EMENDA-TE!
(Jo 5, 14)
"Eis que
está curado; não peques mais, para que não te suceda algo ainda pior!"
Edições Theologica comenta:
"O Senhor recorre ao santo
temor de Deus como incentivo na luta contra o pecado: 'Não tornes a
pecar para não te suceder coisa pior'. Este bom temor que nasce do
respeito por nosso Pai Deus compagina-se perfeitamente com o amor.
Assim como os filhos amam e respeitam os pais, e procuram evitar-lhes
desgostos também por temor ao castigo, de modo semelhante nós temos de
lutar contra o pecado em primeiro lugar porque é uma ofensa a Deus,
mas também porque podemos ser castigados nesta vida e, sobretudo, na
outra".
Católico, para chegar a uma verdadeira conversão é preciso emendar-se
de vida. Levantar e cair o tempo todo não agrada a Deus:
"Muito se erra no mundo. Porém, nenhum erro é tão fatal como
o que se comete na vida do espírito, no grande negócio da salvação.
Por isso é este, que demanda mais rápida emenda. De que serve
confessar os pecados, se a vida continua a mesma? De que serve
propor uma séria emenda nos erros da vida passada, se não se
remove a ocasião, se não se foge do perigo? Quem, por descuido,
contraiu uma grave enfermidade, depois de recuperar a saúde,
põe todo o cuidado em evitar a recaída; pois esta costuma ser
mais perigosa que a doença passada. - Assim, quem teve a desgraça
de cair no pecado, deve, depois de recuperar a graça, andar
sumamente cauteloso, para não recair no mesmo pecado, a fim
de não se expor ao perigo de morrer nele e perder-se eternamente!"
(Pe. Alexandrino Monteiro).
Infeliz e louco é aquele que acaba de se banhar e se joga outra vez na
lama. Pior ainda, é aquele que sai do confessionário com a alma limpa
e volta imediatamente a sujá-la com o pecado:
"Anda com toda a cautela, se
é que alcançaste a graça de Deus, porque, se a chegares a perder pela
terceira, quarta e quinta vez, pode ser que não a tornes a recuperar"
(São Bernardo de
Claraval), e:
"Queima o que adoraste, e
adora o que queimaste"
(São Remígio ao rei
Clodoveu).
O Pe.
Alexandrino Monteiro escreve:
"Isto mesmo tem por dito a
ti, que adoraste os ídolos da vaidade, da luxúria, da vanglória, da
soberba e da riqueza. Ao fogo, pois, com as estátuas de Vênus e de
Baco, com os livros imorais, com as gravuras pornográficas, com tudo,
enfim, que te queimou a alma e a deixou negra como a noite!
Adora o
que queimaste! Adora a cruz de Cristo, que lançaste dos ombros,
abraça-te com ela e nela vive até à morte.
Procura a
Jesus, a quem viraste as costas para seguires o mundo, seu inimigo!
Busca a
vestidura da graça divina, que vendeste pelo desprezível preço de um
prazer baixo e momentâneo.
Dá-te à
oração, que há tanto tempo tens descurado, e sem a qual não te podes
conservar no bom caminho.
Aproxima-te dos sacramentos, que não tens frequentado; trabalha por
chegar a uma observância absoluta de todos os mandamentos de Deus e da
Igreja, que tão indignamente tens postergado!
Propõe
fazer o que até aqui não fizeste para tua salvação.
Estuda as
causas de tantos erros na vida espiritual, e os meios de te não
desviares mais, daqui para o futuro, do caminho do céu".
Católico, a luta pela conversão e emenda de vida deve ser contínua.
Não se pode cochilar nem vacilar! Não se pode brincar com coisa séria!
Um
taverneiro, havia anos, andava com a consciência sobrecarregada de
vários pecados. Tocado pela graça divina, pensou em sair desse triste
estado, recorrendo ao Pe. Hofreuter, sacerdote experimentado na arte
de reconduzir a Deus os pecadores. Não quis perder tempo. Selou o
cavalo, montou e partiu. Estando já à porta da casa paroquial
sentiu-se tomado de vergonha e falta-lhe coragem para bater. Mas, eis
que, por disposição de Deus, naquele momento apareceu o padre, que em
tom afetuoso disse ao taverneiro: "O senhor vem confessar-se, não é
mesmo? Entre, que estou aqui para atendê-lo".
Depois de ter feito uma boa confissão, o taverneiro monta a cavalo e,
com o coração aliviado, dirigi-se ao animal: "Agora, a galope, meu
cavalinho, que levas cem quilos de menos".
Seis
anos depois, acabando de receber os últimos sacramentos em seu leito
de dores, dirigiu-se ao novo vigário, dizendo: "Peço-lhe ainda um
favor: Depois da minha morte mande dizer ao Pe. Hofreuter que, depois
daquela confissão que fiz com ele, nunca mais cometi pecado mortal ou
venial voluntário".
Cem
quilos de menos sobre a consciência!
Sim;
após uma confissão bem feita, que alívio!
Católico, emenda-te de vida! Não abuse da misericórdia do Senhor Deus!
Até
quando você acenderá uma vela para Deus e duas para o Demônio?
Até
quando você dará dois passos para frente e três para trás?
Até
quando você permanecerá com um pé no caminho da luz e com o outro no
caminho das trevas?
É
preciso emendar de vida! É preciso escolher Deus e permanecer somente
com Ele: "Muda de
proceder! Se, até agora, era às representações do palco que assistias
com mais frequência, daqui para o futuro sejam os exercícios piedosos
da religião o objeto de tuas mais doces diversões.
Se, até
hoje, frequentaste as casas onde se presta culto ao ídolo da vaidade,
do luxo e da prostituição, daqui por diante seja ao pé do tabernáculo
que se passe o tempo que tens livre de tuas ocupações, adorando a
divina Majestade ali presente.
Se, até
agora, eram leituras frívolas que te apascentavam a inteligência,
daqui para o futuro vejam-se em tuas mãos livros piedosos, livros que
te inflamem a vontade na prática da virtude, que te enriqueçam a alma
dos sãos princípios da fé, que te formem o coração para Deus.
Se, até ao
presente, vivias na rua, no fervilhar das praças, nos centros de
palestras, veja-te agora Deus e os seus Anjos, retraído do comércio
dos homens, recolhido no remanso de tua casa e dado todo ao negócio
dos negócios, à salvação de tua alma"
(Pe. Alexandrino
Monteiro).
Não
se pode desconfiar da Bondade de Cristo Jesus! Ele está sempre à
espera daquele que confie no Seu amor e que se esforça para emendar-se
de vida.
O
professor Parrini, homem de grande talento, era infelizmente maçom,
havia muitos anos. Comprometera-se por escrito a não receber o padre
mesmo em caso de grave enfermidade; e no seu testamento ordenara que
se lhe fizessem funerais civis exclusivamente.
Ora,
sucedeu que Parrini, durante um duelo, recebeu vários ferimentos.
Quando percebeu a gravidade de seu estado, imediatamente mandou chamar
o pároco, pois queria reconciliar-se com Deus.
Em
presença das testemunhas renunciou à maçonaria e retratou seus
escritos contra a religião e a Igreja.
Recebeu, depois, os sacramentos com uma piedade que edificou a todos.
Tendo osculado afetuosamente o Crucifixo, declarou que reconhecia a
Jesus Cristo como seu único consolador e sua única esperança, e
expirou.
Exatamente a uma hora e vinte e dois minutos da manhã de 26 de
fevereiro de 1943, exalou o último suspiro, na cadeira elétrica da
prisão do Estado Kentucky, o bandido Tom Penney.
O Pe.
Donnelly era o catequista de Penney na prisão. Depois de algumas
instruções o delinquente vê abrir-se a seus olhos um mundo novo, o da
graça, e fica deslumbrado com o exemplo do Bom Ladrão. O Padre,
receoso de tanto otimismo, insiste:
- O
inferno existe, Tom, e muitas almas são condenadas a ele por Deus, que
é justo.
Não
se apaga o brilho enigmático dos olhos de Tom, que diz:
-
Tudo isso não me assusta, Padre; ao contrário, aumenta a minha
esperança e a minha alegria. Essa justiça de que o senhor me fala é
precisamente a que me dá tanta confiança. Meu desejo é comparecer ante
um juiz "justo"... Ser julgado por quem sabe tudo.
- Mas
o senhor sabe, Tom, que fez muitas coisas más...
-
Mais do que lhe posso contar, Padre! Mais do que posso enumerar!
Penso, porém, que também São Dimas as fez, e como se arrependeu foi
perdoado. A mim pode acontecer o mesmo.
O
Capelão Tomás Libs, do dia seguinte à execução de Tom, escrevia à mãe
deste: "Creio que nunca vi nem verei jamais uma morte tão bela como
a de seu filho. Tudo quanto me é possível dizer-lhe é que Tom morreu
como deve morrer um bom católico. Passou suas últimas horas em
recolhimento absoluto, com o espírito posto em Deus... Quisera fazer a
apologia de seu filho, senhora Penney, mas apenas posso dizer-lhe que
foi uma das almas mais santas que encontrei em minha vida... Estava
tão preparado para morrer, que não pude deixar de dizer-lhe que meu
maior desejo seria estar preparado como ele quando chegasse a minha
hora derradeira".
Católico, são milhões aqueles que conheceram a Deus, que percorreram o
caminho do bem; mas depois abandonaram a luz e mergulharam nas trevas
do erro, e não pensam sequer em emendar-se de vida. Pobres infelizes!
O que dirão a Nosso senhor no dia do Julgamento?
"Com efeito, se, depois de
fugir às imundícies do mundo pelo conhecimento de nosso Senhor Jesus
Cristo, de novo são seduzidos e se deixam vencer por elas, o seu
último estado se torna pior do que o primeiro. Assim, melhor lhes fora
não terem conhecido o caminho da justiça do que, após tê-lo conhecido,
desviaram-se do santo mandamento que lhes foi confiado. Cumpriu-se
neles a verdade do provérbio: O cão voltou ao seu próprio vômito, e:
"A porca lavada tornou a revolver-se na lama"
(1 Pd 2, 20-22).
São
milhões também aqueles que, hoje, são idosos, mas que desde a
adolescência cometem todos os tipos de pecados e se vangloriam de
cometê-los. Dizem não arrepender-se de nada e que jamais se emendarão
de vida.
Católico, seja sábio e temente a Deus! Se você errou, não persevere no
erro, mas emenda-te de vida enquanto é tempo. Emenda-te hoje, não
deixe para depois porque poderá ser tarde:
"Erraste? Emenda-te! Olha
como o nauta, que errou o caminho do porto almejado, muda de rumo para
não ir encalhar em alguma praia inóspita.
Olha como
o viandante corrige o desvio que fez, para de novo enveredar pelo
atalho que o ponha à vista da pátria.
Olha como
o negociante não deixa escapar um erro nas suas contas, para não ter
de lamentar algum desfalque na fazenda.
E tu, que
te desviaste do caminho do céu, não há de também voltar atrás nesse
galopar acelerado para as tremendas voragens da morte? Tu, que pelejas
no mar da vida, impelido mais pelos ventos das paixões do que dirigido
pela estrela sorridente da fé, não hás de tomar pelo caminho
verdadeiro que te leva ao porto da Glória?...
Cair é
próprio da nossa fraqueza; porém levantar-se, depois de caído, é
condição de todo o bom soldado da cruz.
Quem,
coberto de feridas, se recolheu dos arraiais de Lúcifer aos de Cristo,
não pode expor-se a novas batalhas, porque as feridas, ainda mal
cicatrizadas, agravar-se-ão mais.
Recuperaste a saúde da graça, com o banho salutar da penitência? Não
te exponhas agora às correntes letíferas do pecado, porque nelas pode
vir o germe de uma segunda morte!
O primeiro
empenho nesta obra de melhorar a vida é guardar-se cada um de cair no
primeiro pecado. Este cuidado terá o homem sobre si, e será como um
açude, que conservará represada a corrente da voluptuosidade.
Acontece,
pois, com denodo, esta grande obra, a que Deus te está convidando com
as palavras do profeta Ezequiel: Saí, saí de vossos péssimos
caminhos (Ez 33,
11).
Para
emendar de vida, requer-se energia e valor magnânimo, resolução firme
e coragem intrépida.
Para que a
emenda seja total e duradoura, é necessário pôr o machado à raiz do
mal e cortar cerce a árvore, donde pululam todos os nossos pecados.
Esta
árvore é a nossa paixão dominante.
Abatida
ela, teremos desimpedido o caminho para chegarmos a uma perfeita
emenda e reforma da vida.
Para isto
requer-se, não há dúvida, uma abnegação continuada. Mas, se te parece
esta empresa demasiado difícil, lembra-te de que a vida é breve e que
o tempo perdido não volta!"
(Pe. Alexandrino
Monteiro).
Católico, emenda-te de vida enquanto é tempo! Se você não emendar de
vida agora, pensa que haverá uma segunda chance após a morte? Não! É
agora ou nunca!
Pe.
Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 21 de novembro de 2007
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