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          JESUS ENTRE OS SAMARITANOS 
          
          (Jo 4, 
          1-42) 
            
          
          "1 
          Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia 
          mais discípulos e batizava mais que João - 
          2 
          ainda que, de fato, Jesus 
          mesmo não batizasse, mas os seus discípulos - 
          3 
          deixou a Judéia e retornou à 
          Galiléia. 4 
          Era preciso passar pela Samaria. 
          5 
          Chegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região 
          que Jacó tinha dado a seu filho José. 
          6 Ali se 
          achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à 
          fonte. Era por volta da hora sexta. 
          7 
          Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: 'Dá-me 
          de beber!' 8 
          Seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimento. 
          9 
          Diz-lhe, então a samaritana: 'Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, 
          a mim que sou samaritana?' (Os judeus, com efeito, não se dão com os 
          samaritanos) 10 
          Jesus lhe respondeu: 'Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te 
          diz: 'Dá-me de beber', tu é que lhe pedirias e ele te daria água 
          viva!' 11 
          Ela lhe disse: 'Senhor, nem sequer tens uma vasilha e o poço é 
          profundo; de onde, pois, tiras essa água viva? 
          12 
          És, porventura, maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do 
          qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?' 
          13 
          Jesus lhe respondeu: 'Aquele que bebe desta água terá sede novamente;
          14 
          mas quem beber da água que eu 
          lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der 
          tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna'.
          15 
           Disse-lhe a mulher: 'Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha 
          mais sede, nem tenha de vir mais aqui para tirá-la!' 
          16 
          Jesus disse: 'Vai, chama teu marido e volta aqui'. 
          17 
          A mulher lhe respondeu: 'Não tenho marido'. Jesus lhe disse: 'Falaste 
          bem: 'não tenho marido', 
          18 
          pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso 
          falaste a verdade'. 
          19 Disse-lhe a mulher: 
          'Senhor, vejo que és um profeta... 
          20 
          Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em 
          Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar'. 
          21 
          Jesus lhe disse: 'Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta 
          montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai. 
          22 
          Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque 
          a salvação vem dos judeus. 
          23 
          Mas vem a hora - e é agora - em que os verdadeiros adoradores adorarão 
          o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai 
          procura. 24 
          Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e 
          verdade'. 25 
          A mulher lhe disse: 'Sei que vem um Messias (que se chama Cristo). 
          Quando ele vier, nos anunciará tudo'. 
          26 
          Desse-lhe Jesus: 'Sou eu, que falo contigo'. 
          27 
          Naquele instante, chegaram os seus discípulos e admiravam-se de que 
          falasse com uma mulher; nenhum deles, porém, lhe perguntou: 'Que 
          procuras?' ou: 'O que falas com ela?' 
          28 
          A mulher, então, deixou seu cântaro e correu à cidade, dizendo a 
          todos: 29 
          'Vinde ver um homem que me disse tudo o que fiz. Não seria ele o 
          Cristo?' 30 
          Eles saíram da cidade e foram ao seu encontro. 
          31 
          Enquanto isso, os discípulos 
          rogavam-lhe: 'Rabi, come!' 
          32 
          Ele, porém, lhes disse: 'Tenho para comer um alimento que não 
          conheceis'. 33 
          Os discípulos se perguntavam uns aos outros: 'Por acaso alguém lhe 
          teria trazido algo para comer?' 
          34 
          Jesus lhes disse: 'Meu alimento é fazer a vontade daquele que me 
          enviou e consumar a sua obra. 
          35 
          Não dizeis vós: 'Ainda quatro meses e chegará a colheita?' Pois bem, 
          eu vos digo: Erguei vossos olhos e vede os campos: estão brancos para 
          a colheita. Já 36 
          o ceifeiro recebe seu salário e recolhe fruto para a vida eterna, para 
          que o semeador se alegre juntamente com o ceifeiro. 
          37 
          Aqui, pois, se verifica o provérbio: 'um é o que semeia, outro o que 
          ceifa'. 38 
          Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhastes; outros trabalharam e vós 
          entrastes no trabalho deles'. 
          39 
          Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da 
          mulher que dava testemunho: 'Ele me disse tudo o que fiz!' 
          40 
          Por isso, os samaritanos vieram até ele, pedindo-lhe que permanecesse 
          com eles. E ele ficou ali dois dias. 
          41 Bem mais 
          numerosos foram os que creram por causa da palavra dele 
          42 
          e diziam à mulher: 'Já não é 
          por causa do que tu falaste que cremos. Nós próprios o ouvimos, e 
          sabemos que esse é verdadeiramente o salvador do mundo". 
            
          
            
            
          
          Em Jo 
          4, 1-3 diz: "Quando 
          Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais 
          discípulos e batizava mais que João - ainda que, de fato, Jesus mesmo 
          não batizasse, mas os seus discípulos - deixou a Judéia e retornou à 
          Galiléia". 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "Já começa a aparecer a 
          hostilidade dos fariseus contra Jesus. O Senhor, como não tinha 
          chegado ainda o  tempo da Sua Paixão, retira-Se para o Norte da 
          Palestina, para a Galiléia, onde o influxo dos fariseus era menor. Com 
          isso Jesus Cristo evita que O matem antes do tempo assinalado por Deus 
          Pai", e: 
          "Deixando a Judéia, quis 
          Jesus evitar a animosidade dos fariseus e a inveja dos discípulos de 
          João. Exemplo de prudência a imitar"
          (Dom Duarte 
          Leopoldo). 
          
          
          Depois de umas semanas em Jerusalém e noutros lugares da Judéia, Jesus 
          dirigiu-se para a Galiléia acompanhado dos seus discípulos: 
          "Existem duas rotas 
          principais. Uma mais longa, bordeava o Jordão. A outra, que tomará 
          nesta ocasião o Senhor, atravessava a Samaria e seguia o eixo 
          norte-sul pela linha dos cumes. Esta via secundária existia desde 
          sempre. Por ela caminharam os patriarcas, segundo o Gênesis, e aparece 
          expressamente citada na época dos juízes. Tinha a vantagem de 
          atravessar territórios bastante povoados, com água e alimentos, mas 
          contava com um sério inconveniente para o peregrino que ia ou voltava 
          de Jerusalém: passava por aldeias de samaritanos, inimigos 
          tradicionais dos judeus e sempre dispostos a boicotar as peregrinações 
          a Jerusalém. Por isso os galileus desistiam normalmente de tomar este 
          caminho, que em princípio era mais direto"
          (Pe. Francisco 
          Fernández-Carvajal). 
          
          Em Jo 
          4, 4-6 diz: "Era 
          preciso passar pela Samaria. Chegou, então, a uma cidade da Samaria, 
          chamada Sicar, perto da região que Jacó tinha dado a seu filho José. 
          Ali se achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se 
          junto à fonte. Era por volta da hora sexta". 
          
          
          Caminhavam Jesus e os seus discípulos pelo vale limitado pelo monte 
          Hebal ao norte e ao sul pelo Garizin, e estavam já muito próximos de 
          Sicar, a atual Ascar. Esta cidade estava próximo do campo que Jacó deu 
          a seu filho José. 
          
          Neste 
          lugar Jacó edificou um altar a Yahvé (Gn 33, 18-20), e o campo deu-o 
          como melhora a seu filho José (Gn 48, 21-22). Aqui foi enterrado o 
          próprio José (Js 24, 32). Também Abraão acampou neste lugar e recebeu 
          a promessa da bênção, antes de chegar a Betel (Gn 12, 6-8). 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "Chegou a pequena comitiva ao 
          poço em que, séculos antes, Jacó dessedentava os seus gados. Este poço 
          era o fim obrigatório de uma etapa do caminho que se tinha iniciado às 
          primeiras horas do dia. Era à volta da hora sexta, meio-dia, e os 
          discípulos continuaram até à próxima cidade para comprar alimentos. O 
          Senhor, fatigado do caminho, sentou-se junto ao poço. Talvez tenha 
          preferido ficar só", 
          e: "É comovedor 
          observar o Mestre esgotado. Além disso, tem fome: os discípulos foram 
          à povoação vizinha, para procurar algo de comer. E tem sede (...). 
          Quando nos cansemos - no trabalho, no estudo, na tarefa apostólica -, 
          quando encontremos oposição no horizonte, então, os olhos para Cristo: 
          para Jesus bom, para Jesus cansado, para Jesus faminto e sequioso. 
          Como te fazes entender, Senhor! Como te fazes querer! Mostraste-nos 
          como nós, em tudo menos no pecado: para que palpemos que contigo 
          poderemos vencer as nossas más inclinações, as nossas culpas. Porque 
          não importam nem o cansaço, nem a fome, nem a sede, nem as lágrimas... 
          Cristo cansou-se, passou fome, teve sede, chorou. O que importa é a 
          luta - uma contenda amável, porque o Senhor permanece sempre a nosso 
          lado - para cumprir a vontade do Pai que está nos céus" 
          (São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, nn. 176 e 201), 
          e também: "A hora 
          sexta, isto é, meio-dia. Admiremos a bondade do Salvador, esperando, 
          apesar da grande fadiga, a esta pobre pecadora, a fim de convertê-la e 
          fazer dela uma apóstola da cidade. Aprendamos a aproveitar, como ele, 
          todas as ocasiões para fazer o bem"
          (Dom Duarte Leopoldo).  
          
          Em Jo 4, 7-8: "Uma 
          mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: 'Dá-me de 
          beber!' Seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimento". 
          
          O 
          descanso do Salvador foi interrompido pela chegada de uma mulher que 
          vinha tirar água do poço, uma samaritana. 
          
          Nosso Senhor diz à mulher: "Dá-me de beber!" 
          Ele estava sozinho:
          "Seus discípulos 
          tinham ido à cidade comprar alimento". 
          
          O 
          sacerdote quando vai ouvir os pecados de um penitente deve agir com 
          prudência e estar em um lugar seguro, para que ninguém ouça a 
          confissão; é preciso respeitar o penitente. 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "Jesus veio salvar o que 
          estava perdido. Não poupará nenhum esforço para o conseguir. Eram 
          proverbiais os ódios entre Judeus e Samaritanos; contudo, Jesus Cristo 
          não exclui ninguém, mas o Seu amor estende-se a todas as almas, e por 
          todas e cada uma vai derramar o Seu sangue. Inicia o diálogo com esta 
          mulher mediante um pedido, que indica a grande delicadeza de Deus com 
          os homens: Deus Onipotente pede um favor à pobre criatura humana. 
          'Dá-Me de beber': Jesus pede de beber não só pela sede física, mas 
          porque tinha sede da salvação dos homens, por amor a eles. Estando 
          cravado na Cruz voltou a dizer: 'Tenho sede' (Jo 19, 28)", 
          e: "Uma mulher da 
          Samaria. Esta mulher chama-se Potina... Tendo chegado ao poço para 
          tirar água, não reparou, a princípio, no Salvador que ali estava 
          sentado. Mas Jesus lhe fala e pede-lhe de beber, ele que tinha sede 
          daquela alma. Assim os pecadores passam por Jesus, entram nas igrejas, 
          mas indiferentes e descuidados da sua alma. Jesus, porém, lhes fala:- 
          Dá-me de beber, dá-me o teu coração. Ai de quem fechar os ouvidos à 
          doçura da voz de um amigo tão dedicado!" (Dom Duarte 
          Leopoldo), e também:
          "E veio uma mulher'. 
          Esta mulher é figura da Igreja, ainda não justificada, mas já em vias 
          de justificação; é disso que trata a narrativa. Veio sem conhecer o 
          Senhor, encontrou-o e ele lhe falou. Vejamos o fato e a razão por que 
          'veio uma mulher da Samaria tirar água'. Os samaritanos não pertenciam 
          ao povo judeu; eram estrangeiros. Faz parte do simbolismo da narração 
          o fato de vir de um povo estrangeiro essa mulher que representava a 
          Igreja, pois a Igreja viria dos gentios, dos que não pertenciam à raça 
          judaica. Ouçamos, portanto, a nós mesmos na pessoa dessa mulher: 
          reconheçamo-nos nela e nela demos graças a Deus por nós. Era uma 
          figura, não uma realidade; mas como ela mesma começou por ser figura, 
          tornou-se realidade. Pois acreditou naquele que queria torná-la uma 
          figura nossa. 'Veio tirar água'. Viera simplesmente tirar água, como 
          costumam fazer os homens e as mulheres" (Dos Tratados de 
          Santo Agostinho sobre o Evangelho de São João), e ainda: 
          "Ó Senhor, para oferecer-nos o mistério de vossa humildade vos 
          sentastes, cansado junto ao poço e pedistes de beber à samaritana. Vós 
          que nela fizestes nascer o dom da fé, vos dignastes ter sede de sua 
          fé; pediste-lhe água e nela acendestes o fogo do amor de Deus. Por 
          isso, supliquemos à vossa imensa misericórdia, abandonarmos as 
          profundas trevas do vício, deixar a água das más paixões, a fim de 
          experimentar, incessantemente, sede de vós que sois fonte de vida, 
          torrente de bondade"
          (Prefácio ambrosiano, das orações dos primeiros cristãos, 326). 
          
          Em Jo 
          4, 9-12 diz: "Diz-lhe, 
          então a samaritana: 'Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim 
          que sou samaritana?' (Os judeus, com efeito, não se dão com os 
          samaritanos) Jesus lhe respondeu: 'Se conhecesses o dom de Deus e quem 
          é que te diz: 'Dá-me de beber', tu é que lhe pedirias e ele te daria 
          água viva! Ela lhe disse: 'Senhor, nem sequer tens uma vasilha e o 
          poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva? És, porventura, 
          maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo 
          bebeu, assim como seus filhos e seus animais?" 
          
          Santo 
          Agostinho comenta: 
          "Estais vendo que são estrangeiros: aos judeus não se serviam 
          absolutamente de seus cântaros. E como a mulher trazia consigo um 
          cântaro para tirar água, admirou-se de que um judeu lhe pedisse de 
          beber, pois os judeus não costumavam fazer isso. Mas aquele que pedia 
          de beber tinha sede da fé daquela mulher. Escuta então a quem pede de 
          beber; Jesus lhe respondeu: 'Se conhecesses o dom de Deus e quem é que 
          te diz: 'Dá-me de beber, tu é que lhe pedirias e ele dar-te-ia uma 
          água viva'. Pede de beber e promete uma bebida. Está necessitado e 
          precisa receber e possui em abundância para saciar os outros. 'Se 
          conhecesses, diz ele, 'o dom de Deus'. O dom de Deus é o Espírito 
          Santo. Jesus ainda fala veladamente à mulher, mas penetra aos poucos 
          em seu coração. Já está a ensinar. Que exortação haverá mais suave que 
          esta? 'Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: 'Dá-me de 
          beber', tu é que lhe pedirias e ele dar-te-ia uma água viva'. Que água 
          lhe daria, senão aquela da qual se disse: 'Em ti está a fonte da 
          vida?' 'Pois como podem ter sede os que se inebriam da opulência de 
          tua casa?" 
          (Dos Tratados sobre o Evangelho de São João), 
          e: "Desde a separação 
          das dez tribos e a ereção do bezerro de ouro em Samaria, capital do 
          reino de Israel, os samaritanos eram desprezados pelos judeus, e até 
          os seus sacrifícios eram recusados, no Templo. Um judeu nunca falava 
          com um samaritano, e não lhe podia pedir nem mesmo um pedaço de pão ou 
          um copo de água. Este ódio perseverou depois do cativeiro das dez 
          tribos, quando a Samaria foi povoada pelos pagãos. A resposta da 
          Samaritana ao Divino Mestre se encontra também nos lábios de muitos 
          pecadores! Eles não querem relações com Jesus e seus ministros. 
          Adivinha-se o pensamento do Salvador. Sob a imagem de uma água viva, 
          ele quer falar dos bens espirituais, do seu Evangelho, dos 
          sacramentos. Há grande diferença entre a água de um poço e a água 
          viva. A água do poço tira-se, com dificuldade, do fundo onde dorme. A 
          água viva jorra por si mesma à flor da terra, tem movimento, tem vida. 
          O dom de Deus é a graça concedida a esta mulher e, na sua pessoa, a 
          todos os homens, de poder conversar com o Salvador"
          (Dom Duarte Leopoldo), e também: "A 
          resposta da samaritana torna possível o diálogo e mostra o acolhimento 
          que na sua alma vai tendo a ação da graça: a própria aceitação de 
          falar com Cristo, que era judeu, não deixa de ser o primeiro passo na 
          transformação que começa a operar-se. Depois (v. 11), ao não tomar por 
          banais as palavras de Jesus, dá outro passo na sua abertura à 
          intervenção divina. Afloram os seus sentimentos religiosos, que agora 
          se reavivam ('o nosso pai Jacó', v. 12)" (Edições 
          Theologica). 
          
          Em Jo 4, 13-14 diz: 
          "Jesus lhe respondeu: 'Aquele 
          que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água que eu 
          lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der 
          tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna". 
          
          Santa 
          Teresa d' Ávila escreve: 
          "Falando à samaritana, 
          dissestes: 'Quem beber da água que eu der, jamais terá sede'. Oh! Como 
          são reais e verdadeiras estas palavras pronunciadas por vós. Verdade 
          eterna! Sim, quem bebe daquela água, já não terá sede de coisa alguma 
          terrena, mas ficará muito mais sequioso das coisas do céu. É um 
          tormento de que mal se pode fazer idéia pela sede natural, neste 
          mundo. Com que ansiedade, Senhor, desejo esta sede, pois seu alto 
          valor me fazeis compreender!" 
          (Caminho 19, 2), 
          e: "Quem receber dessa 
          água, terá em si princípio permanente de vida eterna, a graça 
          santificante que comunica Jesus aos que nele crêem. É ele a fonte 
          inexaurível: quem se aproxima, recebe! Recebe primeiramente por meio 
          do batismo que, no sinal sacramental, repete o simbolismo da água. Mas 
          para beber desta água viva e vivificante, é preciso crer"
          (Pe. Gabriel de 
          Santa Maria madalena, Intimidade Divina, 69), 
          e também: "A resposta do Senhor é surpreendente e de grande interesse 
          para aquela mulher. Tem diante alguém maior que Jacó; oferece-lhe uma 
          água capaz de saciar a sede de uma vez para sempre. Cristo está a 
          referir-Se à transformação que realiza em cada homem a participação da 
          vida divina, a graça santificante, a presença do espírito Santo, o dom 
          mais excelente que haveriam de receber todos os que cressem n'Ele. São 
          muitas as ansiedades que se agitam no nosso interior, intensos os 
          desejos de felicidade e de paz; quem recebe o Senhor e se une a Ele 
          como os sarmentos à videira (cfr Jo 15, 4-5), não só sacia a sua sede, 
          mas, além disso, transforma-se em fonte de água viva (cfr Jo 7, 
          37-39)" (Edições 
          Theologica),e ainda:
          "Quem uma vez gozou 
          dos bens celestes, não tem mais gosto para os da terra. A água que 
          Jesus nos dá tem propriedades maravilhosas: aplaca a sede, extingue as 
          dores da carne, purifica, faz germinar as virtudes, reflete a luz do 
          céu, levanta-nos a alma e a inunda de pensamentos celestes. Jorra com 
          tanta força que nos transporta consigo à eternidade"
          (Dom Duarte 
          Leopoldo). 
          
          Em Jo 
          4, 15 diz: "Disse-lhe 
          a mulher: 'Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, 
          nem tenha de vir mais aqui para tirá-la!" 
          
          A 
          samaritana, com bastante ingenuidade, pensa que se refere à água 
          corrente, à que ela necessita cada dia. 
          
          Santo 
          Agostinho comenta: "O 
          Senhor prometia à mulher um alimento forte, prometia saciá-la com o 
          Espírito Santo, mas ela não compreendia, e como não compreendesse, que 
          respondeu? Disse-lhe então a mulher: 'Senhor, dá-me dessa água, para 
          que não sinta mais sede nem tenha de vir aqui tirá-la'. A necessidade 
          a obrigava a fatigar-se, mas sua fraqueza recusava a fadiga. Pudesse 
          ela escutar as palavras do Senhor: 'Vinde a mim, todos os que estais 
          cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei!' Jesus dizia-lhe tudo aquilo 
          para que não mais se fatigasse, mas ela ainda não compreendia"
          (Dos Tratados sobre o Evangelho de São João), 
          e: "A samaritana não 
          conhece ainda o mistério de que lhe fala Jesus, mas começa a desejar 
          conhecê-lo. Sob o encanto das palavras do Salvador, a pobre pecadora 
          começa a sentir sede dessa água viva que ele promete. - Senhor, lhe 
          diz ela, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede"
          (Dom Duarte 
          Leopoldo). 
          
          Em Jo 
          4, 16-19 diz: "Jesus 
          disse: 'Vai, chama teu marido e volta aqui'. A mulher lhe respondeu: 
          'Não tenho marido'. Jesus lhe disse: 'Falaste bem: 'não tenho marido', 
          pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso 
          falaste a verdade'. Disse-lhe a mulher: 'Senhor, vejo que és um 
          profeta..." 
          
          Jesus 
          falava da graça santificante; por isso enfrenta-se com o obstáculo 
          principal que se opõe a ela: o pecado. 
          "Vai, chama teu marido e volta aqui". 
          A samaritana responde com toda a simplicidade: 
          "Não tenho marido". 
          
          A 
          sinceridade da samaritana abre-lhe as portas para a graça. Cristo 
          Jesus conhecia muito bem a sua situação moral: 
          "Falaste bem: 'não tenho marido', pois tiveste cinco maridos e o que 
          agora tens não é teu marido; nisso falaste a verdade". 
          
          Feliz 
          do católico que é sincero na confissão. Quem é sincero recebe o perdão 
          dos pecados; aquele que mente comete sacrilégio. 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "Ainda que a mulher não 
          pudesse ainda captar o sentido profundo daquelas palavras, Jesus 
          aproveita o interesse crescente da samaritana para lhe ir manifestando 
          a  Sua condição divina: conhece a sua vida, os segredos do seu 
          coração, lê na sua consciência. Presta-lhe assim o motivo imediato 
          para a sua confissão inicial de fé: 'Vejo que és profeta'. Aqui está 
          já o começo da sua conversão", 
          e: "Notai a doçura e a 
          habilidade com que Nosso Senhor encaminha esta alma à confissão da sua 
          falta, ao arrependimento e ao perdão. Começa por lhe pedir água, e vai 
          depois, aos poucos, insensivelmente insinuando-se no espírito da 
          pecadora, até desvendar-lhe os grandes mistérios da religião e 
          rendê-la, por fim, ao seu amor. Como um caçador infatigável, Jesus 
          persegue a sua presa, lança-a no caminho da confissão, ajudando-a, 
          animando-a com a sua bondade. Por duas vezes, durante a confissão, 
          acha ele o meio de louvar a samaritana, para melhor vencer a sua 
          repugnância:- Disseste bem: não tenho marido. Nisto falaste a verdade. 
          - Jesus é um médico hábil, um salvador compassivo, um confessor 
          discreto. Que cegueira a do pecador que fecha o coração às influências 
          da sua graça!" (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          
          Começou a mulher a chamar-lhe "Senhor..." Agora está convencida 
          de que é um profeta: aquele peregrino conhece a sua vida e os segredos 
          do seu coração, lê na sua alma! 
          
          Em Jo 
          4, 20 diz: "Nossos 
          pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que 
          está o lugar onde é preciso adorar". 
          
          Esta 
          mulher que, apesar da sua má vida anterior, tem um sentido religioso 
          profundo, pergunta em que lugar se pode encontrar e adorar a Deus: 
          "Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em 
          Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar". 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "Era a velha questão, que 
          afetava a essência da vida religiosa daqueles dois povos: a 
          legitimidade do lugar onde devia dar-se culto a Deus. Os judeus 
          consideravam o Templo de Jerusalém como o único em que se devia louvar 
          a Yahvé. O seu Templo era único, e era o centro de tudo. Pelo 
          contrário, os samaritanos reclamavam também a legitimidade para o 
          santuário do monte Garizin, que estava destruído. Se os judeus 
          tivessem ouvido Jesus, ter-se-iam escandalizado: chegou o tempo - 
          disse - em que a adoração a Deus não estará ligada a um lugar 
          concreto, nem a este monte onde se tinha edificado o templo 
          samaritano, nem tão pouco a Jerusalém. A salvação, desde logo, vem dos 
          judeus, mas não é só para eles: é para todos quantos adorem a Deus. O 
          lugar do culto verdadeiro é o coração de cada homem e de cada mulher, 
          em qualquer lugar onde se encontrem. Deus é espírito, e os que o 
          adoram hão de adorá-lo em espírito e verdade", 
          e: "A origem do povo 
          samaritano remonta à época da conquista da Samaria por parte da 
          Assíria, século VIII a. C. (cfr 2 Rs 13, 24-31). Estava constituído 
          por estrangeiros que muito depressa chegaram a fundir-se com os 
          israelitas da região. No fim do exílio de Babilônia procuraram 
          associar-se aos Judeus por raízes de caráter político, e contribuir 
          para a restauração do Templo de Jerusalém, mas não foram aceitos. 
          Desde então a hostilidade entre Judeus e Samaritanos foi permanente (cfr 
          Esd 4, 1 ss.; Jo 4, 9). Nesta ocasião, a samaritana, convencida de 
          estar diante de quem tem autoridade, propõe ao Senhor uma das questões 
          mais vitais que afetavam a vida religiosa de ambos os povos: a 
          legitimidade do lugar onde devia dar-se culto a Deus; os Judeus 
          defendiam que só o Templo de Jerusalém devia considerar-se legítimo; 
          pelo contrário, os Samaritanos reclamavam esta legitimidade também 
          para o santuário levantado no monte Garizin, apoiando-se na 
          interpretação de alguns passos do Pentateuco (cfr Gn 12, 7; 33, 20; 
          22, 2)" (Edições 
          Theologica). 
          
          Em Jo 
          4, 21-24 diz: "Jesus 
          lhe disse: 'Crê, mulher, vem a hora em que nem sobre esta montanha nem 
          em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós 
          adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a 
          hora - e é agora - em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em 
          espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura. 
          Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e 
          verdade". 
          
          Jesus 
          não Se limita a responder a pergunta, mas aproveita a ocasião para 
          confirmar o valor dos ensinamentos ministrados pelos profetas e 
          reafirmar assim a verdade revelada: 
          "Os Samaritanos ignoram 
          grande parte dos desígnios divinos porque prescindem de toda a 
          revelação que não se acha nos cinco primeiros livros das Sagradas 
          Escrituras, na Lei de Moisés; os Judeus, pelo contrário, estão mais 
          próximos da verdade ao aceitarem todo o Antigo Testamento. Mas uns e 
          outros devem abrir-se à nova Revelação de Jesus Cristo. Com a chegada 
          do Messias, que ambos os povos esperavam, e que é a verdadeira morada 
          de Deus no meio dos homens (cfr Jo 2, 19), inicia-se a Nova Aliança, 
          que é definitiva, e em que Garizin ou Jerusalém ficam superados; o que 
          agrada ao Pai é que todos aceitem o Messias, Seu Filho, o novo Templo 
          de Deus, com um culto que brota do coração do homem (cfr Jo 12, 1; 2 
          Tm 2, 22) e que o próprio Espírito de Deus suscita (cfr Rm 8, 15)" (Edições 
          Theologica), e:
          "Isto é, o Messias, 
          que deve nascer entre os judeus. O conhecimento de Deus se achava 
          quase de todo obscurecido entre os samaritanos, principalmente depois 
          que se misturaram com os pagãos. Os judeus, pelo contrário, 
          conservaram melhor as suas tradições de fé" 
          (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          "Mas vem a 
          hora - e é agora - em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em 
          espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura. 
          Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e 
          verdade". 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "Os cristãos, espalhados por 
          todo o mundo, renderão a Deus um culto mais conforme à sua natureza, 
          isto é, um culto que consiste sobretudo em atos de fé, esperança e 
          caridade. Eles não oferecerão mais, como os judeus, sacrifícios 
          grosseiros, mas a vitima verdadeiramente santa, Jesus Cristo no 
          Sacramento da Eucaristia. Verdadeiros adoradores quer dizer sinceros, 
          dignos do nome de adoradores do verdadeiro Deus. Os cristãos adoram a 
          Deus em espírito porque não restringem o culto que lhe é devido a um 
          lugar determinado, como os samaritanos ao Garizin, e os judeus ao 
          templo de Jerusalém. Deus pode e deve ser honrado em toda parte, 
          porque está em toda parte, ainda que deva ser particularmente adorado 
          nos lugares que, para esse fim, lhe foram reservados. Os cristãos 
          adoram em verdade, porque não fazem consistir o culto nas cerimônias 
          legais que eram apenas sombras da realidade que hoje temos. Adoram em 
          verdade ou com verdade, porque substituem a circuncisão, as 
          purificações mosaicas, os sacrifícios de animais, pelas purificações 
          e, sobretudo, pelo sacrifício do coração, oferecendo a Deus, como diz
          São Paulo, todo o seu corpo com uma hóstia viva, santa e digna da 
          Majestade divina". 
          
          Em Jo 
          4, 25-26: "A mulher 
          lhe disse: 'Sei que vem um Messias (que se chama Cristo). Quando ele 
          vier, nos anunciará tudo'. Desse-lhe Jesus: 'Sou eu, que falo contigo". 
          
          
          Flávio Josefo diz-nos que os samaritanos aguardavam a chegada do 
          Messias, que designavam com o nome de Ta'eb, o que há de vir 
          (Antiguidades, XVIII, 4, 1). 
          
          A 
          mulher intuiu que o peregrino judeu era um profeta. Suspeitou que 
          tinha diante de si o Messias. De qualquer modo, Jesus revelou-lhe o 
          que tinha ocultado às turbas: 
          "Sou eu, que falo contigo".
          Declara que Ele é 
          o Messias, o Cristo, e fá-lo dizendo: 
          "Sou eu", 
          como Yahvé se tinha revelado a Moisés. Estas palavras na boca de Jesus 
          dirigem-se a uma revelação não só do seu messianismo, mas também da 
          sua divindade. 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "A samaritana chegou à última 
          etapa da sua conversão: do reconhecimento dos seus pecados passou a 
          aceitar a doutrina verdadeira: adorar o Pai em espírito e em verdade. 
          Mas ainda lhe falta reconhecer Jesus como o Messias; ela confessa com 
          simplicidade a sua ignorância neste ponto. Diante desta disposição 
          favorável, Jesus revela-Se com clareza como o Messias: 'Sou Eu que 
          estou a falar contigo'. As palavras do Senhor são particularmente 
          significativas: declara que é o Messias, e fá-lo dizendo 'Eu sou', 
          expressão que evoca a que Yahvé tinha empregado para Se revelar a 
          Moisés (cfr Ex 3, 14), e que na boca de Jesus aponta para uma 
          revelação não só do Seu messianismo mas também da Sua divindade (cfr 
          Jo 8, 24. 28. 58; 18, 6)". 
          
          Em Jo 
          4, 27 diz: "Naquele 
          instante, chegaram os seus discípulos e admiravam-se de que falasse 
          com uma mulher; nenhum deles, porém, lhe perguntou: 'Que procuras?' 
          ou: 'O que falas com ela?" 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo escreve: 
          "A admiração dos apóstolos 
          mostra quanto Jesus era reservado em seus hábitos", 
          e: "Jesus Cristo, 
          Nosso Senhor, foi, ao longo da Sua vida sobre a terra, coberto de 
          impropérios e maltratado de todas as maneiras possíveis. Lembrais-vos? 
          Diziam que Se comportava como um revoltoso e afirmaram que estava 
          endemoninhado (cfr Mt 11, 18). Noutra altura, interpretaram mal as 
          manifestações do Seu Amor infinito e classificaram-No como amigo de 
          pecadores (cfr Mt 9, 11). Mais tarde, a Ele, que é a própria 
          penitência e a própria temperança, lançam-Lhe à cara que frequentava a 
          mesa dos ricos (cfr Lc 19, 7). Também Lhe chamam depreciativamente 
          fabri filius (Mt 13, 55), filho do trabalhador, do carpinteiro, como 
          se isso fosse uma injúria. Permite que O rotulem de bebedor e 
          comilão... Deixa que O acusem de tudo, exceto de que não é casto. Não 
          o deixou dizer isso, porque quer que nós conservemos com toda nitidez 
          esse exemplo: um modelo maravilhoso de pureza, de limpeza, de luz, de 
          amor que sabe queimar todo o mundo para o purificar. Gosto de me 
          referir à santa pureza, contemplando sempre a conduta de Nosso Senhor, 
          porque Ele a viveu com grande delicadeza. Reparai no que relata São 
          João quando, Jesus, fatigatus ex itinere, sedebat sic supra fontem (Jo 
          4, 6), cansado do caminho Se sentou à borda do poço (...). Mas, mais 
          do que a fadiga do corpo, consome-O a sede de almas. Por isso, ao 
          chegar a samaritana, aquela mulher pecadora, o coração sacerdotal de 
          Cristo derrama-se, diligente, para recuperar a ovelha perdida, 
          esquecendo o cansaço, a fome e a sede. Ocupava-Se o Senhor com aquela 
          grande obra de caridade, quando os apóstolos voltaram na cidade e 
          mirabantur quia cum muliere loquebatur (Jo 4, 27), ficaram 
          surpreendidos por estar a falar a sós com uma mulher. Como era 
          cuidadoso! Que amor à virtude encantadora da santa pureza, que nos 
          ajuda a ser mais fortes, mais rijos, mais fecundos, mais capazes de 
          trabalhar por Deus, mais capazes de tudo o que é grande!"
          (São Josemaría 
          Escrivá, Amigos de Deus, 176). 
          
          Em Jo 
          4, 28-30 diz: "A 
          mulher, então, deixou seu cântaro e correu à cidade, dizendo a todos: 
          'Vinde ver um homem que me disse tudo o que fiz. Não seria ele o 
          Cristo?' Eles saíram da cidade e foram ao seu encontro". 
          
          A 
          atenção desta mulher centra-se exclusivamente em Jesus. Ele enche 
          tudo. Esquece-se do motivo pelo qual foi ao poço e corre à povoação a 
          comunicar a sua grande descoberta: 
          "Os Apóstolos, quando foram 
          chamados, deixaram as redes; esta deixa o seu cântaro e anuncia o 
          Evangelho, e não chama somente um, mas remove toda a cidade" 
          (São João Crisóstomo, Hom. sobre São João, 33). 
          
          
          Católico, se você possui verdadeiramente a Nosso Senhor, deixe o 
          comodismo e o apego às coisas da terra e seja um fervoroso 
          missionário; dize a todos que Jesus Cristo é Deus, e que somente n'Ele 
          é possível encontrar a verdadeira felicidade e segurança. 
          
          Hoje, 
          são milhões aqueles que já ouviram falar de Cristo Jesus; fizeram a 
          primeira Comunhão e a Crisma, mas vivem adormecidos na "poltronice". O 
          que esses infelizes dirão a Deus na hora do terrível Julgamento? 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "A transformação que a graça 
          opera nessa mulher é maravilhosa. O pensamento da samaritana centra-se 
          agora somente em Jesus e, esquecendo-se do motivo que a tinha levado 
          ao poço, deixa o seu cântaro e dirige-se à aldeia, desejando comunicar 
          a sua descoberta... Toda a conversão autêntica projeta-se 
          necessariamente para os outros, num desejo de os tornar participantes 
          da alegria de se ter encontrado com Jesus", 
          e: "Não somente a 
          samaritana se converte, mas torna-se ainda uma apóstola. Estas almas 
          ardentes são sempre extremadas: ou fazem grande bem, ou causam males 
          incalculáveis; provocam incêndios violentos ou iluminam docemente. A 
          samaritana deixa aos pés de Jesus o cântaro e... o pecado. Ali viera 
          criminosa e volta purificada, viera buscar água e volta cheia de 
          graça" (Dom Duarte Leopoldo). 
          
          Em Jo 4, 31-38 diz: 
          "Enquanto isso, os discípulos 
          rogavam-lhe: 'Rabi, come!' Ele, porém, lhes disse: 'Tenho para comer 
          um alimento que não conheceis'. Os discípulos se perguntavam uns aos 
          outros: 'Por acaso alguém lhe teria trazido algo para comer?' Jesus 
          lhes disse: 'Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e 
          consumar a sua obra. Não dizeis vós: 'Ainda quatro meses e chegará a 
          colheita?' Pois bem, eu vos digo: Erguei vossos olhos e vede os 
          campos: estão brancos para a colheita. Já o ceifeiro recebe seu 
          salário e recolhe fruto para a vida eterna, para que o semeador se 
          alegre juntamente com o ceifeiro. Aqui, pois, se verifica o provérbio: 
          'um é o que semeia, outro o que ceifa'. Eu vos enviei a ceifar onde 
          não trabalhastes; outros trabalharam e vós entrastes no trabalho 
          deles". 
          
          Jesus 
          Cristo amou ardentemente e cumpriu com toda a perfeição a vontade do 
          Pai. Ele pôde dizer ao entrar no mundo: 
          "Eis que venho, ó Deus, para 
          fazer a tua vontade"
          (Hb 10, 7; Sl 40, 7). 
          E só Ele pode afirmar: 
          "Eu faço sempre o que agrada 
          a ele", ao Pai. 
          Na oração da sua agonia, acolherá com plenitude esta vontade: 
          "Não se faça a minha vontade, mas a tua, e entregar-se-á a si 
          mesmo pelos nossos pecados segundo a vontade de Deus"
          (Gl 1, 4). E em 
          virtude desta vontade somos santificados (Hb 10, 10). 
          
          Se o discípulo deseja imitar o seu Senhor, esta há de ser a sua 
          atitude profunda, ainda que alguma vez não entenda de todo as coisas 
          que sucedem à sua volta e que Deus permite para um maior bem. Não 
          serão poucas as vezes em que deverá realizar atos de identificação com 
          o querer divino. E virá então a paz e a serenidade à sua alma. O seu 
          'alimento', o que lhe dá fortaleza, é também a segurança de estar a 
          fazer na vida a vontade do Pai 
          (V. J). 
          
          "Ainda 
          quatro meses e chegará a colheita..." 
          Alguns só dão a esta frase 
          um sentido proverbial (cfr J. COLLANTES, La más antigua interpretación 
          de Jo 4, 35, em Estúdios eclesiásticos 27 (1953), pp. 339-345). A 
          ceifa tinha lugar a princípios de junho. Se os campos estão já a ponto 
          para a colheita, devemos encontrar-nos no mês de Maio. A Páscoa teve 
          lugar em Abril. Jesus deve ter estado só umas semanas em Jerusalém e 
          em lugares próximos da cidade antes de empreender este regresso à 
          Galiléia (V. J). 
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "O Senhor aproveita a ocasião 
          para falar de um alimento espiritual: cumprir a vontade de Deus. Acaba 
          de realizar a conversão de uma mulher pecadora, e isto sacia as ânsias 
          do Seu espírito. A conversão das almas há de servir de alimento aos 
          Apóstolos e também a todos os que pela ordenação sacerdotal são 
          associados sacramentalmente ao ministério de Cristo (cfr 1 Cor 4, 
          9-15. 2Cor 4, 7-12; 11, 27-29). A missão apostólica umas vezes é 
          sementeira, sem frutos iminentes, e outras vezes, colheitas do que 
          outros semearam. Os Apóstolos colherão o que Patriarcas e Profetas e 
          sobretudo Cristo semearam com generosidade. E, por sua vez, terão de 
          preparar o terreno, com a mesma entrega, para que outros possam 
          colher". 
          
          Em Jo 
          4, 39-42 diz: "Muitos 
          samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher 
          que dava testemunho: 'Ele me disse tudo o que fiz!' Por isso, os 
          samaritanos vieram até ele, pedindo-lhe que permanecesse com eles. E 
          ele ficou ali dois dias. Bem mais numerosos foram os que creram por 
          causa da palavra dele e diziam à mulher: 'Já não é por causa do que tu 
          falaste que cremos. Nós próprios o ouvimos, e sabemos que esse é 
          verdadeiramente o salvador do mundo". 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "E foram ao poço onde estava 
          Jesus. Passaram a tarde com Ele. E pediram-lhe que se detivesse mais 
          tempo com eles. E Jesus ficou ali nada menos de dois dias. As 
          conversões foram abundantes. Todos se esqueceram de que aquele 
          peregrino era judeu e eles samaritanos. Diante de Jesus desapareceram 
          ódios e preconceitos de séculos. Uns dias antes deste encontro 
          ter-lhes-ia parecido impossível. São João diz-nos: 'Bem mais numerosos 
          foram os que creram por causa da palavra dele e diziam à mulher: 'Já 
          não é por causa do que tu falaste que cremos. Nós próprios o ouvimos, 
          e sabemos que esse é verdadeiramente o salvador do mundo'. São João 
          não nos fala do que aconteceu naqueles dois dias na povoação 
          samaritana, mas devemos supor que as conversões foram duradouras. 
          Pouco depois da Ascensão, dois dos discípulos, Pedro e João, voltarão 
          à Samaria para confirmar os convertidos que tinham sido catequizados 
          com mais pormenor pelo diácono Filipe e outros (At 8, 5-8). Alguns, 
          sem dúvida, recordariam os dias em que o Senhor permaneceu com eles". 
          
          O 
          episódio apresenta todo um processo de evangelização que se inicia com 
          o entusiasmo da samaritana. 
          
          Santo 
          Agostinho comenta: 
          "Tal como acontece hoje aos que estão fora e não são cristãos: começam 
          os seus amigos cristãos por dar-lhes notícias de Cristo, como fez 
          aquela mulher, tal como faz a Igreja; depois vêm a Cristo, isto é, 
          crêem em Cristo por esta notícia e, finalmente, Jesus fica com eles 
          dois dias, e com isto crêem muito mais e com mais firmeza que Ele é na 
          verdade  Salvador do mundo"
          (In Ioann. Evang., 15, 33). 
          
          
          Católico, imite o exemplo da samaritana. Quanto bem pode fazer às 
          almas um católico fervoroso; vale mais um católico santo do que mil 
          católicos medíocres. 
            
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 30 de agosto de 2007 
            
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