Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

 

 

Volume 01

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

 

Trechos extraídos das meditações feitas pelo Revmo. Pe. Divino Antônio Lopes FP., Fundador e Diretor do Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima e do Movimento Missionário Lanceiros de Lanciano.
 

Anápolis - Go, 20 de maio de 2006

São Bernardino de Sena, Presbítero
 

 

Capa: Ir. Gabriel do Santíssimo Crucifixo FP.

 


 

Apresentação

 

Nessas meditações bíblicas feitas pelo Revmo. Pe. Divino Antônio Lopes, você católico, encontrará uma ótima e segura orientação para conviver com segurança neste mundo tão cheio de falsidade, calúnia, fofoca e inveja.

Lembre-se continuamente, de que o mundo está cheio de “Sauls”, de “anciãos” caluniadores que abusam de suas autoridades, de “bocas-de-matraca”, que fofocam dia e noite, etc. Cuidado! Não se distraia, viva prudentemente e peça com fé a proteção de Deus e o amparo da Virgem Santíssima.

Leia-as atenciosamente e saberás preservar a verdadeira amizade e “cortar” a falsa.

 

Me. Mariana de Nossa Senhora das Dores, FP.

 

 

 

 

01 - Invejoso: Pior que Satanás

 

Desse dia em diante, Saul sentiu inveja de Davi (1 Sm 18, 9).

 

Saul não era um simples homem, e sim, rei de Israel (Cfr. 1 Sm 11, 12-15), ele marchava à frente do povo de Israel (Cfr. 1 Sm 12, 1-2). Saul era um rei corajoso e valente, derrotava com freqüência os inimigos (Cfr. 1 Sm 14, 47-48).

Eis que um dia aparece um guerreiro gigante e forte, chamava-se Golias, de Gat, terrível inimigo de Israel; Saul e o exército de Israel tremiam diante de suas palavras: “Quando Saul e todo o Israel ouviram estas palavras do filisteu, encheram-se de espanto e de temor (1 Sm 17, 11). Golias era tão forte e valente, que os homens de Israel fugiram ao vê-lo (Cfr. 1 Sm 17, 24).

Para enfrentar o tal gigante, eis que aparece o adolescente Davi, de aparência delicada e fraco fisicamente (Cfr. 1 Sm 17, 32-33. 42).

Davi enfrentou o gigante Golias e o matou (Cfr. 1 Sm 17, 48-51).

Diante da vitória de Davi contra Golias, o rei Saul o admirou, e quis saber de quem era filho e o reteve naquele dia em sua casa e também o colocou como chefe de seus guerreiros (Cfr. 1 Sm 17, 55-58; 18, 1-5).

A admiração de Saul por Davi não durou muito, a mesma começou a se desmoronar quando Saul ouviu que mulheres vindas de todas as cidades de Israel cantavam: “Saul matou mil, mas Davi matou dez mil (1 Sm 18, 7), referindo à vitória de Davi contra Golias.

Ao invés do rei Saul se alegrar com a festa e com os elogios feitos a Davi, por ter vencido um grande inimigo de Israel, fez totalmente o contrário, se entristeceu e ficou irritado: “Então Saul se indignou e ficou muito irritado(1 Sm 18, 8). Nasce aqui a inveja de Saul contra Davi, do poderoso rei contra o seu servo.

O invejoso não consegue ficar indiferente diante do elogio dado ao invejado: “Manifesta-se este defeito pela mágoa que um sente ao ouvir louvar os outros; e então procura-se atenuar esses elogios, criticando os que são louvados(Ad. Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 846).

O rei Saul não conseguiu esconder a sua inveja contra Davi, deixou a mesma transparecer em suas palavras: “A Davi deram dez mil, mas a mim só mil: que mais lhe falta senão a realeza?(1 Sm 18, 8), e no versículo 9 diz: “Desse dia em diante, Saul sentiu inveja de Davi”.

O invejoso é um monstro, é pior que Satanás: “Os invejosos são piores que o diabo, pois o diabo não inveja os outros diabos, ao passo que os homens não respeitam sequer os participantes da sua própria natureza (São João Crisóstomo), e o Frei Pedro Sínzig diz: “A inveja assemelha o homem a Satanás”.

Você que possui boas qualidades e que se esforça para viver santamente, fique atento e observe cuidadosamente a atitude daqueles que te cercam, porque aparecerão inúmeros “Sauls” desejosos de te destruir; os mesmos são “borboletas loucas” que com suas “asas assassinas”, tentarão apagar a chama do seu sucesso, rodopiando e batendo-as furiosamente sobre você.

Não olhe para o invejoso como se ele fosse um cordeiro ou um inofensivo, ele é uma serpente venenosa e traz em sua língua um veneno mortífero: “A inveja quando não destrói o invejado, tira a paz do invejoso! (Pe. Orlando Gambi).

A inveja de Saul contra Davi era tão grande, que o mesmo tentou matá-lo com a lança várias vezes: “Saul atirou a lança e disse: 'Encravarei Davi na parede!', mas Davi lhe escapou duas vezes(1 Sm 18, 11). Saul temia a Davi e o invejava, porque Davi saía-se muito bem em tudo o que fazia: “Saul tinha medo de Davi porque Deus estava com ele… Em todas as suas expedições, Davi se saía muito bem e Deus estava com ele. Vendo que ele era sempre bem sucedido, Saul o temia… (1 Sm 18, 12. 14-15).

Davi era bom e estava fazendo o bem, tentando agradar o rei: “…Davi tangia a lira como nos outros dias…(1 Sm 18, 10).

Às vezes você é um desses “Davis” de hoje, que se esforça e faz tudo para agradar e ser fiel ao patrão, diretor do colégio, professor, amigo, etc., e em resposta, ao invés de ser respeitado e valorizado, é atacado continuamente, não por uma lança de metal, arma usada por Saul, e sim, pela “lança” da língua, que é mais venenosa e mortífera que a lança de Saul: “A inveja pode levar às piores ações (Catecismo da Igreja Católica, 2538).

O invejoso não respeita o próximo e não se dá por vencido, mas com “voz de anjo” e com o “semblante de imaculado”, mexe os pauzinhos tentando loucamente destruir o invejado: “Da inveja nascem o ódio, a maledicência e a calúnia(São Gregório Magno).

O rei Saul não conseguiu matar Davi com a lança, e agora, mexe os pauzinhos para tentar destruí-lo de outra forma: “Apresento-te minha filha mais velha, Merob, que te quero dar por mulher; apenas serve-me como um guerreiro e trava as guerras de Deus'. Saul raciocinava: ' Não morra ele por minha mão, mas pela dos filisteus(1 Sm 18, 17). Davi não aceitou tal “presente (Cfr. 1 Sm 18, 18).

Cuidado com os “presentes” do invejoso, ele costuma ser “generoso” e “caridoso”, mas somente por interesse; é aquele tipo de gente que mata e depois vai no velório e chora “piedosamente”; é um macaco enlouquecido.

A outra filha de Saul, chamada Micol, se apaixona por Davi, e Saul, monstro de coroa, aproveita de tal situação e diz consigo: “Eu a darei a ele para que lhe seja uma armadilha, e a mão dos filisteus estará sobre ele (1 Sm 18, 21), e no mesmo versículo diz que Saul disse a Davi duas vezes: “Hoje te tornarás meu genro”. É importante lembrar de que o “fervor” do invejoso não é alimentado pelo amor, e sim, pelo ódio.

Saul com a intenção de destruir Davi, mente e finge gostar dele, e manda os servos também mentirem (Cfr. 1 Sm 18, 22-23).

O rei Saul, por inveja, maquinava destruir Davi: “Saul planejava fazer Davi morrer pela mão dos filisteus(1 Sm 18, 25), e no versículo 29 diz: “Então Saul teve mais medo ainda de Davi, e todos os dias alimentava a hostilidade que tinha contra ele”.

Quando você descobrir que alguém lhe inveja, não ande distraído pela sua “rodovia”, isto é, na sua amizade, mas ande pela “calçada”, isto é, aja com prudência e atenção com tal pessoa, porque senão, ela acabará te atropelando com o “caminhão” da inveja, e o ferimento será quase incurável.

O rei Saul já não consegue mais se controlar, a inveja está roendo o seu interior: “A inveja é cárie para os ossos(Pr 14, 30). Antes ele mexia os pauzinhos, preparava armadilhas, falava sozinho, etc., mas agora já não guarda mais segredo; a inveja o corrói como um verme faminto, então fala do seu plano de destruir Davi: “Saul comunicou com o seu filho Jônatas e a todos os seus oficiais a intenção de levar Davi à morte (1 Sm 19, 1). Jônatas era amigo íntimo de Davi, e pediu ao pai que não fizesse isso com o amigo Davi, porque o mesmo havia arriscado a vida (Cfr. 1 Sm 11, 4-5). Saul ouviu e atendeu o pedido do filho e prometeu não mais atentar contra Davi.

Será que você possui amigos fiéis à semelhança de Jônatas, que te avisa quando alguém promete abertamente te destruir? Dê uma olhada em sua volta e averigue, porque, são nessas ocasiões que se conhece o verdadeiro amigo.

A inveja é como pimenta nos olhos do invejoso, deixa-o cego.

Saul prometera ao seu filho Jônatas não mais tramar contra a vida de Davi, mas diante do sucesso de Davi na batalha contra os filesteus, então o rei enfureceu-se e “esqueceu” o que havia prometido e voltou a atacar Davi: “Saul procurou transpassar Davi contra a parede, mas o mesmo se desviou e a lança se encravou na parede. Então Davi fugiu e escapou (1 Sm 19, 10).

A inveja de Saul contra Davi ferve em seu coração; o rei torna-se perseguidor implacável de Davi, nada o consegue acalmar.

Em 1 Sm 19, 10 diz que Davi escapou da lança e fugiu, mas o rei não desiste, o seu ódio está transbordando, ele quer que Davi seja destruído: “Naquela mesma noite, Saul despachou emissários para vigiar a casa de Davi para que o matassem pela manhã(1 Sm 19, 10-11).

Cuidado com o invejoso! Quando o mesmo não consegue por própria conta destruir o invejado, une-se aos outros invejosos e formam um exército satânico, e trabalham continuamente e com empenho contra o invejado.

Saul é um invejoso insistente, não se dá por vencido, passa por cima de tudo e de todos com a intenção de destruir aquele que o ajudara tanto, é realmente um homem cego.

Saul não desistia de perseguir Davi, e Davi não se cansava de fugir desse monstro de coroa. Imite o exemplo de Davi, não se entregue ao invejoso, mas aja com prudência e sabedoria, e assim conseguirá se livrar de suas “lanças mortíferas”.

 

Oração: Ó Deus Onipotente, dai-nos sabedoria para enxergarmos aqueles que tramam contra a nossa vida. Dai-nos força para desviarmos das “lanças mortíferas” que são suas línguas.

Amado Senhor, que a prudência esteja sempre em nosso coração, para cortarmos a amizade com aqueles que possuem o veneno da inveja no coração.

Bondoso Senhor, arrancai do coração dos invejosos a erva venenosa da inveja, e colocai nos mesmos a verdadeira caridade, para que possam logo após a morte, entrarem alegremente na Pátria Celeste. Amém!

 

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02 - Cuidado com as palavras ociosas

 

Eu vos digo que de toda palavra inútil que os homens disserem darão contas no Dia do Julgamento (Mt 12, 36).

 

A boca da maioria das pessoas é uma “porteira aberta”, as mesmas não conseguem controlá-la e falam o tempo todo e de assuntos que não edificam o próximo, pelo contrário, o escandaliza.

Feliz daquele que sabe controlar-se e dizer somente o necessário; que pede ajuda a Deus para falar com prudência: “Senhor, coloca uma guarda em minha boca, uma sentinela à porta dos meus lábios (Sl 140, 3).

É preciso buscar a perfeição também no falar, isto é, saber usar bem a língua, e aquele que já conseguiu dominá-la está bem adiantado no caminho da santidade: “Aquele que não peca no falar é realmente um homem perfeito, capaz de refrear todo o seu corpo(Tg 3, 2).

Quais são as palavras “inúteis”, “vãs” e “ociosas” que o Senhor pedirá contas no Dia do Julgamento?

Será que são as palavras amigas que são ditas durante o jantar ou em uma viagem? Será que são aquelas que são ditas entre os amigos com a intenção de manter um ambiente cristamente alegres? Não; certamente que não; se fosse assim, o mundo seria um velório gigante.

O Amado Jesus não viveu trinta anos em Nazaré em completo silêncio, com certeza Ele conversava, como Bom Filho, com Maria Santíssima e São José.

O Amigo Jesus conversava também com os seus discípulos, com Marta, Maria e Lázaro.

O Pe. Francisco Faus diz o seguinte sobre o diálogo de Jesus: “… esse diálogo não é palavra inútil, é palavra humana, palavra cordial, palavra afetuosa, palavra que alegra e que, deste modo, traz consigo a carga positiva do amor”.

Quais são então as palavras ociosas que teremos de prestar contas no Dia do Julgamento? O Pe. Francisco Faus diz: “Palavra ociosa é outra coisa. É aquela que não carrega consigo nada de bom, porque está vazia de idéias e sentimentos e, portanto, é inútil para o amor… palavras sem substância alguma, sem interesse, afeto, ajuda, alegria ou verdade, que ocupam com a sua estéril presença o lugar que deveriam ter ocupado palavras construtivas. São palavras ociosas, sobretudo, as palavras gastas, formais e sem vida, que se dizem gélida e cansadamente na vida familiar, no relacionamento profissional, na conversa de amigos, quando o amor ou a amizade já se tornaram uma ruína decadente. Tais palavras rotineiras, sem calor nem cadência de afeto, sem vibração de pensamento, sem entusiasmo nem sonhos escondidos em seu bojo, são uma monótona e persistente chuva de cinzas, que vai sepultando o amor”.

Está claro que Jesus Cristo não exige de nós o mutismo, mas sim, que falemos para edificar, quer que reflitamos antes de falarmos, que coloquemos um “freio” em nossa língua.

Santo Ambrósio se pergunta: “É conveniente ficarmos sempre calados?” Ele mesmo responde: “Não(De officiis, 1. I. c.3). Depois ele mostra como devemos falar: “Ou cala, ou dize coisas que sejam melhores que o silêncio”. São Francisco de Sales declara: “As nossas palavras sejam poucas e boas, poucas e suaves, poucas e simples, poucas e repassadas de caridade, poucas e amáveis”, e o Bem-aventurado José Allamano diz: “… é preciso falar com moderação, com prudência, com caridade, com piedade”.

 

Oração: Ó Deus de misericórdia, coloque a prudência em nossos lábios, para que saiam deles somente palavras que edifiquem o próximo, isto é, cheias de caridade e que sirvam para ajudá-lo a crescer espiritualmente.

Ó Senhor, ajude-nos a compreender que a palavra que não serve para edificar não deve ser proferida, e que o juízo será mais rigoroso para aquele que não soube mortificar a língua.

Jesus Boníssimo, que o nosso interior esteja sempre em paz, que andemos sempre na Vossa Presença, e assim, saberemos dizer somente aquilo que Lhe agrada. Amém!

 

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03 - Caluniador: Amigo íntimo de Satanás

 

Falaram então os anciãos: 'Enquanto passeávamos sozinhos no jardim, esta mulher entrou com duas servas. Depois, fechou as portas do jardim e despediu as servas. Nesse momento aproximou-se dela um jovem, que estava oculto, o qual deitou-se com ela (Dn 13, 36-37).
 

Quão triste e pesada é a calúnia, a mesma fere mais que o punhal. Não só Satanás aplaude o caluniador, mas todo o inferno.

Pobre Susana, como sofreu com a calúnia.

A calúnia é um pecado contra o oitavo mandamento. Caluniar é prejudicar a reputação do próximo mentindo sobre ele.

Quem era Susana? Uma prostituta? Não. Mulher má? Não. Uma revoltada contra Deus? Também não.

Susana tinha um marido, era bela e temente a Deus (Cfr. Dn 13, 2), recebera uma ótima educação dos pais (Cfr. Dn 13, 3), e possuía boa fama diante das pessoas (Cfr. Dn 13, 27).

Mesmo vivendo corretamente, não escapou da língua dos caluniadores.

Freqüentavam a casa de Joaquim, esposo de Susana dois idosos, eram juizes (Cfr. Dn 13, 5), e todos os que tinham alguma questão a julgar vinham a eles (Cfr. Dn 13, 6).

Esses dois, por serem idosos e juizes, deveriam dar bom exemplo para o povo, mas não; com suas línguas eram os piores: “A iniqüidade saiu de Babilônia, dos anciãos, que só aparentemente guiavam o povo (Dn 13, 5).

Hoje, também, existem milhares de idosos que são pedras de tropeço no caminho de crianças, adolescentes, jovens e adultos; os mesmos, com suas línguas malignas e coração podre, destroem a inocência de muitos e coloca-os no caminho da perdição.

A honesta Susana, por causa do calor (Cfr. Dn 13, 15), resolveu banhar-se no jardim de seu esposo (Cfr. Dn 13, 7), a mesma esperou que todos saíssem e mandou depois também as servas saírem e fecharem o portão (Cfr. Dn 13, 18).

Como seria agradável a Deus e quantos pecados seriam evitados se as mulheres imitassem o exemplo de Susana, isto é, se não exibissem o corpo de forma tão despudorada como fazem nas ruas e nas praias. Lembrem-se mulheres, de que o corpo é templo do Espírito Santo, e não bacalhau para ficar exposto.

A impureza é uma rede que apanha muitas almas para o inferno, e ai das “pescadoras” de Satanás, essas arderão eternamente no inferno.

Algo estranho está acontecendo nesse mundo moderno e podre; as mulheres quanto mais feias, mais despudoradas são; as mesmas querem compensar usando roupas imorais, aquilo que não conseguem com a beleza, e assim, tornam-se bruacas.

Susana achava que estava sozinha no jardim; mas não, os dois velhos juizes estavam escondidos dentro do mesmo, os dois ardiam de desejo pela pobre Susana: “Os dois anciãos, que a observavam diariamente enquanto ela entrava e passeava, puseram-se a desejá-la (Dn 13, 8).

Susana era bela, e os dois anciãos queriam possuí-la, mas a mesma não aceitou a “proposta” dos velhos perversos; então eles tomaram a decisão de caluniá-la perante o povo, mesmo assim, ela não se entregou aos juizes impuros: “Mas é melhor para mim, não o tendo feito, cair em vossas mãos, do que pecar diante do Senhor(Dn 13, 23).

Muitas pessoas, para conseguirem seduzir alguém, usam de ameaças a exemplo desses anciãos, e lutam com energia até conseguirem. Feliz daquela pessoa que imita o exemplo de Susana, isto é, que se mantém firme e fiel a Deus, e que prefere sofrer e morrer do que ofendê-lO. Se no mundo existissem milhões de “Susanas”, com certeza absoluta, a máscara de milhões de “anciãos” já teriam caído por terra.

Como é importante ser uma pessoa convicta e de caráter no meio desse mundo perverso, ser uma bigorna que é malhada pela marreta da calúnia, mas não se quebra.

É preciso imitar Susana, não se pode entregar aos perversos; você não é objeto e muito menos mercadoria.

Susana gritou, mas os juizes impuros gritaram também contra ela (Cfr. Dn 13, 24). Às vezes acontece de você “gritar” contra os caluniadores, isto é, de tomar uma atitude de se defender, de provar a sua inocência, mas eles continuam a te caluniar, isto é, “gritam” juntos e querem que o mal prevaleça, querem te sufocar moralmente, trabalham continuamente para lançar a sua honra na lama. Diante da resistência maligna do caluniador, é preciso continuar se defendendo: “Todos gozam de um direito natural à honra do próprio nome, à sua reputação e ao seu respeito(Catecismo da Igreja Católica, 2479).

Ninguém dos seus a defendeu. Em Daniel 13, 27-40 diz que os empregados sentiram-se profundamente envergonhados; reuniram na casa de Joaquim, seu esposo, chamaram os pais de Susana, filhos e parentes, e todos permaneceram em silêncio.

Os anciãos ainda tiveram a coragem de mandar retirar o véu que cobria o rosto de Susana para poderem fartar-se de sua beleza, e ninguém se opôs.

Diante do povo, os dois juizes malignos e caluniadores, contaram que haviam pego Susana com um rapaz no jardim , e no versículo 41 diz que o povo acreditou neles: “A assembléia creu neles, pois eram anciãos do povo e juizes. E julgaram-na ré de morte”.

Pobre Susana, quanto sofrimento, quanta decepção com as pessoas, principalmente com os conhecidos, ninguém a defende. Ela, a bela, delicada e temente a Deus está só.

Às vezes já aconteceu contigo ou poderá acontecer, de precisar da ajuda de algum parente ou amigo para te defender diante de caluniadores, e encontrar todos com as costas viradas. Caso aconteça isso contigo, não se desespere e não se entregue, mas olhe para o alto e peça com confiança a ajuda do Deus Altíssimo, a exemplo de Susana: “Ó Deus Eterno, que conheces as coisas ocultas, que sabes todas as coisas antes de sua origem, Tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim. Eis, pois, que vou morrer; não tendo feito nada do que estes maldosamente inventaram a meu respeito(Dn 13, 42-44). Ela não recebeu o apoio dos familiares e amigos, mas recorreu a Deus e foi atendida: “E o Senhor escutou a sua voz(Dn 13, 44).

Enquanto Susana era conduzida à lapidação, Deus suscitou o profeta Daniel para salvá-la (Cfr. Dn 13, 45).

Daniel: homem justo, caridoso, prudente e sincero, chamou os filhos de Israel de insensatos, porque condenaram Susana sem julgamento e sem conhecimento claro, e o mesmo disse que era falso o testemunho que os anciãos levantaram contra ela (Cfr. Dn 13, 49).

Hoje, são milhares aqueles que são condenados injustamente, que são obrigados a carregarem o peso da calúnia sobre os ombros por anos e anos, raramente aparece um “Daniel” para ajudar-lhes.

Daniel pediu que separassem os anciãos um do outro para serem julgados. Ele perguntou ao primeiro: “… dize-nos debaixo de que árvore os viste entretendo-se juntos(Dn 13, 54), e o velho mentiroso e caluniador lhe respondeu: “Debaixo de um lentisco(Dn 13, 54). E Daniel, indignado diante de tal resposta lhe disse: “Mentiste perfeitamente, contra a tua própria cabeça! Pois o anjo de Deus, já tendo recebido a sentença da parte de Deus, te rachará pelo meio(Dn 13, 55).

Daniel mandou chamar o segundo velho mentiroso e lhe fez a mesma pergunta: “… dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste entretendo-se juntos (Dn 13, 58), e o velho caluniador respondeu: “Debaixo de um carvalho(Dn 13, 58). E Daniel lhe disse: “Mentistes perfeitamente, tu também, contra a tua própria cabeça. Pois o anjo de Deus está esperando, com a espada na mão, para te cortar pelo meio, a fim de acabar convosco(Dn 13, 59).

Diante da atitude justa de Daniel, a assembléia acordou e clamou em alta voz: “… bendizendo ao Deus que salva os que nele esperam (Dn 13, 60). Realmente! Feliz daquele que confia em Deus, porque o homem é sempre volúvel e misterioso.

Se os caluniadores fossem julgados com rigor e justiça, como o fez Daniel, com certeza o mundo seria melhor e não existiria tanta injustiça e crime entre as pessoas.

Os anciãos foram condenados à morte: “Mataram-nos, portanto, e assim foi poupado o sangue inocente, naquele dia(Dn 13, 62).

Aqueles que não tiveram boca e coragem para defendê-la, agora louvam a Deus pela inocência da mesma: “Então Helcias e sua mulher elevaram um hino a Deus por causa de sua filha Susana, com Joaquim seu marido, e todos os seus parentes, porque nada de torpe havia sido encontrado nela (Dn 13, 63).

Se a boca do fofoqueiro merece ser chamada de boca de lixo, que nome dar então para a boca do caluniador?

Santo Afonso Maria de Ligório escreve: “O caluniador torna-se responsável por todo o prejuízo desonesto de sua difamação”.

Lembre-se caluniador de que a calúnia é pecado mortal: “A calúnia é um pecado grave por sua própria natureza, pois lesa a justiça e a caridade (Bernhard Haring).

Se você caluniador não mudar de vida, não será rachado pelo meio como aconteceu com o primeiro ancião mentiroso, nem cortado pelo meio como aconteceu com o segundo, mas será “assado” nas chamas do inferno eterno.

 

Oração: Ó Pai de Amor e rico em Misericórdia, assim como ouvistes as preces de Susana e a livrastes das garras dos anciãos mentirosos e caluniadores; livrai-nos daquelas pessoas que maquinam dia e noite contra a nossa vida, tentando lançar a nossa honra pelo chão.

Senhor, enchei o nosso coração de paciência e caridade para suportarmos as calúnias e termos força e ânimo de rezar pelos caluniadores.

Ó Amado Deus, não deixe que o caluniador se perca, purifique o seu coração e dai-lhe o verdadeiro arrependimento. Lace-o com o Vosso Amor e ilumine-o para que caminhe somente pela estrada da caridade. Amém!

 

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04 - O comodismo na vida espiritual

 

Passei junto ao campo do preguiçoso, pela vinha de um homem sem juízo: Eis que tudo estava cheio de urtigas, sua superfície coberta de espinhos e seu muro de pedras em ruínas (Pr 24, 30-31).

 

Olha o campo do preguiçoso; que estrago, que vazio! Ele não se preocupa com o seu “campo”, isto é, com a sua alma, deixa a mesma ser invadida por “ervas daninhas” e por “insetos”. O ócio espiritual tomou conta de seu coração, e ele vive adormecido em sua poltrona.

Ó preguiçoso! Acorda enquanto é tempo; cuida do seu “campo”, isto é, da sua alma imortal, porque o tempo passa e a vida é breve.

Existem milhões de pessoas que vivem como se não possuíssem uma alma imortal; cuidam somente do corpo, até parece que o imortal é ele, e não a alma: “Riquezas, dignidades, prazeres deste mundo, deixam após si pesos e remorsos(São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3).

O homem ocioso não se preocupa com o “campo” que é a sua alma, como se fosse um porco de engorda, olha somente para baixo, para a lama que o mundo oferece; e por agir dessa forma, Cristo não habita em sua alma e o prejuízo para o seu “campo” é irreparável: “Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra e desprezo, repleta de toda espécie de imundícia. Também a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia (Das Homilias atribuídas ao bispo São Macário. Hom, 28: PG 34, 710-711).

Infeliz do preguiçoso, daquele que não se preocupa em cultivar o seu “campo”, isto é, a sua alma, que vive de braços cruzados e que não se esforça para crescer espiritualmente; esse jamais gozará da felicidade eterna, justamente porque não lutou para salvar a alma: “A obra de minha salvação é, por conseguinte, o meu primeiro dever, enquanto tudo o mais não passa de bagatela(São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3).

A alma daquele que não se esforça para crescer na santidade é invadida pelas urtigas das paixões e pelos espinhos das más relações; e o muro da fortaleza já não existe mais, porque, devido a sua ociosidade, o mesmo caiu por terra, não ficando “pedra” sobre “pedra”.

Infeliz daquele que vive ociosamente na vida espiritual, que empurra a vida ao invés de vivê-la santamente e com fervor, esse merece ser chamado de louco: “Aquele que não se preocupa com a salvação da alma é louco (São Filipe Néri).

É preciso acordar o preguiçoso, é preciso aconselhá-lo a cuidar melhor do seu “campo”, isto é, de sua alma imortal, lembrando-o de que alma ele só possui uma, e perdido essa, tudo está perdido.

Não se pode deixar o preguiçoso viver acomodado em sua poltrona, é preciso sacudi-lo enquanto é tempo, porque os minutos que ele perde com as coisas da terra não voltarão mais: “De poucos palmos vós fizestes os meus dias… (Sl 38, 6).

Quem não trabalha pela salvação da alma se nivela aos animais irracionais, vive se arrastando e não possui a paz que vem do alto.

O preguiçoso que não se preocupa com a sua lavoura, deixa a erva daninha crescer e sufocá-la, os insetos picam a plantação causando-lhe grande dano e os animais pisam-na porque não existe mais a cerca de proteção; e mesmo diante de tão grande prejuízo, o preguiçoso continua a dormir.

Aquele que vive no ócio espiritual possui uma alma aberta, ou melhor, escancarada para o mundo, e assim, os vícios e os pecados invadem-na causando-lhe grande destruição.

O ocioso espiritualmente possui tempo para dialogar com as criaturas, joga o tempo e palavras fora, mas não reserva sequer, um minuto para Deus. Os trechos bíblicos: “Orai sem cessar(1 Ts 5, 17), e: “… saboreai as coisas que são lá de cima, não as da terra(Cl 3, 2), causa arrepios no ocioso e deixa-o enojado, porque a sua única preocupação é correr atrás dos bens terrenos, é entesourar aquilo que passa.

 

Oração: Ó Senhor, Tu és o Deus Eterno, ajude-nos a cuidar zelosamente de nossa alma imortal, que o ócio espiritual não encontre lugar em nosso coração.

Querido Pai, dai-nos ânimo para vivermos atentos, como bons vigias, em relação a nossa alma, que nenhuma erva daninha do vício cresça nela, e que nenhum inseto do pecado entre na mesma para prejudicá-la.

Ó Senhor, quão infeliz é aquele que descuida da salvação de sua alma para se dedicar somente àquilo que é passageiro; esse, se não acordar a tempo, jamais O contemplará na Eternidade Feliz.

Senhor, dai-nos força e coragem para afastarmos do nosso campo, isto é, da nossa alma, tudo aquilo que possa prejudicá-la. Amém!

 

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05 - O amor vence as barreiras

 

E cada dia, no Templo e pelas casas, não cessavam de ensinar e de anunciar a Boa Nova de Cristo Jesus (At 5, 42).

 

Vejam os Apóstolos, com que rapidez vão de casa em casa pregando a Boa Nova de Cristo Jesus. O que os levam a pregar com tanto fervor e coragem a Cristo Jesus? É o amor a Nosso Senhor e o desejo ardente de salvar as almas.

Aquele que possui o verdadeiro amor não conhece barreiras, e se por acaso elas surgirem, o mesmo a contorna ou passa sobre a mesma.

Os Apóstolos não viviam em uma região fácil e aberta para Nosso Senhor, pelo contrário, viviam sob terrível perseguição: “Chamaram os Apóstolos à sua presença e, depois de os mandarem açoitar, ordenaram-lhes que não falassem no nome de Jesus, dando-lhes depois a liberdade (At 5, 40).

Por que foram açoitados? Haviam cometido algum mal? Não; porque estavam pregando a Santa Doutrina ensinada pelo Senhor Deus.

As chicotadas deixaram marcas em seus corpos, mas não em suas almas; com certeza jorrou sangue, mas as mesmas não conseguiram arrancar o amor que reinava em seus corações.

Nesse mundo moderno e vazio, onde o pecado é exaltado e a virtude é pisada, aquele que se decide trabalhar com seriedade para a glória de Deus e pelo bem das almas também é açoitado, não com varas ou cordas, e sim, pelo chicote da língua daqueles que não crêem na Vida Eterna. Como aconteceu com os Apóstolos que não desanimaram diante dos açoites, também a língua dos perversos não consegue apagar o fervor daqueles que possuem um verdadeiro amor por Nosso Senhor, e os mesmos continuam a trabalharem com mais empenho: “Uma alma inflamada do amor de Deus não consegue ficar inativa (Santa Teresinha do Menino Jesus).

É preciso imitar o exemplo e a fortaleza dos apóstolos; quando se trata de agradar a Deus e de salvar as almas, não devemos nos intimidar nem desanimar, e sim, lutar com coragem sem olhar o tamanho dos obstáculos: “O zelo é uma loucura divina de apóstolo, que te desejo, e que tem estes sintomas: fome de intimidade com o Mestre; preocupação constante pelas almas; perseverança que nada faz desfalecer (São Josemaría Escrivá, Caminho, 934).

O amor dos Apóstolos era qual fogo que ardia em seus corações, e mesmo sob ameaças e correndo grande perigo de serem presos ou mortos, não ficavam no “buraco” do comodismo nem na “poltronice” da boa vida, e sim, pregavam a Boa Nova de casa em casa todos os dias.

Quão grande deve ser o nosso amor a Cristo Jesus e às almas, ele deve ser um sino que tine o tempo todo nos convidando a pescar, não peixes, e sim, almas imortais. Quando se trata de trabalhar para a glória de Deus, não optemos pelo mais fácil ou mais cômodo, mas lembremo-nos de que onde as trevas estão reinando é que precisa de luz.

É preciso evangelizar de casa em casa, não deixemos nenhuma para trás, precisamos dizer a todos que Cristo é o Senhor, que a alma é imortal, que temos o inferno a evitar e o céu a conquistar; não deixemos ninguém indiferente, mas “incendiemos” a todos com a Santa Doutrina Católica.

É preciso evangelizar com fidelidade, não pender para a direita nem para a esquerda, é preciso pregar a pura Doutrina da Igreja Católica.

Em At 5, 42 diz que os Apóstolos ensinavam e anunciavam a Boa Nova de Cristo Jesus; está claro que não se envolviam com política nem adulteravam a Palavra de Deus, por isso, pregavam com convicção e colhiam copiosos frutos.

Aquele que possui a verdade ensina com convicção, entusiasmo e coragem, porque, sabe que nada o deterá; do seu interior brota uma força que o faz vencer todas as barreiras.

O amor vence as barreiras, não somente algumas, mas vence a todas: “pisa” o respeito humano, “decapita” os perseguidores do bem, “corta” a língua dos caluniadores, “lacra” os olhos dos inimigos, “arranca” o coração dos que tramam o mal contra os filhos de Deus, etc.; o amor é um “fogo” que aquece continuamente o coração daqueles que trabalham pela salvação das almas. Aquele que não ama carrega no seu interior uma tocha apagada, e assim, não consegue iluminar nem aquecer os corações.

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Palavra de Deus: Lâmpada para os nossos passos”

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