TESOUROS
TERRENO E PERENE
(Lc 12,
13-21)
"13
Alguém da multidão lhe disse: 'Mestre, dize a meu irmão que reparta
comigo a herança'.
14 Ele respondeu:
'Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha?'
15
Depois lhes disse: 'Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez,
pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus
bens'. 16
E contou-lhes uma parábola: 'A terra de um rico produziu muito.
17
Ele, então, refletia: 'Que hei de fazer? Não tenho onde guardar minha
colheita'. 18 Depois pensou:
'Eis o que vou fazer: vou demolir meus celeiros, construir maiores, e
lá hei de recolher todo o meu trigo e os meus bens.
19
E direi à minha alma: Minha alma, tens uma quantidade de bens em
reserva para muitos anos; repousa, como, bebe, regala-te'.
20
Mas Deus lhe diz: 'Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada a
alma. E as coisas que acumulaste, de quem serão?'
21
Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico
para Deus".
Em Lc
12, 13- 14 diz:
"Alguém da multidão lhe disse: 'Mestre, dize a meu irmão que reparta
comigo a herança'. Ele respondeu: 'Homem, quem me estabeleceu juiz ou
árbitro da vossa partilha?"
Um
homem aproximou-se de Nosso Senhor para lhe pedir que interviesse num
assunto de heranças:
"Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança".
O Pe.
Francisco Fernández-Carvajal comenta:
"Pelas palavras de Jesus,
parece que este homem estava mais preocupado por aquele problema de
bens que pela pregação do Mestre. A questão apresentada, diante do
Messias que lhes fala do reino de Deus, dá a impressão de ser pelo
menos inoportuna".
Cristo Jesus lhe responde:
"Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha?"
Hoje,
são milhões os católicos que se preocupam somente com os bens
materiais, que buscam orientação em pessoas piedosas unicamente com a
intenção de crescerem materialmente, deixando de lado e ignorando
completamente o progresso espiritual.
Edições Theologica comenta:
"Aquele homem só está
interessado nos seus próprios problemas; só vê em Jesus um mestre de
reconhecida autoridade e prestígio para resolver o seu caso... O
personagem pode muito bem representar aqueles que recorrem à
autoridade religiosa não para pedir uma orientação na sua vida
espiritual mas para resolver os assuntos materiais. Jesus,
decididamente, desinteressa-Se de semelhante petição. E não é por
insensibilidade diante de uma situação de possível injustiça familiar,
mas porque intervir em tais assuntos não é próprio da Sua missão
redentora. O Mestre ensina-nos, com a Sua atuação e com as Suas
palavras, que a Sua obra salvífica não se dirige a resolver os muitos
conflitos familiares e sociais que se dão entre os homens; Jesus veio
dar os princípios e os critérios morais que deverão informar a justa
ação dos homens nos assuntos temporais, mas não resolvê-los
tecnicamente; para isto dotou-nos de inteligência e de liberdade".
Aprenda de Nosso Senhor, os bispos e sacerdotes seguidores da maldita
Teologia da Libertação, a se preocuparem com a vida espiritual das
ovelhas, deixando de lado os assuntos terrenos:
"A redução da sua missão a
tarefas temporais, puramente sociais ou políticas ou de qualquer modo
alheias à sua identidade, não é uma conquista, mas uma perda
gravíssima para a fecundidade evangélica da Igreja inteira"
(Diretório para o ministério e a vida do presbítero, 33).
Em Lc
12, 15- 21 diz:
"Depois lhes disse: 'Precavei-vos cuidadosamente de qualquer cupidez,
pois, mesmo na abundância, a vida do homem não é assegurada por seus
bens'.
E contou-lhes uma parábola:
'A terra de um rico produziu muito. Ele, então, refletia: 'Que hei de
fazer? Não tenho onde guardar minha colheita'. Depois pensou: 'Eis o
que vou fazer: vou demolir meus celeiros, construir maiores, e lá hei
de recolher todo o meu trigo e os meus bens. E direi à minha alma:
Minha alma, tens uma quantidade de bens em reserva para muitos anos;
repousa, come, bebe, regala-te'. Mas Deus lhe diz: 'Insensato, nessa
mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que acumulaste, de
quem serão?' Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo,
e não é rico para Deus".
Jesus
Cristo os convidam a se precaveram cuidadosamente de qualquer ambição,
porque
mesmo na abundância, a
vida do homem não é assegurada por seus bens:
"Não é das riquezas que depende a vida ou a morte. Evitai,
portanto, a avareza, cujas ramificações são infinitas, que se
manifesta de tantos modos e sob tantos aspectos. A tua fortuna não te
impedirá de morrer, mas pode dar-te uma morte feliz e venturosa se
souberes ser rico segundo o coração de Deus"
(Dom Duarte
Leopoldo).
Nosso
Senhor conta-lhes uma parábola sobre o rico estúpido.
"A terra
de um rico produziu muito. Ele, então, refletia: 'Que hei de fazer?
Não tenho onde guardar minha colheita".
Esse
rico da parábola fez uma colheita abundante, sua lavoura produziu
muito, mas o seu egoísmo não o deixou pensar nas necessidades do
próximo ou nos deveres com Deus; o mesmo possui um coração trancado e
voltado somente para si.
Ele
passou dias e dias refletindo, não em fazer caridade, mas sim, onde
guardar tanto mantimento. Quanto egoísmo!
Hoje,
também, muitos são aqueles que possuem bens, mas não sabem dar
esmolas; esses preferem amontoar suas riquezas a ajudarem um
necessitado.
"Depois
pensou: 'Eis o que vou fazer: vou demolir meus celeiros, construir
maiores, e lá hei de recolher todo o meu trigo e os meus bens".
Que
triste conclusão chegou o rico da parábola! Preferiu gastar dinheiro
em demolir os seus celeiros, gastou mais ainda para construí-los
maiores, mas tudo indica, não pensou nas necessidades do próximo.
Quanta ambição!
São
milhares aqueles que correm desesperadamente para aumentar e proteger
os seus bens materiais, mas não reservam sequer um minuto para
entesourar tesouros no céu. Como são loucos!
Já
ouvistes a história de João Wilde? Dizem que na ilha de Bergen há uma
multidão de anõezinhos habitando um palácio de cristal, no interior da
montanha. De vez em quando eles saem de seu palácio encantado para
bailar pelos campos. Mas, se numa dessas excursões, algum anãozinho
perde um de seus sapatinhos de vidro tem que voltar e procurá-lo, até
que o encontre, custe o que custar.
Um
lavrador, chamado João Wilde, que sabia desse segredo, resolveu
apanhar um desses sapatinhos e fazer fortuna. Saiu, pois, à
meia-noite, deitou-se ao pé da montanha e fingiu que dormia.
Apareceram os anõezinhos e, vendo-o dormir, bailaram tranquilos e
alegres à luz do luar. João Wilde espreitava-os e vendo que um deles
deixou cair seu sapatinho, de um salto apoderou-se do precioso
tesouro. No dia seguinte o anãozinho, disfarçado em viajante,
dirigiu-se à casa do lavrador. Este negou-se a devolver-lhe o
sapatinho, e o anãozinho, em seu desespero, ofereceu-lhe pelo
sapatinho tudo que quisesse.
-
Quero, disse João, que daqui em diante, a cada golpe do meu enxadão
apareça uma moeda de ouro.
Firmou-se o contrato. Wilde com mão trêmula tomou o enxadão,
mergulhou-o na terra e - ó sorte! - reluzente e novinha apareceu uma
moeda de ouro. Todo o dia, de sol a sol, esteve cavando, e todo o dia
esteve recolhendo moedas. Voltou no dia seguinte, e também no outro e
- como achava curto o dia - começou a passar a noite desenterrando
moedas de ouro. Sem descanso, sem sossego, cavou, suou, mourejou. Nem
um momento de repouso, tamanha era a ânsia de amontoar ouro, ouro e
mais ouro... Um dia, porém, encontraram-no estendido no campo ao lado
do seu enxadão: morrera de fadiga sobre um montão de moedas de ouro. O
anão dera-lhe o ouro por castigo.
Já
disseste talvez: Faço sempre a vontade de Deus e no entanto vivo na
pobreza; outros vivem a ofendê-lo e gozam de abundância... Não te
queixes, meu irmão; a tua pobreza, suportada com resignação, é uma
mina de méritos para o céu. A riqueza mal adquirida ou mal empregada
será a causa de grandes castigos na vida futura.
O
rico da parábola, depois de construir celeiros maiores e de guardar
neles o trigo e todos os bens, decidiu descansar, comer e beber:
"Minha alma, tens uma
quantidade de bens em reserva para muitos anos; repousa, come, bebe,
regala-te".
Percebe-se que Deus está totalmente ausente de seus projetos como de
sua vida, em vez de depender de Deus, depende somente de seus bens. O
rico pôs a sua esperança nas coisas da terra e esqueceu-se de que
todos estamos a caminho do céu:
"Quem vive como se tivesse de
morrer cada dia - visto que é incerta a nossa vida por natureza - não
pecará, já que o bom temor extingue grande parte da desordem dos
apetites; pelo contrário, quem julga que vai ter uma vida longa,
facilmente se deixa dominar pelos prazeres"
(Santo Atanásio, Contra Antígono).
São
milhões aqueles que possuem grandes fortunas nos bancos, fazendas,
fábricas, etc., colocam a esperança no que passa e esquecem de que a
verdadeira felicidade só pode ser encontrada em Deus.
O
rico da parábola percorre o caminho largo: repouso, comida, bebida e
regalo; longe dele o caminho estreito, isto é, o caminho que conduz ao
céu.
Infeliz do católico que vive na "poltronice", que busca sempre o mais
fácil e que foge da cruz; esse não se salvará.
Deus
disse ao rico da parábola:
"Insensato, nessa mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas
que acumulaste, de quem serão?"
O
rico pensava que a sua vida estava segura, que ele, por possuir muitos
bens, seria quase eterno, mas não:
"... nessa mesma noite ser-te-á reclamada a alma".
Dom
Duarte Leopoldo escreve:
"Este rico preocupa-se tanto
com a sua fortuna, como outros com a sua pobreza. Ele não dorme, passa
uma parte da noite a contar e consultar, a fazer planos, a prever o
futuro, a prevenir os acontecimentos. A seus olhos um tanto perturbado
pela vigílias, talvez pela febre da avareza, se lhe mostram os novos
celeiros, cheios a transbordar. Oh! Como é dolorosa e pesada, para
muitos a riqueza! Mas... vem a morte, e depois? Eis o que é necessário
prever, prevenir e preparar".
Naquela mesma noite o rico compareceria diante de Deus com as mãos
vazias, sem boas obras que valham para a eternidade.
Milhões são aqueles que acumulam riquezas durante anos sem se
preocuparem em salvar a própria alma; depois morrem, deixando tudo
para os outros sem levar nada para a outra vida:
"Ora, ele vê os sábios
morrerem e o imbecil perecer com o insensato, deixando sua riqueza
para outros... ao morrer nada poderá levar, sua glória não descerá com
ele" (Sl 49,
11. 18).
J. H.
Newman escreve: "Tudo
passa debaixo do céu, primavera, verão, outono, cada estação tem sua
vez. Passam também as fortunas do mundo: quem antes dominava é agora
humilhado e se eleva quem antes estava no chão. Quando caímos na
desventura, bate asas a riqueza e voa. Tornam-se inimigos os amigos e
vice-versas; mudam-se também nossos desejos, aspirações e projetos.
Nada há estável fora de vós, meu Deus! Sois o centro e a vida de todos
os que, embora mutáveis, em vós confiam como Pai, em vós põem os
olhos, satisfeitos de se poderem entregar em vossas mãos" (Maturidade
Cristã, pp. 281-282).
Católico, veja como morre um avarento.
Em
Paris, estava um velho avarento estendido em seu leito de agonia.
Trabalhava sem cessar durante toda a vida, não só nos dias úteis, mas
também nos domingos e festas de preceito, e isso para amontoar
riquezas e mais riquezas. A sua divisa parece ter sido esta: "Ouro,
por ti eu vivo; por ti eu morro!"
Como
estava prestes a morrer, pediu que lhe colocassem nas mãos muitas
moedas de ouro. Fizeram-lhe a vontade e, assim, morreu. As moedas
rolaram pelo chão. Estava morto, afinal, o gozo do ouro...
"Assim
acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para
Deus".
A
estupidez desse homem consistiu em ter posto a sua esperança, o seu
fim último e a garantia da sua segurança em algo tão frágil e
passageiro como são os bens da terra, por abundante que sejam:
"A legítima aspiração de
possuir o necessário para a vida, para a família e o seu normal
desenvolvimento não deve confundir-se com o afã de ter mais a todo o
custo. O coração do discípulo há de estar no Céu, e a vida é um
caminho que há de percorrer. Se o Senhor é a sua esperança, saberá ser
feliz com muitos bens ou com poucos"
(Pe. Francisco Fernández-Carvajal), e: "Muitos
há que são ricos de dinheiro, de propriedades, fazendas, etc., ricos
diante dos homens. Outros há que são ricos diante de Deus. São os que
entesouraram no seio de Deus, um capital de virtudes e de boas obras,
de fé, de esperança e de amor. Os bens da terra, se os possuem, não
lhes servem de embaraço, porque sabem possuí-los e usá-los segundo a
vontade de Deus. Não somente ricos, mas ainda bem-aventurados, eles
podem morrer esta mesma noite, pois a morte nada tem de temeroso para
quem vive com Deus e para Deus"
(Dom Duarte Leopoldo).
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 31 de julho de 2007
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