EXECUÇÃO DE JOÃO BATISTA

(Mt 14, 3-12)

 

"3 Herodes, com efeito, havia mandado prender João. E o mandara prender, acorrentar e lançar no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe, 4 pois João lhe dizia: 'Não te é permitido tê-la por mulher'. 5 Queria matá-lo, mas tinha medo da multidão, porque esta o considerava um profeta. 6 Ora, por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou ali e agradou a Herodes. 7 Por essa razão prometeu, sob juramento, dar-lhe qualquer coisa que pedisse. 8 Ela, instruída por sua mãe, disse: 'Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Batista'. 9 O rei se entristeceu. Entretanto, por causa do seu juramento e dos convivas presentes, ordenou que lha dessem. 10 E mandou decapitar João no cárcere. 11 A cabeça foi trazida num prato e entregue à moça, que a levou à sua mãe. 12 Vieram então os discípulos de João, pegaram o seu corpo e o sepultaram. Em seguida, foram anunciar o ocorrido a Jesus".

 

 

Em Mt 14, 3-4 diz: "Herodes, com efeito, havia mandado prender João. E o mandara prender, acorrentar e lançar no cárcere, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe, pois João lhe dizia: 'Não te é permitido tê-la por mulher".

Quem era esse Herodes? "Herodes o tetrarca, denominado 'Antipas', é o mesmo quem mais tarde aparece na Paixão (cfr Lc 23, 7ss). Era filho de Herodes, o Grande. Antipas governara a região da Galiléia e Peréia em nome do imperador romano" (Edições Tehologica). O historiador Flávio Josefo atesta que: "Herodes estava casado com uma filha de um rei da Arábia. Apesar deste matrimônio, convivia em concubinato com Herodiades, mulher de seu irmão" (Antiquitates iud., XVIII, 5, 4).

Por que Herodes mandou prender São João Batista? Porque São João repreendera muitas vezes os costumes imorais do tetrarca, cujas relações ilícitas estavam expressamente proibidas na Lei (Lv 18, 16; 20, 21) e eram escândalo notório para o povo.

São João Batista, homem de oração e de austera penitência, pregava sempre a verdade e não se intimidou diante de Herodes, mesmo esse sendo tetrarca. Esse santo nos ensina que devemos ser fortes e não calarmos a boca diante dos escandalosos: "O caráter é a marca, a têmpera moral do homem. A falta de caráter é uma das maiores misérias da humanidade em todos os tempos. Da falta de caráter procedem as traições, as defecções, as falsidades e as fraquezas dos grandes e dos pequenos, que enchem a história da humanidade.... João Batista, sem temores e sem fraquezas, prega a verdade a todos, e a todos admoesta, arrostando as iras dos poderosos; cai vítima de seu zelo e de tua coragem" (Pe. J. Cabral).

São João Batista foi preso, acorrentado e lançado na prisão "... a fortaleza de Maqueronte, em que esteve encarcerado o Batista, fortaleza que domina a ribeira oriental do Mar Morto e onde foi o banquete..." (Flávio Josefo).

Esse homem forte e corajoso foi preso e acorrentado, não porque era omisso, covarde ou bajulador; e sim, porque pregava a verdade: "Não há que duvidar, se São João suportou o cárcere e as cadeias, foi por nosso Redentor, de quem dera testemunho como precursor; também por ele deu a vida. Quem o acusa não disse ter negado a Cristo, mas ter dissimulado a verdade; e, no entanto, morreu por Cristo" (Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero).

Hoje, existem milhares de seguidores de Herodes. São pessoas que vivem dando escândalo e que trabalham furiosamente para sufocar a verdade; esses, querem a todo o custo, prender e acorrentar a Santa Doutrina Católica, para poderem assim, viver tranquilamente na lama do pecado. É preciso que o clero, a exemplo de São João Batista, censure tais escandalosos, mesmo que tenha que sofrer terríveis perseguições: "Bem-aventurados sois, se sofreis injúrias por causa do nome de Cristo..." (1 Pd 4, 14), e: "Não tenhas medo à verdade, ainda que a verdade te acarrete a morte" (São Josemaría Escrivá, Caminho, n° 34).

Herodes, para não ouvir as palavras de São João Batista, colocou-o na prisão. Será que essa sua atitude o tranquilizou? Claro que não!

Não é fugindo da verdade ou tentando sufocá-la que  e mudando de vida.lsando dese conquista a paz; e sim, expulsando da alma o pecado e mudando de vida.

Muitos bispos e sacerdotes, para não perderem a amizade com essas pessoas, omitem a verdade, deixando-as viverem nas trevas do pecado: "Não restaurastes o vigor das ovelhas abatidas, não curastes a que está doente, não tratastes a ferida da que sofreu fratura, não reconduzistes a desgarrada.." (Ez 34, 4).

Em Mt 14, 5 diz:  "Queria matá-lo, mas tinha medo da multidão, porque esta o considerava um profeta".

Herodes sabia muito bem que São João Batista não era um homem qualquer: "Herodes tinha medo de João e, sabendo que ele era um homem justo e santo, o protegia. E quando o ouvia, ficava muito confuso e o escutava com prazer" (Mc 6, 20).

Herodíades o odiava e queria matá-lo, justamente porque São João censurava continuamente a Herodes: "... João dissera a Herodes: 'Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão'. Herodíades então se voltou contra ele e queria matá-lo" (Mc 6, 18-19).

Santo Agostinho escreve: "A verdade gera o ódio", e o mesmo santo diz também: "A verdade tem poucos amigos".

Hoje, infelizmente, milhares de pessoas que se dizem católicas vivem amasiadas, isto é, nas trevas. Quando as mesmas ouvem as pregações de bispos e sacerdotes fiéis aos ensinamentos da Santa Igreja, ao invés de pôr em ordem tal situação, vociferam contra os pregadores e buscam tranquilizar a consciência podre nas seitas. Pobres rebeldes! Veremos se conseguirão fugir de Deus na hora do terrível Juízo.

Como seria melhor, se ao invés de imitarem o péssimo exemplo de Herodes e Herodíades, abaixassem a cabeça e seguissem humildemente as orientações e exigências da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

Aquele que tenta driblar a verdade, com certeza viverá na mentira e ilusão; cambaleará pelo caminho escuro do pecado até cair no inferno eterno.

Em Mt 14, 6-11 diz: "Ora, por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou ali e agradou a Herodes. Por essa razão prometeu, sob juramento, dar-lhe qualquer coisa que pedisse. Ela, instruída por sua mãe, disse: 'Dá-me, aqui num prato, a cabeça de João Batista'. O rei se entristeceu. Entretanto, por causa do seu juramento e dos convivas presentes, ordenou que lha dessem. E mandou decapitar João no cárcere. A cabeça foi trazida num prato e entregue à moça, que o levou à sua mãe".

Herodes promoveu uma festa em seu aniversário, com bebedeiras e danças. As pessoas que vivem nas trevas gostam imensamente de promoverem essas festas do pecado: "Não há um só mandamento na Lei de Deus que o baile não transgrida... O demônio rodeia um baile como um muro cerca um jardim... As pessoas que entram num salão de baile, deixam na porta o seu anjo da guarda e o demônio o substitui, de sorte que há tantos demônios quanto são os dançadores" (São João Maria Vianney).

A filha de Herodíades, que segundo o historiador Flávio Josefo, chamava-se Salomé, dançou e agradou o tetrarca Herodes.

Salomé, com certeza, era regateira e ladina, como milhares de mocinhas de hoje, que não são cristãs nem no nome. E para completar a "latada", possuía uma mãe que era a rainha da impureza.

Herodes gostou de ver a moça dançar, e para mostrar o seu contentamento, prometeu dar-lhe tudo que pedisse, ainda que fosse a metade do reino. E ele confirmou com um juramento: "Por essa razão prometeu, sob juramento..." Quanta besteira pode sair da boca de um bêbado: "No meio dos excessos e da sensualidade dos convidados, fazem-se temerariamente juramentos, e depois se cumprem de forma ímpia" (Santo Agostinho, Sermo 10).

É pecado contra o segundo Mandamento da Lei de Deus fazer um juramento faltando à justiça, como neste caso; tal juramento não obriga. Mais ainda, se se cumpre, como fez Herodes, comete-se um novo pecado. Também nos ensina o catecismo que se peca contra este preceito se o juramento se faz contra a verdade, ou sem necessidade (cfr Catecismo Romano, III, 3, 24).

O Catecismo Maior de São Pio X ensina: "Estamos obrigados a manter o juramento de fazer coisas injustas ou ilícitas? Não só não estamos obrigados, mas, pelo contrário, pecamos ao fazê-las, como coisas proibidas pela Lei de Deus ou da Igreja" (n° 383).

Salomé ficou admirada e perplexa, diante da inesperada liberalidade do tetrarca, e foi saber da mãe o seu parecer. Herodíades, com o coração fervendo de ódio contra São João Batista, achou chegado o momento de livrar-se do corajoso profeta, e disse sem demora: "A cabeça de João Batista" (Mc 6, 24).

A filha Salomé, depois de ouvir a mãe, foi apressadamente ao tetrarca e lhe disse: "Quero que, agora mesmo, me dês num prato a cabeça de João Batista" (Mc 6, 25).

Observe-se que foi tudo muito rápido: "Voltando logo, apressadamente, à presença do rei..." (Mc 6, 25), e: "Quero que , agora mesmo..." (Idem), e também: "E imediatamente o rei enviou um executor.." (Mc 6, 27).

Assim são os mundanos, inimigos de Deus e do Evangelho. Eles perseguem furiosamente aqueles que pregam a verdade, e usam de todos os meios para destruí-los; os mesmos não deixam para amanhã os crimes que podem cometer hoje.

Em Mt 14, 12 diz: "Vieram então os discípulos de João, pegaram o seu corpo e o sepultaram. Em seguida, foram anunciar o ocorrido a Jesus".

Os discípulos, logo que souberam do crime, retiraram o corpo do querido Mestre do cárcere e deram-lhe honroso enterro.

O Pe. João Batista Lehmann escreve: "Os assassinos não escaparam da vingança de Deus. O Rei da Arábia, cuja filha, esposa de Herodes, por este tirano tinha sido repudiada, abriu campanha contra o adúltero, venceu-o e exilou-o. O Imperador de Roma, por sua vez, desterrou-o para Lyon, na Gália. Assim, abandonado por todos, fugiu com Herodíades para a Espanha, onde ambos morreram na maior miséria. Consta que Salomé, ao atravessar em pleno e rigoroso inverno, um rio coberto de gelo, este cedeu e os pedaços de gelo, chocando-se um contra o outro, cortaram-lhe a cabeça".

Católico, sejamos fortes e corajosos a exemplo de São João Batista. Não deixemos que os inimigos de Deus nos intimidem com suas vozes de lobos: "Um homem de tanto valor terminou a vida terrena pela efusão do sangue, depois do longo sofrimento dos grilhões. Aquele que proclamava o Evangelho da liberdade da paz celeste, é lançado por ímpios às cadeias; é fechado na escuridão do cárcere quem veio dar testemunho da luz e por esta mesma luz, que é Cristo, merecera ser chamado de lâmpada ardente e luminosa; no próprio sangue é batizado aquele a quem fora dado batizar o Redentor do mundo, ouvir sobre ele a voz do Pai, ver descer a graça do Espírito Santo. Não era, porém, insuportável, ao contrário, fácil e desejável sofrer tais tormentos, pela verdade, para quem sabia ser recompensado pelas alegrias perpétuas" (Das Homilias de São Beda Venerável, presbítero).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 10 de maio de 2007

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Execução de João Batista"

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