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          É PRECISO TRABALHAR 
          
          (2 Ts 3, 
          10) 
            
          
          "... quem 
          não quer trabalhar também não há de comer". 
            
          
            
            
          
          
          Edições Theologica comenta: 
          "Pensando erradamente na 
          iminência da Parusia, havia em Tessalônica alguns que passavam o dia 
          ociosos, cheios de curiosidade por tudo e abandonando o próprio 
          trabalho. Por isto, o Apóstolo recorda que trabalhou ali abnegadamente 
          para ganhar para si o sustento e não ser pesado a ninguém". 
          
          Esta 
          deve ser a ocupação de qualquer cristão responsável: trabalhar com 
          intensidade para dar glória a Deus, atender as necessidades da própria 
          família e servir também os outros homens: 
          "Temos de dar exemplo por 
          amor a Deus, por amor às almas e para corresponder à nossa vocação de 
          cristãos. Para que não escandalizes, nem levanteis a mínima sombra de 
          suspeita de que os filhos de Deus são negligentes ou não servem, para 
          que não sejais causa de desedificação..., haveis de vos esforçar por 
          oferecer com a vossa conduta a medida justa, a boa vontade de um homem 
          responsável. Tanto o camponês, que ara a terra enquanto vai levantando 
          continuamente o seu coração a Deus, como o carpinteiro, o ferreiro, o 
          empregado de escritório, o intelectual, em suma, todos os cristãos, 
          têm de ser modelo para os seus colegas. No entanto, devem sê-lo sem 
          orgulho (...). Cada pessoa, na sua tarefa e no lugar que ocupa na 
          sociedade, há de sentir a obrigação de fazer um trabalho de Deus, que 
          em toda a parte semeie a alegria e a paz do Senhor" (São 
          Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n° 70). 
          
          É 
          preciso trabalhar! O trabalho é lei da vida. 
          
          Os 
          pássaros não se cansam de trinar, mesmo que ninguém os ouça. O rio não 
          se cansa de correr, mesmo que ninguém o contemple. O sol não se cansa 
          de alumiar, mesmo que ninguém o elogie. E nós, que lutamos pela 
          verdade e pelo bem, pelo progresso e pela paz, havemos de cansar-nos 
          por encontrarmos os ouvidos cerrados, as mãos mortas e os rostos 
          apáticos? Não; mil vezes não. Esse marasmo, essa apatia, essa 
          sonolência devem erguer-nos. Não se cansar, não desanimar, não 
          deixar-se abater, eis o grande tônico. 
          
          É 
          preciso trabalhar! É preciso perseverar no trabalho. 
          
          São 
          Carlos Borromeu soube reservar ao estudo parte de sua vida 
          laboriosíssima, e até durante suas muitas e longas viagens dedicava 
          muitas horas à leitura dos livros que levava sempre consigo. 
          Convidaram-no um dia a descer ao jardim. Ele se escusou, dizendo: "O 
          jardim dos bispos é a Sagrada Escritura". 
          
          Santo 
          Afonso Maria de Ligório desde menino era tão aplicado e mostrou sempre 
          qualidades tão extraordinárias que, aos dezesseis anos, dispensados 
          três anos e alguns meses que lhe faltavam, foi-lhe conferido em 
          Nápoles o grau de Doutor em ambos os Direitos, com aplauso e admiração 
          geral. Depois fez o voto de jamais estar ocioso, e andava solícito por 
          não perder nem um minuto de tempo. Apesar de missionário infatigável e 
          bispo ativíssimo, ainda encontrou tempo para escrever numerosas obras 
          morais e ascéticas, que tiveram um êxito imenso, e que tanto trabalho 
          lhe custaram. Basta lembrar que só na sua Teologia Moral contém 
          oitenta mil citações tiradas de oitocentos autores. 
          
          Dizia 
          o cardeal Cheverus: "Quanto a mim, não preciso de nada para passar 
          horas deliciosas: a oração e o estudo foram sempre o encanto de minha 
          vida... Quando os vivos me fatigam, venho descansar com os mortos". 
          
          É 
          preciso trabalhar! Só através do trabalho é que se realiza grandes 
          obras. 
          
          Dante 
          escreveu no exílio, lutando com grande miséria, sua magnífica obra "A 
          Divina Comédia", que lhe custou trinta anos de trabalho. 
          
          
          Vergílio trabalhou na composição da "Eneida" durante mais de vinte 
          anos e, ao morrer, mandou que fosse destruída, por considerá-la 
          imperfeita. 
          
          
          Ticiano trabalhou diariamente durante sete anos, muitas vezes até 
          durante a noite, em pintar seu célebre quadro da Ceia. 
          
          
          Stephenson ocupou-se durante quinze anos no aperfeiçoamento de sua 
          locomotiva. 
          
          Watt 
          meditou durante trinta anos na máquina condensadora de vapor. 
          
          
          Newton escreveu quinze vezes a sua Cronologia, e Fenelon dezoito vezes 
          o seu Telêmaco. 
          
          É 
          preciso trabalhar! Aquele que trabalha é premiado.  
          
          São 
          Pascal Bailão, filho de pais muito pobres, nem sequer podia ir à 
          escola. Adquiriu uma cartilha e, quando ia guardar o rebanho, pedia 
          aos transeuntes que lhe ensinassem as letras por caridade. Assim 
          aprendeu a ler e escrever, fez-se religioso, escreveu obras 
          espirituais e veio a ser um grande santo. 
          
          Santo 
          Antônio Maria Claret era filho de um pobre tecelão, e chegou a ser 
          arcebispo de Cuba, confessor da rainha da Espanha, fundador dos 
          Missionários do Imaculado Coração de Maria e hoje venerado sobre os 
          altares. 
          
          O 
          Papa Sixto V, quando menino, guardava ovelhas e porcos. Um dia viu um 
          franciscano conventual que não sabia o caminho para Áscoli, e guiou-o 
          até o convento. Pelo caminho mostrou grande desejo de estudar e, para 
          que o instruíssem, resolveu ficar no convento. Em seguida foi 
          franciscano e sacerdote, doutor e professor de teologia em Sena, sendo 
          afinal elevado, ao trono pontifício em 1586. Foi um dos grandes papas 
          da História. 
          
          São 
          Pio X era filho de um pobre oficial de justiça. Sua mãe era modesta. 
          Após a morte do pai, a mãe, com o trabalho de suas mãos e o auxílio 
          das filhas, ganhava o pão para a numerosa família de nove filhos. Para 
          aprender latim e humanidades, o menino José Sarto tinha que andar 
          diariamente os sete quilômetros de distância entre Riese e 
          Castelfranco, a pé e descalço; e o mesmo fazia na volta, para não 
          gastar calçado. Quando Papa, era infatigável em seus trabalhos 
          cotidianos e, conforme atestavam seus contemporâneos, trabalhava por 
          quatro. 
          
          Frei 
          Luiz de Granada, o príncipe dos prosadores espanhóis do século 
          dezesseis, era filho de uma lavadeira. 
          
          
          Pizarro, de guardador de porcos, veio a ser o conquistador do Peru. 
          
          
          Cristóvão Colombo, o descobridor da América, era filho de cardador de 
          lãs. 
          
          Murat, 
          que chegou a ser rei de Nápoles, era filho de um estalajadeiro. 
          
          
          Franklin teve de viver durante muito tempo de trabalhos de imprensa e 
          da venda de livros. 
          
          
          Copérnico era filho de um padeiro polaco. 
          
          
          Faraday era filho de um ferreiro e em sua juventude foi aprendiz de 
          encadernador e prático desse ofício até aos vinte anos. 
          
          
          Keppler era filho de um taverneiro alemão. 
          
          
          Herschel, o astrônomo insigne, ganhava a vida tocando numa orquestra; 
          durante os intervalos saía da sala de baile e observava os astros com 
          um binóculo e depois tinha que continuar tocando na orquestra. Até que 
          um dia o músico descobriu a estrela Urano, e de repente tornou-se 
          célebre. 
          
          E, 
          como estes, inúmeros outros que eram pobres, mas por seu trabalho e 
          esforço se tornaram grandes homens. 
          
          É 
          preciso trabalhar! Os tardos triunfam pelo trabalho. 
          
          Santo 
          Tomás de Aquino, em seus primeiros anos de escola, era chamado de "boi 
          mudo" por causa do silêncio que guardava entre seus companheiros de 
          estudos. Mais tarde, porém, seus mugidos encheram o mundo de 
          admiração. É verdade que aquela sua ciência singular foi uma graça do 
          céu, mas por outro lado não faltou o seu trabalho pessoal. 
          
          
          Jerônimo Savonarola, quando pela primeira vez falou em Florença, 
          riram-se dele os ouvintes. Sua voz era fanhosa, ridículos os seus 
          gestos e repulsivo o seu porte. Mas, longe de desanimar, estudou com 
          ardor crescente, conseguiu corrigir a voz e chegou a ser pouco depois 
          o maior orador de seu tempo. 
          
          
          Gladstone, que devia ilustrar seu nome como orador e como homem de 
          governo, era considerado como o aluno mais tapado de sua escola. 
          
          
          Newton foi durante muito tempo o último de sua classe. O colega, que o 
          precedia, atracou-se com ele um dia e Newton o prostrou por terra. 
          Desta vitória física nasceu em sua alma o desejo de obter idênticas 
          vitórias intelectuais. Estudou, trabalhou e em pouco tempo conseguiu o 
          primeiro lugar, que conservou até o fim de sua vida. 
          
          É 
          preciso trabalhar! O trabalho dignifica a pessoa. 
          
          O 
          Papa Adriano VI, quando estudante na Universidade de Lovaina, deixava 
          os colegas ao anoitecer e voltava só depois de meia-noite sem que se 
          soubesse onde passava aquelas horas. Um dia seguiram-lhe os passos e 
          encontraram-no estudando ao lado da igreja. "Sou muito pobre, não 
          posso comprar uma vela cada noite e, por isso, faz quatro meses que 
          estudo onde encontro luz". Poucos anos mais tarde era chanceler 
          daquela Universidade, depois preceptor do imperador Carlos V, que o 
          nomeou primeiro ministro da Espanha, chegando afinal a ser Papa. 
          
          O 
          Papa Leão XIII, durante seus estudos em Roma, não se ocupava de 
          diversões nem de jogos. Seus livros eram todo o seu prazer, e 
          aprofundar as ciências era toda a sua felicidade. Na idade de treze 
          anos escrevia o latim em prosa e verso com uma elegância e facilidade 
          maravilhosas. Foi um dos grandes papas da Igreja. 
          
          André 
          Mantegna, famoso pintor do século XV, era de família muito humilde. 
          Por seu talento e amor ao trabalho chegou a ser cavalheiro da corte do 
          marquês de Mântua. Foi, além disso, pintor, gravador, escultor, 
          arquiteto e poeta. Na idade de dez anos foi admitido no grêmio dos 
          pintores de Pádua. Trabalhou vários anos em Roma para o Papa Inocêncio 
          VIII. Entre suas obras mais notáveis está o quadro do "Trânsito da 
          Virgem", que se conserva no Museu Del Prado. Desse quadro disse 
          Eugênio d'Ors que "é o cimo da dignidade artística... Não há quadro 
          mais bem composto que este na antologia da pintura universal". 
          
          É 
          preciso trabalhar! Aquele que não trabalha, por preguiça, não merece 
          receber alimentação: 
          "... quem não quer trabalhar também não há de comer". 
          
          O 
          trabalho não é apenas um dever, é também uma honra: 
          "Por ter sido santificado 
          pela Sagrada Família. Jesus trabalhou até os trinta anos, com São 
          José, exercendo a humilde profissão de carpinteiro. A Santíssima 
          Virgem também não passou a vida ajoelhada, rezando... Ela trabalhou 
          muito, ocupando-se nos afazeres da casa de Nazaré" (Bem-aventurado 
          José Allamano, A Vida Espiritual, cap. 15), e: "Toda a vida 
          do Senhor me enamora. Tenho, além disso, um fraco especial pelos seus 
          trinta anos de existência oculta em Belém, no Egito e em Nazaré. Esse 
          tempo - logo -, a que o Evangelho mal se refere, surge desprovido de 
          significado próprio aos olhos de quem o considera superficialmente. E, 
          no entanto, sempre sustentei que esse silêncio sobre a biografia do 
          Mestre é bem eloquente e encerra lições maravilhosas para o cristão. 
          Foram anos intensos de trabalho e de oração, em que Jesus Cristo teve 
          uma vida comum - como a nossa, se o queremos -, divina e humana ao 
          mesmo tempo. Naquela simples e ignorada oficina de artesão, como 
          depois diante das multidões, cumpriu tudo com perfeição" (São Josemaría 
          Escrivá, Amigos de Deus, 56). 
          
          É 
          horrível encontrar senhoras desocupadas, sentadas às portas das casas, 
          com os braços cruzados. 
          
          É 
          triste ver centenas de senhores casados nas portas dos botecos, 
          perdendo tempo com conversas imorais. 
          
          É 
          vergonhoso encontrar milhares de jovens perambulando de esquina em 
          esquina com as mãos nos bolsos, atarefados em nada fazer. 
          
          Esses 
          desocupados não trabalham, não rezam, não cuidam da salvação da alma, 
          etc, e por isso, não merecem a alimentação: 
          "... quem não quer trabalhar também não há de comer". 
            
			  
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 05 de outubro de 2007 
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