EXISTÊNCIA E CONHECIMENTO DE DEUS (Ex 3, 14)
“Eu sou o que sou”.
Moisés foi o grande patriarca do Antigo Testamento. Apascentava ele as ovelhas de seu sogro e tendo conduzido o rebanho para o deserto, chegou ao monte Horeb. Aí apareceu-lhe Deus numa chama de fogo que saía do meio de uma sarça (uma planta). Viu Moisés que a sarça ardia sem se consumir. Disse, pois, Moisés: vou ver porque não se consome a sarça. Mas o Senhor chamou-o do meio da sarça e disse: não te aproximes daqui, tira as sandálias de teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa. E acrescentou: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó. Eu te enviarei para salvar os filhos de Israel. E Moisés disse a Deus: Eis que eu irei aos filhos de Israel e lhes direi: O Deus de vossos pais enviou-me a vós! Se eles me perguntarem: qual é o seu nome? Que lhes ei de responder? E Deus disse a Moisés: Eu sou o que sou. E disse: assim dirás aos filhos de Israel: aquele que é me enviou a vós. Deus exigiu de Moisés a humildade perante a sua presença. Queremos falar da existência de Deus? Aproximemo-nos d’Ele com humildade e com vontade pronta a aceitar a luz da verdade. Antes de mais nada convém perguntar: como podemos saber se Deus existe? Todos nós temos três meios à nossa disposição para conhecer a Deus: “As faculdades do homem o tornam capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal. Mas, para que o homem possa entrar em sua intimidade, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação na fé. Contudo, as provas da existência de Deus podem dispor à fé e ajudar a ver que a fé não se opõe à razão humana” (Catecismo da Igreja Católica). O primeiro meio é a RAZÃO HUMANA. Ela é feita para buscar a explicação das coisas que aparecem neste mundo. É natural que a razão humana faça perguntas a respeito de todo o universo visível: donde vem este mundo, donde vem esta ordem maravilhosa que nele vemos, que finalidade tem o homem no mundo? E se a razão não acha resposta conveniente a estas perguntas no mundo visível, necessariamente tem que ir mais longe, ao mundo invisível, onde Deus mora na sua glória. Monsenhor Cauly escreve: “A razão nos diz que não há efeito sem causa. Quando vemos uma casa, um quadro, uma estátua, concluímos que há um pedreiro, um pintor, um escultor que fez esse trabalho. Ora, temos diante dos olhos o espetáculo do céu, da terra, de tudo o que existe; é preciso que tantos objetos tenham uma causa; esta causa não é o homem: logo, é Deus... A razão nos diz ainda que, quanto mais bela é uma obra, tanto mais perfeita é a causa... Ora, o espetáculo do mundo, o céu com sua imensidade e seus milhões de astros, a terra com todas as suas maravilhas, demonstram um Ser infinitamente inteligente e soberanamente poderoso. É ele que chamamos Deus”. O segundo meio é oferecido pela nossa FÉ. Deus revelou a sua existência por homens escolhidos por Ele, os Profetas, e principalmente pelo seu único Filho, nosso Salvador Jesus Cristo. A vida heróica e santa desses profetas, a sua doutrina santa, são a garantia de que eles afirmaram a verdade e somente a verdade. E Jesus Cristo, o maior Profeta, o Filho de Deus, demonstrou com a sua ressurreição que seu ensinamento é verdadeiro. Portanto, a nossa fé na existência de Deus é um conhecimento seguro, digno do homem que vive para a verdade. Monsenhor Cauly escreve: “Primeiro cremos em Deus porque se revelou, isto é, porque Ele mesmo se deu a conhecer. ‘No começo, diz o historiador sagrado, Deus criou o céu e a terra’. Criou, logo existe. – Depois, manifestou-se a Adão, Noé, Abraão, aos patriarcas, a Moisés. E quando este pergunta a Deus como e debaixo de que nome deve dá-Lo a conhecer ao Faraó: ‘Sou, diz Ele, aquele que é’. – Mais tarde, no monte Sinai, o Senhor se manifesta e diz a seu povo: ‘Sou o Senhor: não adorareis deuses alheios... sou o Deus Todo-poderoso’. Enfim, Deus se revelou e deu-se a conhecer ao mundo no seu Filho único, Jesus Cristo, ‘de modo que, diz São João, vimos a sua glória..., e Ele se fez carne e habitou entre nós”. O terceiro meio que conduz ao conhecimento de Deus são os MILAGRES. O milagre é um fato raro no qual Deus suspende o valor das leis da natureza para mostrar o seu supremo domínio. É claro que nenhuma criatura é capaz de produzir um milagre. Por isso, onde acontece um milagre verdadeiro, a inteligência humana deve dizer: quem fez isto é alguém que está acima da natureza. E este ser não pode ser outro senão Deus. A razão, a fé e o milagre: eis os três meios pelos quais chegaremos a descobrir a existência de Deus. Ninguém nega que em nosso mundo há uma ordem maravilhosa, uma harmonia entre as partes que o compõem. Ora, não se faz cair um dado sobre o mesmo número vinte vezes seguidas. Mas a natureza repete o mesmo número a milhares de séculos. Desde milhares de séculos tudo que nasce, tudo que vive, tudo que faz viver, tudo que cresce, tudo que decai, tudo que morre, obedece a única lei, segue a mesma ordem, passa pelos mesmos caminhos. Logo, é impossível que o acaso tenha criado o mundo; mas ele é obra de Deus, e portanto Deus existe. E se alguém dissesse que o mundo se fez sozinho, deveríamos responder: assim como uma casa não se faz por si mesma, assim também o mundo precisa de um construtor que o tenha feito e o conserve. E esse construtor é Deus, o supremo Senhor de todas as coisas. Temos uma outra razão: até agora os cientistas e exploradores não descobriram um povo que não tivesse a ideia de Deus. Desde milhares de anos, em todos os lugares da terra, os homens de todas as raças, línguas e costumes se prostraram diante de Deus e o adoraram. É verdade que, muitas vezes, os povos primitivos tinham uma ideia errada de Deus; porém, mesmo assim – apesar dos erros – reconheciam a existência e a supremacia de Deus. O terceiro argumento para a existência de Deus é a nossa consciência. Todos nós conhecemos aquela voz íntima em nossa alma que aprova as nossas ações boas e reprova os nossos pecados. A voz da consciência se manifesta em nós como uma lei que – quer queiramos ou não – deve ser aceita. – Esta lei é comum para todos: não depende só de mim, não depende de todos nós juntos. Mesmo que toda gente afirmasse que matar um inocente não seria um crime, nossa consciência diria que é: “Quando escuta a mensagem das criaturas e a voz de sua consciência, o homem pode atingir a certeza da existência de Deus, causa e fim de tudo” (Catecismo da Igreja Católica). Donde vem esta voz, esta lei? Se não vem de mim, nem dos outros, deve vir de uma autoridade que está sobre nós. Esta autoridade se chama Deus. Se a voz da consciência só pode vir de Deus, ouvindo nós esta voz, estamos ouvindo e dizendo que há um só Deus. A existência de Deus, esta grande verdade, deve penetrar na nossa alma, deve ser acolhida pela nossa inteligência e pela nossa vontade. Rui Barbosa, acusa a escola sem Deus como responsável pelo aumento de crises no Brasil. Façamos um propósito firme e inabalável de manter a nossa fé viva em Deus durante toda a nossa vida, em quaisquer circunstâncias. Proponhamo-nos de alimentar o nosso conhecimento de Deus com boas leituras, especialmente com a Sagrada Escritura, que deveria ser a leitura de nossas famílias nos dias dedicados ao Senhor (Domingos e festas de guarda). E depois não nos esqueçamos que encontramos a Deus facilmente na nossa consciência e por isso devemos ter cuidado de ouvir a sua voz: É Deus que aí nos fala!
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 19 de janeiro de 2012
Bibliografia
Sagrada Escritura Leituras da Doutrina Cristã Catecismo da Igreja Católica, 35, 46 Monsenhor Cauly, Curso de Instrução Religiosa
|
Este texto não pode ser reproduzido sob
nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por
escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP. www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0384.htm |