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                CURA DE UM CEGO DE NASCENÇA 
          
          (Jo 9, 
          1-41) 
            
          
          "1 
          Ao passar, ele viu um homem, cego de nascença. 
          2 Seus discípulos lhe perguntaram: 'Rabi, quem pecou, ele ou seus 
          pais, para que nascesse cego?' 
          3 Jesus respondeu: 'Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que nele 
          sejam manifestadas as obras de Deus. 
          4 Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele 
          que me enviou; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar. 
          5 
          Enquanto 
          estou no mundo, sou a luz do mundo'. 
          6 Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a 
          sobre os olhos do cego 
          7 e lhe disse: 'Vai lavar-te na piscina de Siloé - que quer dizer 
          'Enviado'. O cego foi, lavou-se e voltou vendo. 
          8 Os vizinhos, então, e os que estavam acostumados a 
          vê-lo antes, porque era mendigo, diziam: 'Não é esse que ficava 
          sentado a mendigar?' 
          9 
          Alguns diziam: 'É ele'. Diziam outros: 'Não, mas alguém parecido com 
          ele'. Ele, porém, dizia: 'Sou eu mesmo'. 
          10 
          Perguntaram-lhe, então: 'Como se abriram os teus olhos?' 
          11 Respondeu: 'o homem chamado Jesus fez lama, 
          aplicou-a nos meus olhos e me disse: 'Vai a Siloé e lava-te'. Fui, 
          lavei-me e recobrei a vista'. 
          12 
          Disseram-lhe: 'Onde está ele?' Disse: 'Não sei'. 
          13 Conduziram o que fora cego aos fariseus. 
          14 
          Ora, era sábado o dia em que Jesus fizera lama e lhe abrira os olhos.
          15 Os fariseus perguntaram-lhe novamente como tinha 
          recobrado a vista. Respondeu-lhes: 'Ele aplicou-me lama nos olhos, 
          lavei-me e vejo'. 
          16 
          Diziam, então, alguns dos fariseus: 'Esse homem não vem de Deus, 
          porque não guarda o sábado'. Outros diziam: 'Como pode um homem 
          pecador realizar tais sinais?' E havia cisão entre eles. 
          17 
          De novo disseram ao cego: 'Que dizes de quem te abriu os olhos?' 
          Respondeu: 'É um profeta'. 
          18 
          Os judeus 
          não creram que ele fora cego enquanto não chamaram os pais do que 
          recuperara a vista 
          19 
          e perguntaram-lhes: 'Este é o vosso filho, que dizeis ter nascido 
          cego? Como é que agora ele vê?' 
          20 
          Seus pais então responderam: 'sabemos que este é nosso filho e que 
          nasceu cego. 
          21 
          Mas como agora ele vê não o sabemos; ou quem lhe abriu os olhos não o 
          sabemos. Interrogai-o. Ele tem idade. Ele mesmo se explicará'. 
          22 Seus pais assim disseram por medo dos judeus, pois 
          os judeus já tinham combinado que, se alguém reconhecesse Jesus como 
          Cristo, seria expulso da sinagoga. 
          23 Por isso, seus pais disseram. 'Ele já tem idade; 
          interrogai-o'. 
          24 Chamaram, então, uma segunda vez, o homem que fora cego e lhe 
          disseram: ' Dá glória a Deus! Sabemos que esse homem é pecador'.
          25 
          Respondeu ele: 'Se é pecador, não sei. Uma coisa eu sei: é que eu era 
          cego e agora vejo'. 
          26 
          Disseram-lhe, então: 'Que te fez ele? Como te abriu os olhos?' 
          27 Respondeu-lhes: 'Já vos disse e não ouvistes. Por 
          que quereis ouvir novamente? Por acaso quereis também tornar-vos seus 
          discípulos?' 
          28 
          Injuriaram-no e disseram: 'Tu, sim, és seu discípulo; nós somos 
          discípulos de Moisés. 
          29 
          Sabemos que Deus falou a Moisés; mas esse, não sabemos de onde é'.
          30 Respondeu-lhes o homem: 'Isso é espantoso: vós não 
          sabeis de onde ele é e, no entanto, abriu-me os olhos! 
          31 
          Sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas se alguém é religioso e 
          faz a sua vontade, a este ele escuta. 
          32 
          Jamais se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego de 
          nascença. 
          33 
          Se esse homem não viesse de Deus, nada poderia fazer'. 
          34 Responderam-lhe: 'Tu nasceste todo no pecado e nos ensinas?' E o 
          expulsaram. 
          35 
          Jesus ouvir dizer que o haviam expulsado. Encontrando-o, disse-lhe: 
          'Crês no filho do Homem?' 
          36 
          Respondeu ele: 'Quem é, Senhor, para que eu nele creia?' 
          37 Jesus lhe disse: 'Tu o estás vendo, é quem fala 
          contigo'. 
          38 
          Exclamou ele: 'Creio, Senhor!' E prostrou-se diante dele. 
          39 Então disse Jesus: 'Para um discernimento é que 
          vim a este mundo: para que os que não vêem, vejam, e os que vêem, 
          tornem-se cegos'. 
          40 
          Alguns fariseus, que se achavam com ele, ouviram isso e lhe disseram: 
          'Acaso também nós somos cegos?' 
          41 
          Respondeu-lhes Jesus: 'Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas 
          dizeis: 'Nós vemos!' Vosso pecado permanece". 
            
            
          
             
            
          
          Em Jo 9, 
          1-3 diz: 
          "Ao passar, ele viu um homem, cego de nascença. Seus discípulos lhe 
          perguntaram: 'Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse 
          cego? Jesus respondeu: 'Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que 
          nele sejam manifestadas as obras de Deus". 
          
          Nosso 
          Senhor Jesus Cristo passava por uma rua de Jerusalém e viu um homem 
          cego de nascença: 
          "Este homem 
          devia ser ainda jovem, segundo parece pelo tom do relato, e devia de 
          se encontrar num lugar frequentado da cidade, talvez numa das portas 
          exteriores do Templo, e pedia esmola aos transeuntes" 
          (Pe. Francisco Fernández-Carvajal). 
          
          Cristo 
          Jesus não passa com indiferente diante daqueles que necessitam de seu 
          apoio: 
          "... ele 
          viu um homem, cego de nascença". 
          
          São João Crisóstomo escreve:
          "Jesus curou o cego ao sair 
          do Templo, porque os judeus não haviam compreendido a sublimidade de 
          suas palavras, querendo... aplacar o furor e abrandar a dureza deles 
          por meio de um milagre. Dava desta maneira testemunho do que se havia 
          dito d'Ele: 'E ao passar Jesus, viu um homem cego de nascimento', etc. 
          Devemos notar aqui, que a primeira ação que faz ao sair do Templo é a 
          obra que devia manifestá-lo ante os homens, porque foi Ele quem viu o 
          cego, não se aproximou d'Ele o cego. E com cuidado o olhou, que ao 
          notar, seus discípulos lhe perguntaram: 'Mestre, quem pecou?', etc"
          (In Joan. Hom 
          55).     
           
          
           O olhar 
          bondoso do Senhor, que talvez se deteve também, motivou a pergunta dos 
          discípulos: 
          "Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?" 
          
          O Pe. 
          Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "Dão como suposto, seguindo o preconceito popular, que a doença 
          tinha a sua origem no pecado. Por curiosidade, queriam saber se o mal 
          foi cometido pelos pais ou pelo filho". 
          
          Esta 
          crença estava muito arraigada no povo. E era favorecida por algumas 
          passagens do Antigo Testamento que falam de prêmios para o justo e de 
          castigos para os pecadores, e que geralmente eram entendidas num plano 
          humano e terreno. Alguns rabinos falavam inclusive de uma 
          responsabilidade pré-natal. No livro de Jó, porém, ensina-se que os 
          males temporais não são sempre castigo. Isso é o que dirá o Senhor; 
          inclusive podem ser motivo para que se glorifique a Deus. Assim 
          acontecerá também com a morte de Lázaro, cuja doença não é de morte, 
          mas para glória de Deus (Jo 11, 4); muitos dos judeus que tinham vindo 
          à casa de Maria e viram o que tinha feito, acreditaram nele (Jo 11, 
          45). Os males entram a fazer parte do plano salvador de Deus. Jesus 
          venceu a dor, a doença, a privação: não os suprimindo do mundo, mas 
          transformando-os em instrumento de salvação. 
          
          São 
          Josemaría Escrivá comenta sobre a pergunta que os discípulos fizeram a 
          Nosso Senhor: 
          "Jesus 
          passa e apercebe-se imediatamente da dor. Considerai, em 
          contrapartida, que diferente eram os pensamentos dos discípulos. 
          Perguntam-lhe: Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse 
          cego? Não deve causar-nos estranheza que muitos, mesmo pessoas que se 
          têm por cristãs, se comportem de forma parecida. Antes de mais nada, 
          pensam o mal. Sem prova alguma, pressupõem-no. E não só o pensam, como 
          até se atrevem a exprimi-lo num juízo arriscado diante de toda a 
          gente. A conduta dos discípulos poderia, com um pouco de benevolência, 
          ser considerada superficial. Naquela sociedade - como hoje: nisto 
          pouco se mudou - havia outros, os fariseus, que faziam dessa atitude 
          uma norma" 
          (Cristo 
          que passa, n° 67), 
          e: 
          "A pergunta dos discípulos faz-se eco das opiniões dos judeus sobre a 
          causa da doença e das desgraças em geral: consideravam-se castigo dos 
          pecados pessoais (cfr Jo 4, 7-8; 2 Mc 7, 18), ou das faltas dos pais, 
          que recaiam  sobre os filhos (cfr Tb 3, 3)" 
          (Edições 
          Theologica).
           
          
          Jesus 
          Cristo disse aos discípulos: 
          "Nem ele nem seus pais pecaram, mas é para que nele sejam manifestadas 
          as obras de Deus". 
          
          Santo 
          Agostinho escreve: "A 
          palavra Rabí quer dizer Mestre. Eles lhe chamam Mestre, porque o que 
          queriam era aprender, e por isto haviam proposto uma questão ao 
          Senhor, como a seu mestre" ( In 
          Joanem Tract. 44), e:
          "Eles chegaram a fazer essa 
          pergunta porque em outra ocasião, depois de haver curado o paralítico, 
          lhe havia dito (Jo 5, 14): 'Veja que estás curado, não peques mais'. 
          Eles, pois, pensando que aquele paralítico havia perdido as forças de 
          seus membros, causa de seus pecados, lhe perguntam, agora, se este 
          havia pecado, o qual não era de crer, posto que era cego de 
          nascimento. Ou se haviam pecado seus pais, mas nem ainda este, porque 
          o filho não sofre o castigo que só é devido ao pai. 'Respondeu Jesus: 
          Nem este pecou, nem seus pais" 
          (São João Crisóstomo, Ut 
          supra), e também:  "Acaso havia ele nascido isento da culpa original, ou 
          durante a vida não havia cometido nenhuma? Haviam pecado ele e seus 
          pais, mas não havia nascido cego por castigo de seus pecados. O mesmo 
          Salvador diz a causa pelo qual havia nascido cego: 'A fim de que as 
          obras de Deus se manifestam nele" 
          (Santo Agostinho, Ut supra), e ainda: 
          "Não quer dizer com isso que outros nasceram cegos por causa dos 
          pecados de seus pais, pois não sucede que um homem seja castigado pelo 
          pecado que outro cometera. As palavras 'para que as obras de Deus se 
          manifestem' não se referem à glória de seu Pai, senão à sua própria; 
          pois a glória do Pai se havia manifestado. Mas, acaso este padecia 
          injustamente sua cegueira? Eu entendo que para ele foi um benefício, 
          porque ele viu com os olhos da alma. É evidente que Aquele que lhe 
          havia dado o ser, tirando-o do nada, tinha também poder para deixá-lo 
          assim sem nenhum gênero de injustiça. Segundo alguns expositores, a 
          partícula UT não significa aqui a causa, senão o efeito, o mesmo que 
          naquela outra passagem: Lex subintravit ut abundaret delictum, no 
          sentido de que o Senhor, abrindo os olhos fechados e curando outras 
          enfermidades do corpo, fez brilhar sua glória pela manifestação de seu 
          poder" (São João 
          Crisóstomo, Ut supra), 
          e:  "Há 
          um castigo que fere o pecador de tal sorte, que não há possibilidade 
          de retratação; há outro que o fere para corrigi-lo. Outro há que se 
          aplica, não para castigo das culpas passadas, senão para prevenir as 
          vindouras; outro, que nem castiga as culpas passadas nem previnem as 
          vindouras, senão que se aplica para fazer amar mais ardentemente o 
          poder formoso do Salvador" 
          (São Gregório, Moralium 
          praef. c. 5). 
          
          Edições 
          Theologica comenta: 
          "Sabemos pela Revelação (cfr Gn 3, 16-19; Rm 5, 12; etc.) que a origem 
          de todas as desgraças que afligem a humanidade é o pecado: o pecado 
          original e os sucessivos pecados pessoais. Não obstante, isto não quer 
          dizer que cada desgraça ou doença tenha a sua causa imediata num 
          pecado pessoal, como se Deus enviasse ou permitisse os males em 
          relação direta com cada pecado cometido. A dor, que acompanha tantas 
          vezes a vida do justo, pode ser um meio que Deus lhe envia para se 
          purificar das suas imperfeições, para exercitar e robustecer as suas 
          virtudes e para se unir aos padecimentos de Cristo Redentor que, sendo 
          inocente, levou sobre Si o castigo que mereciam os nossos pecados (cfr 
          Is 53, 4; 1 Pd 2, 24; 1 Jo 3, 5). Neste sentido, a Santíssima Virgem, 
          São José e todos os santos experimentaram intensamente a dor como 
          participação no sofrimento redentor de Cristo", e: 
          "Nem sempre os males e enfermidades da vida são castigos do pecado. 
          Muitas vezes são para nós um motivo de merecimento e de maior glória 
          para Deus. Tal foi o caso da Santíssima Virgem, de Jó, Tobias e muitos 
          outros"
          
          (Dom Duarte Leopoldo).
           
          
          Em Jo 9, 
          4-5 diz: 
          "Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem 
          a noite, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a 
          luz do mundo". 
          
          Jesus fez 
          então uma referência ao pouco tempo que estaria na terra. A morte 
          avizinha-se: 
          "Enquanto é dia, temos de realizar as obras daquele que me enviou; vem 
          a noite, quando ninguém pode trabalhar". 
          O dia refere-se à vida terrena de Jesus. Daqui a urgência que a 
          Si mesmo se impõe de realizar acabadamente a vontade do Pai antes que 
          chegue a morte, que compara com a noite. "Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo". 
          É também a luz para aquele pobre cego que, sem petição alguma, vai 
          curar. 
          
          Dom Duarte Leopoldo escreve: 
          "Enquanto é 
          dia... isto é, enquanto estou no mundo, de modo visível", e: 
          "O 'dia' refere-se à vida terrena de Jesus. Daqui a 
          urgência que a Si mesmo se impõe de realizar a Vontade do Pai antes 
          que chegue a Sua morte, que compara com a noite. Também se pode 
          entender que a noite se refere ao fim deste mundo; neste sentido o 
          passo significa que a Redenção dos homens realizada por Cristo deve 
          ser continuada pela Igreja ao longo dos tempos, e que também os 
          cristãos devem esforçar-se por estender o Reino de Deus... Jesus 
          proclama-Se a Luz do mundo porque a Sua vida entre os homens nos deu o 
          sentido último do mundo, da vida de cada homem e da humanidade 
          inteira. Sem Jesus toda a criatura está às escuras, não encontra o 
          sentido do seu ser, nem sabe aonde vai" 
          (Edições Theologica), e também: 
          "Sois luz eterna, luz de sabedoria que, falando 
          através da nuvem da carne, dizeis aos homens: 'Eu sou a luz do mundo, 
          quem me segue não anda em trevas, mas terá a luz da vida" 
          (Santo Agostinho, Em Jo 34), 
          e ainda: 
          "E como Ele havia dito, 
          falando de si mesmo: 'Para que as obras de Deus se manifestem', e: 'É 
          necessário que eu realize as obras d'Aquele que me enviou'; é dizer, é 
          necessário que eu me manifeste a mim mesmo... fazendo as mesmas obras 
          que meu Pai" (São 
          João Crisóstomo, Ut supra), 
          e: "O Filho, afirmando 
          que faz as obras de seu Pai, manifesta assim que suas obras são as 
          mesmas que as de seu Pai, e como curar aos enfermos, fortalecer aos 
          débeis e iluminar aos homens" 
          (São Beda), e também:
          "Pelas palavras: 'Aquele que me enviou', dá toda a glória Àquele de 
          quem procede, porque o Pai tem um Filho que é seu, enquanto que Ele 
          mesmo não procede de alguém" 
          (Santo Agostinho, Ut supra), 
          e ainda:             "Prossegue o texto sagrado: 'enquanto é de dia', 
          é dizer, enquanto é permitido aos homens crer em mim, ou enquanto dure 
          esta vida, ' convém que eu realize'. E isto mesmo dá a entender nas 
          seguintes palavras: 'Virá a noite quando ninguém poderá realizar'. 
          Disse noite, segunda as palavras de São Mateus 22, 13: 'Lançai-o nas 
          trevas exteriores'. Ali será noite em que ninguém poderá realizar, 
          senão receber a recompensa de suas obras. Se há de fazer alguma coisa, 
          faça enquanto dura a vida, pois concluída esta, não haverá já nem fé, 
          nem trabalhos, nem arrependimento" 
          (São João Crisóstomo, Ut 
          supra), e: 
          "Se nós trabalhamos durante esta vida, este é o dia, este é Cristo. 
          Por isso diz: 'Enquanto estou no mundo'. Eis que Ele é o dia mesmo. 
          Este dia, que acaba com uma volta do sol, tem poucas horas. O dia da 
          presença de Cristo dura até a consumação dos séculos; porque Ele mesmo 
          o disse (Mt 28, 20): 'Eis que estarei com vocês até a consumação dos 
          séculos" (Santo 
          Agostinho, Ut supra). 
          
          Em Jo 9, 
          6-7 diz: 
          "Tendo dito isso, cuspiu na terra, fez lama com a saliva, aplicou-a 
          sobre os olhos do cego e lhe disse: 'Vai lavar-te na piscina de Siloé 
          - que quer dizer 'Enviado'. O cego foi, lavou-se e voltou vendo". 
          
          A piscina 
          de Siloé era um tanque construído pelo rei Ezequias no século VII a. 
          C. para o abastecimento de água de Jerusalém (cfr. 2 Rs 20, 20; 2 Cr 
          32, 30). Uma tradição constante assinala de maneira certa o lugar da 
          sua colocação. 
          
          O tanque 
          é um recipiente quadrangular; mede uns vinte e quatro metros de 
          cumprimento por cinco de largura e cinco de profundidade. A água chega 
          por um canal subterrâneo, talhado na rocha, de uns 530 metros de 
          longitude. Este túnel foi descoberto em 1886. As águas da piscina 
          tinham noutro tempo fama de ser doces e curativas. 
          
          O nome de 
          Siloé, Shiloah, propriamente é ativo, o que envia, e chamou-se 
          assim primeiramente ao canal subterrâneo que construiu Ezequias 
          (721-693 a. C.). Através dele ia a água desde a fonte Gihon, 
          hoje fonte da Virgem. Mais tarde deu-se o nome também à 
          piscina. 
          
          Depois do 
          cativeiro de Babilônia, talvez nos dias de Herodes, foi construído 
          sobre a piscina um templete, cujo teto era formado por largas lousas. 
          No século V da nossa era, erigiu-se no mesmo sitio uma basílica 
          dedicada a Cristo Luz do mundo, em memória deste milagre. Foi 
          descoberto nas escavações realizadas em 1886. Achou-se uma igreja de 
          três naves, que foi restaurada pelo imperador Justiniano. Foi 
          destruída pelos persas e não voltou a ser reconstruída. 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "A piscina 
          de Siloé é um símbolo do Sacramento da Penitência, onde os pecadores 
          se lavam das suas culpas nas lágrimas do arrependimento. Fonte de luz 
          e de vida, Jesus, o Enviado, é a verdadeira fonte de Siloé. - 
          Evidentemente nem este pouco de barro, nem as águas de Siloé podiam 
          curar um cego de nascimento. Era, pois, criminosa cegueira a 
          obstinação dos que não queriam reconhecer o milagre e, portanto, a 
          divindade de Jesus. É, de fato, extraordinário, este novo remédio 
          contra a cegueira. Simples e fácil, nós o recomendamos aos médicos 
          materialistas". 
          
          Edições Theologica comenta: 
          "A cura 
          realiza-se em duas etapas: a ação de Jesus sobre os olhos do cego e o 
          mandato de se lavar na piscina de Siloé. Nosso Senhor tinha utilizado 
          também a saliva para curar o surdo-mudo (cfr. Mc 7, 33) e um cego (cfr. 
          Mc 8, 33).O mandato que o Senhor dá ao cego evoca o milagre de Naaman, 
          general  sírio que foi curado da sua lepra quando, por indicação do 
          próprio Eliseu, se lavou sete vezes nas águas do Jordão (cfr. 2 Rs 5, 
          1ss.). Aquele tinha titubeado antes de obedecer; o cego, pelo 
          contrário, obedece com prontidão e sem replicar", 
          e: 
          "Que belo exemplo de firmeza na fé nos dá este cego! Uma fé viva, 
          operativa. É assim que te comportas com os mandatos de Deus, quando 
          muitas vezes estás cego, quando nas preocupações da tua alma se oculta 
          a luz? Que poder continha a água, para que os olhos ficassem curados 
          ao serem umedecidos? Teria sido mais adequado um colírio desconhecido, 
          um medicamento precioso preparado no laboratório dum sábio alquimista. 
          Mas aquele homem crê, põe em prática o que Deus lhe ordena e volta com 
          os olhos cheiros de claridade" 
          (São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n° 193), 
          e também:"Alguns 
          opinam que esta lama não caiu, senão que se converteu em olhos"
          (Teofilacto), 
          e ainda:
          "O gênero humano está representado neste cego, e esta vem pelo pecado 
          do primeiro homem, de quem todos descendemos. É, pois, um cego de 
          nascimento. O Senhor cuspiu na terra e com a saliva fez lama, 'porque 
          o Verbo se fez carne' (Jo 1, 14). Colocou a lama nos olhos do cego de 
          nascimento. Teria posto a lama e ainda não enxergava, porque quando a 
          colocou, possivelmente o fez catecúmeno. O enviou à piscina que se 
          chama Siloé, porque foi batizado em Cristo, e foi então quando o 
          iluminou. Tocava ao Evangelista o dar-nos a conhecer o nome  desta 
          piscina, e por isso disse: 'Que quer dizer Enviado', porque se Aquele 
          não houvesse sido enviado, ninguém de nós haveria sido absolvido do 
          pecado" (Santo 
          Agostinho, Ut supra),
          e:
          "A saliva significa o sabor da contemplação íntima, a qual baixa 
          desde a cabeça à boca, porque desde a altura da glória é de onde vem 
          Deus a nós pelas doçuras da revelação, enquanto estamos nesta vida. O 
          Senhor misturou sua saliva com a terra e devolveu assim a vista ao 
          cego de nascença; porque misturando a contemplação de sua verdade com 
          nosso pensamento, é como a graça sobrenatural que irradia em nós. E 
          curando o homem de sua natural cegueira, ilumina sua inteligência"
          (São Gergório, 
          Moralium 8, 21).
           
          
          Em Jo 9, 
          8-34 diz: 
          "Os vizinhos, então, e os que estavam acostumados a vê-lo antes, 
          porque era mendigo, diziam: 'Não é esse que ficava sentado a 
          mendigar?' Alguns diziam: 'É ele'. Diziam outros: 'Não, mas alguém 
          parecido com ele'. Ele, porém, dizia: 'Sou eu mesmo'. Perguntaram-lhe, 
          então: 'Como se abriram os teus olhos?' Respondeu: 'o homem chamado 
          Jesus fez lama, aplicou-a nos meus olhos e me disse: 'Vai a Siloé e 
          lava-te'. Fui, lavei-me e recobrei a vista'. Disseram-lhe: 'Onde está 
          ele?' Disse: 'Não sei'. Conduziram o que fora cego aos fariseus.  Ora, 
          era sábado o dia em que Jesus fizera lama e lhe abrira os olhos.  Os 
          fariseus perguntaram-lhe novamente como tinha recobrado a vista. 
          Respondeu-lhes: 'Ele aplicou-me lama nos olhos, lavei-me e vejo'. 
          Diziam, então, alguns dos fariseus: 'Esse homem não vem de Deus, 
          porque não guarda o sábado'. Outros diziam: 'Como pode um homem 
          pecador realizar tais sinais?' E havia cisão entre eles. De novo 
          disseram ao cego: 'Que dizes de quem te abriu os olhos?' Respondeu: 'É 
          um profeta'. Os judeus não creram que ele fora cego enquanto não 
          chamaram os pais do que recuperara a vista e perguntaram-lhes: 'Este é 
          o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como é que agora ele vê?' 
          Seus pais então responderam: 'sabemos que este é nosso filho e que 
          nasceu cego. Mas como agora ele vê não o sabemos; ou quem lhe abriu os 
          olhos não o sabemos. Interrogai-o. Ele tem idade. Ele mesmo se 
          explicará'. Seus pais assim disseram por medo dos judeus, pois os 
          judeus já tinham combinado que, se alguém reconhecesse Jesus como 
          Cristo, seria expulso da sinagoga. Por isso, seus pais disseram. 'Ele 
          já tem idade; interrogai-o'. Chamaram, então, uma segunda vez, o homem 
          que fora cego e lhe disseram: ' Dá glória a Deus! Sabemos que esse 
          homem é pecador'. Respondeu ele: 'Se é pecador, não sei. Uma coisa eu 
          sei: é que eu era cego e agora vejo'. Disseram-lhe, então: 'Que te fez 
          ele? Como te abriu os olhos?' Respondeu-lhes: 'Já vos disse e não 
          ouvistes. Por que quereis ouvir novamente? Por acaso quereis também 
          tornar-vos seus discípulos?' Injuriaram-no e disseram: 'Tu, sim, és 
          seu discípulo; nós somos discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou 
          a Moisés; mas esse, não sabemos de onde é'. Respondeu-lhes o homem: 
          'Isso é espantoso: vós não sabeis de onde ele é e, no entanto, 
          abriu-me os olhos! Sabemos que Deus não ouve os pecadores; mas se 
          alguém é religioso e faz a sua vontade, a este ele escuta. Jamais se 
          ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença. 
          Se esse homem não viesse de Deus, nada poderia fazer'. 
          Responderam-lhe: 'Tu nasceste todo no pecado e nos ensinas?' E o 
          expulsaram". 
          
          Depois de 
          narrar o milagre, o Evangelho refere às dúvidas dos vizinhos e 
          conhecidos do cego (vv. 8-12) e a investigação que fazem os fariseus: 
          interrogatório ao cego curado (vv. 13-17), aos seus pais (vv. 18-23) e 
          de novo ao cego, a quem terminam condenando e expulsando-o da sua 
          presença (vv. 24-34). O passo contém tal precisão de pormenores que 
          manifesta claramente a espontaneidade de uma testemunha que presenciou 
          e viveu o acontecimento. 
          
          Os Santos 
          Padres e Doutores da Igreja viram simbolizado neste milagre o 
          sacramento do batismo, no qual, por meio da água, a alma fica limpa e 
          recebe a luz da fé: 
          "Envia-o à 
          piscina, que se chama de Siloé, para que se lave e para que seja 
          iluminado, isto é, para que seja batizado e receba no batismo a 
          iluminação plena"
          
          (Santo Tomás de Aquino, Comentário sobre São João, ad loc.). 
          
          Edições 
          Theologica comenta: 
          "O episódio 
          reflete, por outro lado, as diversas posições diante do Senhor e dos 
          Seus milagres. O cego, de coração simples, crê em Jesus como enviado, 
          profeta (vv. 17. 33) e Filho de Deus (vv. 17. 33. 38). Os fariseus, 
          pelo contrário, obstinam-se em não querer ver nem crer, inclusivamente 
          perante a evidência dos fatos (vv. 24-34). Neste milagre, Jesus 
          revela-Se de novo como luz do mundo. Comprova-se a afirmação do 
          Prólogo: 'Era a luz verdadeira que ilumina todo o homem, que vem a 
          este mundo' (1, 9). Não só dá a luz aos olhos do cego, mas ilumina-o 
          interiormente levando-o a um ato de fé na Sua divindade (v. 38). Ao 
          mesmo tempo fica patente o drama profundo daqueles que se obcecam na 
          sua cegueira, tal como o tinha anunciado no diálogo com Nicodemos: 
          'Veio a luz ao mundo e os homens amaram mais as trevas que a luz, já 
          que as suas obras eram más' (Jo 3, 19)". 
          
          Era 
          sábado o dia em que Nosso Senhor Jesus Cristo abrira os olhos do cego:
          
          "Ora, era sábado o dia em que Jesus fizera lama e lhe abrira os olhos. 
          Os fariseus perguntaram-lhe novamente como tinha recobrado a vista. 
          Respondeu-lhes: 'Ele aplicou-me lama nos olhos, lavei-me e vejo'. 
          Diziam, então, alguns dos fariseus: 'Esse homem não vem de Deus, 
          porque não guarda o sábado'. Outros diziam: 'Como pode um homem 
          pecador realizar tais sinais?' E havia cisão entre eles". 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo escreve: 
          "Os 
          fariseus reconhecem o milagre, não podem contestar o fato. Mas, 
          desviando a questão, insultam a quem o tinha praticado - processo, 
          aliás, muito do gosto de certos inimigos da Igreja", e: 
          "Os fariseus aduzem a mesma acusação que na cura do paralítico da 
          piscina (Jo 5, 10) e que noutras ocasiões: Jesus é um transgressor da 
          Lei porque não guarda o sábado ao curar os doentes (cfr. Lc 13, 16; 
          14, 5). Cristo tinha ensinado muitas vezes que a observância do 
          descanso sabático (cfr Ex 20, 8. 11; 21, 13; Dt 5, 14) não se opõe à 
          obrigação de fazer o bem (cfr. Mt 12, 3-8; Mc 2, 28; Lc 6, 5). Por 
          cima de todos os preceitos está a caridade, o bem dos homens. Pelo 
          contrário, quando a norma se antepõe de maneira cega às obrigações 
          evidentes de justiça e de caridade, cai-se no fanatismo, que sempre se 
          opõe ao Evangelho, e mesmo à reta razão. É o que acontece com os 
          fariseus neste caso: fecham-se nas suas idéias até ao ponto de não 
          quererem ver a mão de Deus num fato que mostra de modo razoável que só 
          pode ser realizado pelo poder divino. O dilema que se lhes põe sobre 
          Jesus - se é um homem de Deus pelos milagres que faz, ou um pecador 
          por não observar o sábado (cfr Mc 3, 23-30) - só é possível dentro de 
          uma mentalidade completamente dominada pelo fanatismo religioso. A 
          interpretação errada do cumprimento de alguns preceitos tinha-os 
          levado a não compreender o essencial da Lei: o amor a Deus e o amor ao 
          próximo. Os fariseus, para não aceitarem a divindade de Jesus, 
          rejeitam a única interpretação correta do milagre. O cego, pelo 
          contrário - como as almas abertas sem preconceito à verdade -, 
          encontra no milagre um apoio firme para confessar que Cristo opera com 
          poder divino (Jo 9, 33)"
          
          (Edições Theologica). 
          
          Os 
          fariseus chamam o homem que fora curado por Cristo Jesus: 
          "Chamaram, então, uma segunda vez, o homem que fora 
          cego e lhe disseram: 'Dá glória a Deus! Sabemos que esse homem é 
          pecador".
           
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo escreve: 
          "Dá 
          glória a Deus... É uma locução hebraica que significa - confessa a 
          verdade, para glória de Deus", e: 
          "Dá glória a Deus': Solene declaração, a modo de juramento, com que 
          se exortava a dizer a verdade. Não obstante, os fariseus não buscavam 
          a verdade, mas intimidar o cego para que se desdissesse do confessado. 
          Agora forçam a sua consciência advertindo-o: 'Nós sabemos que esse 
          homem é pecador"(Edições 
          Theologica), 
          e também: 
          "Que 
          pretendem ao dizer: Dá glória a Deus? Que negue o benefício recebido. 
          Isto não é certamente dar glória a Deus, mas antes blasfemar contra 
          Deus" 
          (Santo Agostinho, In Ioann. Evang. 44, 11). 
          
          Todo o 
          interrogatório mostra que o milagre foi tão patente que nem sequer os 
          adversários puderam negá-lo: 
          "Respondeu 
          ele: 'Se é pecador, não sei. Uma coisa eu sei: é que eu era cego e 
          agora vejo'. Disseram-lhe, então: 'Que te fez ele? Como te abriu os 
          olhos?' Respondeu-lhes: 'Já vos disse e não ouvistes. Por que quereis 
          ouvir novamente? Por acaso quereis também tornar-vos seus discípulos?' 
          Injuriaram-no e disseram: 'Tu, sim, és seu discípulo; nós somos 
          discípulos de Moisés. Sabemos que Deus falou a Moisés; mas esse, não 
          sabemos de onde é'. Respondeu-lhes o homem: 'Isso é espantoso: vós não 
          sabeis de onde ele é e, no entanto, abriu-me os olhos! Sabemos que 
          Deus não ouve os pecadores; mas. Se alguém é religioso e faz a sua 
          vontade, a este ele escuta. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha 
          aberto os olhos de um cego de nascença. Se esse homem não viesse de 
          Deus, nada poderia fazer'.  Responderam-lhe: 'Tu nasceste todo no 
          pecado e nos ensinas?' E o expulsaram". 
          
          "Sabemos 
          que Deus não ouve os pecadores..." 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo comenta: 
          "Pouco 
          instruído, ainda que inteligente, não dizia este homem uma verdade, 
          porque o pecador arrependido é sempre ouvido, quando pede o perdão das 
          suas culpas. Entretanto, as suas palavras são verdadeiras no sentido 
          de que Deus não pode confirmar com um milagre a mentira e a 
          hipocrisia. Se Jesus fosse um pecador, um homem mau, não lhe teria 
          aberto os olhos de modo tão prodigioso. Que esta era a sua intenção, 
          ao proferir aquelas palavras, prova-o a continuação do texto". 
          
          Nosso 
          Senhor durante o Seu ministério público fez muitos milagres, 
          manifestando assim a Sua onipotência sobre todas as coisas ou, o que é 
          o mesmo, a Sua divindade. Perante a atitude racionalista que não 
          aceita, por um falso princípio filosófico, a intervenção sobrenatural 
          de Deus neste mundo e, portanto, a possibilidade do milagre, o 
          Magistério da Igreja ensinou sempre a existência e o valor dos 
          milagres: 
          "Quis Deus 
          que aos auxílios internos do Espírito Santo se juntassem argumentos 
          externos da Sua Revelação, a saber, fatos divinos e, antes de mais, os 
          milagres e as profecias que, mostrando luminosamente a onipotência e a 
          ciência infinita de Deus, são sinais certíssimos da Revelação divina e 
          acomodados à inteligência de todos... Se alguém disser que não se pode 
          dar nenhum milagre e que portanto todas as narrações sobre eles, mesmo 
          as contidas na Sagrada Escritura, há que relegá-las entre as fábulas 
          ou os mitos, ou que os milagres não podem nunca ser conhecidos com 
          certeza e que com eles não se prova legitimamente a origem divina da 
          religião cristã, seja anátema" 
          (Dei Filius, cap. 3 e can. 4). 
          
          "Sabemos 
          que Deus falou a Moisés; mas esse, não sabemos de onde é". 
          
          São 
          Josemaría Escrivá escreve: 
          "O pecado 
          dos fariseus não consistia em não verem Deus em Cristo, mas em 
          encerrarem-se voluntariamente em si mesmos, em não tolerarem que 
          Jesus, que é luz, lhes abrisse os olhos" 
          (Cristo que passa, n° 71), e: 
          "O fato miraculoso é igualmente válido para todos, 
          mas a contumácia daqueles fariseus não se rende diante da significação 
          do fato, nem sequer depois das averiguações realizadas com os pais e o 
          próprio cego... Em todo este episódio, assim como há um processo de 
          aprofundamento na fé por parte do cego, que começa a reconhecer Jesus 
          como Profeta (v. 17) e culmina na confissão da Sua divindade (v. 35), 
          há também um processo contrário de obstinação naqueles judeus: desde a 
          dúvida (v. 16), passando pela afirmação blasfema de que Jesus é um 
          pecador (v. 24), até terminar por expulsarem o mendigo (v. 34). É 
          preciso que os homens estejam atentos a esse grande inimigo, a 
          soberba, que cega os olhos e impede de ver até o mais evidente"
          
          (Edições Theologica).
           
          
          
          "Responderam-lhe: 'Tu nasceste todo no pecado e nos ensinas?' E o 
          expulsaram". 
          
          Depois do 
          exílio de Babilônia (século VI a. C.) existia entre os judeus o 
          costume de expulsar da sinagoga aqueles que cometiam certos delitos:
          "Fazia-se de duas formas: a exclusão 
          temporária durante 30 dias como medida disciplinar, e a exclusão 
          definitiva, que se poria em prática com frequência contra os judeus 
          que se convertessem ao cristianismo. Aqui parece que se refere a esta 
          expulsão definitiva, tal como o tinham combinado (v. 22), e pode 
          comprovar-se por outros dados do Evangelho (cfr. 12, 42; 16, 2; Lc 6, 
          22)" 
          (Edições Theologica), e: 
          "Na verdade, expulsá-lo era mais fácil do que 
          responder aos seus argumentos. - Diz a Tradição que este cego foi mais 
          tarde o bispo Sidônio, coadjutor de São Maximino, na Provença, para 
          onde veio em companhia de Lázaro, Marta e Maria" 
          (Dom Duarte Leopoldo).  
          
           Nosso 
          Senhor Jesus Cristo encontra o homem que Ele havia curado: 
          "Jesus ouviu dizer que o haviam expulsado. 
          Encontrando-o, disse-lhe: 'Crês no filho do Homem?' Respondeu ele: 
          'Quem é, Senhor, para que eu nele creia?' Jesus lhe disse: 'Tu o estás 
          vendo, é quem fala contigo'. Exclamou ele: 'Creio, Senhor!' E 
          prostrou-se diante dele". 
          
          Edições 
          Theologica comenta: 
          "Não parece 
          casual este encontro com Jesus. Os fariseus expulsaram da sinagoga o 
          cego curado; mas o Senhor, além de o acolher, ajuda-o a fazer um ato 
          de fé na Sua divindade", e: 
          "Lavada finalmente a face do coração e purificada a consciência, 
          reconhece-o não só filho de homem, mas Filho de Deus"
          
          (Santo Agostinho, In Ioann. Evang., 44, 15).  
          
          "Então 
          disse Jesus: 'Para um discernimento é que vim a este mundo: para que 
          os que não vêem, vejam, e os que vêem, tornem-se cegos". 
          
          Dom 
          Duarte Leopoldo escreve: 
          "Justo juiz 
          de Deus, pelo qual os humildes e ignorantes recebem a luz da fé, ao 
          passo que os orgulhosos, os que julgam possuir a luz, inchados da sua 
          ciência, caem na mais completa cegueira", e: 
          "Perante o contraste entre a fé do cego e a obstinação dos fariseus, 
          o Senhor pronuncia esta sentença. Ele não foi enviado para condenar o 
          mundo, mas para o salvar (cfr. Jo 3, 17); mas a Sua presença entre nós 
          comporta já um juízo, porque cada homem há de tomar diante d'Ele uma 
          destas duas atitudes: de aceitação ou de rejeição. Cristo foi posto 
          para ruína de uns e salvação de outros (cfr. Lc 2, 34). Deste modo, 
          estabelece-se uma diferenciação entre os homens (cfr. Jo 3, 18-21; 12, 
          47-48). Por um lado, os humildes de coração (cfr. Mt 11, 25) que, 
          reconhecendo as suas misérias, acorrem a Jesus em busca do perdão: 
          estes gozarão daquela luz. Por outro lado, os que, satisfeitos de si 
          mesmos, pensam que não necessitam de Cristo nem da Sua palavra; estes 
          que dizem ver são na realidade cegos. Desta maneira somos nós os 
          homens que com a fé ou a rejeição de Jesus preparamos a nossa sorte 
          última"
          
          (Edições Theologica).
           
          
           "Alguns 
          fariseus, que se achavam com ele, ouviram isso e lhe disseram: 'Acaso 
          também nós somos cegos:' Respondeu-lhes Jesus: 'Se fôsseis cegos, não 
          teríeis pecado; mas dizeis: 'Nós vemos!' Vosso pecado permanece".  
          
          Edições 
          Theologica comenta: 
          "As 
          palavras de Jesus produziram uma forte impressão entre os fariseus, 
          desejosos de encontrar nos Seus ensinamentos algum motivo de 
          condenação. Dando-se conta de que Se referia a eles, voltam a 
          interrogá-Lo. A resposta do Senhor é clara: eles podem ver mas não 
          querem; daí a sua culpabilidade", 
          e: 
          "Se conhecêsseis a vossa cegueira e vos considerásseis cegos e 
          recorrêsseis ao médico, não teríeis pecado, porque Eu vim tirar o 
          pecado; mas porque dizeis enxergamos, por isso permanece o vosso 
          pecado. Por quê? Porque dizendo enxergamos não recorreis ao médico e 
          assim ficareis na vossa cegueira" 
          (Santo Agostinho, In Ioann. Evang., 45, 17). 
          
          O 
          Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve: 
          "Os 
          piores cegos são os que não querem ver. E isto acontecia com aqueles 
          homens que dispunham de toda a ciência da escritura e do testemunho 
          dos milagres para ter visto o Messias, que estava às suas portas. Em 
          vez de olhar para Cristo que passava tão perto, ficaram a discutir 
          sobre o barro que tinha feito em dia de sábado. Realmente estavam 
          cegos". 
            
            
          
          Pe. 
          Divino Antônio Lopes FP. 
          
          
          Anápolis, 18 de outubro de 2007 
           
           
			  
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