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          DETESTAR O PECADO 
          
          (1 Jo 4, 
          10) 
            
          
          "Nisto 
          consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele quem nos 
          amou e enviou-nos o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos 
          pecados". 
            
          
            
            
          
          São 
          João Evangelista explicando em que consiste o amor, assinalada a sua 
          manifestação suprema: 
          "Enviou o Seu Filho como vítima propiciatória pelos nossos pecados". 
          Ao longo da carta apareceram expressões semelhantes: Jesus Cristo é
          "a vítima propiciatória pelos nossos pecados" 
          (1 Jo 2, 2); 
          o Filho de Deus 
          manifestou-Se "para 
          destruir as obras do Diabo"
          (1 Jo 3, 8)
          "deu a Sua vida por 
          nós" 
          (1 Jo 3, 16). 
          Todas elas põem de manifesto: 
          "1) Que a morte de Jesus 
          Cristo é um sacrifício em sentido estrito, o mais sublime ato de 
          reconhecimento da sabedoria de Deus. 2) Que é um sacrifício 
          propiciatório, pois com ele alcança o perdão divino dos pecados dos 
          homens. 3) Que é o ato supremo do amor de Deus, até ao ponto de que 
          São João pode assegurar que 'nisto consiste o amor"
          (Edições Theologica). 
          
          O 
          mais assombroso, ensina Santo Afonso Maria de Ligório, 
          "é que tendo-nos podido 
          salvar sem padecer nem morrer, escolheu vida trabalhosa e humilhada, e 
          morte amarga e ignominiosa, até morrer na cruz, patíbulo infame 
          reservado aos malfeitores. E por que, podendo-nos redimir sem padecer, 
          quis abraçar a morte na Cruz? Para nos demonstrar o amor que nos 
          tinha" 
          (A prática do amor a Jesus Cristo, cap. I). 
          
          Deus 
          nos amou e enviou-nos o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos 
          pecados. Um Deus morreu em uma cruz para nos salvar; então, é preciso 
          detestar o pecado. 
          
          O 
          maior mal do mundo, o mal que entre todos os males merece 
          verdadeiramente o nome de mal - é o pecado mortal. A sua fealdade não 
          tem semelhante; a sua gravidade é, em certo modo, infinita; os seus 
          castigos são eternos! 
          
          O que 
          é o pecado mortal? "É 
          uma transgressão da lei divina, pela qual se falta gravemente aos 
          deveres para com Deus, para com o próximo ou para com nós mesmos"
          (São Pio X, Catecismo Maior, 948). 
          
          Um 
          filho que transpassasse o coração do pai com uma faca mereceria ser 
          elogiado? Claro que não! 
          
          Um 
          católico que transpassasse o Coração de Nosso Senhor com o punhal do 
          pecado mortal mereceria ser chamado de santo? Claro que não! Merece 
          ser chamado de santo aquele que detesta o pecado: 
          "Detesta teus pecados. É só 
          isso que te pode levar à perdição" (São Francisco 
          de Sales, Introdução à Vida Devota, Parte I, cap. XIV). 
          
          É 
          preciso detestar o pecado! Aquele que peca não ofende a um animal 
          irracional, e sim, ao Deus Criador: 
          "Que faz aquele que comete 
          pecado mortal...? Injuria a Deus, desonra-o e, no que depende dele, 
          cobre-o de amargura"
          (Santo Afonso Maria 
          de Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XV, Ponto I). 
          
          É 
          preciso detestar o pecado! Quem peca não ofende a um simples homem, 
          mas sim, ao Deus Todo-Poderoso: 
          "A malícia de uma ofensa se 
          mede pela pessoa que a recebe e pela pessoa que a comete. A ofensa 
          feita a um simples particular é sem dúvida um mal; mas constitui 
          delito maior se é feita a uma pessoa de alta dignidade, e muito mais 
          grave quando visa o rei... E quem é Deus? É o Rei dos reis"
          (Santo Tomás de 
          Aquino). 
          
          É 
          preciso detestar o pecado! O pecador ofende com o pecado o Deus 
          Infinito: "Deus é a Majestade infinita, perante quem todos os príncipes 
          da terra e todos os santos e anjos do céu são menos que um grão de 
          areia" (Santo Afonso 
          Maria de Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XV, Ponto I). 
          
          É 
          preciso detestar o pecado! Aquele que comete o pecado ofende ao Deus 
          Onipotente: "Diante da 
          grandeza de Deus, todas as criaturas são como se não existissem"
          ( Idem). 
          
          É 
          preciso detestar o pecado! O pecador é atrevido e ingrato, ele, verme 
          imundo se rebela e ofende ao Deus-Amor: 
          "E o homem, o que é...? Saco 
          de vermes, pasto de vermes, que cedo o hão de devorar. O homem é um 
          miserável que nada pode, um cego que nada vê; pobre e nu, que nada 
          possui... E este verme miserável se atreve a injuriar a Deus?" (São Bernardo de 
          Claraval). 
          
          
          Católico, deteste o pecado! Lembre-se de que Deus te amou desde toda a 
          eternidade: 
          "Considera, antes de tudo, que Deus merece o teu amor, porque ele te 
          amou antes de ser amado por ti, e, de todos quantos te hão amado, é o 
          primeiro (Jr 31,3). Os primeiros que te amaram neste mundo foram teus 
          pais, mas só te amaram depois que te conheceram. Mas Deus já te amava 
          antes de existires. Mesmo antes da criação do mundo, Deus já te amava. 
          E quanto tempo antes de ter criado o mundo começou a te amar...? 
          Talvez mil anos, mil séculos...? Mas não computemos anos nem séculos. 
          Deus te amou desde toda a eternidade (Jr 31,3). Enfim: desde que Deus 
          é Deus, sempre te tem amado; desde que se amou a si mesmo, também amou 
          a ti. Com razão, dizia a virgem Santa Inês: 'Outro amante me cativou 
          primeiro'. Quando o mundo e as criaturas requestaram o seu amor, ela 
          respondia: Não, não vos posso amar. Meu Deus foi o primeiro a amar-me, 
          e é justo, portanto, que só a ele consagre todo o meu amor. Assim, meu 
          irmão, Deus te tem amado desde toda a eternidade; e só por amor te 
          escolheu entre tantos homens que podia criar, deu-te a existência, 
          colocou-te no mundo e, além disso, tirou do nada inumeráveis e 
          formosas criaturas que te servem e te lembram esse amor que ele te 
          dedica e que tu lhe deves. 'O céu, a terra e todas as criaturas, dizia 
          Santo Agostinho, me convidam a amar-vos"
          (Santo Afonso Maria 
          de Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XXXIII, Ponto I). 
          
          Se Deus te amou 
          desde toda a eternidade, para que ofendê-lO? Por que tratá-lO com 
          tanta ingratidão e rebeldia? 
          
          Católico, deteste o pecado! Lembre-se de que Jesus Cristo, Inocente 
          Cordeiro, morreu crucificado para te salvar:
          "Deus não se limitou a dar-nos todas essas 
          formosas criaturas do universo, mas não viu satisfeito o seu amor 
          enquanto não veio a dar a si próprio por nós (Gl 2,20). O maldito 
          pecado nos fez perder a graça divina e o céu, tornando-nos escravos do 
          demônio. Mas o Filho de Deus, com espanto do céu e da terra, quis vir 
          a este mundo, fazer-se homem para remir-nos da morte eterna e 
          reconquistar-nos a graça e o paraíso perdido. Que maravilha seria ver 
          um poderoso monarca tomar a forma e a natureza de um verme por amor 
          aos homens. 'Humilhou-se a si mesmo, tomando a forma de servo... e 
          reduzindo-se à condição de homem...' (Fl 2,7). Um Deus revestido de 
          carne mortal! E o Verbo se fez carne (Jo 1,14). Mas o prodígio ainda 
          aumenta, quando se considera o que fez e sofreu depois por nosso amor 
          esse Filho de Deus. Para nos remir, era bastante uma só gota de seu 
          sangue preciosíssimo, uma só lágrima, uma só súplica, porque esta 
          oração, sendo um ato de pessoa divina, teria infinito valor e era 
          suficiente para resgatar não só um mundo, mas uma infinidade de mundos 
          que houvesse. Observa, entretanto, São João Crisóstomo, que aquilo que 
          bastava para resgatar-nos, não era bastante para satisfazer o imenso 
          amor que Deus nos tinha. Não queria unicamente salvar-nos, mas que 
          muito o amássemos, porque ele muito nos amava. Escolheu vida de 
          trabalhos e de humilhações e a morte mais amargurada entre todas as 
          mortes, a fim de nos fazer compreender o infinito e ardentíssimo amor 
          em que ardia por nós. 'Humilhou- se a si mesmo, fez-se obediente até à 
          morte e morte de cruz' (Fl 2, 8). Ó excesso de amor divino que nunca 
          os anjos nem os homens chegarão a compreender! Digo excesso, porque é 
          exatamente assim que se exprimiam Moisés e Elias no Tabor, falando da 
          Paixão de Cristo (Lc 9, 31). 'Excesso de dor, excesso de amor', disse 
          São Boaventura. Se o Redentor não tivesse sido Deus, mas simplesmente 
          um parente ou amigo, que maior prova de afeto nos poderia dar do que 
          morrer por nós? 'Ninguém tem amor em maior grau do que ele, porque dá 
          a vida por seus amigos' (Jo 15, 13). Se Jesus Cristo tivesse de salvar 
          seu próprio pai, que mais poderia ter feito por amor dele? Se tu, meu 
          irmão, fosses Deus e Criador de Jesus Cristo, que mais poderia fazer 
          por ti além de sacrificar sua vida num abismo de humilhações e de 
          dores? Se o mais vil dos homens deste mundo tivesse feito por ti o que 
          fez o Redentor, poderias viver sem o amar? Crês na encarnação e na 
          morte de Jesus Cristo?... Crês e não o amas? Podes sequer pensar em 
          outras coisas, que não seja Jesus Cristo? Duvidas, talvez, do seu 
          amor?... O divino Salvador, diz Santo Agostinho, veio ao mundo para 
          sofrer e morrer por vós, a fim de vos patentear o amor que vos tem. 
          Antes da Encarnação, o homem talvez, poderia pôr em dúvida que Deus o 
          amasse ternamente; mas, depois da Encarnação e morte de Jesus Cristo, 
          quem pode duvidá-lo? Que prova mais evidente e terna podia dar-nos do 
          seu amor do que sacrificar a sua vida por nós...? Estamos habituados a 
          ouvir falar de criação e redenção, de um Deus que nasce num presépio e 
          morre numa cruz... Ó santa fé, ilumina nossas almas!"(Idem, 
          Ponto II). 
          
          
          Católico, deteste o pecado, porque todo pecado ofende a Deus. 
          
          A 
          rainha da França, Maria Teresa, esposa de Luis XIV, por sua delicadeza 
          de consciência sentia amarga dor por qualquer falta que cometia. Como 
          lhe dissessem, para tranquilizá-la, que aquilo não passava de um 
          pecado venial, respondia com lágrimas nos olhos: "Terá sido leve; mas 
          foi uma ofensa a Deus e isso foi bastante para abrir em meu coração 
          uma ferida mortal". 
            
			  
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 03 de setembro de 2007 
            
			  
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