),
a mesma esperou que todos saíssem e mandou depois também as servas
saírem e fecharem o portão (Cfr.
Dn 13, 18).
Como seria agradável a Deus e quantos
pecados seriam evitados se as mulheres imitassem o exemplo de
Susana, isto é, se não exibissem o corpo de forma tão despudorada
como fazem nas ruas e nas praias. Lembrem-se mulheres, de que o
corpo é templo do Espírito Santo, e não bacalhau para ficar exposto.
A impureza é uma rede que apanha muitas
almas para o inferno, e ai das “pescadoras” de Satanás, essas
arderão eternamente no inferno.
Algo estranho está acontecendo nesse
mundo moderno e podre; as mulheres quanto mais feias, mais
despudoradas são; as mesmas querem compensar usando roupas imorais,
aquilo que não conseguem com a beleza, e assim, tornam-se bruacas.
Susana achava que estava sozinha no
jardim; mas não, os dois velhos juizes estavam escondidos dentro do
mesmo, os dois ardiam de desejo pela pobre Susana: “Os dois
anciãos, que a observavam diariamente enquanto ela entrava e
passeava, puseram-se a desejá-la”
(Dn 13, 8).
Susana era bela, e os dois anciãos
queriam possuí-la, mas a mesma não aceitou a “proposta” dos
velhos perversos; então eles tomaram a decisão de caluniá-la perante
o povo, mesmo assim, ela não se entregou aos juizes impuros: “Mas
é melhor para mim, não o tendo feito, cair em vossas mãos, do que
pecar diante do Senhor” (Dn
13, 23).
Muitas pessoas, para conseguirem seduzir
alguém, usam de ameaças a exemplo desses anciãos, e lutam com
energia até conseguirem. Feliz daquela pessoa que imita o exemplo de
Susana, isto é, que se mantém firme e fiel a Deus, e que prefere
sofrer e morrer do que ofendê-lO. Se no mundo existissem milhões de
“Susanas”, com certeza absoluta, a máscara de milhões de “anciãos”
já teriam caído por terra.
Como é importante ser uma pessoa
convicta e de caráter no meio desse mundo perverso, ser uma bigorna
que é malhada pela marreta da calúnia, mas não se quebra.
É preciso imitar Susana, não se pode
entregar aos perversos; você não é objeto e muito menos mercadoria.
Susana gritou, mas os juizes impuros
gritaram também contra ela (Cfr.
Dn 13, 24). Às vezes acontece de
você “gritar” contra os caluniadores, isto é, de tomar uma
atitude de se defender, de provar a sua inocência, mas eles
continuam a te caluniar, isto é, “gritam” juntos e querem que
o mal prevaleça, querem te sufocar moralmente, trabalham
continuamente para lançar a sua honra na lama. Diante da resistência
maligna do caluniador, é preciso continuar se defendendo: “Todos
gozam de um direito natural à honra do próprio nome, à sua reputação
e ao seu respeito” (Catecismo
da Igreja Católica, 2479).
Ninguém dos seus a defendeu. Em Daniel
13, 27-40 diz que os empregados sentiram-se profundamente
envergonhados; reuniram na casa de Joaquim, seu esposo, chamaram os
pais de Susana, filhos e parentes, e todos permaneceram em silêncio.
Os anciãos ainda tiveram a coragem de
mandar retirar o véu que cobria o rosto de Susana para poderem
fartar-se de sua beleza, e ninguém se opôs.
Diante do povo, os dois juizes malignos
e caluniadores, contaram que haviam pego Susana com um rapaz no
jardim , e no versículo 41 diz que o povo acreditou neles: “A
assembléia creu neles, pois eram anciãos do povo e juizes. E
julgaram-na ré de morte”.
Pobre Susana, quanto sofrimento, quanta
decepção com as pessoas, principalmente com os conhecidos, ninguém a
defende. Ela, a bela, delicada e temente a Deus está só.
Às vezes já aconteceu contigo ou poderá
acontecer, de precisar da ajuda de algum parente ou amigo para te
defender diante de caluniadores, e encontrar todos com as costas
viradas. Caso aconteça isso contigo, não se desespere e não se
entregue, mas olhe para o alto e peça com confiança a ajuda do Deus
Altíssimo, a exemplo de Susana: “Ó Deus Eterno, que conheces as
coisas ocultas, que sabes todas as coisas antes de sua origem, Tu
sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim. Eis, pois,
que vou morrer; não tendo feito nada do que estes maldosamente
inventaram a meu respeito” (Dn
13, 42-44). Ela não recebeu o
apoio dos familiares e amigos, mas recorreu a Deus e foi atendida: “E
o Senhor escutou a sua voz” (Dn
13, 44).
Enquanto Susana era conduzida à
lapidação, Deus suscitou o profeta Daniel para salvá-la
(Cfr. Dn 13, 45).
Daniel: homem justo, caridoso, prudente
e sincero, chamou os filhos de Israel de insensatos, porque
condenaram Susana sem julgamento e sem conhecimento claro, e o mesmo
disse que era falso o testemunho que os anciãos levantaram contra
ela (Cfr. Dn 13, 49).
Hoje, são milhares aqueles que são
condenados injustamente, que são obrigados a carregarem o peso da
calúnia sobre os ombros por anos e anos, raramente aparece um “Daniel”
para ajudar-lhes.
Daniel pediu que separassem os anciãos
um do outro para serem julgados. Ele perguntou ao primeiro: “…
dize-nos debaixo de que árvore os viste entretendo-se juntos”
(Dn 13, 54),
e o velho mentiroso e caluniador lhe respondeu: “Debaixo de um
lentisco” (Dn 13, 54).
E Daniel, indignado diante de tal resposta lhe disse: “Mentiste
perfeitamente, contra a tua própria cabeça! Pois o anjo de Deus, já
tendo recebido a sentença da parte de Deus, te rachará pelo meio”
(Dn 13, 55).
Daniel mandou chamar o segundo velho
mentiroso e lhe fez a mesma pergunta: “… dize-me debaixo de que
árvore os surpreendeste entretendo-se juntos”
(Dn 13, 58),
e o velho caluniador respondeu: “Debaixo de um carvalho”
(Dn 13, 58).
E Daniel lhe disse: “Mentistes perfeitamente, tu também, contra a
tua própria cabeça. Pois o anjo de Deus está esperando, com a espada
na mão, para te cortar pelo meio, a fim de acabar convosco”
(Dn 13, 59).
Diante da atitude justa de Daniel, a
assembléia acordou e clamou em alta voz: “… bendizendo ao Deus
que salva os que nele esperam”
(Dn 13, 60).
Realmente! Feliz daquele que confia em Deus, porque o homem é sempre
volúvel e misterioso.
Se os caluniadores fossem julgados com
rigor e justiça, como o fez Daniel, com certeza o mundo seria melhor
e não existiria tanta injustiça e crime entre as pessoas.
Os anciãos foram condenados à morte: “Mataram-nos,
portanto, e assim foi poupado o sangue inocente, naquele dia”
(Dn 13, 62).
Aqueles que não tiveram boca e coragem
para defendê-la, agora louvam a Deus pela inocência da mesma: “Então
Helcias e sua mulher elevaram um hino a Deus por causa de sua filha
Susana, com Joaquim seu marido, e todos os seus parentes, porque
nada de torpe havia sido encontrado nela”
(Dn 13, 63).
Se a boca do fofoqueiro merece ser
chamada de boca de lixo, que nome dar então para a boca do
caluniador?
Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “O
caluniador torna-se responsável por todo o prejuízo desonesto de sua
difamação”.
Lembre-se caluniador de que a calúnia é
pecado mortal: “A calúnia é um pecado grave por sua própria
natureza, pois lesa a justiça e a caridade”
(Bernhard Haring).
Se você caluniador não mudar de vida,
não será rachado pelo meio como aconteceu com o primeiro ancião
mentiroso, nem cortado pelo meio como aconteceu com o segundo, mas
será “assado” nas chamas do inferno eterno.
Oração:
Ó Pai de Amor e rico em Misericórdia, assim como ouvistes as preces
de Susana e a livrastes das garras dos anciãos mentirosos e
caluniadores; livrai-nos daquelas pessoas que maquinam dia e noite
contra a nossa vida, tentando lançar a nossa honra pelo chão.
Senhor, enchei o nosso coração de
paciência e caridade para suportarmos as calúnias e termos força e
ânimo de rezar pelos caluniadores.
Ó Amado Deus, não deixe que o caluniador
se perca, purifique o seu coração e dai-lhe o verdadeiro
arrependimento. Lace-o com o Vosso Amor e ilumine-o para que caminhe
somente pela estrada da caridade. Amém! |
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04 - O comodismo na vida espiritual
“Passei
junto ao campo do preguiçoso, pela vinha de um homem sem juízo: Eis
que tudo estava cheio de urtigas, sua superfície coberta de espinhos
e seu muro de pedras em ruínas”
(Pr 24, 30-31).
Olha o campo do preguiçoso; que estrago,
que vazio! Ele não se preocupa com o seu “campo”, isto é, com
a sua alma, deixa a mesma ser invadida por “ervas daninhas” e
por “insetos”. O ócio espiritual tomou conta de seu coração,
e ele vive adormecido em sua poltrona.
Ó preguiçoso! Acorda enquanto é tempo;
cuida do seu “campo”, isto é, da sua alma imortal, porque o
tempo passa e a vida é breve.
Existem milhões de pessoas que vivem
como se não possuíssem uma alma imortal; cuidam somente do corpo,
até parece que o imortal é ele, e não a alma: “Riquezas,
dignidades, prazeres deste mundo, deixam após si pesos e remorsos”
(São Pedro Julião Eymard, A
Divina Eucaristia, Vol. 3).
O homem ocioso não se preocupa com o “campo”
que é a sua alma, como se fosse um porco de engorda, olha somente
para baixo, para a lama que o mundo oferece; e por agir dessa forma,
Cristo não habita em sua alma e o prejuízo para o seu “campo”
é irreparável: “Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará
sepultada na escuridão, desonra e desprezo, repleta de toda espécie
de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos
que nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos
vergonhosos e de completa ignomínia”
(Das Homilias atribuídas ao bispo São
Macário. Hom, 28: PG 34, 710-711).
Infeliz do preguiçoso, daquele que não
se preocupa em cultivar o seu “campo”, isto é, a sua alma,
que vive de braços cruzados e que não se esforça para crescer
espiritualmente; esse jamais gozará da felicidade eterna, justamente
porque não lutou para salvar a alma: “A obra de minha salvação é,
por conseguinte, o meu primeiro dever, enquanto tudo o mais não
passa de bagatela” (São Pedro
Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3).
A alma daquele que não se esforça para
crescer na santidade é invadida pelas urtigas das paixões e pelos
espinhos das más relações; e o muro da fortaleza já não existe mais,
porque, devido a sua ociosidade, o mesmo caiu por terra, não ficando
“pedra” sobre “pedra”.
Infeliz daquele que vive ociosamente na
vida espiritual, que empurra a vida ao invés de vivê-la santamente e
com fervor, esse merece ser chamado de louco: “Aquele que não se
preocupa com a salvação da alma é louco”
(São Filipe Néri).
É preciso acordar o preguiçoso, é
preciso aconselhá-lo a cuidar melhor do seu “campo”, isto é,
de sua alma imortal, lembrando-o de que alma ele só possui uma, e
perdido essa, tudo está perdido.
Não se pode deixar o preguiçoso viver
acomodado em sua poltrona, é preciso sacudi-lo enquanto é tempo,
porque os minutos que ele perde com as coisas da terra não voltarão
mais: “De poucos palmos vós fizestes os meus dias…”
(Sl 38, 6).
Quem não trabalha pela salvação da alma
se nivela aos animais irracionais, vive se arrastando e não possui a
paz que vem do alto.
O preguiçoso que não se preocupa com a
sua lavoura, deixa a erva daninha crescer e sufocá-la, os insetos
picam a plantação causando-lhe grande dano e os animais pisam-na
porque não existe mais a cerca de proteção; e mesmo diante de tão
grande prejuízo, o preguiçoso continua a dormir.
Aquele que vive no ócio espiritual
possui uma alma aberta, ou melhor, escancarada para o mundo, e
assim, os vícios e os pecados invadem-na causando-lhe grande
destruição.
O ocioso espiritualmente possui tempo
para dialogar com as criaturas, joga o tempo e palavras fora, mas
não reserva sequer, um minuto para Deus. Os trechos bíblicos: “Orai
sem cessar” (1 Ts 5, 17),
e: “… saboreai as coisas que são lá de cima, não as da terra”
(Cl 3, 2),
causa arrepios no ocioso e deixa-o enojado, porque a sua única
preocupação é correr atrás dos bens terrenos, é entesourar aquilo
que passa.
Oração:
Ó Senhor, Tu és o Deus Eterno, ajude-nos a cuidar zelosamente de
nossa alma imortal, que o ócio espiritual não encontre lugar em
nosso coração.
Querido Pai, dai-nos ânimo para vivermos
atentos, como bons vigias, em relação a nossa alma, que nenhuma erva
daninha do vício cresça nela, e que nenhum inseto do pecado entre na
mesma para prejudicá-la.
Ó Senhor, quão infeliz é aquele que
descuida da salvação de sua alma para se dedicar somente àquilo que
é passageiro; esse, se não acordar a tempo, jamais O contemplará na
Eternidade Feliz.
Senhor, dai-nos força e coragem para
afastarmos do nosso campo, isto é, da nossa alma, tudo aquilo que
possa prejudicá-la. Amém! |
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05 - O amor vence as barreiras
“E
cada dia, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e de
anunciar a Boa Nova de Cristo Jesus”
(At 5, 42).
Vejam os Apóstolos, com que rapidez vão
de casa em casa pregando a Boa Nova de Cristo Jesus. O que os levam
a pregar com tanto fervor e coragem a Cristo Jesus? É o amor a Nosso
Senhor e o desejo ardente de salvar as almas.
Aquele que possui o verdadeiro amor não
conhece barreiras, e se por acaso elas surgirem, o mesmo a contorna
ou passa sobre a mesma.
Os Apóstolos não viviam em uma região
fácil e aberta para Nosso Senhor, pelo contrário, viviam sob
terrível perseguição: “Chamaram os Apóstolos à sua presença e,
depois de os mandarem açoitar, ordenaram-lhes que não falassem no
nome de Jesus, dando-lhes depois a liberdade”
(At 5, 40).
Por que foram açoitados? Haviam cometido
algum mal? Não; porque estavam pregando a Santa Doutrina ensinada
pelo Senhor Deus.
As chicotadas deixaram marcas em seus
corpos, mas não em suas almas; com certeza jorrou sangue, mas as
mesmas não conseguiram arrancar o amor que reinava em seus corações.
Nesse mundo moderno e vazio, onde o
pecado é exaltado e a virtude é pisada, aquele que se decide
trabalhar com seriedade para a glória de Deus e pelo bem das almas
também é açoitado, não com varas ou cordas, e sim, pelo chicote da
língua daqueles que não crêem na Vida Eterna. Como aconteceu com os
Apóstolos que não desanimaram diante dos açoites, também a língua
dos perversos não consegue apagar o fervor daqueles que possuem um
verdadeiro amor por Nosso Senhor, e os mesmos continuam a
trabalharem com mais empenho: “Uma alma inflamada do amor de Deus
não consegue ficar inativa”
(Santa Teresinha do Menino Jesus).
É preciso imitar o exemplo e a fortaleza
dos apóstolos; quando se trata de agradar a Deus e de salvar as
almas, não devemos nos intimidar nem desanimar, e sim, lutar com
coragem sem olhar o tamanho dos obstáculos: “O zelo é uma loucura
divina de apóstolo, que te desejo, e que tem estes sintomas: fome de
intimidade com o Mestre; preocupação constante pelas almas;
perseverança que nada faz desfalecer”
(São Josemaría Escrivá, Caminho, 934).
O amor dos Apóstolos era qual fogo que
ardia em seus corações, e mesmo sob ameaças e correndo grande perigo
de serem presos ou mortos, não ficavam no “buraco” do
comodismo nem na “poltronice” da boa vida, e sim, pregavam a
Boa Nova de casa em casa todos os dias.
Quão grande deve ser o nosso amor a
Cristo Jesus e às almas, ele deve ser um sino que tine o tempo todo
nos convidando a pescar, não peixes, e sim, almas imortais. Quando
se trata de trabalhar para a glória de Deus, não optemos pelo mais
fácil ou mais cômodo, mas lembremo-nos de que onde as trevas estão
reinando é que precisa de luz.
É preciso evangelizar de casa em casa,
não deixemos nenhuma para trás, precisamos dizer a todos que Cristo
é o Senhor, que a alma é imortal, que temos o inferno a evitar e o
céu a conquistar; não deixemos ninguém indiferente, mas “incendiemos”
a todos com a Santa Doutrina Católica.
É preciso evangelizar com fidelidade,
não pender para a direita nem para a esquerda, é preciso pregar a
pura Doutrina da Igreja Católica.
Em At 5, 42 diz que os Apóstolos
ensinavam e anunciavam a Boa Nova de Cristo Jesus; está claro que
não se envolviam com política nem adulteravam a Palavra de Deus, por
isso, pregavam com convicção e colhiam copiosos frutos.
Aquele que possui a verdade ensina com
convicção, entusiasmo e coragem, porque, sabe que nada o deterá; do
seu interior brota uma força que o faz vencer todas as barreiras.
O amor vence as barreiras, não somente
algumas, mas vence a todas: “pisa” o respeito humano, “decapita”
os perseguidores do bem, “corta” a língua dos caluniadores, “lacra”
os olhos dos inimigos, “arranca” o coração dos que tramam o
mal contra os filhos de Deus, etc.; o amor é um “fogo” que
aquece continuamente o coração daqueles que trabalham pela salvação
das almas. Aquele que não ama carrega no seu interior uma tocha
apagada, e assim, não consegue iluminar nem aquecer os corações. |
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