ESTERCO ESPALHADO NO CAMPO

 (2 Rs 9, 37)

 

 

"... e o cadáver de Jezabel será como esterco espalhado no campo, de modo que não se poderá dizer: Esta é Jezabel".

 

 

 

Jezabel (hebr. 'îzebel, significado e etimologia incertos; o componente zebel corresponde ao título divino de "príncipe". Nome pessoal: filha de Etbaal, rei de Sidônia, mulher de Acab, rei de Israel (1 Rs 16, 31). Jezabel favoreceu o culto ao Baal em Israel, mantendo quatrocentos e cinquenta profetas de Baal (1 Rs 18, 19).

 

Jezabel era uma mulher corrupta e amante dos prazeres. Adorava o seu corpo, cercava de negro os olhos, adornava-se sem modéstia. Pois bem: pela manhã ficava à janela, perfidamente sedutora...  Ainda não se pusera o sol, e alguns homens acharam debaixo daquela janela o cadáver da desgraçada, horrivelmente mutilado pelos cães, com o crânio, os pés e as mãos separados do tronco. Horrorizados, aqueles homens fugiram exclamando: "Os cães comeram a carne de Jezabel, e o seu corpo é uma podridão na face da terra" (2 Rs 9, 37).

 

Em 2 Rs 9, 30-37 diz: "Jeú voltou para Jezrael. Sabendo disso, Jezabel pintou os olhos, adornou a cabeça e se pôs à janela. Quando Jeú atravessou a porta, ela perguntou: 'Tudo vai bem, Zambri, assassino de seu senhor?' Jeú ergueu os olhos para a janela e disse: 'Quem está comigo? Quem?' e dois ou três eunucos se inclinaram para ele. Ordenou ele: 'Lançai-a abaixo'. E eles a atiraram para baixo; seu sangue salpicou a parede e os cavalos que a pisotearam. A seguir, entrou Jeú e, depois de ter comigo e bebido, disse: 'Ide ver aquela maldita e dai-lhe sepultura, pois é filha de rei'. Quando chegaram para sepultá-la, só encontraram o crânio, os pés e as mãos. Voltaram para contar isso a Jeú, que disse: 'Esta foi a palavra de Deus, que pronunciou por intermédio de seu servo Elias, o tesbita: 'No campo de Jezrael, os cães devorarão a carne de Jezabel; e o cadáver de Jezabel será como esterco espalhado no campo, de modo que não se poderá dizer: Esta é Jezabel".

 

Jezabel é figura do CATÓLICO MUNDANO, que deixa de seguir a Deus e o Evangelho, para servir o mundo e suas máximas.

 

Jezabel era VAIDOSA: "... pintou os olhos, adornou a cabeça".

Existem milhões de mulheres que profanam a beleza do rosto com artifícios; moças que adoram o corpo e se vestem não como convém a uma cristã; rapazes e homens que, escravos da sua carne, se abandonam aos instintos mais desonestos e brutais; dentro em pouco o que serão? Pela manhã perfumados e alinhados como ídolos, e à noite, talvez, podridão e vermes.

Esses católicos se DESDOBRAM e CANSAM por TÃO POUCO. Quanto mais se "VESTEM" da VAIDADE, mais vazios se tornam: "Que papéis tão ridículos deve-se representar nesses salões da sociedade!" (Santa Teresa dos Andes, Carta 110).

 

Jezabel vivia na OCIOSIDADE: "... e se pôs à janela".

Ela, mulher desocupada e leviana, se pôs à janela e provocou Jeú: "Quando Jeú atravessou a porta, ela perguntou: 'Tudo vai bem, Zambri, assassino de seu senhor?"

Católico, permaneça SEMPRE OCUPADO; não perca tempo olhando o VAZIO do MUNDO, a exemplo de Jezabel.

Quem possui Deus, dialoga com Ele no interior de sua alma; quem não o possui, fica na "janela" observando as coisas passageiras: "Fitemos o Mestre, e este olhar de fé amorosa e simples nos separe de tudo e coloque como que uma nuvem entre nós e as coisas do mundo" (Bem-aventurada Elisabete da Trindade).

Católico, se toda vez que os olhos querem olhar, se toda vez que o corpo quer o prazer, pensássemos na morte, quantos pecados evitaríamos! Perder a alma para satisfazer esta carne que dentro em pouco virará podridão e vermes, não é estultícia?

São milhões os que vivam à "janela" da OCIOSIDADE, perdendo tempo... deixando a vida passar... Esses morrerão com as mãos vazias. Pobres infelizes!

 

Católico, Jezabel era ESCANDALOSA, VAIDOSA, OCIOSA, IMPURA, MALDITA, SEDUTORA, CORRUPTA... Ela teve uma TERRÍVEL MORTE: "Lançai-a abaixo'. E eles a atiraram para baixo; seu sangue salpicou a parede e os cavalos que a pisotearam... Esta foi a palavra de Deus, que pronunciou por intermédio de seu servo Elias, o tesbita: 'No campo de Jezrael, os cães devorarão a carne de Jezabel; e o cadáver de Jezabel será como esterco espalhado no campo, de modo que não se poderá dizer: Esta é Jezabel".

O católico que SEGUIR o MUNDO e suas MÁXIMAS, que der ESCÂNDALO, que viver na OCIOSIDADE, mergulhado na IMPUREZA... e que MORRER com as COSTAS VOLTADAS para Deus, NÃO será lançado de uma janela a uma calçada, mas SERÁ PRECIPITADO no INFERNO para SEMPRE; o mesmo não será pisoteado por cavalos e mordido por cães, mas será atormentado eternamente pelos DEMÔNIOS: "As almas daqueles que saem do mundo em pecado mortal atual, imediatamente depois da sua morte descem ao Inferno, onde são atormentados com penas infernais" (Bento XII, Constituição "Benedictus Deus"), e: "O pecador comete dois males quando peca: aparta-se de Deus, Sumo Bem, e se entrega às criaturas. 'Dois males fez meu povo: abandonaram-me a mim, que sou fonte de água viva, e cavaram para si cisternas rotas, que não podem reter a água" (Jr 2,13). Em vista de o pecador se ter dado às criaturas com ofensa a Deus, será justamente atormentado no inferno por essas mesmas criaturas, pelo fogo e pelos demônios: esta é a pena do sentido. Como, porém, sua maior culpa, na qual consiste a maldade do pecado, é a separação de Deus, o maior suplício do inferno é a pena do dano ou da privação da visão de Deus, perda irreparável.

Consideremos, em primeiro lugar, a pena do sentido. É de fé que existe inferno. No centro da terra se encontra esse cárcere, destinado ao castigo dos que se revoltaram contra Deus. Que é, pois, o inferno? O lugar de tormentos (Lc 16, 28), como o chamou o mau rico; lugar de tormentos, onde todos os sentidos e todas as faculdades do condenado hão de ter o seu castigo próprio, e onde aquele sentido que mais tiver servido para ofender a Deus mais acentuadamente será atormentado (Sb 11,17; Ap 18,7). A vista padecerá o tormento das trevas (Jó 10,21). Digno de profunda compaixão seria um infeliz encerrado em tenebroso e acanhado calabouço, durante quarenta ou cinquenta anos de sua vida. Pois o inferno é cárcere fechado por completo e escuro, onde nunca penetrará raio de sol nem qualquer outra luz (Sl 48,20).

O fogo que aqui na terra ilumina, não será luminoso no inferno. 'Voz do Senhor, que despede chamas de fogo' (Sl 28,7). Explica São Basílio que o Senhor separará do fogo a luz; de modo que estas chamas arderão sem iluminar; o que Santo Alberto Magno exprime mais brevemente nestes termos: 'Separará do calor o resplendor'. O fumo sairá dessa fogueira e formará a espessa nuvem tenebrosa que, como diz São Judas, cegará os olhos dos réprobos (Jd 13). Haverá ali apenas a claridade precisa para aumentar os tormentos. Uma sinistra claridade que permite ver a fealdade dos condenados e dos demônios, assim como o aspecto horrendo que estes tomarão para causarem mais horror.

O olfato padecerá o seu tormento próprio. Seria insuportável se nos metêssemos num quarto acanhado, onde estivesse um cadáver em putrefação. O condenado deve ficar sempre entre milhões de réprobos, vivos para a pena, mas cadáveres hediondos quanto à pestilência que exalam (Is 34,3). Disse São Boaventura que, se o corpo de um condenado saísse do inferno, bastaria ele só para produzir uma infecção em consequência da qual morreriam todos os homens do mundo E ainda há insensatos que se atrevem a dizer: 'Se for ao inferno, não irei sozinho'. Infelizes! Quanto maior for o número de réprobos ali, tantos maiores serão os sofrimentos de cada um. 'Ali - diz Santo Tomás - a companhia de outros desgraçados não alivia; antes aumenta a desventura geral'. Muito mais sofrerão, sem dúvida, pela fetidez asquerosa, pelos gritos daquela multidão desesperada, e pelo aperto em que se acharão amontoados e comprimidos os réprobos, à semelhança de ovelhas em tempo de inverno (Sl 48,15), ou como uvas esmagadas no lagar da cólera de Deus (Ap 19,15). E assim mesmo padecerão o tormento da imobilidade (Ex 15,16). Da maneira como o condenado cair no inferno, assim há de permanecer imóvel, sem que lhe seja dado mudar de posição, nem mexer mão nem pé, enquanto Deus for Deus. O ouvido será atormentado com os contínuos gritos aflitivos daqueles pobres desesperados, e pelo barulho horroroso que, sem cessar, os demônios provocam (Jó 15,21). Quando desejamos dormir, é com o maior desespero que ouvimos o contínuo gemido de um doente, o choro de uma criança ou o ladrar de um cão. Infelizes réprobos, que são obrigados a ouvir, por toda a eternidade, os gritos pavorosos de todos os condenados! A gula será castigada com a fome devoradora. (Sl 58,15). Entretanto, não haverá ali nem uma migalha de pão. O condenado sofrerá sede abrasadora, que não se apagaria com toda a água do mar. Mas não se lhe dará uma só gota. Uma só gota d'água pedia o rico avarento, e não a obteve nem a obterá jamais" (Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XXVI, Ponto I). 

 

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 24 de julho de 2008

                  

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. "Esterco espalhado no campo"

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