CAIU A COROA (Lm 5, 16)
“Caiu a coroa de nossa cabeça. Ai de nós, porque pecamos!”
Católico, quando um rei ou uma rainha PERDE a COROA, perde apenas o poder de governar um Reino, mas se forem fiéis a Nosso Senhor, como muitos reis e rainhas o foram, não perderão a Vida Eterna. Mas, EXISTE uma COROA, que sem ela na “cabeça”, isto é na alma, é IMPOSSÍVEL se SALVAR, é IMPOSSÍVEL entrar na PÁTRIA ETERNA, no céu. Essa PRECIOSÍSSIMA COROA é a GRAÇA SANTIFICANTE. Quem perde a “COROA” da GRAÇA SANTIFICANTE e morre sem ela, não perde um REINO na terra, mas sim, perde o Céu para sempre: “As almas daqueles que saem do mundo em pecado mortal atual, imediatamente depois da sua morte descem ao Inferno, onde são atormentadas com penas infernais” (Bento XII, Constituição “Benedictus Deus”).
I. O que é a graça santificante?
Algumas definições: a- Graça santificante é a que permanece em nossa alma, tornando-a justa e santa aos olhos de Deus.
b- Por graça habitual ou santificante, entende-se: aquele dom sobrenatural que nos faz participar da vida divina, e que fica inerente à alma, à maneira de qualidade permanente. Diz-se: 1. Que nos faz participar da vida divina, porque a essência mesma da graça consiste em nos comunicar algo da vida de Deus. 2. Que fica inerente à alma e não apenas às suas potências (inteligência e vontade): porque é o princípio de vida sobrenatural e, portanto, deve unir-se ao princípio vital, que é a alma. Como da saúde se diz que a possuímos no corpo, assim a graça se possui na alma. 3. À maneira de qualidade, isto é, como algo que modifica a alma, aperfeiçoando-a. 4. Permanente, porque perdura enquanto o pecado mortal não nos leve a perdê-la.
c- Define-se ordinariamente a graça habitual: uma qualidade sobrenatural, inerente à nossa alma, que nos faz participar, dum modo real, formal, mas acidental, da natureza e vida divinas.
II. Pode-se perder a “COROA” da graça santificante?
Sim, pode-se perdê-la cometendo o MAIOR MAL que é o PECADO MORTAL; quem peca mortalmente DERRUBA a coroa da graça santificante pelo “chão”. RECEBE-SE a graça santificante inicialmente no Batismo. AUMENTA-SE a graça santificante principalmente mediante a recepção dos Sacramentos, e também pela oração e pelas boas obras. DETERMINA a salvação, visto que, se a tivermos no momento da morte, assegura a bem-aventurança eterna, e, se a não tivermos ao morrer, é inevitável a condenação eterna.
III. É possível RECUPERAR a “COROA” da graça santificante?
Sim, é possível. A Confissão infunde na alma a graça santificante que perdera com o pecado mortal. Com ela, o homem volta-se, agradecido para Deus, e, de inimigo que era, passa a ser seu filho adotivo: “Mediante o sacramento da Penitência, o homem deixa de ser injusto e inimigo, e é tornado justo e amigo de Deus. Lutero afastou-se da fé da Igreja, a qual ensinou, no Concílio de Trento, que a justificação ‘não é só remissão dos pecados, mas também santificação e renovação do homem interior, por meio da voluntária recepção da graça e dos dons; daí que o homem se converta, de injusto em justo, e de inimigo em amigo, para ser herdeiro segundo a esperança da vida eterna” (Dz, 799).
Católico, CONSERVE a “COROA” da GRAÇA SANTIFICANTE em sua “CABEÇA”, isto é, em sua ALMA IMORTAL; LUTE com garra e fervor para jamais deixá-la CAIR. Infeliz da ALMA que não possui a “COROA” da graça santificante. São Macário escreve sobre a alma que PERDEU a “COROA” da graça santificante: “Se uma casa não for habitada pelo dono, ficará sepultada na escuridão, desonra e desprezo, repleta de toda espécie de imundície. Também a alma, sem a presença de seu Deus e dos anjos que nela jubilavam, cobre-se com as trevas do pecado, de sentimentos vergonhosos e de completa ignomínia. Ai da estrada por onde ninguém passa nem se ouve voz de homem! Será morada de animais. Ai da alma, se nela não passeia Deus e com sua voz afugenta as feras espirituais da maldade! Ai da casa não habitada por seu dono! Ai da terra, sem o lavrador que a cultive! Ai do navio, se lhe falta o piloto; sacudido pelas ondas e tempestades do mar, soçobrará! Ai da alma que não tiver em si o verdadeiro piloto, o Cristo! Porque lançada na escuridão do mar impiedoso e sacudida pelas ondas das paixões, jogada pelos maus espíritos como em tempestade de inverno, encontrará afinal a morte. Ai da alma se lhe falta Cristo, que a cultive com diligência, para que possa germinar os bons frutos do Espírito! Deserta, coberta de espinhos e de abrolhos, terminará por encontrar, em vez de frutos, a queimada. Ai da alma, se seu Senhor, o Cristo, nela não habitar! Abandonada, encher-se-á com o mau cheiro das paixões, virará moradia dos vícios”.
São MILHÕES os católicos que VIVEM sem a “COROA” da graça santificante, isto é, ESTÃO em PECADO MORTAL, e se COMPORTAM como se tudo estivesse bem e normal: pobres INFELIZES! Eles estão com a PASSAGEM garantida para o INFERNO ETERNO, e VIVEM como se tudo estivesse em ORDEM. Como são cegos! É preciso dizer ao católico, que a DESGRAÇA de todas as DESGRAÇAS, não é perder a fazenda, o emprego, a saúde, um ente querido... mas sim, PERDER a “COROA” da graça santificante: “Perdido Deus, tudo está perdido” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, Resumo das Virtudes).
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 14 de setembro de 2008
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