SATANÁS: NOSSO ADVERSÁRIO
(1 Pd 5,
8-9)
"Sede
sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso adversário, o diabo, vos
rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe,
firmes na fé".
Milhões de pessoas negam a existência do demônio, dentre essas,
infelizmente, bispos e sacerdotes católicos.
Enquanto isso, esse terrível adversário vai espalhando o seu veneno:
"... provoca numerosos danos de natureza espiritual e até,
indiretamente, de natureza física, tanto nos indivíduos como na
sociedade"
(João Paulo II, Audiência geral, 20-VIII-1986).
O
demônio é um ser pessoal, real e concreto, de natureza espiritual e
invisível, que, pelo seu pecado, se afastou de Deus para sempre.
Os
demônios não são amigos, e sim, inimigos dos homens:
"... o diabo, vos rodeia
como um leão a rugir, procurando a quem devorar".
O
Concílio de Latrão ensina:
"... o diabo e os outros
demônios foram criados por Deus naturalmente bons; mas eles, por si
mesmos, se tornaram maus"
(IV, 1215).
Quão grande loucura comete o pecador ao trocar Nosso Senhor, o Rei
do amor, que morreu na cruz para salvá-lo, pelo demônio, o rei do
ódio, que trabalha continuamente para mergulhá-lo nas chamas do
inferno:
"Em seu
ódio inextinguível a Deus, é natural que odeiam também a sua
criatura, o homem. Seu ódio torna-se ainda mais compreensível à luz
da cresça de que Deus criou os homens precisamente para substituir
os anjos que pecaram, para preencher o vazio que deixaram com a sua
deserção... Toda a sua inteligência e todo o seu poder concentram-se
agora em afastar do céu as almas a ele destinadas. Os esforços do
diabo encaminham-se agora incansavelmente no sentido de arrastar o
homem ao seu mesmo caminho de rebelião contra Deus. Em consequência,
dizemos que os diabos nos tentam ao pecado... Um demônio é cem por
cento mau; sem por cento ódio, sem que se possa achar um mínimo
resto de bem em parte alguma de seu ser"
(Pe. Leo J.
Trese).
Em
1 Pd 5, 8 diz:
"Sede
sóbrios e vigilantes!"
Vivemos
em contínua batalha. Esse mundo é um campo de batalha,
principalmente contra o Príncipe das trevas; por isso, sejamos
sóbrios e vigiemos atentamente para não sermos derrotados:
"Sirvo-me do demônio qual
instrumento de minha justiça para atormentar os que me ofendem.
Nesta vida o coloquei qual tentador, molestando os homens. Não para
que esses sejam vencidos, mas para que conquistem a vitória e o
prêmio pela comprovação das virtudes"
(Santa Catarina de
Sena, O Diálogo, Primeira Parte, 14. 7).
Sejamos sóbrios e vigilantes! Mortifiquemos o nosso corpo com
penitência e mortificação, evitemos certos ambientes perigosos,
fujamos das amizades mundanas, mortifiquemos os nossos sentidos,
rezemos com humildade e confiança pedindo a proteção de Deus, da
Virgem Maria e dos Anjos, aproximemos com frequência da confissão e
da Santíssima Eucaristia, usemos também água benta:
"De nenhuma coisa fogem
tanto os demônios, para não voltar, como da água benta"
(Santa Teresa de Ávila).
Satanás não dorme nem cochila; aquele que vacilar será derrotado:
"Na luta com aquele
maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das
armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso quiseres ficar
ileso... Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate
perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento
em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a
nossa perdição do que nós para a nossa salvação!"
(São João
Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13).
Sejamos sóbrios e vigilantes! No caminho da vida devemos ser
prudentes e não tontos:
"Viajamos carregados de
ouro: é o grande tesouro da graça de Deus, da sua paz santa. Não nos
deixemos roubar. Temamos os ladrões astutos e ferozes que estão
escondidos dentro e fora de nós"
(São Jerônimo).
Vigiemos a exemplo de Santo Antão. Quando Antão chegou à idade de
trinta e cinco anos, quis ir para um antigo eremitério onde pudesse
louvar a Deus em toda pobreza e penitência. Mas o inimigo infernal
tentou impedir esse propósito heróico, e, no caminho por onde ele
devia passar, lançou um disquinho de prata. "Ele o apanhará, -
pensava o demônio, - e voltará atrás para gastar a moeda ou para
dá-la; e, depois, provavelmente esquecerá a ermitagem". Mal, porém,
Antão viu o discozinho de prata luzir-lhe diante dos passos,
conheceu o logro, e gritou como se o demônio pudesse ouvi-lo. "Seja
para tua perdição este dinheiro". Uma chamazinha, um pouco de
fumaça, e o disquinho desapareceu.
Sejamos sóbrios e vigilantes. Esse adversário não descansa, por
isso, tomemos cuidado com as suas armadilhas. Ele, sabendo do nosso
propósito, com certeza lançará algo no nosso caminho para tentar nos
impedir de progredir no caminho da santidade:
"É aquele baile, é aquela
pessoa, é aquela reunião, é aquele prazer, é aquele livro... Pelo
amor de Deus, não apanheis o disquinho de prata infernal; fugi da
ocasião! E, vós também gritais: 'Seja para tua perdição este ardil'.
Num segundo, toda tentação se dissolverá em vã fumaça, diante dos
vitoriosos"
(Pe. João
Colombo).
Esse ser maldito não tira férias, pelo contrário, trabalha
continuamente para perder as almas, e são muitas aquelas que caem em
suas garras:
"Tamanho é o número dos que diariamente são derrotados pelo demônio"
(São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13).
Em
1 Pd 5, 8 diz também:
"Eis que o vosso
adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a
quem devorar".
Caminhamos todos os dias rumo a Pátria celeste em meio a inúmeras
dificuldades e obstáculos; o demônio que não dorme e trabalha para a
nossa perdição, qual leão furioso, gira em torno de nós procurando
poder devorar-nos.
Esse leão infernal usa todos os tipos de armadilhas para nos
apanhar:
"Caso ainda queiras conhecer de perto a maneira de atacar do
demônio, verificarás que é, além de intensa, muito variada. Como
aquele infame, ninguém conhece as múltiplas intrigas, tramóias,
astúcias e artimanhas. É isto que lhe dá tanta força. Também não há
ninguém que seja capaz de manter um ódio tão implacável como aquele
malicioso contra todo o gênero humano. Em seguida, considerando
ainda o zelo e o afinco com que ele luta, qualquer comparação com os
homens e suas atitudes tornar-se-ia ridícula. Até os animais mais
ferozes e mais sanguinolentos, comparados com ele, tornar-se-iam
mansos e dóceis. Com tanta raiva ele esbraveja contra as nossas
almas" (São João
Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13),
ele jamais nos deixará em paz:
"O infame não cessará com
seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se
já contra os primeiros golpes"
(Idem).
Em
1 Pd 5, 9 diz:
"Resisti-lhe, firmes na fé".
Não
se entregue ao demônio, mas resista-o corajosamente, e com a ajuda
do alto sairá vencedor:
"Com Jesus Cristo, o poder
do demônio reduziu-se consideravelmente, pois Ele 'nos libertou do
poder de Satanás'. Graças à obra redentora de Cristo, o demônio só
pode causar verdadeiros danos a quem livremente lho permitir,
consentindo no mal e afastando-se de Deus"
(Pe. Francisco Fernández-Carjaval).
O
demônio não chega a penetrar na nossa intimidade, se nós não o
queremos:
"Os espíritos imundos não podem conhecer a natureza dos nossos
pensamentos. Só lhes é dado pressenti-los por indícios sensíveis, ou
então examinando as nossas disposições, as nossas palavras ou as
coisas para as quais percebem que nos inclinamos. É-lhes totalmente
inacessível o que não exteriorizamos e permanece oculto nas nossas
almas. Mesmo os pensamentos que eles próprios nos sugerem, a
acolhida que lhes damos, a reação que provocam em nós, nada disso o
conhecem pela própria essência da alma (...), mas, quando muito,
pelos movimentos e manifestações externas"
(Cassiano, Colationes, 7). Esse ser horrível não pode violentar a nossa liberdade a fim de
incliná-la para o mal:
"É um fato certo que o
demônio não pode seduzir ninguém, a não ser os que lhe prestam o
consentimento da sua vontade"
(Idem). O Santo
Cura d'Ars diz que
"o demônio é um grande cão acorrentado que arremete, que faz muito
barulho, mas que só morde os que se aproximam dele em demasia"
(Sermão sobre as
tentações). No
entanto,
"nenhum
poder humano pode ser comparado ao seu, e somente o poder divino o
pode vencer e somente a luz divina pode desmascarar as suas
artimanhas. A alma que queira vencer a potência do demônio não o
poderá conseguir sem oração, nem poderá entender os seus enganos sem
mortificação e sem humildade"
(São João da Cruz, Cântico espiritual, 3, 9).
Uma
pessoa poderia dizer que é impossível resistir ao demônio por
quarenta e sessenta anos; sendo que já tentou por várias vezes e não
conseguiu.
É
possível. Leia com atenção esse exemplo dos Padres do deserto,
homens experimentados nos combates espirituais.
Viviam na ermida dois Egípcios que, havia pouco, tinham abraçado
aquela vida santa; e, compreende-se, o demônio induzia-os a
abandoná-la. Para vencer esta tentação, eles decidiram esperar até à
estação seguinte: "Eis o inverno - diziam-se eles; - passemo-lo
ainda aqui; aliás, é tão breve; ir-nos-emos na primavera".
O
inverno, passavam ainda em santidade e em oração. "Eis a primavera!
- diziam-se depois; - é coisa tépida que agrada até mesmo no
deserto. Ir-nos-emos no outono". E, assim, de estação em estação,
ficaram cinquenta anos na solidão, e morreram em paz:
"Outro tanto fazei vós,
cristãos, que desejais perseverar em graça. Da Páscoa a Pentecostes
não são cem anos; resisti até então; em seguida, após uma boa
Confissão e uma fervorosa Comunhão, decidireis. - E, de Pentecostes
à Assunção ou ao Dia de Finados... não é uma eternidade: resisti até
então. E, assim, de período em período, a vida toda passareis na
santa perseverança da Páscoa"
(Pe. João Colombo).
É
preciso resistir ao demônio. Quando o homem resiste às tentações do
Diabo, este afasta-se dele, porque não pode obrigar o homem a pecar:
"...resisti ao
Diabo, e ele fugirá de vós"
(Tg 4, 7),
e:
"Convertei-vos,
vós, os que andais nos mandamentos do Diabo, entre vícios
intoleráveis, repelentes e selvagens, e não temais o Diabo, porque
não há nele força alguma contra vós (...). O Diabo só infunde medo:
mas este medo não tem eficácia nenhuma. Não o temais, pois, e ele
fugirá de vós (...). O Diabo não pode dominar os servos de Deus que
de todo o coração confiam n'Ele; pode certamente combatê-los, mas
não pode derrotá-los. Se, pois, lhe resistis, fugirá de vós,
vencido, cheio de vergonha"
(O Pastor de
Hermas, Mandamento XII, 4, 6 e 5, 2).
Pe. Divino
Antônio Lopes FP.
Anápolis, 01 de
maio de 2007
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