LANCEI O MEU GRITO

(Sl 18, 7)

 

“Na minha angústia invoquei o Senhor, ao meu Deus lancei o meu grito”.

 

Será que já existiu ou existe alguém nesse mundo que ainda não sentiu angústia?

Tenho certeza que não! Milhões vivem mergulhados na angústia.

Angústia é o estado de grande inquietude que parece apertar o coração... aflição... sofrimento.

Ninguém vive sem sofrer: ricos e pobres, brancos e negros, cultos e analfabetos, jovens e idosos... todos sofrem: “O homem, nascido de mulher, vive pouco tempo e é cheio de muitas misérias” (Jó 14, 1), e: “É preciso sofrer e todos têm de sofrer; seja justo ou pecador, cada um deve carregar sua cruz” (Santo Afonso Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo, cap. V).

Está claro que todos têm de sofrer; a diferença é que muitos sofrem para o céu e milhões sofrem para o inferno, porque sofrem revoltados, impacientes, pedindo continuamente a morte, maldizendo a vida e blasfemando contra Deus: “Quem carrega a cruz com paciência, salva-se; quem a carrega com impaciência, perde-se” (Idem.), e: “As mesmas misérias levam alguns para o céu e outros para o inferno” (Santo Agostinho, Sermão 52, n.° 4. ML 39-1845), e também: “Com a prova do sofrimento se distingue a palha do trigo na Igreja de Deus: quem se humilha nos sofrimentos e se submete à vontade de Deus é trigo destinado ao céu; quem é soberbo e fica impaciente, a ponto de voltar as costas para Deus, é palha que é destinada ao inferno” (Idem., De civitate Dei, 1. 1, c. 8, n.º 2).

Quando a cruz pesar sobre nossos ombros e a angústia invadir o nosso coração, invoquemos imediatamente a Deus... lançando nosso grito pedindo-Lhe ajuda: “Na minha angústia invoquei o Senhor, ao meu Deus lancei o meu grito” (Sl 18, 7).

No Salmo 18, 7 não diz para irmos desabafar com as criaturas, desesperarmos, revoltarmos, tentarmos tirar a própria vida, desanimarmos... mas sim, ordena que invoquemos e lancemos o nosso grito ao Senhor.

Quem pode sanar o nosso coração angustiado? Somente Deus: “Quando te invoco, responde-me, meu justo Deus! Na angústia tu me aliviaste” (Sl 4, 2).

Não importa qual seja o sofrimento e angústia; somente Deus pode nos ajudar.

Susana foi caluniada, sofreu muito e ficou angustiada... então “clamou em ALTA VOZ, dizendo: ‘Ó Deus eterno, que conhece as coisas ocultas, que sabes todas as coisas antes de sua origem, tu sabes que é falso o testemunho que levantaram contra mim. Eis, pois, que vou morrer, não tendo feito nada do que estes maldosamente inventaram a meu respeito. E o Senhor ESCUTOU A SUA VOZ” (Dn 13, 42-44).

O cego Bartimeu sofria muito... então “quando percebeu que era Jesus, o Nazareno, que passava, começou a GRITAR: ‘Filho de Davi, Jesus, tem compaixão de mim!” (Mc 10, 47). Nosso Senhor escutou a sua voz, chamou-o e o curou: “Chamai-o... Vai, a tua fé te salvou” (Mc 10, 49. 52).

Católico, nas nossas angústias, sofrimentos e aflições, peçamos humildemente a ajuda de Nosso Senhor: “Senhor, estou esmagado e destruído pelo peso de minha miséria, sinto-me como nada, como miséria somente, e imprimis nesta miséria vosso sinal adorável... Senhor, somente vossa cruz: vivê-la cada momento, senti-la em cada coisa, encontrá-la em cada pensamento! Jesus, não possa eu viver sem pensar em vós Crucificado. Seja vossa Cruz a morada habitual de minha alma, o lugar de minha paz” (G. Canovai, Suscipe Domine).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Anápolis, 24 de setembro de 2010

 

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “Lancei o meu grito”
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