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          RESSURREIÇÃO DE LÁZARO 
          
          (Jo 11, 
          1-44) 
            
          
          "1 
          Havia um doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã 
          Marta. 2 
          Maria era aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés 
          com seus cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente. 
          3 
          As duas irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que amas 
          está doente'. 4 
          A essa notícia, Jesus disse: 'Essa doença não é mortal, mas para a 
          glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de Deus'.
           
          
          5 
          Ora, Jesus amava Marta e sua irmã e Lázaro. 
          
          6 
          Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no 
          lugar em que se encontrava; 
          7 
          só depois, disse aos discípulos: 'Vamos outra vez até a Judéia!'
          8 
          Seus discípulos disseram-lhe: 'Rabi, há pouco os judeus procuravam 
          apedrejar-te e vais para lá?' 
          9 
          Respondeu Jesus: 'Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha 
          durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; 
          10 
          mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele'. 
          
          11 
          Disse isso e depois acrescentou: 'Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou 
          despertá-lo'. 12 
          Os discípulos responderam: 'Senhor, se ele está dormindo, vai se 
          salvar!' 13 
          Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do 
          repouso do sono. 14 Então 
          Jesus lhes falou claramente: 'Lázaro morreu. 
          15 
          Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais. 
          Mas, vamos para junto dele!' 
          16 
          Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: 'Vamos também 
          nós, para morrermos com ele!' 
          
          17 
          Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias.
          18 
          Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios. 
          19 
          Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da 
          perda do irmão. 20 
          Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, 
          porém, continuava sentada, em casa. 
          21 
          Então, disse Marta a Jesus: 'Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não 
          teria morrido. 22 
          Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá'.
          23 
          Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressuscitará'. 
          24 
          'Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último 
          dia!' 25 
          Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que 
          morra, viverá. 26 
          E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?' 
          
          27 
          Disse ela: 'Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus 
          que vem ao mundo'. 
          
          28 
          Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho: 
          'O senhor está aqui e te chama!' 
          29 
          Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. 
          30 
          Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o 
          fora encontrar. 31 
          Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a, 
          viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que 
          fosse ao sepulcro para aí clorar. 
          
          32 
          Chegando ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a 
          seus pés e lhe disse: 'Senhor, se estivesse aqui, meu irmão não teria 
          morrido'. 33 
          Quando Jesus a viu chorar e também os judeus que a acompanhavam, 
          comoveu-se interiormente e ficou conturbado. 
          34 
          E perguntou: 'Onde o colocastes?' Responderam-lhe: 'Senhor, vem e vê!'
          35 
          Jesus chorou. 36 
          Diziam, então, os judeus: 'Vede como ele o amava!' 
          37 
          Alguns deles disseram: 'Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia 
          ter feito com que ele não morresse? 
          38 
          Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com 
          uma pedra sobreposta. 
          39 
          Disse Jesus: 'Retirai a pedra!' Marta, a irmã do morto, disse-lhe: 
          'Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!' 
          40 Disse-lhe 
          Jesus: 'Não te disse, se creres, verás a glória de Deus?' 
          41 
          Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: 
          'Pai, dou-te graças porque me ouviste. 
          42 
          Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que 
          me rodeia, para que creiam que me enviaste'. 
          
          43 
          Tendo dito isso, gritou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora!' 
          44 
          O morto saiu, com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com 
          um sudário. Jesus lhes disse: 'Desatai-o e deixai-o ir embora". 
            
          
            
            
          
          Em Jo 
          11, 1 diz: "Havia um 
          doente, Lázaro, de Betânia, povoado de Maria e de sua irmã Marta". 
          
          Os 
          três irmãos: Lázaro, Marta e Maria moravam em Betânia. 
          
          
           Betânia: "(gr. 
          Bethania, do hebr. Bêt 'ananîyah, contração de bêt 'ananîyah, 'casa de 
          Ananias'?). Aldeia nas proximidades de Jerusalém, a atual el Azariyeh, 
          no sopé da encosta E. do monte das Oliveiras, a cerca de duas milhas 
          romanas de Jerusalém (Jo 11, 18), isto é, da Jerusalém do monte Sião; 
          portanto, a cerca de 6 Km da atual cidade de Jerusalém"
          (DB). 
          
          Lázaro: 
          "(gr. lazaros do hebr. 'el 
          'azar, 'Deus ajudou')" 
          (DB).  
          
          Em Jo 
          11, 2 diz: "Maria era 
          aquela que ungira o Senhor com bálsamo e lhe enxugara os pés com seus 
          cabelos. Seu irmão Lázaro se achava doente". 
          
          
          Edições theologica comenta: 
          "Nos Evangelhos aparecem 
          várias mulheres com o nome de Maria. Aqui trata-se de Maria de Betânia, 
          a irmã de Lázaro (v. 2), a mesma que depois ungiu o Senhor, também em 
          Betânia, em casa de Simão, o leproso (cfr Jo 12, 1-8; Mc 14, 3): o 
          indefinido ou aoristo 'ungiu' exprime uma ação passada relativamente 
          ao tempo em que escreve o Evangelista, embora a unção fosse posterior 
          à ressurreição de Lázaro. 
          
          Maria de 
          Betânia, Maria Madalena e a mulher 'pecadora' que ungiu os pés do 
          Senhor na Galiléia (cfr Lc 7, 36), são uma, duas ou três mulheres? 
          Ainda que às vezes se tenda a identificar as três, parece mais 
          provável que se trate de pessoas diferentes. Em primeiro lugar, deve 
          distinguir-se a unção da Galiléia (Lc 7, 36) realizada pela 
          'pecadora', da unção de Betânia levada a cabo pela irmã de Lázaro (Jo 
          12, 1); tanto pelo tempo em que têm lugar, como pelos pormenores 
          específicos, são claramente diferentes... Por outro lado, nos 
          Evangelhos não há nenhum indício positivo de que Maria de Betânia 
          fosse a mesma que a 'pecadora' da Galiléia. Também não há base firme 
          para identificar Maria Madalena com a 'pecadora', da qual não se dá o 
          nome; a Madalena aparece entre as mulheres que seguem Jesus na 
          Galiléia, da qual tinha expulsado sete demônios (cfr Lc 8, 2) e que 
          Lucas apresenta na sua narração como um personagem ainda não 
          conhecido, nem dá nenhum outro elemento que permita relacionar ambas 
          as mulheres. 
          
          Por 
          último, Maria de Betânia e Maria Madalena também não se podem 
          identificar, pois João distingue as duas mulheres: nunca chama à irmã 
          de Lázaro, Maria Madalena, nem a esta, que está junto da cruz (Jo 19, 
          25), que acorre ao sepulcro e a quem o Senhor ressuscitado aparece (Jo 
          20, 1. 11-18), a relaciona para nada com Maria de Betânia. 
           
          
          A razão de 
          que algumas vezes se tenha confundido Maria de Betânia com Maria 
          Madalena deve-se, por um lado, à identificação desta com a 'pecadora' 
          da Galiléia, por relacionar a possessão diabólica da Madalena com a 
          condição pecadora da que fez a unção da Galiléia; e, por outro lado, à 
          confusão das duas unções: a irmã de Lázaro seria a 'pecadora' 
          protagonista da única unção. Deste modo concluiu-se, sem base sólida, 
          na confusão das três mulheres numa, ainda que a interpretação melhor 
          fundada e mais comum entre os exegetas seja a de que se trata de três 
          mulheres diferentes". 
          
          Ainda 
          falando sobre Maria, irmã de Lázaro, o Pe. João Colombo escreve:
          "Mas aquela pequena família em que já faltavam o pai e a mãe, 
          uma sombra ainda mais negra trazia a tristeza. Maria abandonara seu 
          irmão e sua irmã, dera-se aos vícios e aos prazeres, tornara-se o 
          escândalo do lugar, a desonra da casa. Lázaro e Marta não podiam ser 
          felizes", e:
          "Não vos pediu Lázaro que o ressuscitásseis. 
          Por uma mulher pecadora, vos dignastes fazê-lo" 
          (Santa Teresa de Jesus, Exclamações 10, 
          2-3). 
          
          Em Jo 11,
          3-4: "As duas 
          irmãs mandaram, então, dizer a Jesus: 'Senhor, aquele que amas está 
          doente'. A essa notícia, Jesus disse: 'Essa doença não é mortal, mas 
          para a glória de Deus, para que, por ela, seja glorificado o Filho de 
          Deus". 
          
          
           Marta 
          e Maria, conhecendo a bondade de Nosso Senhor e o quanto Ele amava a 
          Lázaro, não vacilaram, mas pediram a Sua ajuda. Elas não buscaram 
          socorro nas criaturas, havia dezenas próximas delas, mas sim, em 
          Cristo Jesus: 
          "Belíssima oração, em sua tocante simplicidade, na confiança absoluta 
          que inspira a bondade do Divino Mestre. Estas irmãs lhe pedem que 
          venha curar o enfermo. Elas sabem que Jesus o ama e, portanto, 
          basta-lhe adverti-lo somente da enfermidade do seu amigo. Poderia ele 
          amá-lo e não socorrê-lo" 
          (Dom Duarte Leopoldo), 
          e: "É certo que a 
          missão das duas irmãs tinha por fim obter da sua compaixão a cura do 
          enfermo, mas notai como elas não apelam para a hospitalidade que, por 
          vezes, lhe tinham oferecido, não recorrem ao sentimento da gratidão 
          que, naturalmente, tinha por elas o Divino Mestre. Na sua confiança e 
          abandono à Providência, dizem apenas: 'Aquele a quem amais está 
          enfermo!' O amor de Deus às suas pobres criaturas é motivo bastante 
          para socorrê-las em suas necessidades" (Santo 
          Agostinho). 
          
          
           Aprendamos das duas irmãs, Marta e Maria, a buscarmos socorro somente 
          em Cristo Jesus nas horas de dificuldades. Quantos são aqueles que 
          perdem tempo mendigando o consolo das criaturas falsas e perigosas sem 
          nenhum proveito. Confiemos em Nosso Senhor todos os nossos problemas, 
          e Ele nos ajudará: 
          "Felizes hão de ser todos aqueles que põem sua esperança no Senhor" (Sl 2, 
          12). 
          
          Jesus 
          disse: "Essa doença 
          não é mortal, mas para a glória de Deus, para que, por ela, seja 
          glorificado o Filho de Deus". 
          
          Santo 
          Agostinho comenta: 
          "... não foi um ganho para Jesus, mas proveito para nós. Portanto, diz 
          Jesus que a doença não é de morte, porque aquela morte não era para 
          morte, mas antes em ordem a um milagre, pelo qual os homens crescem em 
          Cristo e evitassem assim a verdadeira morte"
          (In Ioann. Evang., 49, 6). 
          
          Em Jo 
          11, 5 diz: "Ora, Jesus 
          amava Marta e sua irmã e Lázaro". 
          
          A 
          amizade de Nosso Senhor com Lázaro, Marta e Maria, era verdadeira e 
          pura, não existia entre eles nenhum interesse. Esse trecho da Sagrada 
          Escritura diz que Cristo amava os três: 
          "A amizade é uma das formas 
          do amor, é um sentimento tão puro que faz bater suavemente o coração 
          daqueles que são virgens. Quanto mais puro é um coração, quanto mais 
          despido desses sentimentos baixos que degradam e aviltam, tanto mais 
          sincera será a amizade. Um coração corrompido jamais poderá sentir as 
          delicadezas da amizade"
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          Quão 
          grande felicidade é viver em amizade com Nosso Senhor. Será que existe 
          um amigo melhor do que Ele? Esforcemo-nos para vivermos sempre na 
          graça santificante, e assim, Ele, o melhor Amigo, estará sempre 
          conosco: "Quando Jesus 
          está presente, tudo é bom e nada parece dificultoso; mas quando Jesus 
          se retira, tudo enfada e cansa. Quando Jesus não fala interiormente, 
          nenhuma consolação tem valor; mas se Jesus fala uma só palavra, grande 
          gozo se sente... Que te pode dar o mundo sem Jesus? Estar sem Jesus é 
          terrível inferno; estar com Jesus é doce Paraíso. Se Jesus estiver 
          contigo, nenhum inimigo te poderá ofender. Quem acha a Jesus acha um 
          tesouro precioso, ou antes, um bem acima de todo o bem. E quem perde a 
          Jesus perde muitíssimo, e mais do que se perdesse todo o mundo. 
          Paupérrimo é o que vive sem Jesus, e riquíssimo o que está bem com 
          Jesus. Grande arte é saber conversar com Jesus, grande prudência saber 
          possuir a Jesus... Se apartares de ti a Jesus e o perderes, aonde 
          irás? A quem buscarás por amigo?... Sobre todos os teus amigos seja 
          pois Jesus singularmente amado. Ama a todos por amor de Jesus, e a 
          Jesus por si mesmo. Só Jesus Cristo deve ser amado singularmente; 
          porque só Ele é verdadeiro e fidelíssimo, mais que todos os amigos"
          (Tomás de Kempis, 
          Imitação de Cristo, Livro II, capítulo VIII). 
          
          
          Sejamos amigos fiéis de Cristo Jesus, a exemplo de Lázaro, Marta e 
          Maria. Ele é o Amigo fiel que jamais nos abandonará: 
          "Quem escolheu a Jesus por 
          amigo, pôs-se à sombra de boa árvore; pois, em Jesus, terá uma égide 
          que a toda hora do dia e da noite o estará protegendo contra os 
          assaltos de seus inimigos. Em Jesus terá um braço forte que pelejará 
          por ele e lhe dará a vitória na tentação. Quem entrou na amizade com 
          Jesus, pôs-se no caminho da salvação, porque ser amigo de Jesus, é ser 
          amigo de Deus, do bem e da verdade"
          (Pe. Alexandrino 
          Monteiro, Raios de Luz, 75). 
          
          Em Jo 
          11, 6-7 diz: "6 
          Quando soube que este se achava doente, permaneceu ainda dois dias no 
          lugar em que se encontrava; 
          7 
          só depois, disse aos discípulos: 'Vamos outra vez até a Judéia!" 
          
          
          Cristo Jesus ao receber a notícia de que Lázaro estava enfermo, não 
          partiu imediatamente para Betânia, mas permaneceu ainda dois dias no 
          lugar onde estava: 
          "Devemos encontrar-nos no mês de Março deste ano 30, nas últimas 
          semanas da vida de Jesus, que se encontra ainda na Peréia, no outro 
          lado do Jordão" (Pe. 
          Francisco Fernández-Carjaval). 
          
          
          Quando recorremos ao Senhor pedindo uma graça, e Ele demora a nos 
          atender, não duvidemos de seu poder e amor, mas permaneçamos firmes e 
          Ele nos atenderá na hora certa: 
          "Muitas vezes Deus não atende 
          de pronto às nossas orações, para experimentar a nossa confiança, ou 
          dar-nos ainda mais do que lhe pedimos. Se Jesus tivesse partido 
          imediatamente, poderia ter curado a Lázaro. Demorando-se ainda dois 
          dias, teve ocasião de ressuscitá-lo, e maior foi a graça concedida, 
          mais intensa a alegria pelo favor recebido"
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          Em Jo 
          11, 8-10 diz: "8 
          Seus discípulos disseram-lhe: 'Rabi, há pouco os judeus procuravam 
          apedrejar-te e vais para lá?' 
          9 
          Respondeu Jesus: 'Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha 
          durante o dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; 
          10 
          mas se alguém caminha à noite, tropeça, porque a luz não está nele". 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo escreve: 
          "A noite era o tempo da sua 
          Paixão. Enquanto, pois, houvesse dia, antes de chegada a hora da sua 
          Paixão, nada tinha Ele a temer dos seus inimigos", 
          e: "A lapidação era a 
          pena capital que se aplicava aos blasfemos (cfr Lv 24, 16). Vimos que 
          pelo menos duas vezes intentaram lapidar Jesus. A primeira porque 
          tinha proclamado a Sua filiação divina e a Sua existência eterna ao 
          afirmar que 'era' antes de Abraão (Jo 8, 58-59). A segunda por 
          manifestar a Sua unidade com o Pai (cfr Jo 10, 30-31). Estes intentos 
          das autoridades judaicas falharam porque ainda não tinha chegado a 
          hora de Jesus, isto é, o tempo designado pelo Pai para a Sua Morte e 
          Ressurreição. Quando chegar a Crucifixão será a hora dos Seus inimigos 
          'e o poder das trevas' (Lc 22, 53). Mas até esse momento é o tempo da 
          luz, em que o Senhor podia caminhar sem perigo de morte" (Edições 
          Theologica). 
          
          Em Jo 
          11, 11-16 diz: "11 
          Disse isso e depois acrescentou: 'Nosso amigo Lázaro dorme, mas vou 
          despertá-lo'. 12 
          Os discípulos responderam: 'Senhor, se ele está dormindo, vai se 
          salvar!' 13 
          Jesus, porém, falara de sua morte e eles julgaram que falasse do 
          repouso do sono. 14 Então 
          Jesus lhes falou claramente: 'Lázaro morreu. 
          15 
          Por vossa causa, alegro-me de não ter estado lá, para que creiais. 
          Mas, vamos para junto dele!' 
          16 
          Tomé, chamado Dídimo, disse então aos outros discípulos: 'Vamos também 
          nós, para morrermos com ele!" 
          
          Os 
          discípulos diziam-Lhe que esse era bom sinal, pois se dorme, sarará. 
          Considerava-se que um sono profundo era sintoma da boa reação do 
          organismo contra a doença e o começo da saúde. Jesus falava-lhes da 
          morte, mas eles entenderam que se tratava do sono natural: 
          "Lázaro já tinha morrido, 
          quando Jesus assim falava. É que a morte dos justos é como um sono, 
          cujo despertar é a felicidade eterna. A morte de Lázaro, 
          particularmente, porque não era definitiva, bem podia ser chamada um 
          sono. - A palavra cemitério quer dizer dormitório"(Dom 
          Duarte Leopoldo). 
          
          Houve 
          um momento de dúvida e de vacilação à hora de empreender o caminho de 
          regresso à Judéia, até que Tomé, o Dídimo, disse resolutamente aos 
          outros: Vamos também nós, para morrermos com ele. 
          Jesus olhá-lo-ia com 
          complacência: "As 
          palavras de Tomé recordam as dos Apóstolos no Cenáculo, dispostos a 
          tudo, inclusivamente a morrer pelo seu Mestre (cfr Mt 26, 31-35). Já 
          por ocasião do discurso do Pão da Vida, quando muitos dos discípulos 
          abandonaram o Senhor, os Doze permaneceram fiéis (cfr Jo 6, 67-71), e 
          seguiram-No apesar das suas debilidades. Mas quando Jesus, depois da 
          traição de Judas Iscariotes, Se deixar prender em Getsêmani sem 
          resistência alguma, proibindo inclusivamente a defesa pelas armas (cfr 
          Jo 18, 11), desconcertar-se-ão e abandonarão o Mestre. Só São João 
          permanecerá fiel na hora suprema do Calvário" 
          (Edições Theologica), 
          e: "A palavra deste 
          Apóstolo é o grito de amor de todos os mártires de todos os séculos: 
          Morrer com Jesus e por Jesus!"
          (Dom Duarte 
          Leopoldo). 
          
          Em Jo 
          11, 17-20 diz: "17 
          Ao chegar, Jesus encontrou Lázaro já sepultado havia quatro dias.
          18 
          Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns quinze estádios. 
          19 
          Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da 
          perda do irmão. 20 
          Quando Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, 
          porém, continuava sentada, em casa". 
          
          
          Depois de um dia de caminho, Jesus e os Apóstolos chegaram a Betânia, 
          Lázaro estava já sepultado há quatro dias: 
          "O mensageiro gastou um dia 
          para levar a notícia, Jesus demorou-se dois e empregou o quarto na 
          viagem para a Betânia. Os enterros, segundo o costume, se faziam no 
          mesmo dia da morte" 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          Por Betânia ficar perto de Jerusalém, uns três quilômetros, muitos 
          judeus foram até lá para consolar as duas irmãs. 
          
           "Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria, para as consolar da 
          perda do irmão". 
          
          
          Aprendamos também nós a aproximarmos das pessoas que perderam seus 
          entes queridos, para consolá-las. Como é importante nessas horas 
          difíceis, rezar e fortalecer essas pessoas com sábios conselhos. 
          
          
          Sabemos que muitos se desesperam nessas horas, justamente por não 
          possuírem uma fé profunda; essas, ao invés de correrem para Deus, 
          apóiam-se nas criaturas.  
          
           "Quando 
          Marta soube que Jesus chegara, saiu ao seu encontro; Maria, porém, 
          continuava sentada, em casa". 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "Vê-se bem desenhado, o 
          caráter das duas irmãs. Cada uma sofre a seu modo, sem que se possa 
          dizer quem sofre mais. Há dores expansivas que procuram consolação; 
          outras, porém, mais concentradas, recolhem-se ao silêncio". 
          
          Marta 
          saiu ao encontro de Nosso Senhor à entrada de Betânia. 
          
          
          Quando necessitarmos do apoio de Cristo Jesus, não deixemos para 
          depois, mas saiamos ao seu encontro, e Ele que sabe de tudo nos 
          consolará. 
          
          
          Muitos católicos, nas horas de dificuldades, se trancam no seu egoísmo 
          e na sua revolta e se esquecem de Deus, por isso, vivem amargurados e 
          frustrados. 
          
          
           Em Jo 
          11, 21-22 diz: "21 
          Então, disse Marta a Jesus: 'Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não 
          teria morrido. 22 
          Mas ainda agora sei que tudo o que pedires a Deus, ele te concederá". 
          
          Se 
          estivesses aqui, meu irmão não teria morrido: 
          Marta conhecia bem o 
          coração de Jesus e: 
          "Sabia que não teria permitido que o seu irmão morresse; tê-lo-ia 
          curado nos primeiros sintomas da enfermidade. Eram amigos! Ao mesmo 
          tempo, parece uma carinhosa recriminação; é como se dissesse: 
          avisamos-te..., esperávamos por ti. Contudo, Marta alimenta uma leve 
          esperança de que Jesus o possa ressuscitar. Com toda a certeza tinha 
          ouvido falar do filho da viúva de Naim e da filha de Jairo. É possível 
          que inclusive os tivesse conhecido" 
          (Pe. Francisco 
          Fernández-Carvajal). 
          
          Marta 
          não se desespera, mas confia em Cristo Jesus: 
          "O pedido de Marta é um 
          exemplo de oração confiante e de abandono nas mãos do Senhor que sabe 
          melhor que nós o que nos convém. Por isso, 'não Lhe disse: Rogo-Te 
          agora que ressuscites meu irmão (...). Somente disse: Sei que tudo 
          podes e fazes tudo o que queres; mas fazê-lo fica ao Teu juízo, não 
          nos meus desejos"
          (Santo Agostinho, In 
          Ioann. Evang., 49, 13). 
          
          
          Peçamos ao Senhor tudo aquilo que necessitamos, mas peçamos com fé e 
          confiança; deixando de lado o desespero e a nossa vontade própria, 
          porque Cristo Jesus sabe o que é melhor para nós: 
          "Faça-se a vossa vontade, 
          Senhor, no céu e na terra, onde não há prazer sem mescla de dor, nem 
          rosas sem espinhos, dia sem noite, primavera sem inverno, na terra, 
          Senhor, onde raras são as consolações e inúmeros os trabalhos. Faça-se 
          também vossa vontade, Senhor, não só na execução dos vossos 
          mandamentos, conselhos e inspirações que devemos praticar, mas também 
          nas aflições e penas que devemos suportar, a fim de que em nós, por 
          nós e conosco seja feita a vossa vontade em tudo o que vos aprouver"
          (São Francisco de 
          Sales, II Teotimo IX, 1). 
          
          Em Jo 
          11, 23- 26 diz: "23 
          Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressuscitará'. 
          24 
          'Sei, disse Marta, que ele ressuscitará na ressurreição, no último 
          dia!' 25 
          Disse-lhe Jesus: "Eu sou a ressurreição. Quem crê em mim, ainda que 
          morra, viverá. 26 
          E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês nisso?" 
          
          Jesus 
          quer levar Marta a reconhecer na Pessoa d'Ele o Messias Filho de Deus, 
          vindo para dar a vida eterna aos que nele crêem, por isso declara:
          "Eu sou a Ressurreição e a Vida; quem crê em mim, ainda que 
          esteja morto, viverá, e quem vive é crê em mim, não morrerá para 
          sempre. Crês nisso?" 
          
          O Pe. 
          Gabriel de Santa Maria Madalena escreve: 
          "Eis onde deve chegar a fé: 
          crer que o poder de ressuscitar os mortos pertence a Cristo e que Ele, 
          assim como pode servir-se imediatamente desse poder para ressuscitar 
          Lázaro da morte corporal, do mesmo modo dele se serve para assegurar a 
          vida eterna aos que vivem nele pela fé"
          (Intimidade Divina, 83, Ano A). 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "Estamos diante de uma das 
          definições concisas que o Senhor deu de Si mesmo, e que São João 
          transmite com fidelidade (cfr Jo 10, 9. 14; 14-16; 15, 1): Jesus é a 
          ressurreição e a Vida. É a ressurreição porque com a Sua vitória sobre 
          a morte é causa da ressurreição de todos os homens. O milagre que vai 
          realizar com Lázaro é um sinal desse poder vivificador de Cristo. 
          Assim, pela fé em Jesus Cristo que foi o primeiro a ressuscitar de 
          entre os mortos, o cristão está seguro de ressuscitar também um dia, 
          como Cristo (cfr 1 Cor 15, 23; Cl 1, 18). Por isso, para o crente, a 
          morte não é o fim, mas a passagem para a vida eterna, uma mudança de 
          morada como diz um dos Prefácios da Liturgia de defuntos: 'A vida 
          daqueles que cremos em Ti Senhor, não termina, transforma-se: e, ao 
          desfazer-se a nossa morada terrena, adquirimos uma mansão eterna no 
          céu'. Ao dizer que é a Vida, Jesus refere-Se não só à que começa no 
          mais além, mas também à vida sobrenatural que a graça opera na alma do 
          homem que ainda se encontra a caminho", 
          e João Paulo II escreve: 
          "Esta vida, prometida e proporcionada a cada homem pelo Pai em 
          Jesus Cristo, eterno e unigênito Filho, encarnado e nascido da Virgem 
          Maria 'ao chegar a plenitude dos tempos' (cfr Gl 4, 4), é o 
          complemento final da vocação do homem; é, de alguma maneira, o 
          cumprir-se daquele 'destino' que, desde toda a eternidade, Deus lhe 
          preparou. Este 'destino divino' torna-se via, por sobre todos os 
          enigmas, as incógnitas, as tortuosidades e as curvas, do 'destino 
          humano' no mundo temporal. Se, de fato, tudo isto, não obstante toda a 
          riqueza da vida temporal, leva por inevitável necessidade à fronteira 
          da morte e à meta da destruição do corpo humano, apresenta-se-nos 
           Cristo para além desta meta: 'Eu sou a ressurreição e a Vida. Aquele 
          que crê em Mim... não morrerá jamais'. Em Jesus cristo crucificado, 
          deposto no sepulcro e depois ressuscitado, 'brilha para nós a 
          esperança da feliz ressurreição... a promessa da imortalidade futura' 
          (Missal Romano, Prefácio de defuntos I), em direção à qual o homem 
          caminha, através da morte do corpo, partilhando com tudo o que é 
          criado e visível esta necessidade a que está sujeita a matéria"
          (Encíclica "Redemptor Hominis", n°. 18). 
          
          Em Jo 
          11, 27 diz: "Disse 
          ela: 'Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que 
          vem ao mundo". 
          
          
          Nenhuma revolta ou desprezo de Marta para com o Senhor, por Ele ter 
          demorado a chegar em Betânia. Ela acredita n'Ele, crê que Ele é o 
          Cristo, o Filho de Deus. 
          
          
          Quantos católicos, hoje, infelizmente, por não conseguirem algo que 
          estão necessitando; afastam-se de Deus e blasfemam contra Ele, ou 
          então, tornam-se protestantes ou espíritas. Esses são caniços que 
          pendem diante de qualquer vento. 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "Eis aqui, solidamente 
          estabelecido, o dogma da ressurreição final. Jesus nada promete a 
          Marta; provoca, porém o seu esplêndido ato de fé: 'Sim, Senhor, eu 
          creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus que vem ao mundo'. A fim de 
          lhe conceder o desejado milagre". 
          
          Em Jo 11, 28-31 diz: 
          "28 
          Tendo dito isso, afastou-se e chamou sua irmã Maria, dizendo baixinho: 
          'O senhor está aqui e te chama!' 
          29 
          Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro. 
          30 
          Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar em que Marta o 
          fora encontrar. 31 
          Quando os judeus, que estavam na casa com Maria, consolando-a, 
          viram-na levantar-se rapidamente e sair, acompanharam-na, julgando que 
          fosse ao sepulcro para aí clorar". 
          
          Marta 
          foi até a casa para dizer à sua irmã Maria que o Mestre a chamava: "O senhor está aqui e te chama!" 
          
          Qual 
          foi a atitude de Maria? Ela mandou avisar-Lhe que não queria vê-lO por 
          ter demorado para chegar em Betânia? Ela se revoltou e disse que não 
          acreditava mais n'Ele? Ficou Maria amuada dentro de casa? Não! Ela foi 
          imediatamente ao encontro da Luz Eterna: 
          "Esta, ouvindo isso, ergueu-se logo e foi ao seu encontro". 
          
          Se o 
          Senhor chama, é preciso atendê-lo prontamente, e foi o que Maria fez. 
          Ela ergueu-se logo! Façamos o mesmo; se Cristo nos chama para perto d'Ele, 
          não deixemos para amanhã, mas apressemo-nos. 
          
          Ela 
          deixou as criaturas que a consolava dentro de casa e correu ao 
          encontro de Deus. Tenhamos também nós força de nos desapegarmos das 
          criaturas para aproximarmos de Deus, Ele é o verdadeiro consolador:
          "Eu, eu mesmo sou 
          aquele que te consola" (Is 51, 12). 
          
          Em Jo 
          11, 32 diz: "Chegando 
          ao lugar onde Jesus estava, Maria, vendo-o, prostrou-se a seus pés e 
          lhe disse: 'Senhor, se estivesse aqui, meu irmão não teria morrido". 
          
          Maria prostrou-se aos pés de Nosso Senhor, cheia de lágrimas, e 
          disse a Cristo o mesmo que sua irmã havia dito: 
          "Então, disse Marta a Jesus: 'Senhor, se estivesses aqui, meu 
          irmão não teria morrido" 
          (Jo 11, 21). 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal comenta: 
          "Marta e Maria teriam 
          repetido muitas vezes entre elas: 'Se o Mestre tivesse estado aqui, 
          Lázaro viveria ainda'. Ele não teria permitido que morresse; disso 
          estavam certas. Conheciam bem Jesus! Como ia permitir que morresse o 
          seu irmão! Era impossível!" 
          
          Em Jo 11,
          33- 36 diz: "33 
          Quando Jesus a viu chorar e também os judeus que a acompanhavam, 
          comoveu-se interiormente e ficou conturbado. 
          34 E 
          perguntou: 'Onde o colocastes?' Responderam-lhe: 'Senhor, vem e vê!'
          35 
          Jesus chorou. 36 
          Diziam, então, os judeus: 'Vede como ele o amava!" 
          
          
          Quando Nosso Senhor a viu chorar e também os judeus que a 
          acompanhavam, 
          comoveu-se interiormente e ficou conturbado. 
          Esta comoção manifestou-se no exterior; todos o viram. Jesus perguntou 
          onde o tinham colocado. 
          E Jesus começou a chorar:
          "Deve ter sido 
          impressionante. Deus chora por um amigo da terra! Os judeus estavam 
          também pasmados, e diziam: Vede como o amava!" 
          (Pe. Francisco 
          Fernández-Carvajal), 
          e: "Ó Amigo 
          verdadeiro, quão mal vos paga quem vos é traidor! Ó verdadeiros 
          cristãos! Vinde chorar com vosso Deus! Não só por Lázaro correram 
          aquelas piedosas lágrimas, mas também pelos que não haveriam de querer 
          ressuscitar, ainda que Sua Majestade os chamasse em altas vozes"
          (Santa Teresa de 
          Jesus, Exclamações 10, 2-3), e também: 
          "Podemos contemplar a profundidade e delicadeza dos sentimentos de 
          Jesus. Se a morte corporal do amigo arranca lágrimas ao Senhor, que 
          fará a morte espiritual do pecador, causa da sua condenação eterna?"
          (Edições Theologica), 
          e ainda: "Cristo 
          chorou: chore também o homem sobre si mesmo. Por que chorou Cristo 
          senão para ensinar o homem a chorar?"
          (Santo Agostinho, In 
          Ioann. Evang., 49, 19). 
          
          
          Choremos nós também, mas pelos nossos pecados, para que voltemos à 
          vida da graça pela conversão e pelo arrependimento. Não desprezemos as 
          lágrimas do Senhor, que chora por nós, pecadores: 
          "Jesus é teu amigo. - O 
          Amigo.- Com coração de carne, como o teu. - Com olhos de olhar 
          amabilíssimo, que choraram por Lázaro... '- E tanto como a Lázaro, 
          quere-te a ti" (São 
          Josemaría Escrivá, Caminho, n° 422). 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "Jesus tomou, não somente a 
          nossa humanidade, mas ainda o que ela tem de mais íntimo - o nosso 
          coração e os nossos sentimentos. Jesus chorou, como nós, lágrimas 
          amargas e ardentes. Jesus chorou porque sabia o que era a corrupção do 
          túmulo. Lázaro era para Ele o gênero humano atingido pelo pecado, 
          vítima do pecado, sofrendo as terríveis consequências do pecado. Jesus 
          chorou ainda por efeito de uma disposição natural que nos leva a 
          simpatizar com os nossos amigos, a partilhar as suas alegrias, com as 
          suas tristezas. Assim, pois, Jesus santificou, como homem, todos os 
          bons sentimentos da nossa natureza". 
          
          Em Jo 
          11, 37-40 diz: "37 
          Alguns deles disseram: 'Esse, que abriu os olhos do cego, não poderia 
          ter feito com que ele não morresse? 
          38 
          Comoveu-se de novo Jesus e dirigiu-se ao sepulcro. Era uma gruta, com 
          uma pedra sobreposta. 
          39 
          Disse Jesus: 'Retirai a pedra!' Marta, a irmã do morto, disse-lhe: 
          'Senhor, já cheira mal: é o quarto dia!' 
          40 
          Disse-lhe Jesus: 'Não te disse, se creres, verás a glória de Deus?" 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "A perfídia dos fariseus 
          discutia ainda a própria dor do Divino Mestre, como havia discutido os 
          seus ensinos". 
          
          
          Dirigindo-se ao cemitério, Nosso Senhor comoveu-se de novo. O sepulcro 
          onde estava depositado o corpo de Lázaro era uma cova tapada com uma 
          pedra. 
          
          Os 
          sepulcros dos judeus costumavam ser de dois tipos. Uns tinham uma 
          câmara com um banco escavado na pedra para colocar o cadáver, 
          precedida de uma antecâmara. A porta exterior desta costumava 
          deixar-se aberta e fechar-se a interior da câmara com uma pedra, que 
          girava sobre uma ranhura. Esta foi a forma do sepulcro de Jesus. 
          
          
          Outros sepulcros eram uma espécie de pequeno poço com escadas, sobre o 
          qual se colocava uma grande pedra. Assim deve ter sido o de Lázaro. 
          Havia sobre ele uma pedra. O sítio que hoje se venera como o túmulo de 
          Lázaro remonta ao século IV. Esta era a forma mais antiga e comum dos 
          túmulos privados. 
          
          
           Disse 
          Jesus: "Retirai a 
          pedra!' Marta, a irmã do morto, disse-lhe: 'Senhor, já cheira mal: é o 
          quarto dia!' Disse-lhe Jesus: 'Não te disse, se creres, verás a glória 
          de Deus?" 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "Marta parece vacilar um 
          momento, ante a perspectiva de um cadáver já corrompido. Jesus, porém, 
          a tranquiliza e mantém a sua fé". 
          
          Em Jo 11, 
          41-42 diz: 
          "41 
          Retiraram, então, a pedra. Jesus ergueu os olhos para o alto e disse: 
          'Pai, dou-te graças porque me ouviste. 
          42 
          Eu sabia que sempre me ouves; mas digo isso por causa da multidão que 
          me rodeia, para que creiam que me enviaste". 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "A Humanidade Santíssima de 
          Jesus está a exprimir a Sua Filiação divina natural, não adotiva como 
          a dos outros homens. Daí brotam estes sentimentos de Jesus Cristo que 
          nos ajudam a compreender que quando Ele diz 'Pai', o afirma com uma 
          intensidade e autenticidade inefáveis e únicas. Assim, quando os 
          Evangelhos apresentam Jesus em oração, sempre põem em realce que 
          começa com a invocação 'Pai'... refletindo o Seu amor e confiança 
          singulares (cfr Mt 11, 1-2). Esses sentimentos devem dar-se também, de 
          algum modo, na nossa própria oração, visto que pelo Batismo nos unimos 
          a Cristo e n'Ele tornamo-nos filho de Deus (cfr Jô 1, 12; Rm 6, 1-11; 
          8, 14-17). Daqui que devamos orar sempre com espírito filial e com 
          gratidão pelos muitos benefícios recebidos de Nosso Pai Deus. 
          
          O milagre 
          da ressurreição de Lázaro, realmente extraordinário, é uma prova de 
          que Jesus é o Filho de Deus, enviado ao mundo pelo Pai. E assim, 
          quando Lázaro ressuscita, aumenta a fé dos discípulos (v. 15), de 
          Marta e Maria (vv. 26. 40) e da multidão (vv. 36. 45)". 
          
           Em Jo 
          11, 43-44 diz: "Tendo 
          dito isso, gritou em alta voz: 'Lázaro, vem para fora! O morto saiu, 
          com os pés e mãos enfaixados e com o rosto recoberto com um sudário. 
          Jesus lhes disse: 'Desatai-o e deixai-o ir embora". 
          
          Santo 
          Agostinho vê na ressurreição de Lázaro uma figura do sacramento da 
          Penitência: "Como 
          Lázaro do túmulo 'sais tu quando te confessas. Pois, que quer dizer 
          sair senão manifestar-se como vindo de um lugar oculto? Mas para que 
          te confesses, Deus dá uma grande voz, chama-te com uma graça 
          extraordinária. E assim como o defunto saiu ainda atado, do mesmo modo 
          o que vai confessar-se ainda é réu. Para que fique desatado dos seus 
          pecados, o Senhor diz aos ministros: Desatai-o e deixai-o andar"
          (In Ioann. Evang.,49, 24). 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "Jesus chama Lázaro pelo seu 
          nome. Embora estivesse verdadeiramente morto, não tinha perdido a sua 
          identidade pessoal: os defuntos continuam a existir mas de outro modo, 
          pois passam da vida mortal à vida eterna. Por isso, Jesus Cristo 
          afirma que Deus 'não é Deus de mortos mas de vivos', pois para Ele 
          todos vivem (cfr Mt 22, 32; Lc 20, 38). 
          
          Este passo 
          pode aplicar-se à ressurreição espiritual da alma em pecado que 
          recobra a graça. Deus quer a nossa salvação (cfr 1 Tm 2, 4), portanto, 
          jamais havemos de desanimar no nosso afã e esperança por alcançar essa 
          meta", e: 
          "Nunca desesperes. Morto e 
          corrompido estava Lázaro: 'jam foetet, quatriduanus est anim' - já 
          fede, porque há quatro dias que está enterrado, diz Marta a Jesus. Se 
          ouvires a inspiração de Deus e a seguires ('Lazare, veni foras!' - 
          Lázaro vem para fora!), voltarás à Vida" 
          (São Josemaría Escrivá, 
          Caminho, n° 719). 
          
          As ligaduras eram uma espécie de cintas que serviam para atar; mas 
          que deixavam alguma liberdade de movimento. Devem distinguir-se do 
          Sudário, pano grande que envolvia o rosto, e do lençol ou lenço 
          (Jo 19, 40; 20, 5-7) 
          com que se envolvia o corpo. 
            
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 04 de junho de 2007 
           
           
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