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                    O BOM PASTOR 
                     (Jo 
                      10, 1-21) 
                      
            
            "1
            Em verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta no redil 
            das ovelhas, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante; 
            2 
            o que entra pela porta é o pastor das ovelhas. 
            3 
            A este o porteiro abre: as ovelhas ouvem a sua voz e ele chama as 
            suas ovelhas uma por uma e as conduz para fora. 
            4 
            Tendo feito sair todas as que são suas, caminha à frente delas e as 
            ovelhas o seguem, pois conhecem a sua voz. 
            5 Elas não 
            seguirão um estranho, mas fugirão dele, porque não conhecem a voz 
            dos estranhos. 6 
            Jesus lhes apresentou essa parábola. Eles, porém, não entenderam o 
            sentido do que lhes dizia. 
            
            7 
            Disse-lhes novamente Jesus: 'Em verdade, em verdade, vos digo: eu 
            sou a porta das ovelhas. 
            8 Todos os que 
            vieram antes de mim são ladrões e assaltantes; mas as ovelhas não os 
            ouviram. 9 
            Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e 
            sairá e encontrará pastagem. 
            10 
            O ladrão vem só para roubar e destruir. Eu vim para que tenham a 
            vida e a tenham em abundância. 
            
            11 
            Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas.
            12 
            O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê 
            o lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e 
            dispersa, 13 
            porque ele é mercenário e não se importa com as ovelhas. 
            14 
            Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas 
            me conhecem, 15 como o Pai me 
            conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas minhas ovelhas.
            16 
            Mas tenho outras ovelhas que não são deste redil: devo conduzi-las 
            também; elas ouvirão a minha voz; então haverá um só rebanho, um só 
            pastor. 17 
            Por isso o Pai me ama, porque dou minha vida para retomá-la. 
            18 
            Ninguém a tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de 
            entregá-la; esse é o mandamento que recebi do meu Pai'. 
            
            19 
            Houve novamente uma cisão entre os judeus, por causa dessas 
            palavras. 20 
            Muitos diziam: 'Ele tem um demônio! Está delirando! Por que o 
            escutais?' 21 
            Outros diziam: 'Não são de um endemoninhado essas palavras; 
            porventura um demônio pode abrir olhos de cegos?" 
              
                     
                      
              
            
            Em Jo 10, 1-2: "Em 
            verdade, em verdade, vos digo: quem não entra pela porta no redil 
            das ovelhas, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante; o que 
            entra pela porta é o pastor das ovelhas". 
            
            
             No 
            tempo de Nosso Senhor, se criava muitas ovelhas na Palestina. Esses 
            animais pastavam soltos durante o dia, os mesmos andavam muito pelas 
            planícies e montes, mas à noite, eram fechados em recintos: 
            "Um só guarda guardava 
            muitos rebanhos reunidos, até que pela manhã vinham os pastores, e 
            cada um chamava as suas ovelhas e conduzia-as a pastar consigo" (Pe. João Colombo). 
            
             
             Certas noites, o lobo faminto entrava no recinto para devorar 
            alguma ovelha. Se podia, o guarda defendia os pobres animais; mas, 
            se tinha de arriscar a própria vida, fugia para bem longe, buscando 
            refúgio num lugar seguro. E as ovelhas? Eram abandonadas! 
            
            
            Está claro que esse guarda não ama as ovelhas, ele não se preocupa 
            com a vida das mesmas; a sua única preocupação é com as suas lãs e 
            carnes, para vendê-las e fazer um bom dinheiro. 
            
            
             O bom pastor jamais age dessa maneira! Ele está pronto a dar a vida 
            por suas ovelhas: 
            "Quem é o bom pastor? O que entra pela porta da fidelidade à 
            doutrina da Igreja; o que não se comporta como um mercenário, que, 
            ao ver vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo arrebata-as e 
            faz dispersar o rebanho"
            (São Josemaría 
            Escrivá, Cristo que passa, n° 34). 
            
            É 
            preciso tomar muito cuidado com os inimigos do rebanho. Esses 
            introduzem no redil para fazer mal a partir de dentro, ou fazem-no 
            de fora, aberta e violentamente. Diante do ataque desses lobos, o 
            bom pastor não pode ficar com a boca fechada ou indiferente: 
            "Quando o pastor tem medo 
            de enfrentar falando, não é o mesmo que dar as costas, 
            calando-se?... A palavra divina censura aqueles que vêem falsidades 
            porque, por medo de corrigir as faltas, lisonjeiam os culpados com 
            vãs promessas de segurança; não revelam de modo nenhum a inquidade 
            dos pecadores porque calam a palavra de censura" 
            (Da Regra Pastoral de São 
            Gregório Magno, papa). 
            
            Dom 
            Duarte Leopoldo escreve: 
            "Entrar pela porta é ser 
            enviado por Deus, é procurar sinceramente os interesses de Deus e a 
            salvação das almas, por ordem e autoridade do próprio Deus. Os 
            ministros heréticos, por exemplo, não entram pela porta, que é o 
            Cristo, não recebem nenhuma missão. O aprisco é a Igreja, as ovelhas 
            são os fiéis" 
            (Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            
             Hoje, 
            infelizmente, muitos "pastores" estão em paróquias, não porque amam 
            as ovelhas, e sim, para buscar seus próprios interesses: arrancam as 
            lãs, devoram as carnes e bebem o leite das ovelhas, isto é, estão 
            atrás somente do dinheiro e do bem estar, mas não as protegem dos 
            inimigos: "Vejamos, 
            portanto, o que aos pastores que se apascentam a si mesmo, não às 
            ovelhas, diz a palavra divina que não adula a ninguém: 'Eis que 
            bebeis o leite e vos cobris com a lã; matais as mais gordas e não 
            apascentais minhas ovelhas" 
            (Do Sermão sobre os 
            pastores, de Santo Agostinho, bispo). 
            
            
             Em Jo 10, 3-5 diz: 
             "A este o porteiro abre: as ovelhas ouvem a sua voz e ele chama as 
            suas ovelhas uma por uma e as conduz para fora. Tendo feito sair 
            todas as que são suas, caminha à frente delas e as ovelhas o seguem, 
            pois conhecem a sua voz. Elas não seguirão um estranho, mas fugirão 
            dele, porque não conhecem a voz dos estranhos". 
            
            Dom 
            Duarte Leopoldo explica: 
            "Esta admirável e perfeita 
            descrição dos costumes pastoris é não somente poética, mas ainda de 
            uma realidade encantadora. Imagine essas longas campinas, a perder 
            de vista, com seus rebanhos, com seus pastores, e homens do campo. 
            Surpreende-se desde logo, entre o pastor, o legítimo pastor, e as 
            suas ovelhas, certa relação de intimidade. O pastor conhece a cada 
            uma pelo nome, sabe a sua história, a sua filiação, idade, etc. Ele 
            vos dirá, por exemplo,  
             que em tal dia, na volta do caminho, ao 
            entardecer, tal ovelha se feriu gravemente, e desde então ficou 
            defeituosa, apesar dos seus cuidados. Ele conhece todas as 
            circunstâncias, todas as minudências da vida de suas ovelhinhas. 
            Nada lhe escapa. Ao amanhecer sobem todos, pastor e ovelhas, para as 
            verdes campinas. Se acaso sobrevêm um perigo, o pastor dá um grito 
            característico, e, imediatamente, todas as ovelhas erguem a cabeça, 
            ouvido alerta, prestes a fugir ao primeiro sinal. Imitai, porém, 
            esse mesmo grito; nenhuma se moverá, nenhuma sequer vos dará ouvido. 
            É que não sois o pastor, mas um estranho"
            (Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            
            Nosso Senhor faz uso desta imagem, tão familiar aos Seus ouvintes, 
            para lhes mostrar um ensinamento divino: diante de vozes estranhas, 
            é necessário reconhecer a voz de Cristo: 
            "Cristo deu à Sua Igreja a 
            segurança da doutrina, a corrente de graça dos sacramentos; e 
            providenciou para que haja pessoas que nos orientem, que nos 
            conduzam, que nos recordem constantemente o caminho. Dispomos de um 
            tesouro infinito de ciência: a Palavra de Deus, guardada pela 
            Igreja; a graça de Cristo, que se administra nos Sacramentos; o 
            testemunho e o exemplo dos que vivem com retidão ao nosso lado e 
            sabem fazer das suas vidas um caminho de fidelidade a Deus"
            (São Josemaría Escrivá, Cristo que passa, n° 34). 
            
            Em Jo 10, 6 diz: 
            "Jesus lhes apresentou essa parábola. Eles, porém, não entenderam o 
            sentido do que lhes dizia". 
            
            
            Edições Theologica comenta: 
            "Cristo, com pedagogia 
            divina, desenvolve e interpreta  a imagem do pastor e do rebanho, 
            para que todos os homens, se têm boas disposições, possam chegar a 
            entender. Mas os judeus não entenderam o alcance das palavras do 
            Senhor, como aconteceu quando lhes prometeu a Eucaristia (Jo 6, 
            41-43) ou lhes falou da 'água viva' (Jo 7, 40-43), ou por ocasião da 
            ressurreição de Lázaro (Jo 11, 45-46)". 
            
            Em 
            Jo 10, 7 diz: 
            "Disse-lhes novamente Jesus: 'Em verdade, em verdade, vos digo: eu 
            sou a porta das ovelhas". 
            
             "Jesus 
            é a porta das ovelhas, isto é, a porta por onde entram as ovelhas, a 
            porta do aprisco, a porta da Igreja. É por esse motivo que se coloca 
            o batistério à entrada dos templos. Ninguém entra na Igreja, ninguém 
            pode ter parte nos seus bens espirituais, sem o Batismo em nome de 
            Jesus Cristo" (Dom Duarte 
            Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            
             Jesus chama-se a Si mesmo de porta das ovelhas. Pastores e ovelhas 
            entram no redil; entram pela porta que é Cristo Jesus: 
            "Eu querendo chegar até 
            vós, isto é, ao vosso coração, prego-vos Cristo: se pregasse outra 
            coisa, quereria entrar por outro lado. Cristo é para mim a porta 
            para entrar em vós: por Cristo entro não nas vossas casas, mas nos 
            vossos corações. Por Cristo entro gozosamente e escutais-me ao falar 
            d'Ele. Por quê? Porque sois ovelhas de Cristo e fostes compradas com 
            o Seu Sangue"
            (Santo Agostinho, In Ioann. Evang., 47, 2.3). 
            
            
            Cristo Jesus é a porta, 
            "a porta das ovelhas"!
            Não entremos 
            pelas janelas, frestas nem telhados, mas sim, entremos alegremente 
            pela porta, porque essa porta é Cristo Jesus. 
            
            
            Quanta segurança e quão grande paz sentimos em entrar pela porta. 
            Aquele que passa por esta porta será bem recebido por Nosso Senhor e 
            está no caminho da salvação. 
            
            
            Recusemos todas as outras portas, por mais coloridas e atrativas que 
            sejam. Cristo é a porta, entremos então por ela: 
            "Ó Jesus, dissestes: 'Sou a 
            porta. Se alguém passar por mim, será salvo'... Não quero 
            contentar-me com ler vossas palavras, meditá-las, a vivê-las, a 
            transportá-las para minha vida... Ajudai-me a viver de fé, a 
            desprezar a razão humana que é loucura diante de vós, regulando 
            minha vida conforme as palavras de vossa sabedoria divina que é 
            loucura diante dos homens. 
            
            Que eu 
            'passe por vós', amando-vos de todo o coração... 'Passe por vós', 
            imitando-vos... 'Passe por vós', obedecendo-vos... As ovelhas estão 
            unidas ao seu pastor porque o olham, seguem-no, obedecem-lhe. A 
            exemplo delas, que eu vos siga, e vos ame, ó meu divino Pastor! Que 
            eu vos olhe pela contemplação, siga-vos pela imitação, e vos 
            obedeça" 
            (Bem-aventurado Charles de Foucauld, Meditações sobre o Evangelho, 
            Obr. Esp., pp. 148-149). 
            
            Em 
            Jo 10, 8 diz: "Todos 
            os que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes; mas as ovelhas 
            não os ouviram". 
            
            
            Aqui, Nosso Senhor não fala de Moisés, dos profetas nem de São João 
            Batista, o Precursor; porque esses anunciaram o futuro Messias e 
            prepararam-Lhe o caminho: 
            "Jesus se refere aos 
            fariseus e aos falsos profetas. Os verdadeiros profetas, pelo 
            contrário, predizendo o Messias, tinham entrado pela porta, pela fé 
            no Redentor que anunciavam"
            (Dom Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            Em 
            Jo 10, 9-10 diz: "Eu 
            sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e 
            encontrará pastagem. O ladrão vem só para roubar e destruir. Eu vim 
            para que tenham a vida e a tenham em abundância". 
            
            
            Nosso Senhor mostra o contraste que há entre Ele e os falsos 
            pastores. Ele, o Senhor, é a porta: 
            "Eu sou a porta. Se alguém 
            entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem", 
            enquanto que os falsos pastores introduzem no rebanho para fazer-lhe 
            mal: "O ladrão vem 
            só para roubar e destruir". 
            
            Os falsos pastores levam o rebanho para o espinheiro da mentira; 
            enquanto que 
            Nosso Senhor orienta as 
            ovelhas para as pastagens verdes da verdade: 
            "Entrará, efetivamente, 
            abrindo-se à fé; sairá passando da fé à visão e à contemplação, e 
            encontrará pastagem no banquete eterno. 
            
            
             Suas 
            ovelhas encontram pastagens, pois todo aquele que o segue na 
            simplicidade de coração é nutrido por pastagens sempre verdes. Quais 
            são afinal as pastagens dessas ovelhas, senão as profundas alegrias 
            de um paraíso sempre verdejante? Sim, o alimento dos eleitos é o 
            rosto de Deus, sempre presente. Ao contemplá-lo sem cessar, a alma 
            sacia-se eternamente com o alimento da vida. 
            
            
            Procuremos, portanto, irmãos caríssimos, alcançar essas pastagens, 
            onde nos alegremos na companhia dos cidadãos do céu. Que a própria 
            alegria dos bem-aventurados nos estimule. Corações ao alto, meus 
            irmãos! Que a nossa fé se afervore nas verdades em que acreditamos; 
            inflame-se o nosso desejo pelas coisas do céu. Amar assim já é 
            pôr-se a caminho"
            (Das Homilias 
            sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa), 
            e: "Entrar por Jesus 
            Cristo é ter fé em Jesus Cristo. As pastagens são os bens 
            espirituais que constituem a herança dos cristãos; os exemplos, as 
            virtudes de Jesus e de seus santos, a palavra divina, os 
            sacramentos, o ensino tradicional da Igreja - campos imensos onde o 
            fiel pode estar em segurança, porque há um Pastor que vela por ele"
            (Dom Duarte 
            Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            "O 
            ladrão vem só para roubar e destruir. Eu vim para que tenham a vida 
            e a tenham em abundância" 
            (Jo 10, 10).  
            
            Dom 
            Duarte Leopoldo comenta: 
            "Estas palavras atingem a 
            todos aqueles que, de algum modo pretendem dirigir as almas sem 
            missão divina. Verdadeiros inimigos das almas, como o salteador o é 
            da nossa tranquilidade, é possível que nem sempre tenham eles 
            intenções homicidas, mas de fato causam às almas um mal irreparável, 
            a sua perdição eterna. 
            
            O 
            verdadeiro pastor morre, se é preciso, para que as suas ovelhas 
            tenham a vida, a vida da graça, a vida cujo alimento é o Pão 
            Eucarístico, cujo termo é o céu por toda a eternidade" 
            (Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
             Em Jo 
            10, 11 diz: "Eu sou 
            o bom pastor: o bom pastor dá sua vida pelas suas ovelhas". 
            
            
            Jesus Cristo é o bom pastor! De todos os pastores, Ele é o único que 
            não mata nem ofende as ovelhas, mas dá a própria vida por elas. 
            
            Eis 
            o verdadeiro pastor, o bom pastor, aquele que dá a vida pelas 
            ovelhas: "O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas. Fala aqui Jesus da Sua 
            Paixão, e mostra que ia acontecer para salvação do mundo, e que a 
            sofreria voluntária e livremente" 
            (São João Crisóstomo, 
            Hom. sobre S. João, 59, 3). 
            
            
             Cristo Jesus é o incansável e generoso pastor. Antes falou de 
            pastos abundantes, agora, 
            fala em dar a Sua própria vida: 
            "Ó Cristo, bom Pastor, que 
            destes a vida por vosso rebanho, andastes à procura da ovelha 
            perdida através de montes e colinas... e a reencontrastes. Depois de 
            a terdes achado, eis que a carregastes naqueles ombros que levariam 
            o lenho da cruz. Tomando convosco a ovelhinha, assim a reconduzistes 
            à vida do céu... Tivemos necessidade de que vós, ó Deus, tomásseis 
            nossa carne e morrêsseis para nos dar a vida. Morremos convosco para 
            ser justificados; convosco ressuscitamos, porque convosco fomos 
            crucificados. E porque convosco ressuscitamos, fomos convosco 
            glorificados"
            (São Gregório Nazianzeno, Orações 45, 26. 28), 
            e: "Fez o que tinha 
            dito, deu a Sua vida pelas Suas ovelhas, e entregou o Seu Corpo e 
            Sangue no Sacramento para alimentar com a Sua carne as ovelhas que 
            tinha redimido"
            (São Gregório Magno, In Evangelia homiliae, 14, ad loc.). 
            
            Em 
            Jo 10,12-15 diz: "O 
            mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê o 
            lobo aproximar-se, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e 
            dispersa, porque ele é mercenário e não se importa com as ovelhas. 
            Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas 
            me conhecem, como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha 
            vida pelas minhas ovelhas". 
            
            Os 
            assalariados não se preocupam com as ovelhas, pelo contrário, fogem 
            diante do perigo, e deixam que o rebanho se perca: 
            "Quem é o mercenário? O que 
            vê o lobo e foge. O que busca a sua glória, não a glória de Cristo; 
            o que não se atreve a reprovar com liberdade de espírito os 
            pecadores (...) porque te calaste; e calaste-te, porque tiveste 
            medo" (Santo 
            Agostinho, In Ioann. Evang., 46, 8). 
            
            
            O 
            mercenário não se preocupa com a vida das ovelhas, por isso, não as 
            protege. A sua preocupação está em tirar as lãs, beber o leite e 
            devorar as carnes das ovelhas. 
            
            
            Como é triste ver sacerdotes negligentes e mercenários, preocupados 
            somente com o dízimo e com o seu bem estar. Estes estão a serviço do 
            próprio bucho e não a serviço de Deus e das almas: 
            "Recordem-se estes de que o 
            seu ministério sacerdotal (...) está - de modo particular - ordenado 
            para a grande solicitude do Bom Pastor, que é a solicitude pela 
            salvação de todos os homens. E todos devemos recordar bem isto: que 
            não é lícito a nenhum de nós merecer-se o nome de 'mercenário', ou 
            seja, de alguém 'a quem as ovelhas não pertencem', de alguém que 'ao 
            ver chegar o lobo, abandona as ovelhas e foge; e assim o lobo as 
            arrebata e dispersa; porque é mercenário, não se preocupa em nada 
            com as ovelhas'. A solicitude de todo o bom Pastor é para que os 
            homens 'tenham a vida, e a tenham em abundância', a fim de que 
            nenhum deles se perca, mas tenham a vida eterna. Façamos com que uma 
            tal solicitude penetre profundamente nas nossas almas: procuremos 
            vivê-las. Que ela caracterize a nossa personalidade e esteja sempre 
            na base da nossa identidade sacerdotal" 
            (João Paulo II, Carta a 
            todos os sacerdotes da Igreja, 8-IV-1979). 
            
            
             "Eu sou 
            o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me 
            conhecem". 
            
            Há 
            uma força misteriosa que faz voltar-se para a estrela polar a agulha 
            imantada, como há um instinto secreto que guia as crianças a 
            distinguirem sua mãe entre todas as mulheres; assim a fé põe no 
            coração do cristão sincero uma doce atração para Jesus Cristo, e uma 
            capacidade especial de reconhecê-lO quando Ele está oculto. 
            
            
            Reconhece-O oculto na hierarquia da Igreja: 
            "No Papa, no Bispo, no 
            Pároco, no Sacerdote. Por isto os ama, venera-os, defende-os, reza 
            por eles. Se eles sofrem, Ele também sofre com eles; se se alegram, 
            Ele também se alegra com eles. Vive e sente com a Igreja, porque 
            vive e sente com Jesus"
            (Pe. João Colombo). 
            
            
            Reconhece-O oculto no próximo, 
            "especialmente nos pobres, 
            nos doentes e nos que sofrem. Porventura o Senhor não disse que quem 
            dá um copo de água a um sedento o dá a Ele? Que quem socorre o 
            necessitado socorre a Ele? Que quem assiste a um doente a Ele 
            assiste? Que quem consola um coração dolorido consola o seu 
            Coração?" (Pe. 
            João Colombo). 
            
            
            Reconhece-O oculto na Sagrada Eucaristia: 
            "O sacrário é como a gruta 
            de Belém, onde o Eterno Pastor nasceu. Lá Ele estava envolto em 
            poucos paninhos: aqui no sacrário está enfaixado pelas brancas 
            aparências do pão. Os sinos que chamam para a Missa e para as 
            funções paroquiais são a voz dos Anjos ainda em hosanas e ainda 
            convidando a adorar o Senhor. A lâmpada do altar é imagem da estrela 
            que indicou aos Magos o lugar onde se achava Jesus. Acesa e 
            palpitante, ela indica a todo o que entra na igreja que ali há 
            Alguém, há o Bom Pastor" 
            (Pe. João Colombo). 
            
            
             Nosso Senhor disse: 
            "...minhas ovelhas me conhecem". 
            
            Se 
            Cristo Jesus é o nosso Bom Pastor, jamais busquemos apoio longe d'Ele. 
            Se conhecemos o amor que Ele tem por nós, não saiamos correndo pelas 
            planícies perigosas do mundo, buscando consolo naquilo que passa e 
            não satisfaz uma alma imortal. 
            
            
            Conhecer a Cristo, consiste em tê-lO como único amigo e segui-lO na 
            alegria e na tristeza: 
            "A boa ovelha deve também 
            conhecer o seu pastor. Conhecer a Jesus Cristo é compreender os 
            tesouros ocultos em seu coração, e deste conhecimento nascerá o 
            amor, a confiança e a imitação" 
            (Dom Duarte Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            Em 
            Jo 10, 16 diz: "Mas 
            tenho outras ovelhas que não são deste redil: devo conduzi-las 
            também; elas ouvirão a minha voz; então haverá um só rebanho, um só 
            pastor". 
            
            A missão 
            de Cristo é universal ainda que a Sua pregação se dirigisse de fato, 
            numa primeira etapa, às ovelhas da casa de Israel, 
            "como Ele mesmo manifestou 
            à mulher cananéia (cfr Mt 15, 24), e enviasse os Apóstolos, na sua 
            primeira missão (cfr Mt 10, 6), a pregar aos israelitas. Agora, 
            porém, pensando nos frutos da Sua morte redentora (v. 15), revela 
            que estes se aplicarão a 'outras ovelhas que não são deste aprisco', 
            isto é, de Israel. Na verdade, os Apóstolos, depois da Ressurreição, 
            serão enviados por Cristo a todas as gentes (cfr Mt 28, 19) para 
            pregar o Evangelho a todas as criaturas (cfr Mc 16, 15), começando 
            por Jerusalém e continuando pela Judéia, Samaria e até aos confins 
            da terra (cfr At 1, 8). Deste modo se cumprirão as antigas promessas 
            sobre o reinado universal do Messias (cfr Sl 2, 7; Is 2, 2-6; 66, 
            17-19)" 
            (Edições Theologica). 
            
            Dom 
            Duarte Leopoldo comenta: 
            "Essas outras ovelhas, que 
            Jesus ama ternamente e quer trazer ao aprisco, são os gentios, os 
            hereges, etc., resgatados com seu sangue divino, mas separados da 
            Igreja. A maior alegria que um cristão pode dar ao Salvador é a 
            conversão dos pecadores, dos que se acham fora da Igreja. 
            
            Há uma 
            só Igreja sobre a terra, como há um só Pastor. Este Pastor único é 
            Jesus Cristo assentado no céu, à direita do eterno Pai, e assentado 
            na terra, na pessoa de seu Vigário, sobre a Sé de São Pedro, donde 
            instrui e governa, por uma multidão de pastores subordinados, o 
            rebanho inteiro das suas ovelhas. Quem não entrar pela porta neste 
            aprisco único, está tresmalhado e em perigo de ser devorado pelos 
            lobos" 
            (Concordância dos Santos Evangelhos).  
            
            Em 
            Jo 10, 17-18 diz: 
            "Por isso o Pai me ama, porque dou minha vida para retomá-la. 
            Ninguém a tira de mim, mas eu a dou livremente. Tenho poder de 
            entregá-la; esse é o mandamento que recebi do meu Pai". 
            
            
            Jesus explica agora a vontade livre com que Se entrega à morte para 
            bem do Seu rebanho. Cristo, por ter recebido pleno poder, tem 
            liberdade para Se oferecer em sacrifício expiatório, e submete-Se 
            voluntariamente ao mandato do Pai num ato de perfeita obediência:
            "Nunca poderemos 
            entender perfeitamente a liberdade de Jesus Cristo, imensa, 
            infinita, como o Seu amor. Mas o tesouro preciosíssimo do Seu 
            generoso holocausto deve levar-nos a pensar: porque me deste, 
            Senhor, este privilégio com que sou capaz de seguir os Teus passos, 
            mas também de Te ofender? E assim acabamos por avaliar o reto uso da 
            liberdade, quando se decide em função do bem; e a sua errada 
            orientação, quando, com essas faculdades, o homem se esquece e se 
            afasta do Amor dos amores"
            (São Josemaría 
            Escrivá, Amigos de Deus, n° 26), 
            e: "A Paixão de 
            Jesus é efeito da sua infinita bondade. Ele veio expressamente ao 
            mundo para nos salvar da escravidão do pecado, morrendo na cruz por 
            nós" (Dom Duarte 
            Leopoldo, Concordância dos Santos Evangelhos). 
            
            Em 
            Jo 10, 19-21 diz: 
            "Houve novamente uma cisão entre os judeus, por causa dessas 
            palavras. Muitos diziam: 'Ele tem um demônio! Está delirando! Por 
            que o escutais?' Outros diziam: 'Não são de um endemoninhado essas 
            palavras; porventura um demônio pode abrir olhos de cegos?" 
            
            
            Santo Agostinho diz: 
            "A verdade gera o ódio", 
            e: "A verdade possui 
            poucos amigos". 
            
            
            Houve uma cisão entre os judeus, por causa das palavras de Nosso 
            Senhor. Uns preferiram rejeitar o Seu ensinamento, dizendo: 
            "Ele tem um demônio", 
            enquanto que outros iam se abrindo à luz. 
            
            São 
            Josemaría escrivá escreve: 
            "Jesus: por onde quer que 
            tenha passado, não ficou um coração indiferente. - Ou Te amam ou Te 
            odeiam" 
            (Caminho, n° 687). 
            
            Nem 
            por isso Nosso Senhor calou a boca; pelo contrário, continuou 
            fervorosamente a Sua missão. 
            
            Não 
            tenhamos medo das perseguições e críticas daqueles que são amigos 
            das trevas e seguidores da mentira; mas realizemos o nosso trabalho 
            unidos a Cristo Jesus, porque onde as trevas estão reinando é que a 
            luz deve brilhar mais forte: 
            "Cristo comigo, a quem 
            temerei? Mesmo que as ondas se agitem contra mim, mesmo os mares, 
            mesmo o furor dos príncipes: tudo isto me é mais desprezível que um 
            aranha" (Das 
            Homilias de São João Crisóstomo, bispo). 
            
            
            Peçamos com confiança a Cristo, Bom Pastor, para que envie santos 
            pastores para a Santa Igreja: homens de vida interior, zelosos e que 
            busquem continuamente a santidade de vida: 
            "O padre, que não faz caso 
            da santidade de vida, também não poderá ser, de maneira alguma, o 
            sal da terra. É impossível que o que está corrompido e contaminado 
            seja fator de conservação. Onde falta a santidade, inevitavelmente 
            se introduz a corrupção"
            (Pio X, Encíclica "Haerent Animo", 5), 
            e: "Sim, 
            queridos Irmãos, deveis ser santos, não deveis ser uns padres 
            quaisquer, padres vulgares. De outro modo, para bem pouco serve o 
            vosso zelo e os vossos sofrimentos. As ovelhas fugirão de vós e 
            perder-se-ão em grande número. Faz mais um santo só com uma palavra, 
            que um homem vulgar com uma série de discursos. 
            
            (Servo de Deus Eduardo Poppe). 
            
            Que 
            Deus afaste dos seminários todos aqueles que estão com a intenção de 
            usarem da Santa Igreja como trampolim para a vida política ou do 
            próprio bem-estar. 
            
              
            
            Pe. 
            Divino Antônio Lopes FP. 
            
            
            Anápolis, 19 de abril de 2007 
               |