QUE O EPÍSCOPO SEJA IRREPREENSÍVEL (1Tm 3, 2-5)
“2 É preciso, porém, que o epíscopo seja irrepreensível, esposo de uma única mulher, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, 3 nem dado ao vinho, nem briguento, mas indulgente, pacífico, desinteresseiro. 4 Que ele saiba governar bem a sua própria casa, mantendo os seus filhos na submissão, com toda dignidade. 5 Pois se alguém não sabe governar bem a própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?”
Em 1 Tm 3, 2-3 diz: “É preciso, porém, que o epíscopo seja irrepreensível, esposo de uma única mulher, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, nem dado ao vinho, nem briguento, mas indulgente, pacífico, desinteresseiro”.
Quem são os Bispos? “Os Bispos são os Pastores dos fiéis, estabelecidos pelo Espírito Santo para governar a Igreja de Deus, nas sedes que lhes são confiadas sob a dependência do Romano Pontífice” (São Pio X, Catecismo Maior, 205), e: “Os Bispos que, por divina instituição, sucedem aos Apóstolos, são constituídos, pelo Espírito que lhes foi conferido, pastores na Igreja, a fim de serem também eles mestres da doutrina, sacerdotes do culto sagrado e ministros do governo” (Código de Direito Canônico, Cân. 375).
O Bispo “... seja irrepreensível”, isto é, correto, perfeito, imaculado (limpo e puro): “... que não ofereça nenhum motivo por onde possa ser repreendido” (Pe. Juan Leal). São João Crisóstomo escreve: “... é mister que, quem for sagrado sacerdote, seja puro como se estivesse no céu e no meio dos anjos” (O Sacerdócio, Livro Terceiro, 4), isso vale principalmente para os senhores Bispos. Os Apóstolos não foram “Deuses” nem “Anjos”, e os Bispos, sucessores dos Apóstolos, também não o são; por isso, é preciso que se cuidem, porque as “velas bentas”, por “maiores” e “preciosas” que sejam também queimam... e que fogo!!!
“... esposo de uma única mulher”. Edições Theologica comenta: “Casado uma só vez (literalmente: ‘homem de uma só mulher’). Esta qualidade que se pede também aos ‘presbíteros’ (cfr Tt 1, 6), aos ‘diáconos’ (1 Tm 3, 12) e inclusivamente às ‘viúvas’ (1 Tm 5, 9), não impõe a obrigação de contrair matrimônio, mas exige não estar casado em segundas núpcias. Pelo contexto em que aparece é claro que não pode referir-se somente a que lhes esteja vedada a poligamia, que estava proibida a todos, mas a uma condição que os tornava especialmente respeitáveis e exemplares; naquele ambiente, tanto entre judeus como entre pagãos, salvo em situações especiais, não eram bem vistas as segundas núpcias. Na época apostólica não se exigia o celibato àqueles que estavam à frente das primeiras comunidades cristãs. Não obstante, bem depressa se foi impondo o costume de não se casarem”, e: “O que Paulo proíbe é a poligamia sucessiva, as segundas núpcias. A poligamia simultânea estava suficientemente banida pela lei evangélica, e inclusive entre gregos e romanos não era permitida. Entretanto, as segundas núpcias, sendo em si permitidas, não eram bem vistas. Entre os mesmos pagãos eram olhadas como uma falta de fidelidade à primeira mulher (Cicerón, Ad Attic. 13, 29) ou como uma falta de domínio (Plutarco, Vida de Catón 24), e, tratando-se de certos sacerdotes ou sacerdotisas, eram consideradas como um impedimento para exercer as funções sacerdotais. Por isso escrevia São Jerônimo: ‘É nossa condenação se não podemos fazer por Cristo o que o erro faz pelo mal” (Epist. 123: ML 22, 1051). Não é o fato material o que Paulo prescreve no bispo; é sobretudo o estado de alma, a castidade sacerdotal, a perfeita liberdade da alma, que não se considerava adquirida por aquele que não havia podido manter-se celibatário depois da morte de sua primeira mulher. Esta é a única interpretação conforme com a tradição eclesiástica (Const. Apost. 22; Pastor Hermae, Mandatum 4, 4; Clem. Alex., Stromm. 3, 12, 69: MG 8, 1154; Tertuliano, Ad uxorem 2, 7: ML 1, 1285s). Alguém, seguindo a Vigilâncio e apoiando-se num dos erros que havia que combater em Éfeso, era o desprezo pelo matrimônio (1 Tm 4, 3), crê que Paulo defende que o bispo seja casado. Tal interpretação não pode ser sustentada, porque então estaria Paulo contra Mt 19, 12, contra si mesmo, que era celibatário, e recomendava a virgindade como o melhor estado (1 Cor 7, 7)” (Pe. Juan Leal).
O Bispo deve ser “... sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro”. “... sóbrio”. Significa propriamente moderado no uso do vinho: abstêmio: “Num sentido amplo designa a moderação e sobriedade tanto no uso da bebida e comida como em todas as ações. Sendo que depois recomenda expressamente a moderação no uso da bebida, significa aqui a moderação em geral, ou seja, o domínio de si mesmo (cf. 1 Cor 15, 34; 1 Ts 5, 6-8)” (Idem.). Não é nada exemplar nem edificante um Bispo encher a sua geladeira ou despensa de bebidas, mesmo sendo cerveja (urina de cavalo). Disse cerveja, porque essa é “venerada” entre muitos prelados. Como um Bispo que toma bebida alcoólica poderá corrigir os fiéis que abusam da mesma? O seu mau exemplo tranca-lhe a boca. “... cheio de bom senso”. Está claro que o Bispo deve possuir a capacidade de julgar bem; deve ser um homem prudente, ajuizado e discreto. A Palavra de Deus não diz simplesmente “bom senso”, mas “... cheio de bom senso”. O Bispo deve ser prudente, cheio de prudência. Prudência: “É uma virtude moral e sobrenatural, que inclina a nossa inteligência, a escolher, em qualquer circunstância, os melhores meios para atingir os nossos fins, subordinando-os ao nosso fim último” (Adolfo Tanquerey). Quanto mal um Bispo imprudente pode fazer numa Diocese, não somente para as almas dos leigos, mas principalmente para os sacerdotes. Mas ele terá que prestar contas a Deus de cada imprudência: “Nós, porém, além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos e teremos de responder a Deus por nossa administração” (Santo Agostinho, Início do Sermão sobre os pastores). Muitos Bispos se acham imortais em suas dioceses, julgam-se “deuses”, só porque usam uma mitra e báculo... quanta estupidez... quanta falta de santidade: “Coisa fácil é levar a mitra e o báculo; mas terrível e pavorosa lembrança é aquela, de, como Bispo, dever prestar conta ao juiz dos vivos e dos mortos” (Santo Adalberto). Para se ruborizar ao ler essa frase de Santo Adalberto é preciso ter fé. Escrevo resumidamente as imprudências, ou melhor, as atitudes diabólicas do Patriarca de Alexandria - Egito, o arcebispo Teófilo, do tempo de São João Crisóstomo: “Teófilo, fora de si, mandou chamar o presbítero e lançou-lhe em rosto, diante de um conselho, uma série de acusações extremamente injuriosas. A partir de então, o presbítero Isidoro não teve um só dia tranquilo. Tudo eram ciladas e armadilhas traiçoeiras. A vida se lhe fez insuportável, e optou por fugir de Alexandria, renunciando ao seu posto e retirando-se para os montes de Nitria, situados entre Mênfiz e o deserto da Líbia, a fim de passar os seus últimos anos em paz no mesmo mosteiro em que tinha vivido na juventude. Quem pensaria que mesmo essa decisão tão radical de pouco lhe serviria? Teófilo, quando soube onde é que Isidoro se tinha refugiado, ordenou aos superiores dos cenobitas que o expulsassem imediatamente”, e quanto aos que deram abrigo a Isidoro? “É melhor lançarmos um piedoso véu sobre essa entrevista, pois uma crônica da época menciona espancamentos promovidos pelas próprias mãos episcopais, tentativas de estrangulamento e até derramamento de sangue... Poucos dias depois, a soldadesca invadia os mosteiros, incendiavam-se grupos de celas e os monges corriam de um lado para outro apavorados” (Félix Arrarás, João Crisóstomo, Vida e martírio). Sobre o arcebispo Teófilo, escreve São João Crisóstomo: “Não quero mencionar os fatos de que alguns, só para conseguir o cargo de chefe da Igreja, cometeram até assassinatos dentro das comunidades e devastaram cidades inteiras” (O Sacerdócio, Livro Terceiro, 10). E Paládio escreve: “O javali cruel assolou a vinha do Senhor”. Não consigo entender como o Bem-aventurado João XXIII na Encíclica “Ad Petri Cathedram”, 43, teve a coragem de colocar Teófilo, Javali cruel, como exemplo de unidade: “Permiti que vos chamemos com viva saudade irmãos e filhos. Deixai-nos alimentar a esperança do vosso regresso que desejamos com afeto muito paternal. A vós nos dirigimos com a mesma solicitude pastoral e as mesmas palavras com que o Bispo de Alexandria, Teófilo, se dirigia aos seus irmãos e filhos quando um doloroso cisma dilacerava a túnica inconsútil da Igreja: ‘Caríssimos, participantes da mesma vocação celeste, imitemos cada um segundo as próprias possibilidades, imitemos a Jesus, guia e consumador da nossa salvação. Abracemos aquela humildade que eleva o espírito, aquela caridade que nos une a Deus e aquela fé sincera nos divinos mistérios. Fugi da divisão, evitai a discórdia... mantende-vos em mútua caridade: ouvi Cristo que diz: Conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. Será que não existem inúmeros “javalis” cruéis, hoje, à frente de muitas dioceses? Por que será que chegam ao Vaticano, todos os anos, de 500 a 700 processos de sacerdotes pedindo para deixar a “batina”? Como seria bom se o Santo Padre, o Papa, examinasse isso pessoalmente. “... simples no vestir”. É lamentável ver um Bispo, sucessor dos Apóstolos e pastor de milhares de almas em uma diocese, se vestir como se vestem os mundanos: calça jeans, camisa ou camiseta de manga curta, ou até de shorts e camiseta sem manga. Seria isso se vestir com simplicidade? Claro que não; isso é se vestir como vaqueiro. O Código de Direito Canônico, no Cânon 387 diz: “O Bispo diocesano... está obrigado a dar exemplo de santidade na caridade, na humildade e na simplicidade de vida...” Será que um Bispo que se veste como mundano, gastando dinheiro com roupas caras e sapatos da moda, vive essa simplicidade no vestir? Cada Bispo, a exemplo do Santo Padre, o Bispo de Roma, deve usar a batina e andar com a mesma sem se envergonhar; não só nas visitas pastorais, mas diariamente: “Devemos conservar o sentido de nossa singular vocação, e tal singularidade deve exprimir-se também em nossa veste exterior. Dela não nos devemos envergonhar! Sim, estejamos no mundo, mas não sejamos do mundo” (João Paulo II ao Clero Romano, 09-11-1978). Alguns Bispos rebeldes, tentando justificar as suas roupas mundanas, dizem: “O hábito não faz o monge”. Se o hábito não faz o monge, será que a calça jeans, a camisa ou camiseta de manga curta, shorts e camiseta sem manga o faz? Esses rebeldes gostam de andar a paisana para poderem berrar fogo e não ser reconhecidos... mas Deus os vê. Por que então não vão ao Vaticano, na visita ad limina (de cinco em cinco anos) vestidos como vaqueiros? Nas vésperas da visita ad limina, a maioria alugam ou manda confeccionar uma batina, se ajeitam como podem, como tartarugas dentro do casco, e vão hipocritamente para o Vaticano. Haja máscara! É esse tipo de gente que o clero e leigos tem que obedecer em uma diocese. Ao deixar a sala onde estavam com o Santo Padre, esses Bispos modernos tiram a batina na primeira sala que encontram. “... hospitaleiro”. Hospitaleiro é aquele que dá hospedagem por generosidade ou caridade: “Em Tito 1, 8 recomenda Paulo esta virtude aos presbíteros. Num tempo em que os hotéis não eram conhecidos e as hospedarias não eram sempre seguras, a hospitalidade constituía um aspecto de caridade que as circunstâncias faziam de primeira necessidade. Nosso Senhor já havia recomendado (Mt 25, 35-44); e Paulo a recomenda em outras ocasiões (1 Tm 5, 10; Rm 12, 13), o mesmo que outros apóstolos (1 Pd 4, 9; 3 Jo 5)” (Pe. Juan Leal). O Bispo deve ser: “... competente no ensino, nem dado ao vinho, nem briguento, mas indulgente, pacífico, desinteresseiro”. “... competente no ensino”. Está claro que o Bispo deve possuir uma ciência suficiente e, além disso, que tenha as qualidades necessárias para expor a doutrina. O Código de Direito Canônico exige do candidato ao Episcopado: “Tenha conseguido a láurea de doutor, ou pelo menos a licença em Sagrada Escritura, teologia ou direito canônico, num instituto de estudos superiores aprovado pela Sé Apostólica, ou pelo menos seja verdadeiramente perito em tais disciplinas” (Cânon 378 – 1, 5°). Hoje, infelizmente, ouve-se de muitos Bispos uma “latada” de pregações vazias, adulteradas, mal preparadas e recheadas de heresias. Onde os senhores Bispos colocam o Cânon 386 - 1 do Código de Direito Canônico? “O Bispo diocesano é obrigado a propor e explicar aos fiéis as verdades que se devem crer e aplicar aos costumes, pregando pessoalmente com frequência; cuide também que sejam observadas com diligência as prescrições dos cânones sobre o ministério da palavra, principalmente a homilia e a instrução catequética, a fim de que toda a doutrina cristã seja ministrada a todos”. Existe Bispo no Brasil que manda o clero esquecer o Demônio, isto é, não pregar sobre o Príncipe das trevas. Que ignorância! “E foi expulso o grande Dragão, a antiga Serpente, que é chamado Diabo e Satanás, o sedutor do mundo inteiro” (Ap 12, 9). É preciso avisar a todos, também aos senhores Bispos, que essa “Fera nefasta” (Suplício Severo, Cartas) não dorme, não cochila nem tira férias: “O infame não cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes... Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso queiras ficar ileso” (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro Sexto, 13). Eis o grande “slogan” de Satanás: “Diga a todos que não existo”. Muitos Bispos deixam de ensinar a Sagrada Escritura, Sagrada Tradição e Magistério, para enfiar goela abaixo dos fiéis as suas DIRETRIZES, que na maioria das vezes, se contradizem com a Santa Doutrina Católica. “...nem dado ao vinho”. São Paulo condena o excesso de bebida ao presbítero e ao Bispo (Tt 1, 7), e também ao diácono (1 Tm 3, 8). Dom Calmet comenta: “Não há defeito que menos se perdoe a um homem que está ocupando altos cargos que o amor à boa mesa. É uma debilidade indigna de um bispo, que deve ser o exemplo de seu rebanho, o sal da terra, e sempre em forma para sustentar a religião e defender a verdade”. “... nem briguento”. Está claro que o Bispo não deve viver a brigar, não deve ser brigão. Muitos Bispos, amantes da autoridade e autonomia, se acham no direito de espezinhar aqueles que não lhes são simpáticos. O pior, é que os Bispos briguentos são os que mais pregam o ecumenismo; para esses escreve São Josemaría Escrivá: “Triste ecumenismo esse que anda na boca de católicos que maltratam outros católicos” (Sulco, 643). Hoje, infelizmente, está reinando em milhares de dioceses a “arrumelogia” e a “desarrumelogia”. Chega um Bispo novo em uma diocese e logo dá um jeito de “arrumar” a mesma, porque, segundo ele, o Bispo anterior não sabia fazer as coisas. Quando esse sai, entra outro e vê tudo muito bem arrumado; então, por inveja, dá-se um jeito de “desarrumar” tudo, porque diz que o outro Bispo era muito carola. E nesse “arruma” e “desarruma”, esquecem de evangelizar... os protestantes vão laçando os fiéis católicos... o clero vai se dispersando... outros vão casando... Que desastre! O prejuízo é total. “... mas indulgente”. Indulgente é o que tem disposição para desculpar e perdoar... clemente e tolerante: “São Paulo pede a todos os cristãos esta virtude (Tt 3, 2), sobretudo aos superiores e aos reis, que deverão cumprir com o espírito da lei sem uma dependência servil à letra. Também São Paulo exige que todos os cristãos sejam inimigos de discussão (Tt 3, 2)” (Pe. Juan Leal). Se os Bispos fossem mais amigos dos seus sacerdotes, como ensina a Santa Igreja, com certeza seriam mais amados e respeitados: “Os padres, tão caros a nosso coração, têm o direito e o dever de encontrar em vós, veneráveis Irmãos no episcopado, ajuda insubstituível e muito sólida para observar mais fácil e mais felizmente os compromissos que assumiram. Fostes vós que os aceitastes e destinastes ao sacerdócio; vós lhes impusestes as mãos; é a vós que eles estão unidos no múnus sacerdotal e em virtude do sacramento da Ordem...” (Paulo VI, Encíclica “Sacerdotalis Caelibatus, 91). “...pacífico”. Muitos Bispos usam e abusam da palavra PAZ; por serem os Pastores da diocese que estão, espezinham membros do clero, leigos... e pensam que todos acreditam que vivem o que pregam. O Arcebispo Teófilo, aquele que perseguiu terrivelmente São João Crisóstomo, escreveu muito sobre PAZ... AMOR... e chegou a matar, estrangular e socar pessoas... mandou também incendiar mosteiros... pregava, mas não vivia. Leia o que ele escreve; até parece um anjo: “Caríssimos, participantes da mesma vocação celeste, imitemos cada um segundo as próprias possibilidades, imitemos a Jesus, guia e consumador da nossa salvação. Abracemos aquela humildade que eleva o espírito, aquela caridade que nos une a Deus e aquela fé sincera nos divinos mistérios. Fugi da divisão, evitai a discórdia... mantende-vos em mútua caridade: ouvi Cristo que diz: Conhecerão todos que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Hom. In mysticam caenam: PG 77, 1027). É muito fácil falar de PAZ quando se está sentado em um “trono” com báculo na mão e mitra na cabeça; difícil é vivê-la. É muito fácil falar de PAZ quando se usa do poder para espezinhar o próximo: “... eles falam de paz com seu próximo, mas tem o mal no coração” (Sl 28, 3). “...desinteresseiro”. Não apegado ao dinheiro: “Dessa maneira poderá ter seu coração aberto aos pobres e necessitados, gozará de prestígio que deve cercar a todo fiel administrador, e esse desinteresse será uma garantia de incorruptibilidade diante dos poderosos” (Pe. Juan Leal). O que dizer de um Bispo que, por interesse financeiro, só recebe em seu palácio ricos e poderosos, e que trata os simples e pobres como se fossem lixo? E do Bispo que só recebe os religiosos de congregações ricas, que depositam em suas mãos, boa soma de dinheiro, e que trata o clero pobre como se fosse marmotas?
Em 1 Tm 3, 4-5 diz: “Que ele saiba governar bem a sua própria casa, mantendo os seus filhos na submissão, com toda dignidade. Pois se alguém não sabe governar bem a própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?”
O Pe. Juan Leal escreve: “Presidir não é dirigir as coisas a si mesmo, mas sim, entregar-se com desinteresse e solicitude especial (Rm 12, 8) ao bem geral. Daí que os fiéis hão de pagar ao que os rege com um amor particular (1 Ts 5, 12). Sendo a igreja como uma casa (1 Tm 3, 15), cujo administrador é o bispo (Tt 1, 7), como poderá ser eleito chefe da Igreja um que não sabe ser chefe de sua própria casa, simples e pequena? O bem da casa pede, antes de tudo, que os filhos estejam submissos (Tt 1, 6; Cl 3, 20), e isso com dignidade; é a gravidade e majestade, que por si só se impõem sem esforços nem coações. É a qualidade que faz com que um homem tenha autoridade. O contrário seria tentar a Deus e expor-se a que o novo bispo não se entregasse de corpo e alma ao cuidado de sua igreja”.
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 04 de maio de 2009
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