27 de
março de 2019
OS
FILHOS E FILHAS DA
PAIXÃO
DE JESUS DEVEM
CARREGAR A CRUZ ATÉ O FIM
1ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“Então disse Jesus aos seus
discípulos...” Em
Mc 8, 34 diz: “Chamando a
multidão, juntamente com seus discípulos, disse-lhes...”
Em Lc 9, 23 diz: “Dizia
ele a todos...”
Jesus Cristo, o Senhor que
sofreu desde o ventre de sua Santíssima Mãe, não dispensou
ninguém do caminho da cruz. Ele disse para os
Apóstolos, Discípulos e multidão que o ouvia... está
claro que Ele disse para todos: consagrados, crianças,
adolescentes, jovens, adultos e idosos... disse a
todos, sem exceção.
O único caminho para o céu é
o da cruz... se existisse outro caminho, com certeza Jesus
Cristo o teria indicado:
“Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz
à Vida. E poucos são os que o encontram”
(Mt 7, 14).
Jesus Cristo, Deus
verdadeiro, não engana os seus seguidores. Ele convida os
seus amigos para percorrerem o caminho da cruz... caminho
seguro que conduz ao céu: “Um
cristão, mais do que qualquer outra pessoa, deve contar
sempre e por toda a parte com a cruz e o sofrimento... Se
pertencêssemos ao mundo, este amar-nos-ia,
mas, porque não somos do mundo, ele nos odeia... A
experiência e a Sagrada Escritura mostram-nos assim a
realidade da dor; daí que esta não nos deva encontrar
desprevenidos. Esperar a dor é já uma vantagem que lhe lima
as arestas mais duras. A fé diz-nos qual é o sentido e
finalidade do sofrimento, e assim achamo-nos perante a vida
em condições muito diferentes das daqueles que não gozam da
luz da fé. Como é difícil a vida para aqueles que nada sabem
da Revelação e por isso não conseguem compreender o
sofrimento!” (Pe. Richard Gräf, O cristão
e a dor).
Aquele que afirma que não
foi chamado para percorrer o caminho da cruz chama a Jesus
Cristo de mentiroso e caminha para a perdição eterna, porque
longe da cruz não há salvação:
“Na cruz estão a salvação e a vida, na cruz a proteção
contra nossos inimigos”
(Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, Livro II,
Capítulo XII, 2).
|
2ª
Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“Então disse Jesus aos seus
discípulos...” Em
Mc 8, 34 diz: “Chamando a
multidão, juntamente com seus discípulos, disse-lhes...”
Em Lc 9, 23 diz: “Dizia
ele a todos...”
Jesus Cristo, Deus
verdadeiro, disse aos discípulos (Mt 16,
24)... disse para a multidão e para os
discípulos (Mc 8, 34)... disse a
todos (Lc 9, 23). Nosso Senhor não deixou
ninguém às “margens” da cruz... fora desse
único caminho para o céu: “Não se
pode salvar sem sofrer, querer amar a Deus sem sofrer é
ilusão” (Santa
Margarida Maria Alacoque, Escritos).
Nosso Senhor Jesus Cristo
indica o caminho da cruz... o caminho do céu... Ele convida,
mas não nos obriga. O religioso do Instituto deve
agradecer a Jesus por esse convite e abrir o coração... ser
dócil ao seu chamado... sem colocar obstáculo... sem
murmurar... sem reclamar.
Infelizmente, muitos
consagrados e consagradas voltam as costas para o convite do
Senhor, querem servi-lo longe do caminho da cruz, da
renúncia e do sacrifício. Os religiosos do nosso Instituto
devem aceitar o convite de Jesus Cristo com alegria, fé,
fervor e disponibilidade... devem consumir-se pelo Senhor
que deu a vida por nós: “O
cristão que se poupa, que calcula para dar a Deus o mínimo
indispensável, de modo a não lhe ser traidor, que vive
procurando antes fugir da cruz que carregá-la, antes
defender-se que renunciar-se, antes salvar a própria vida
que sacrificá-la, não é discípulo de Cristo. Se não nos é
dado testemunhar nosso amor e nossa fé com o martírio do
sangue, devemos, todavia, testemunhá-los abraçando com
generoso coração todos os deveres que o seguimento de Cristo
impõe, sem recuar perante o sacrifício”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade
Divina, 298).
Aqueles que buscam uma
vida fácil, de “poltronice”, de comodismo... não
foram chamados pelo Senhor; mas sim, entraram pela
“janela” como ladrões para escandalizar os fiéis.
Todos foram chamados por
Jesus Cristo para percorrerem o caminho da cruz... não
somente os consagrados e consagradas, mas também os leigos.
Nós, filhos e filhas da Paixão do Senhor e das dores de
Nossa Senhora, devemos dar o bom exemplo, inclinando a
cabeça diante do convite do Salvador que sabe muito bem o
que é melhor para a nossa santificação e salvação. Ele não
quer um fogo de palha; mas sim, uma decisão firme em
segui-lo: “Jesus não pede um
entusiasmo passageiro, nem uma dedicação momentânea; o que
pede é a renúncia de si mesmo, o carregar cada um com a sua
cruz e segui-lo”
(Edições Theologica).
|
3ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“Se alguém quer vir após mim...”
O mesmo está em Mc 8, 34; Lc 9, 23.
Jesus Cristo, nosso
Salvador, convida cada pessoa a segui-lo, mas não obriga...
não violenta a nossa liberdade... não obriga.
Disse o Salvador:
“Se alguém quer vir após mim”.
É o mesmo que dizer:
se alguém se quer salvar, se alguém quer ter parte com
Deus na glória eterna. É uma proposta que Jesus
Cristo fez a todos os homens. O segui-lo ou não, deixa
à nossa vontade, porque não quer
forçar ninguém a entrar no céu.
Jesus Cristo
não obriga o homem a segui-lo... a amá-lo... Ele não
violenta nem força a criatura a abrir-se para a
misericórdia. Nisto consiste precisamente a grandeza e a
nobreza de Deus.
Santo Agostinho escreve:
“Ninguém é forçado, mas também
ninguém é excluído de seguir a Jesus Cristo. Para segui-lo
de fato, é necessário querer seriamente; o mero desejo é de
todo insuficiente. Deves renunciar não só às coisas ilícitas
e perigosas, mas também ao próprio juízo, às desordenadas
inclinações e à própria vontade. É este o primeiro passo
para a perfeição”.
Os religiosos do nosso
Instituto (filhos e filhas da Paixão) devem seguir a
Jesus Cristo com amor, alegria, generosidade,
convicção e perseverança. Longe de nós a
preguiça, comodismo, semblante fechado, azedume, tristeza
e outras “coisas” que não agradam ao Coração
Santíssimo de Nosso Senhor.
Jesus Cristo é o Senhor de
tudo e de todos! Ele não aceita seguidores “pesados”
e carrancudos no seu serviço. O Senhor
quer “soldados” felizes e alegres no seu “exército”.
O filho e filha da
Paixão do Senhor e das dores de Maria Santíssima
devem dizer um sim decidido, firme e alegre para o
chamado de Jesus Cristo, porque o Senhor que morreu
na cruz para nos salvar merece todo o nosso amor... merece a
nossa vida... merece todo o nosso esforço.
Ele, o Senhor da vida, diz
para todos: “Se alguém quer vir
após mim”. Está claro que Ele vai à
frente... Ele é a Luz do mundo que ilumina os passos dos
seus seguidores. Jesus convida e toma a dianteira... a
vanguarda, o primeiro lugar... O Salvador não abandona os
seus amigos fiéis, generosos e dedicados. Aquele que segue
os passos de Jesus não treme diante das dificuldades,
obstáculos e provações:
“Cristo comigo, a quem temerei? Mesmo que as ondas se agitem
contra mim, mesmo os mares, mesmo o furor dos príncipes:
tudo isto me é mais desprezível que uma aranha”
(São João Crisóstomo, Escritos).
|
4ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“Se alguém quer vir após mim...”
O mesmo está em Mc 8, 34; Lc 9, 23.
Tapar os ouvidos e fechar o
coração para o convite de Jesus Cristo é grande loucura e
terrível perigo de se condenar eternamente. Longe dos
filhos e filhas da Paixão essa rebeldia, frieza,
indiferença, ingratidão e atrevimento.
Nosso Senhor Jesus Cristo
disse: “Se alguém quer vir após
mim...” Não é uma criatura que faz esse convite;
mas sim, o Deus Eterno e todo-poderoso. Seguir a Jesus é
seguir a Deus... é seguir a Luz Eterna... é caminhar na
Verdade que liberta... é viver “mergulhado” na
Paz que o mundo não pode dar... é viver com segurança na
amizade da Vida... é percorrer o Caminho que conduz ao céu.
O religioso do nosso Instituto deve seguir a Jesus com
fidelidade, convicção e perseverança... o mesmo deve
desprezar os convites do mundo e pisar com força as suas
máximas e vaidades. Devemos dizer um sim convicto e decidido
para o Salvador.
Jesus Cristo caminha à nossa
frente, não olhemos para os lados nem para trás...
somente Nosso Senhor merece o nosso olhar. Fixemos os olhos
no Senhor que nos guia pelo caminho da salvação e da Vida
Eterna. Aquele que deixa de olhar para o Salvador, Luz do
mundo, cairá por terra.
O Decreto “Apostolicam
actuositatem”, n.º 4 diz: “O
amor de Deus que ‘foi derramado em nossos corações pelo
Espírito Santo, que nos foi dado’ (Rm 5, 5), torna os leigos
capazes de exprimir em verdade, na própria vida, o espírito
das Bem-aventuranças. Seguindo a Cristo pobre, nem se deixam
abater com a falta dos bens temporais nem se exaltam com a
sua abundância; imitando a Cristo humilde, não são cobiçosos
da glória vã (Gl 5, 26), mas procuram mais agradar a Deus
que aos homens, sempre dispostos a deixar tudo por Cristo (Lc
14, 26) e a sofrer perseguição pela justiça (Mt 5, 10),
lembrados da palavra do Senhor: ‘se alguém quiser seguir-me,
abnegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me’ (Mt 16,
24)”.
Jesus Cristo, o Deus
da verdade, não obriga ninguém a segui-lo pelo caminho da
cruz. É
grande estupidez, grosseria e indelicadeza, servir ao Senhor
da verdadeira liberdade com murmuração, revolta,
pessimismo, reclamação e preguiça. Quem quiser entrar no
nosso Instituto deve seguir a Cristo Jesus de coração, isto
é, com alegria, disponibilidade e generosidade... não
queremos ninguém se arrastando atrás de Jesus Cristo.
É grande cegueira seguir a
Cristo Jesus cobiçando o comodismo e
vida fácil! Aquele que não quer servir a Jesus
de todo o coração não serve para o nosso Instituto.
|
5ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“Se alguém quer vir após mim...”
O mesmo está em Mc 8, 34; Lc 9, 23.
Os filhos e filhas da
Paixão de Jesus devem dizer sempre sim para Deus,
principalmente quando surgirem dificuldades pelo caminho...
não recuarem nem retrocederem diante das “muralhas” das
provações. É
preciso fixar os olhos no único Senhor que pode nos
sustentar nas horas difíceis.
Quando Jesus Cristo disse:
“Se alguém quer vir após mim...”,
tinha presente que o cumprimento da sua missão o levaria
à morte de cruz; por isso, fala claramente da sua Paixão
(Mc 8, 31-32). Mas também a vida cristã, vivida
como se deve viver, com todas as suas exigências, é uma cruz
que se deve levar em seguimento a Jesus Cristo.
As palavras de Jesus, que
devem ter parecido assustadoras àqueles que as escutaram,
dão a medida do que Cristo exige para segui-lo. Jesus
Cristo não pede um entusiasmo passageiro, nem uma dedicação
momentânea; o que pede é a renúncia de si mesmo, o carregar
cada um com a sua cruz e o segui-lo. Porque a meta que o
Senhor quer para os homens é a vida eterna. Toda
esta passagem evangélica está contemplando precisamente o
destino eterno do homem. À luz dessa vida eterna é que deve
ser avaliada a vida presente: esta não tem um caráter
definitivo nem absoluto, mas é transitória, relativa; é um
meio para conseguir aquela vida definitiva do Céu:
“Tudo isso, que te preocupa de
momento, é mais ou menos importante. – O que importa acima
de tudo é que sejas feliz, que te salves”
(São Josemaría Escrivá, Caminho, n.º 297).
Esse mesmo santo ainda diz: “Há
no ambiente uma espécie de medo da Cruz, da Cruz do Senhor.
Tudo porque começaram a chamar cruzes a todas as coisas
desagradáveis que acontecem na vida, e não sabem aceitá-las
com sentido de filhos de Deus, como visão sobrenatural. Até
tiram as cruzes que os nossos avós levantaram nos caminhos!
Na Paixão, a Cruz deixou de ser símbolo de castigo para se
converter em sinal de vitória. A Cruz é o emblema do
Redentor, ali está a nossa salvação, a nossa vida e a nossa
ressurreição”
(Via-sacra, II, n.º 5).
O religioso do
Instituto deve seguir a Cristo Jesus com convicção, fé,
coragem e valentia...
sem olhar para as facilidades oferecidas pelo mundo... deve
tapar os ouvidos para o convite dos amigos da vida fácil e
cômoda... fechar os olhos para as coisas passageiras e
caducas desse mundo.
Seguir a Jesus é seguir a
verdade! Seguir o Salvador é caminhar com segurança!
|
6ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“Se alguém quer vir após mim...”
O mesmo está em Mc 8, 34; Lc 9, 23.
Jesus Cristo não obriga
ninguém a segui-lo: “Se alguém
quer vir após mim...”
Diante dessa
“liberdade” dada pelo Senhor, é proibido
ingressar ou permanecer no nosso Instituto religiosos e
religiosas que servem a Deus de má vontade, revolta,
semblantes carregados, pessimismo, se arrastando e sedentos
por uma vida cômoda e de “poltronice”. Esses religiosos e
religiosas que servem a Deus de má vontade envenenam todo o
ambiente e esfria os corações. A permanência dessas
pessoas na vida religiosa causa grande prejuízo para as
pessoas que seguem verdadeiramente a Deus.
O religioso do nosso
Instituto deve seguir a Cristo Jesus com fidelidade, amor e
fé. Ele
disse: “... após mim...”
Nosso Senhor não disse “após” o mundo, as
vaidades, as coisas caducas e passageiras da terra...
“após” o comodismo, vida fácil, a própria vontade,
os próprios interesses... “após” segundas
intenções e outros.
Cada membro do nosso
Instituto deve fixar os olhos em Cristo Jesus e segui-lo
imitando o seu exemplo:
“Tornai-vos, pois, imitadores de Deus, como filhos amados, e
andai em amor, assim como Cristo também nos amou e se
entregou por nós a Deus, como oferta e sacrifício de odor
suave” (Ef 5, 1-2).
Jesus Cristo, Deus Eterno, vai à nossa frente para nos
proteger... nada nesse mundo pode impedir o progresso
do filho da Paixão.
Aquele que quiser seguir a
Cristo Jesus deve desprezar a vida cômoda e os prazeres
desse mundo, porque Jesus é um Deus ciumento e não aceita um
coração dividido com as coisas desse mundo.
Poder escolher a Cristo ou o
demônio... a Luz ou as trevas... a salvação ou a
condenação... a alegria ou a tristeza... o céu ou o
inferno... a decisão é nossa... o Salvador nos deixa livre:
“Se alguém quer vir após mim...”
Seremos julgados na hora da morte sobre as oportunidades
jogadas fora e por ter dito não ao chamado de Deus... mas o
Senhor nos deixa livres.
|
7ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“... negue-se a si mesmo...”
O mesmo está em Mc 8, 34. Em Lc 9, 23 diz:
“... renuncie a si mesmo...”
O Pe. Alexandrino Monteiro
comenta: “Renuncie a si mesmo’ –
Negar-se a si mesmo o que é? É dizer ‘não’ aos gostos e
inclinações terrenas do nosso coração. Negar-se a si mesmo é
não guiar-se alguém pelos conselhos de sua natureza
depravada, mas pelos ditames da razão alumiada com a luz da
fé. Negar-se a si mesmo é não dar ouvido às vozes que do
interior se levantam, pedindo prazeres e deleites sensuais e
satisfação completa de todos os apetites desordenados”
(Raios de luz).
O Bem-aventurado Charles de
Foucauld diz:
“Ó Senhor, ser
vosso discípulo significa ser todo vosso, pertencer-vos
plenamente, estar perfeitamente unido a vós, formar convosco
uma só coisa. Não vivemos mais, porém, viverdes vós em nós
significa a união perfeita convosco. Ó meu Deus, como devo
desejar ser vosso discípulo! Eis a maior glória que posso
dar-vos!... Ó Senhor, ajudai-me a fazer o que para isso é
necessário... Renegar a mim mesmo para servir-vos; que
significa? Significa esquecer-me, fazer abstração de mim, já
não me ocupar comigo... como se não existisse. Então, não
mais terei interesses nem conveniências, nem gostos, nem
vontades, nem nada mais! Já não existo, não cuido de mim...
Esqueço-me completamente. Mas, ó Senhor, se já não busco meu
bem, então nada mais buscarei absolutamente? Este coração,
esta inteligência vazios de si, continuarão assim vazios?...
Não! Nem por um instante sequer! Se me esvazio de mim é para
ser invadido por vós, Deus meu! Se me esqueço, é para só
pensar em vós” (Meditazioni sul vangelo, Op. sp.,
p. 231).
Para pertencer totalmente a
Jesus Cristo é preciso negar a si mesmo... renunciar a si
mesmo. Um coração apegado aos próprios caprichos não pode
pertencer a Deus... não tem espaço nele para o Senhor que
não aceita um coração dividido:
“Quem quiser seguir a Jesus mais de perto, despoje-se de bom
grado, por seu amor, do apego às riquezas, ao bem-estar
material, renuncie de bom grado às comodidades, ao
supérfluo” (Pe. Gabriel de Santa Maria
Madalena, Intimidade Divina, 32, 2).
O religioso do nosso
Instituto deve viver somente para Deus!
Quem corre atrás das coisas
passageiras se afasta da verdadeira riqueza que é Deus:
“Senhor e Deus meu, o hábito de
correr atrás das vaidades, e o exemplo de um mundo que só
disto trata, põem tudo a perder” (Santa
Teresa de Jesus, Moradas II, 4-6).
|
8ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“... negue-se a si mesmo...”
O mesmo está em Mc 8, 34. Em Lc 9, 23 diz:
“... renuncie a si mesmo...”
O filho e filha da
Paixão de Jesus Cristo e das dores de Maria Santíssima devem
possuir um verdadeiro e grande amor a Deus... amor que não
recua... não retrocede; mas sim, avança com valentia,
ousadia e firmeza pelo caminho da santidade e da perfeição.
Ninguém consegue deter o coração que ama com sinceridade a
Deus.
O verdadeiro amor supera
todo obstáculo, aceita qualquer condição, abraça qualquer
renúncia para unir-se a quem ama. Se quer o homem
unir-se a Deus, deve percorrer um caminho semelhante ao
percorrido pelo Verbo para unir-se à natureza humana:
caminho de prodigioso aniquilamento, de infinita humildade.
Será Deus o todo, o único
tesouro da criatura quando, para possuí-lo, souber renunciar
a todo bem terreno e até a si mesma em espírito de pobreza e
de humildade perfeita. Ante o aniquilamento do Verbo Eterno,
não nos pode parecer demasiado duro ou exigente este
programa. Para quem ama a Deus, nada há mais
espontâneo e desejável que segui-lo e conformar-se com Ele.
Para corresponder ao seu infinito amor e demonstrar-lhe o
nosso, não é demais decidir-nos a despojar-nos generosamente
de tudo o que pode criar dissemelhança com Ele, ou diminuir
a comunhão com Ele. Precisamos despojar-nos, sobretudo, do
egoísmo, do orgulho, da vaidade, da pretensão de fazer-nos
valer. Que flagrante contraste entre as vãs exigências do
homem e a comovedora humildade do Verbo Encarnado!
“Tende em vós os mesmos sentimentos
de Cristo Jesus. Ele, de natureza divina... aniquilou-se a
si mesmo” (Fl 2,
5-7).
Quem quiser seguir a
Jesus de perto, despoje-se de bom grado, por seu amor, do
apego às riquezas, ao bem-estar material, renuncie de bom
grado às comodidades, ao supérfluo.
O voto ou a promessa de pobreza obrigam, de modo especial, a
este desapego. Mas mesmo sem estar ligado por esses
vínculos, quem poderia levar, tranquilamente, vida cômoda,
quando o Filho de Deus quis abraçar tanta pobreza e tantos
incômodos? (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena,
Intimidade Divina).
O religioso do nosso
Instituto deve esvaziar o coração de tudo aquilo que não
agrada a Deus, que se torna obstáculo entre ele e o
Salvador. Aquele que se apega às coisas caducas e
passageiras da terra não pode permanecer no nosso Instituto.
Deus quer que o nosso coração seja somente d’Ele e de
mais ninguém.
|
9ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“... negue-se a si mesmo...”
O mesmo está em Mc 8, 34. Em Lc 9, 23 diz:
“... renuncie a si mesmo...”
Os religiosos do nosso
Instituto, sacerdotes, irmãos e irmãs, estão terminantemente
proibidos de “criar” pequenos ou grandes ídolos no “altar”
do coração.
Devemos aceitar somente Deus no nosso coração e dizer não
para as coisas caducas e passageiras desse mundo inimigo de
Deus e das almas imortais: “O
primeiro ídolo, o cria em si mesmo, na medida em que procura
alimentar o egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição ou o
desordenado desejo de afeto”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade
Divina).
Infeliz do religioso que
despreza o Criador para se inclinar diante das criaturas.
Qualquer apego voluntário, ainda que mínimo, é laço que
detém o homem no voo para Deus e lhe impede a perfeita união
com Ele: “Pouco importa ser fino
ou grosso o fio que amarra o passarinho, porque, em ambos os
casos, está igualmente preso, enquanto não o romper. Verdade
é ser mais fácil romper o fino, todavia, se não o romper,
não poderá o pássaro voar”
(São João da Cruz). É
a condição de muitas criaturas que, embora desejando dar-se
a Deus, deixam-se amarrar por tantos apegos e hábitos
imperfeitos. Só a renúncia generosa pode romper esses laços
e dar-lhes a plena liberdade de espírito.
Para seguir a Jesus Cristo
devemos expulsar do nosso coração tudo aquilo que o
desagrada: “Nega a si mesmo
aquele que abandona a má vida e começa a ser o que não era e
deixa de ser o que era”
(São Gregório Magno, homiliae in Hiezechihelem
prophetam, hom. 10),
e: “Nega a si mesmo também
aquele que pisa o seu orgulho e se apresenta limpo diante
dos olhos de Deus”
(Idem., Moralia, 23).
Deus quer o nosso coração
inteiro para Ele... o Senhor não aceita um coração dividido
com o que passa. Deus promete cem vezes mais aqui nesse
mundo e depois da morte a Vida Eterna; mas o seu amor é
exigente... Ele não aceita um coração “adorador”
das criaturas... Nosso Senhor é generoso, mas é exigente:
“Oferece Jesus a abundância da vida,
mas pede a generosidade da adesão, a totalidade do amor, e,
portanto, da renúncia.
Ele quer tudo: o coração, a vontade, os afetos mais caros, a
casa, os haveres e até a vida. Não podem suas palavras ser
interpretadas como simples modo de falar! São exigências
concretas de seu seguimento. Não tenhamos medo de ouvi-las,
mesmo se houvessem de transtornar a nossa vida”
(Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade
Divina).
Sem renúncia é impossível
seguir verdadeiramente a Jesus Cristo!
|
10ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“... tome a sua cruz...”
O mesmo está em Mc 8, 34. Em Lc 9, 23 diz:
“... tome a sua cruz cada dia...”
O religioso do nosso
Instituto deve carregar as cruzes de cada dia por amor a
Deus... não deve arrastá-las; mas sim, carregá-las:
“A cruz que carregamos torna-se
mais leve do que a cruz que arrastamos”
(Santa Teresa de Jesus).
Jesus Cristo disse:
“... tome a sua cruz...”
(Mt 16, 24; Mc 8, 34).
Ele não disse para arrastá-la. Nosso Senhor também
não diz para tomar a cruz uma vez por dia, duas vezes por
semana... três vezes ao mês... dez vezes ao ano...
mas todos os dias... cada dia.
“... tome a
sua cruz...”
Santo Agostinho comenta:
“Que significa: Tome a sua cruz?
Quer dizer: suporte tudo o que custa e então me siga. Na
verdade, quem começar a seguir meus exemplos e preceitos,
encontrará muitos que o critiquem, que o impeçam, que tentem
dissuadi-lo, mesmo entre os que parecem discípulos de
Cristo. Andavam com Cristo os que proibiam os cegos de
clamar por ele. Tu, portanto, no meio de ameaças ou
proibições, sejam quais forem, se quiseres seguir a Cristo,
transforma tudo em cruz: suporta, carrega e não sucumbas!”
(Sermões), e:
“‘Tome a sua cruz’: – eis a
condição sem a qual não se pode seguir a Cristo. A cruz não
falta a ninguém: é tomá-la e seguir com ela a Jesus até à
morte. Cruz é tudo que nos contraria ou torna a vida
difícil. São as dores do corpo, tédio e agonia da alma,
reveses da fortuna, estragos do tempo, prejuízos do inimigo,
tudo, enfim, que nos aflige, tudo que nos arranca lágrimas e
aperta o coração. Estas cruzes hei de recebê-las com ânimo
generoso, abraçá-las com regozijo, pois são mimos com que
Deus me visita. ‘Toma a sua cruz’ – nos diz a todos Jesus
Cristo – porque o discípulo não é mais que seu mestre, nem o
servo mais que seu senhor; porque se foi necessário que
Jesus a carregasse para entrar na sua glória, muito mais nos
é necessário a nós levá-la para podermos entrar numa glória,
que só o combate nos fará nossa”
(Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz).
Quem “briga”
com a cruz não pode permanecer no nosso Instituto. A cruz é
a “chave” do céu... quem foge da cruz e
“briga” com a mesma não se salvará.
Não fomos chamados por Deus
para vivermos em berços de ouro ou em caixinhas de algodão;
pelo contrário, fomos chamados para seguir o Servo
sofredor pela porta estreita e pelo caminho apertado
(Mt 7, 13-14).
|
11ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“... tome a sua cruz...”
O mesmo está em Mc 8, 34. Em Lc 9, 23 diz:
“... tome a sua cruz cada dia...”
O filho e filha da
Sagrada Paixão de Jesus Cristo devem saber que longe da cruz
não há santidade nem salvação... que não existe outro
caminho para o céu longe da cruz do Senhor.
É perda de tempo buscar a santidade longe do Calvário...
distante de Cristo crucificado. O religioso que sofre com
paciência e por amor a Deus alcançará a salvação da alma;
mas o religioso que se revoltar contra a cruz e buscar uma
vida de comodismo e “poltronice” se condenará ao
inferno: “É preciso sofrer e
todos têm de sofrer; seja justo ou pecador, cada um deve
carregar sua cruz. Quem a carrega com paciência, salva-se;
quem a carrega com impaciência, perde-se. As mesmas
misérias levam alguns para o céu, e outros para o inferno.
Com a prova do sofrimento se distingue a palha do trigo, na
Igreja de Deus: quem se humilha nos
sofrimentos e se submete à vontade de Deus é trigo
destinado ao céu; quem é soberbo e fica impaciente, a ponto
de voltar as costas para Deus, é palha que é destinada ao
inferno” (Santo
Afonso Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo).
O religioso do
Instituto deve carregar a cruz por amor a Deus... carregar
sem arrastá-la.
Quem carrega a cruz com paciência cresce na santidade e
caminha para o céu com segurança; aquele que a arrasta não
pode agradar a Deus e caminha apressadamente para o inferno.
Não podemos aceitar no
nosso Instituto pessoas apáticas, relaxadas, acomodadas e
amigas da vida fácil...
não podemos “colecionar” ursinhos de pelúcia no nosso
“exército”: “Nosso
Senhor é o nosso modelo: tomemos nossa cruz e sigamo-lo. Se
o bom Deus nos envia cruzes, desanimamos, nos queixamos,
murmuramos, somos de tal modo inimigos de tudo o que nos
contraria, que gostaríamos de estar sempre numa caixa de
algodão. No vosso batismo aceitastes uma cruz que só deveis
deixar com a morte. Acaso a vida de um bom cristão pode ser
algo de diferente do que aquela”
(São João Maria Vianney, Sermões).
É vontade de Deus que
percorramos com paciência, alegria, paz e serenidade o
caminho da cruz. Devemos carregar as cruzes de cada dia sem
abandoná-las à beira do caminho. É muito perigoso escolher
as cruzes... devemos abraçar todas com o coração e com a
alma, isto é, com alegria e por amor a Deus... sofrendo para
agradar a Deus que merece todo o nosso amor.
O religioso que sofre
com impaciência, revolta, semblante carregado... não pode
permanecer no nosso Instituto... não foi chamado por Deus
para ser missionário no nosso “exército”. Esse tipo de gente
é um balde de água gelada numa comunidade.
|
12ª Reflexão |
Em Mt 16, 24 diz:
“... e siga-me...” O
mesmo está em Mc 8, 34; Lc 9, 23.
Não basta tomar a cruz, mas
é preciso seguir com paciência, alegria e fidelidade a Jesus
Cristo que disse: “... e siga-me”.
É preciso seguir a Jesus até o fim... sem recuar nem
retroceder!
Santo Agostinho comenta:
“Esta palavra não deve ser ouvida
como dirigida apenas às virgens e não às esposas; nem só
para as viúvas e não para as casadas; nem só para os monges
e não para os maridos; nem só para os clérigos e não para os
leigos. Pois toda a Igreja, todo o corpo, todos os seus
membros, diferentes e distribuídos segundo suas próprias
tarefas, devem seguir o Cristo. Siga-o toda a Igreja que é
uma só, siga-o a pomba, siga-o a esposa, redimida e dotada
pelo sangue do Esposo. Nela encontra lugar tanto a
integridade das virgens como a castidade das viúvas e o
pudor dos casais. Estes membros, que nela encontram seu
lugar, sigam o Cristo, cada um segundo a sua vocação,
posição ou medida. Renunciem a si mesmos, isto é, não se
vangloriem; tomem a sua cruz, quer dizer, suportem no mundo,
por amor de Cristo, tudo o que lançarem contra eles. Amem o
único que não ilude, o único que não é enganado nem engana;
amem-no, porque é verdade aquilo que promete. Como suas
promessas tardam, a fé vacila. Mas sê constante,
perseverante, paciente, suporta a demora, e terás tomado a
cruz”
(Sermões), e:
“Seguir a Cristo é acompanhá-lo por
onde quer que Ele vá, ou seja para o Tabor ou para o
Calvário... Seguir a Cristo é ser cristão; o que segue a
Cristo é de Cristo; o que segue o mundo é do mundo; porém,
seguir a Cristo é seguir a verdade, seguir o mundo é seguir
o erro! Em seguir a Cristo está a felicidade”
(Pe. Alexandrino Monteiro),
e também: “Eis a obrigação de
todos os fiéis: tomar a própria cruz e seguir a Cristo até
morrer com ele e, portanto, com ele e nele ressuscitar...
Escolher a vida é seguir a Jesus, renegando a si mesmo e
levando a cruz” (Pe. Gabriel de Santa
Maria Madalena, Intimidade Divina).
O religioso do nosso
Instituto não pode pisar nem desprezar a cruz; pelo
contrário, deve carregá-la com paciência, alegria e amor...
imitando a Jesus Cristo:
“Não existe
coisa mais agradável a Deus do que sofrer com paciência e
paz todas as cruzes por ele enviadas”
(Santo Afonso Maria de Ligório),
e: “Todas as chagas do redentor
são outras tantas palavras que nos ensinam como devemos
sofrer por ele. Esta é a sabedoria dos santos, sofrer
constantemente por Jesus; assim ficaremos logo santos”
(São Francisco de Sales),
e também: “Todos os santos foram
mártires ou pela espada ou pela paciência. Nós podemos ser
mártires sem a espada, se guardarmos a paciência”
(São Gregório Magno).
|
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)
27 de março de 2019
|
Voltar
ao topo
|