RESSURREIÇÃO DE LÁZARO
(Jo 11,
1-44)
"1
Havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã
Marta. 2
Maria era aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés
com seus cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente.
3
As duas irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que amas
está doente'. 4
A essa notícia, Jesus disse: 'Essa doença não é mortal, mas para a
glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus'.
5
Ora, Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro.
6
Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no
lugar em que se encontrava;
7
só depois, disse aos discípulos: 'Vamos outra vez até a Judéia!'
8
Seus discípulos disseram-lhe: 'Rabi, há pouco os judeus procuravam
apedrejar-te e vais para lá?'
9
Respondeu Jesus: 'Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha
durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
10
mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele'.
11
Disse isso e depois acrescentou: 'Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou
despertá-lo'. 12
Os discípulos responderam: 'Senhor, se ele está dormindo, vai se
salvar!' 13
Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do
repouso do sono. 14 Então
Jesus lhes falou claramente: 'Lázaro morreu.
15
Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais.
Mas, vamos para junto dele!'
16
Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: 'Vamos também
nós, para morrermos com ele!'
17
Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias.
18
Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios.
19
Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da
perda do irmão. 20
Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria,
porém, continuava sentada, em casa.
21
Então, disse Marta a Jesus: 'Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido. 22
Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá'.
23
Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressuscitará'.
24
'Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último
dia!' 25
Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que
morra, viverá. 26
E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?'
27
Disse ela: 'Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus
que vem ao mundo'.
28
Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho:
'O senhor está aqui e te chama!'
29
Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro.
30
Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o
fora encontrar. 31
Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a,
viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que
fosse ao sepulcro para aí clorar.
32
Chegando ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a
seus pés e lhe disse: 'Senhor, se estivesse aqui, meu irmão não teria
morrido'. 33
Quando Jesus a viu chorar e também os judeus que a acompanhavam,
comoveu-se interiormente e ficou conturbado.
34
E perguntou: 'Onde o colocastes?' Responderam-lhe: 'Senhor, vem e vê!'
35
Jesus chorou. 36
Diziam, então, os judeus: 'Vede como ele o amava!'
37
Alguns deles disseram: 'Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia
ter feito com que ele não morresse?
38
Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com
uma pedra sobreposta.
39
Disse Jesus: 'Retirai a pedra!' Marta, a irmã do morto, disse-lhe:
'Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!'
40 Disse-lhe
Jesus: 'Não te disse, se creres, verás a glória de Deus?'
41
Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse:
'Pai, dou-te graças porque me ouviste.
42
Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que
me rodeia, para que creiam que me enviaste'.
43
Tendo dito isso, gritou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!'
44
O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com
um sudário. Jesus lhes disse: 'Desatai-o e deixai-o ir embora".
Em Jo
11, 1 diz: "Havia um
doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta".
Os
três irmãos: Lázaro, Marta e Maria moravam em Betânia.
Betânia: "(gr.
Bethania, do hebr. Bêt 'ananîyah, contração de bêt 'ananîyah, 'casa de
Ananias'?). Aldeia nas proximidades de Jerusalém, a atual el Azariyeh,
no sopé da encosta E. do monte das Oliveiras, a cerca de duas milhas
romanas de Jerusalém (Jo 11, 18), isto é, da Jerusalém do monte Sião;
portanto, a cerca de 6 Km da atual cidade de Jerusalém"
(DB).
Lázaro:
"(gr. lazaros do hebr. 'el
'azar, 'Deus ajudou')"
(DB).
Em Jo
11, 2 diz: "Maria era
aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus
cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente".
Edições theologica comenta:
"Nos Evangelhos aparecem
várias mulheres com o nome de Maria. Aqui trata-se de Maria de Betânia,
a irmã de Lázaro (v. 2), a mesma que depois ungiu o Senhor, também em
Betânia, em casa de Simão, o leproso (cfr Jo 12, 1-8; Mc 14, 3): o
indefinido ou aoristo 'ungiu' exprime uma ação passada relativamente
ao tempo em que escreve o Evangelista, embora a unção fosse posterior
à ressurreição de Lázaro.
Maria de
Betânia, Maria Madalena e a mulher 'pecadora' que ungiu os pés do
Senhor na Galiléia (cfr Lc 7, 36), são uma, duas ou três mulheres?
Ainda que às vezes se tenda a identificar as três, parece mais
provável que se trate de pessoas diferentes. Em primeiro lugar, deve
distinguir-se a unção da Galiléia (Lc 7, 36) realizada pela
'pecadora', da unção de Betânia levada a cabo pela irmã de Lázaro (Jo
12, 1); tanto pelo tempo em que têm lugar, como pelos pormenores
específicos, são claramente diferentes... Por outro lado, nos
Evangelhos não há nenhum indício positivo de que Maria de Betânia
fosse a mesma que a 'pecadora' da Galiléia. Também não há base firme
para identificar Maria Madalena com a 'pecadora', da qual não se dá o
nome; a Madalena aparece entre as mulheres que seguem Jesus na
Galiléia, da qual tinha expulsado sete demônios (cfr Lc 8, 2) e que
Lucas apresenta na sua narração como um personagem ainda não
conhecido, nem dá nenhum outro elemento que permita relacionar ambas
as mulheres.
Por
último, Maria de Betânia e Maria Madalena também não se podem
identificar, pois João distingue as duas mulheres: nunca chama à irmã
de Lázaro, Maria Madalena, nem a esta, que está junto da cruz (Jo 19,
25), que acorre ao sepulcro e a quem o Senhor ressuscitado aparece (Jo
20, 1. 11-18), a relaciona para nada com Maria de Betânia.
A razão de
que algumas vezes se tenha confundido Maria de Betânia com Maria
Madalena deve-se, por um lado, à identificação desta com a 'pecadora'
da Galiléia, por relacionar a possessão diabólica da Madalena com a
condição pecadora da que fez a unção da Galiléia; e, por outro lado, à
confusão das duas unções: a irmã de Lázaro seria a 'pecadora'
protagonista da única unção. Deste modo concluiu-se, sem base sólida,
na confusão das três mulheres numa, ainda que a interpretação melhor
fundada e mais comum entre os exegetas seja a de que se trata de três
mulheres diferentes".
Ainda
falando sobre Maria, irmã de Lázaro, o Pe. João Colombo escreve:
"Mas aquela pequena família em que já faltavam o pai e a mãe,
uma sombra ainda mais negra trazia a tristeza. Maria abandonara seu
irmão e sua irmã, dera-se aos vícios e aos prazeres, tornara-se o
escândalo do lugar, a desonra da casa. Lázaro e Marta não podiam ser
felizes", e:
"Não vos pediu Lázaro que o ressuscitásseis.
Por uma mulher pecadora, vos dignastes fazê-lo"
(Santa Teresa de Jesus, Exclamações 10,
2-3).
Em Jo 11,
3-4: "As duas
irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que amas está
doente'. A essa notícia, Jesus disse: 'Essa doença não é mortal, mas
para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de
Deus".
Marta
e Maria, conhecendo a bondade de Nosso Senhor e o quanto Ele amava a
Lázaro, não vacilaram, mas pediram a Sua ajuda. Elas não buscaram
socorro nas criaturas, havia dezenas próximas delas, mas sim, em
Cristo Jesus:
"Belíssima oração, em sua tocante simplicidade, na confiança absoluta
que inspira a bondade do Divino Mestre. Estas irmãs lhe pedem que
venha curar o enfermo. Elas sabem que Jesus o ama e, portanto,
basta-lhe adverti-lo somente da enfermidade do seu amigo. Poderia ele
amá-lo e não socorrê-lo"
(Dom Duarte Leopoldo),
e: "É certo que a
missão das duas irmãs tinha por fim obter da sua compaixão a cura do
enfermo, mas notai como elas não apelam para a hospitalidade que, por
vezes, lhe tinham oferecido, não recorrem ao sentimento da gratidão
que, naturalmente, tinha por elas o Divino Mestre. Na sua confiança e
abandono à Providência, dizem apenas: 'Aquele a quem amais está
enfermo!' O amor de Deus às suas pobres criaturas é motivo bastante
para socorrê-las em suas necessidades" (Santo
Agostinho).
Aprendamos das duas irmãs, Marta e Maria, a buscarmos socorro somente
em Cristo Jesus nas horas de dificuldades. Quantos são aqueles que
perdem tempo mendigando o consolo das criaturas falsas e perigosas sem
nenhum proveito. Confiemos em Nosso Senhor todos os nossos problemas,
e Ele nos ajudará:
"Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor" (Sl 2,
12).
Jesus
disse: "Essa doença
não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja
glorificado o Filho de Deus".
Santo
Agostinho comenta:
"... não foi um ganho para Jesus, mas proveito para nós. Portanto, diz
Jesus que a doença não é de morte, porque aquela morte não era para
morte, mas antes em ordem a um milagre, pelo qual os homens crescem em
Cristo e evitassem assim a verdadeira morte"
(In Ioann. Evang., 49, 6).
Em Jo
11, 5 diz: "Ora, Jesus
amava Marta e sua irmã e Lázaro".
A
amizade de Nosso Senhor com Lázaro, Marta e Maria, era verdadeira e
pura, não existia entre eles nenhum interesse. Esse trecho da Sagrada
Escritura diz que Cristo amava os três:
"A amizade é uma das formas
do amor, é um sentimento tão puro que faz bater suavemente o coração
daqueles que são virgens. Quanto mais puro é um coração, quanto mais
despido desses sentimentos baixos que degradam e aviltam, tanto mais
sincera será a amizade. Um coração corrompido jamais poderá sentir as
delicadezas da amizade"
(Dom Duarte Leopoldo).
Quão
grande felicidade é viver em amizade com Nosso Senhor. Será que existe
um amigo melhor do que Ele? Esforcemo-nos para vivermos sempre na
graça santificante, e assim, Ele, o melhor Amigo, estará sempre
conosco: "Quando Jesus
está presente, tudo é bom e nada parece dificultoso; mas quando Jesus
se retira, tudo enfada e cansa. Quando Jesus não fala interiormente,
nenhuma consolação tem valor; mas se Jesus fala uma só palavra, grande
gozo se sente... Que te pode dar o mundo sem Jesus? Estar sem Jesus é
terrível inferno; estar com Jesus é doce Paraíso. Se Jesus estiver
contigo, nenhum inimigo te poderá ofender. Quem acha a Jesus acha um
tesouro precioso, ou antes, um bem acima de todo o bem. E quem perde a
Jesus perde muitíssimo, e mais do que se perdesse todo o mundo.
Paupérrimo é o que vive sem Jesus, e riquíssimo o que está bem com
Jesus. Grande arte é saber conversar com Jesus, grande prudência saber
possuir a Jesus... Se apartares de ti a Jesus e o perderes, aonde
irás? A quem buscarás por amigo?... Sobre todos os teus amigos seja
pois Jesus singularmente amado. Ama a todos por amor de Jesus, e a
Jesus por si mesmo. Só Jesus Cristo deve ser amado singularmente;
porque só Ele é verdadeiro e fidelíssimo, mais que todos os amigos"
(Tomás de Kempis,
Imitação de Cristo, Livro II, capítulo VIII).
Sejamos amigos fiéis de Cristo Jesus, a exemplo de Lázaro, Marta e
Maria. Ele é o Amigo fiel que jamais nos abandonará:
"Quem escolheu a Jesus por
amigo, pôs-se à sombra de boa árvore; pois, em Jesus, terá uma égide
que a toda hora do dia e da noite o estará protegendo contra os
assaltos de seus inimigos. Em Jesus terá um braço forte que pelejará
por ele e lhe dará a vitória na tentação. Quem entrou na amizade com
Jesus, pôs-se no caminho da salvação, porque ser amigo de Jesus, é ser
amigo de Deus, do bem e da verdade"
(Pe. Alexandrino
Monteiro, Raios de Luz, 75).
Em Jo
11, 6-7 diz: "6
Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no
lugar em que se encontrava;
7
só depois, disse aos discípulos: 'Vamos outra vez até a Judéia!"
Cristo Jesus ao receber a notícia de que Lázaro estava enfermo, não
partiu imediatamente para Betânia, mas permaneceu ainda dois dias no
lugar onde estava:
"Devemos encontrar-nos no mês de Março deste ano 30, nas últimas
semanas da vida de Jesus, que se encontra ainda na Peréia, no outro
lado do Jordão" (Pe.
Francisco Fernández-Carjaval).
Quando recorremos ao Senhor pedindo uma graça, e Ele demora a nos
atender, não duvidemos de seu poder e amor, mas permaneçamos firmes e
Ele nos atenderá na hora certa:
"Muitas vezes Deus não atende
de pronto às nossas orações, para experimentar a nossa confiança, ou
dar-nos ainda mais do que lhe pedimos. Se Jesus tivesse partido
imediatamente, poderia ter curado a Lázaro. Demorando-se ainda dois
dias, teve ocasião de ressuscitá-lo, e maior foi a graça concedida,
mais intensa a alegria pelo favor recebido"
(Dom Duarte Leopoldo).
Em Jo
11, 8-10 diz: "8
Seus discípulos disseram-lhe: 'Rabi, há pouco os judeus procuravam
apedrejar-te e vais para lá?'
9
Respondeu Jesus: 'Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha
durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
10
mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele".
Dom
Duarte Leopoldo escreve:
"A noite era o tempo da sua
Paixão. Enquanto, pois, houvesse dia, antes de chegada a hora da sua
Paixão, nada tinha Ele a temer dos seus inimigos",
e: "A lapidação era a
pena capital que se aplicava aos blasfemos (cfr Lv 24, 16). Vimos que
pelo menos duas vezes intentaram lapidar Jesus. A primeira porque
tinha proclamado a Sua filiação divina e a Sua existência eterna ao
afirmar que 'era' antes de Abraão (Jo 8, 58-59). A segunda por
manifestar a Sua unidade com o Pai (cfr Jo 10, 30-31). Estes intentos
das autoridades judaicas falharam porque ainda não tinha chegado a
hora de Jesus, isto é, o tempo designado pelo Pai para a Sua Morte e
Ressurreição. Quando chegar a Crucifixão será a hora dos Seus inimigos
'e o poder das trevas' (Lc 22, 53). Mas até esse momento é o tempo da
luz, em que o Senhor podia caminhar sem perigo de morte" (Edições
Theologica).
Em Jo
11, 11-16 diz: "11
Disse isso e depois acrescentou: 'Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou
despertá-lo'. 12
Os discípulos responderam: 'Senhor, se ele está dormindo, vai se
salvar!' 13
Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do
repouso do sono. 14 Então
Jesus lhes falou claramente: 'Lázaro morreu.
15
Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais.
Mas, vamos para junto dele!'
16
Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: 'Vamos também
nós, para morrermos com ele!"
Os
discípulos diziam-Lhe que esse era bom sinal, pois se dorme, sarará.
Considerava-se que um sono profundo era sintoma da boa reação do
organismo contra a doença e o começo da saúde. Jesus falava-lhes da
morte, mas eles entenderam que se tratava do sono natural:
"Lázaro já tinha morrido,
quando Jesus assim falava. É que a morte dos justos é como um sono,
cujo despertar é a felicidade eterna. A morte de Lázaro,
particularmente, porque não era definitiva, bem podia ser chamada um
sono. - A palavra cemitério quer dizer dormitório"(Dom
Duarte Leopoldo).
Houve
um momento de dúvida e de vacilação à hora de empreender o caminho de
regresso à Judéia, até que Tomé, o Dídimo, disse resolutamente aos
outros: Vamos também nós, para morrermos com ele.
Jesus olhá-lo-ia com
complacência: "As
palavras de Tomé recordam as dos Apóstolos no Cenáculo, dispostos a
tudo, inclusivamente a morrer pelo seu Mestre (cfr Mt 26, 31-35). Já
por ocasião do discurso do Pão da Vida, quando muitos dos discípulos
abandonaram o Senhor, os Doze permaneceram fiéis (cfr Jo 6, 67-71), e
seguiram-No apesar das suas debilidades. Mas quando Jesus, depois da
traição de Judas Iscariotes, Se deixar prender em Getsêmani sem
resistência alguma, proibindo inclusivamente a defesa pelas armas (cfr
Jo 18, 11), desconcertar-se-ão e abandonarão o Mestre. Só São João
permanecerá fiel na hora suprema do Calvário"
(Edições Theologica),
e: "A palavra deste
Apóstolo é o grito de amor de todos os mártires de todos os séculos:
Morrer com Jesus e por Jesus!"
(Dom Duarte
Leopoldo).
Em Jo
11, 17-20 diz: "17
Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias.
18
Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios.
19
Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da
perda do irmão. 20
Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria,
porém, continuava sentada, em casa".
Depois de um dia de caminho, Jesus e os Apóstolos chegaram a Betânia,
Lázaro estava já sepultado há quatro dias:
"O mensageiro gastou um dia
para levar a notícia, Jesus demorou-se dois e empregou o quarto na
viagem para a Betânia. Os enterros, segundo o costume, se faziam no
mesmo dia da morte"
(Dom Duarte Leopoldo).
Por Betânia ficar perto de Jerusalém, uns três quilômetros, muitos
judeus foram até lá para consolar as duas irmãs.
"Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da
perda do irmão".
Aprendamos também nós a aproximarmos das pessoas que perderam seus
entes queridos, para consolá-las. Como é importante nessas horas
difíceis, rezar e fortalecer essas pessoas com sábios conselhos.
Sabemos que muitos se desesperam nessas horas, justamente por não
possuírem uma fé profunda; essas, ao invés de correrem para Deus,
apóiam-se nas criaturas.
"Quando
Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, porém,
continuava sentada, em casa".
Dom
Duarte Leopoldo comenta:
"Vê-se bem desenhado, o
caráter das duas irmãs. Cada uma sofre a seu modo, sem que se possa
dizer quem sofre mais. Há dores expansivas que procuram consolação;
outras, porém, mais concentradas, recolhem-se ao silêncio".
Marta
saiu ao encontro de Nosso Senhor à entrada de Betânia.
Quando necessitarmos do apoio de Cristo Jesus, não deixemos para
depois, mas saiamos ao seu encontro, e Ele que sabe de tudo nos
consolará.
Muitos católicos, nas horas de dificuldades, se trancam no seu egoísmo
e na sua revolta e se esquecem de Deus, por isso, vivem amargurados e
frustrados.
Em Jo
11, 21-22 diz: "21
Então, disse Marta a Jesus: 'Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não
teria morrido. 22
Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá".
Se
estivesses aqui, meu irmão não teria morrido:
Marta conhecia bem o
coração de Jesus e:
"Sabia que não teria permitido que o seu irmão morresse; tê-lo-ia
curado nos primeiros sintomas da enfermidade. Eram amigos! Ao mesmo
tempo, parece uma carinhosa recriminação; é como se dissesse:
avisamos-te..., esperávamos por ti. Contudo, Marta alimenta uma leve
esperança de que Jesus o possa ressuscitar. Com toda a certeza tinha
ouvido falar do filho da viúva de Naim e da filha de Jairo. É possível
que inclusive os tivesse conhecido"
(Pe. Francisco
Fernández-Carvajal).
Marta
não se desespera, mas confia em Cristo Jesus:
"O pedido de Marta é um
exemplo de oração confiante e de abandono nas mãos do Senhor que sabe
melhor que nós o que nos convém. Por isso, 'não Lhe disse: Rogo-Te
agora que ressuscites meu irmão (...). Somente disse: Sei que tudo
podes e fazes tudo o que queres; mas fazê-lo fica ao Teu juízo, não
nos meus desejos"
(Santo Agostinho, In
Ioann. Evang., 49, 13).
Peçamos ao Senhor tudo aquilo que necessitamos, mas peçamos com fé e
confiança; deixando de lado o desespero e a nossa vontade própria,
porque Cristo Jesus sabe o que é melhor para nós:
"Faça-se a vossa vontade,
Senhor, no céu e na terra, onde não há prazer sem mescla de dor, nem
rosas sem espinhos, dia sem noite, primavera sem inverno, na terra,
Senhor, onde raras são as consolações e inúmeros os trabalhos. Faça-se
também vossa vontade, Senhor, não só na execução dos vossos
mandamentos, conselhos e inspirações que devemos praticar, mas também
nas aflições e penas que devemos suportar, a fim de que em nós, por
nós e conosco seja feita a vossa vontade em tudo o que vos aprouver"
(São Francisco de
Sales, II Teotimo IX, 1).
Em Jo
11, 23- 26 diz: "23
Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressuscitará'.
24
'Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último
dia!' 25
Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que
morra, viverá. 26
E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?"
Jesus
quer levar Marta a reconhecer na Pessoa d'Ele o Messias Filho de Deus,
vindo para dar a vida eterna aos que nele crêem, por isso declara:
"Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que
esteja morto, viverá, e quem vive é crê em mim, não morrerá para
sempre. Crês nisso?"
O Pe.
Gabriel de Santa Maria Madalena escreve:
"Eis onde deve chegar a fé:
crer que o poder de ressuscitar os mortos pertence a Cristo e que Ele,
assim como pode servir-se imediatamente desse poder para ressuscitar
Lázaro da morte corporal, do mesmo modo dele se serve para assegurar a
vida eterna aos que vivem nele pela fé"
(Intimidade Divina, 83, Ano A).
Edições Theologica comenta:
"Estamos diante de uma das
definições concisas que o Senhor deu de Si mesmo, e que São João
transmite com fidelidade (cfr Jo 10, 9. 14; 14-16; 15, 1): Jesus é a
ressurreição e a Vida. É a ressurreição porque com a Sua vitória sobre
a morte é causa da ressurreição de todos os homens. O milagre que vai
realizar com Lázaro é um sinal desse poder vivificador de Cristo.
Assim, pela fé em Jesus Cristo que foi o primeiro a ressuscitar de
entre os mortos, o cristão está seguro de ressuscitar também um dia,
como Cristo (cfr 1 Cor 15, 23; Cl 1, 18). Por isso, para o crente, a
morte não é o fim, mas a passagem para a vida eterna, uma mudança de
morada como diz um dos Prefácios da Liturgia de defuntos: 'A vida
daqueles que cremos em Ti Senhor, não termina, transforma-se: e, ao
desfazer-se a nossa morada terrena, adquirimos uma mansão eterna no
céu'. Ao dizer que é a Vida, Jesus refere-Se não só à que começa no
mais além, mas também à vida sobrenatural que a graça opera na alma do
homem que ainda se encontra a caminho",
e João Paulo II escreve:
"Esta vida, prometida e proporcionada a cada homem pelo Pai em
Jesus Cristo, eterno e unigênito Filho, encarnado e nascido da Virgem
Maria 'ao chegar a plenitude dos tempos' (cfr Gl 4, 4), é o
complemento final da vocação do homem; é, de alguma maneira, o
cumprir-se daquele 'destino' que, desde toda a eternidade, Deus lhe
preparou. Este 'destino divino' torna-se via, por sobre todos os
enigmas, as incógnitas, as tortuosidades e as curvas, do 'destino
humano' no mundo temporal. Se, de fato, tudo isto, não obstante toda a
riqueza da vida temporal, leva por inevitável necessidade à fronteira
da morte e à meta da destruição do corpo humano, apresenta-se-nos
Cristo para além desta meta: 'Eu sou a ressurreição e a Vida. Aquele
que crê em Mim... não morrerá jamais'. Em Jesus cristo crucificado,
deposto no sepulcro e depois ressuscitado, 'brilha para nós a
esperança da feliz ressurreição... a promessa da imortalidade futura'
(Missal Romano, Prefácio de defuntos I), em direção à qual o homem
caminha, através da morte do corpo, partilhando com tudo o que é
criado e visível esta necessidade a que está sujeita a matéria"
(Encíclica "Redemptor Hominis", n°. 18).
Em Jo
11, 27 diz: "Disse
ela: 'Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que
vem ao mundo".
Nenhuma revolta ou desprezo de Marta para com o Senhor, por Ele ter
demorado a chegar em Betânia. Ela acredita n'Ele, crê que Ele é o
Cristo, o Filho de Deus.
Quantos católicos, hoje, infelizmente, por não conseguirem algo que
estão necessitando; afastam-se de Deus e blasfemam contra Ele, ou
então, tornam-se protestantes ou espíritas. Esses são caniços que
pendem diante de qualquer vento.
Dom
Duarte Leopoldo comenta:
"Eis aqui, solidamente
estabelecido, o dogma da ressurreição final. Jesus nada promete a
Marta; provoca, porém o seu esplêndido ato de fé: 'Sim, Senhor, eu
creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo'. A fim de
lhe conceder o desejado milagre".
Em Jo 11, 28-31 diz:
"28
Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho:
'O senhor está aqui e te chama!'
29
Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro.
30
Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o
fora encontrar. 31
Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a,
viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que
fosse ao sepulcro para aí clorar".
Marta
foi até a casa para dizer à sua irmã Maria que o Mestre a chamava: "O senhor está aqui e te chama!"
Qual
foi a atitude de Maria? Ela mandou avisar-Lhe que não queria vê-lO por
ter demorado para chegar em Betânia? Ela se revoltou e disse que não
acreditava mais n'Ele? Ficou Maria amuada dentro de casa? Não! Ela foi
imediatamente ao encontro da Luz Eterna:
"Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro".
Se o
Senhor chama, é preciso atendê-lo prontamente, e foi o que Maria fez.
Ela ergueu-se logo! Façamos o mesmo; se Cristo nos chama para perto d'Ele,
não deixemos para amanhã, mas apressemo-nos.
Ela
deixou as criaturas que a consolava dentro de casa e correu ao
encontro de Deus. Tenhamos também nós força de nos desapegarmos das
criaturas para aproximarmos de Deus, Ele é o verdadeiro consolador:
"Eu, eu mesmo sou
aquele que te consola" (Is 51, 12).
Em Jo
11, 32 diz: "Chegando
ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a seus pés e
lhe disse: 'Senhor, se estivesse aqui, meu irmão não teria morrido".
Maria prostrou-se aos pés de Nosso Senhor, cheia de lágrimas, e
disse a Cristo o mesmo que sua irmã havia dito:
"Então, disse Marta a Jesus: 'Senhor, se estivesses aqui, meu
irmão não teria morrido"
(Jo 11, 21).
O Pe.
Francisco Fernández-Carvajal comenta:
"Marta e Maria teriam
repetido muitas vezes entre elas: 'Se o Mestre tivesse estado aqui,
Lázaro viveria ainda'. Ele não teria permitido que morresse; disso
estavam certas. Conheciam bem Jesus! Como ia permitir que morresse o
seu irmão! Era impossível!"
Em Jo 11,
33- 36 diz: "33
Quando Jesus a viu chorar e também os judeus que a acompanhavam,
comoveu-se interiormente e ficou conturbado.
34 E
perguntou: 'Onde o colocastes?' Responderam-lhe: 'Senhor, vem e vê!'
35
Jesus chorou. 36
Diziam, então, os judeus: 'Vede como ele o amava!"
Quando Nosso Senhor a viu chorar e também os judeus que a
acompanhavam,
comoveu-se interiormente e ficou conturbado.
Esta comoção manifestou-se no exterior; todos o viram. Jesus perguntou
onde o tinham colocado.
E Jesus começou a chorar:
"Deve ter sido
impressionante. Deus chora por um amigo da terra! Os judeus estavam
também pasmados, e diziam: Vede como o amava!"
(Pe. Francisco
Fernández-Carvajal),
e: "Ó Amigo
verdadeiro, quão mal vos paga quem vos é traidor! Ó verdadeiros
cristãos! Vinde chorar com vosso Deus! Não só por Lázaro correram
aquelas piedosas lágrimas, mas também pelos que não haveriam de querer
ressuscitar, ainda que Sua Majestade os chamasse em altas vozes"
(Santa Teresa de
Jesus, Exclamações 10, 2-3), e também:
"Podemos contemplar a profundidade e delicadeza dos sentimentos de
Jesus. Se a morte corporal do amigo arranca lágrimas ao Senhor, que
fará a morte espiritual do pecador, causa da sua condenação eterna?"
(Edições Theologica),
e ainda: "Cristo
chorou: chore também o homem sobre si mesmo. Por que chorou Cristo
senão para ensinar o homem a chorar?"
(Santo Agostinho, In
Ioann. Evang., 49, 19).
Choremos nós também, mas pelos nossos pecados, para que voltemos à
vida da graça pela conversão e pelo arrependimento. Não desprezemos as
lágrimas do Senhor, que chora por nós, pecadores:
"Jesus é teu amigo. - O
Amigo.- Com coração de carne, como o teu. - Com olhos de olhar
amabilíssimo, que choraram por Lázaro... '- E tanto como a Lázaro,
quere-te a ti" (São
Josemaría Escrivá, Caminho, n° 422).
Dom
Duarte Leopoldo comenta:
"Jesus tomou, não somente a
nossa humanidade, mas ainda o que ela tem de mais íntimo - o nosso
coração e os nossos sentimentos. Jesus chorou, como nós, lágrimas
amargas e ardentes. Jesus chorou porque sabia o que era a corrupção do
túmulo. Lázaro era para Ele o gênero humano atingido pelo pecado,
vítima do pecado, sofrendo as terríveis consequências do pecado. Jesus
chorou ainda por efeito de uma disposição natural que nos leva a
simpatizar com os nossos amigos, a partilhar as suas alegrias, com as
suas tristezas. Assim, pois, Jesus santificou, como homem, todos os
bons sentimentos da nossa natureza".
Em Jo
11, 37-40 diz: "37
Alguns deles disseram: 'Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia
ter feito com que ele não morresse?
38
Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com
uma pedra sobreposta.
39
Disse Jesus: 'Retirai a pedra!' Marta, a irmã do morto, disse-lhe:
'Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!'
40
Disse-lhe Jesus: 'Não te disse, se creres, verás a glória de Deus?"
Dom
Duarte Leopoldo comenta:
"A perfídia dos fariseus
discutia ainda a própria dor do Divino Mestre, como havia discutido os
seus ensinos".
Dirigindo-se ao cemitério, Nosso Senhor comoveu-se de novo. O sepulcro
onde estava depositado o corpo de Lázaro era uma cova tapada com uma
pedra.
Os
sepulcros dos judeus costumavam ser de dois tipos. Uns tinham uma
câmara com um banco escavado na pedra para colocar o cadáver,
precedida de uma antecâmara. A porta exterior desta costumava
deixar-se aberta e fechar-se a interior da câmara com uma pedra, que
girava sobre uma ranhura. Esta foi a forma do sepulcro de Jesus.
Outros sepulcros eram uma espécie de pequeno poço com escadas, sobre o
qual se colocava uma grande pedra. Assim deve ter sido o de Lázaro.
Havia sobre ele uma pedra. O sítio que hoje se venera como o túmulo de
Lázaro remonta ao século IV. Esta era a forma mais antiga e comum dos
túmulos privados.
Disse
Jesus: "Retirai a
pedra!' Marta, a irmã do morto, disse-lhe: 'Senhor, já cheira mal: é o
quarto dia!' Disse-lhe Jesus: 'Não te disse, se creres, verás a glória
de Deus?"
Dom
Duarte Leopoldo comenta:
"Marta parece vacilar um
momento, ante a perspectiva de um cadáver já corrompido. Jesus, porém,
a tranquiliza e mantém a sua fé".
Em Jo 11,
41-42 diz:
"41
Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse:
'Pai, dou-te graças porque me ouviste.
42
Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que
me rodeia, para que creiam que me enviaste".
Edições Theologica comenta:
"A Humanidade Santíssima de
Jesus está a exprimir a Sua Filiação divina natural, não adotiva como
a dos outros homens. Daí brotam estes sentimentos de Jesus Cristo que
nos ajudam a compreender que quando Ele diz 'Pai', o afirma com uma
intensidade e autenticidade inefáveis e únicas. Assim, quando os
Evangelhos apresentam Jesus em oração, sempre põem em realce que
começa com a invocação 'Pai'... refletindo o Seu amor e confiança
singulares (cfr Mt 11, 1-2). Esses sentimentos devem dar-se também, de
algum modo, na nossa própria oração, visto que pelo Batismo nos unimos
a Cristo e n'Ele tornamo-nos filho de Deus (cfr Jô 1, 12; Rm 6, 1-11;
8, 14-17). Daqui que devamos orar sempre com espírito filial e com
gratidão pelos muitos benefícios recebidos de Nosso Pai Deus.
O milagre
da ressurreição de Lázaro, realmente extraordinário, é uma prova de
que Jesus é o Filho de Deus, enviado ao mundo pelo Pai. E assim,
quando Lázaro ressuscita, aumenta a fé dos discípulos (v. 15), de
Marta e Maria (vv. 26. 40) e da multidão (vv. 36. 45)".
Em Jo
11, 43-44 diz: "Tendo
dito isso, gritou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora! O morto saiu,
com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário.
Jesus lhes disse: 'Desatai-o e deixai-o ir embora".
Santo
Agostinho vê na ressurreição de Lázaro uma figura do sacramento da
Penitência: "Como
Lázaro do túmulo 'sais tu quando te confessas. Pois, que quer dizer
sair senão manifestar-se como vindo de um lugar oculto? Mas para que
te confesses, Deus dá uma grande voz, chama-te com uma graça
extraordinária. E assim como o defunto saiu ainda atado, do mesmo modo
o que vai confessar-se ainda é réu. Para que fique desatado dos seus
pecados, o Senhor diz aos ministros: Desatai-o e deixai-o andar"
(In Ioann. Evang.,49, 24).
Edições Theologica comenta:
"Jesus chama Lázaro pelo seu
nome. Embora estivesse verdadeiramente morto, não tinha perdido a sua
identidade pessoal: os defuntos continuam a existir mas de outro modo,
pois passam da vida mortal à vida eterna. Por isso, Jesus Cristo
afirma que Deus 'não é Deus de mortos mas de vivos', pois para Ele
todos vivem (cfr Mt 22, 32; Lc 20, 38).
Este passo
pode aplicar-se à ressurreição espiritual da alma em pecado que
recobra a graça. Deus quer a nossa salvação (cfr 1 Tm 2, 4), portanto,
jamais havemos de desanimar no nosso afã e esperança por alcançar essa
meta", e:
"Nunca desesperes. Morto e
corrompido estava Lázaro: 'jam foetet, quatriduanus est anim' - já
fede, porque há quatro dias que está enterrado, diz Marta a Jesus. Se
ouvires a inspiração de Deus e a seguires ('Lazare, veni foras!' -
Lázaro vem para fora!), voltarás à Vida"
(São Josemaría Escrivá,
Caminho, n° 719).
As ligaduras eram uma espécie de cintas que serviam para atar; mas
que deixavam alguma liberdade de movimento. Devem distinguir-se do
Sudário, pano grande que envolvia o rosto, e do lençol ou lenço
(Jo 19, 40; 20, 5-7)
com que se envolvia o corpo.
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 04 de junho de 2007
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