EXISTE UM SÓ DEUS EM TRÊS PESSOAS (Mt 28, 19)
“Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Cristo ressuscitado, estando ao lado os seus apóstolos, dá-lhes esta ordem de conquista: ensinei a todos os povos e batizai-os em nome das três pessoas divinas: Pai, Filho e Espírito Santo: “Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). Entre os mistérios que professamos no Credo, dois são os principais: o primeiro é a unidade e trindade de Deus, isto é, existe um só Deus em três Pessoas iguais e realmente distintas; o segundo é a encarnação, paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo: “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina” (Catecismo da Igreja Católica). Trataremos, pois, do primeiro: a existência de um Deus em três Pessoas distintas, o que é um mistério básico da nossa fé católica: “Deus Pai é Deus conhecendo-se a Si mesmo. Deus Filho é a expressão do conhecimento de Deus sobre Si mesmo. Deus Espírito Santo é o resultado do amor de Deus por Si mesmo. Esta é a Santíssima Trindade: três Pessoas divinas em um só Deus, uma natureza divina” (Pe. Leo J. Trese). Nossa inteligência limitada jamais poderia atingir esta verdade, se Deus não a revelasse. Os judeus, já antes da vinda de Cristo, podiam ter alguma noção da pluralidade das pessoas em Deus. Sabiam, por exemplo, que antes da criação do homem, Deus Uno disse: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). Deus disse “façamos”, o que nos sugere mais de uma Pessoa: “Três Pessoas divinas, uma natureza divina” (Pe. Leo J. Trese). A manifestação clara de um Deus em três Pessoas distintas temos na Anunciação de Maria Santíssima, em que se fala claramente de Deus, do Filho de Deus e do Espírito Santo: “O anjo Gabriel, diz-nos o evangelho, foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”. É Deus Pai que enviou o anjo. Depois que o anjo a saudou, disse-lhe: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e dar-lhe-às o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do altíssimo, e Deus dar-lhe-á o trono de seu pai Davi e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim”. Por fim, o anjo explica a Maria: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo cobrir-te-á com sua sombra. E, por isso, o santo que nascerá de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1,26-35). No batismo de Jesus, igualmente, se manifesta a trindade das Pessoas divinas. Jesus Cristo, o Filho de Deus, tinha-se apresentado a João Batista, no Jordão, e fizera-se batizar por ele; apenas Jesus saiu da água, os céus abriram-se, e o Espírito Santo, em figura de pomba, desceu sobre ele, e ouviu-se uma voz que dizia: “Este é meu Filho querido, a quem sempre tanto amei” (Mt 3,17). É a voz do Pai celeste. Quando Jesus fez a promessa do Espírito Santo, assim se expressou: “Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador… o Espírito de Verdade” (Jo 14, 16-17). Vemos nestas palavras de Jesus Cristo que o Filho roga, pede; o Pai é rogado e envia; o Espírito Santo é enviado à terra. Portanto, aparecem três Pessoais iguais e têm a mesma natureza, quer dizer, são um só Deus: “Cremos firmemente e afirmamos simplesmente que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível, todo-poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três Pessoas, mas uma Essência, uma Substância ou Natureza absolutamente simples” (Concílio Lateranense IV), e: “O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus. O Pai é bom, o Filho é bom, o Espírito Santo é bom. O Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente. Não são três deuses, três bons ou três onipotentes, mas um só Deus bom e onipotente, o qual é a mesma Trindade” (Santo Agostinho). Várias vêzes falou Jesus sobre as três Pessoas divinas. Revelou, porém, claramente este mistério de Deus em três Pessoas quando, após a sua ressurreição, promulgou a lei do batismo, dizendo aos apóstolos: “Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-lhes a observar tudo o que vos tenho mandado” (Mt 28,19-20). Notemos que Jesus não diz “em nomes”, “mas em nome”, no singular, querendo dizer uma só coisa, uma só natureza divina, que é Deus. Mas diz também três Pessoas – Pai, Filho, Espírito Santo. Os ensinamentos de Cristo a respeito de um Deus em três Pessoas distintas são claros. Eis o mistério: existe um só Deus, e Deus existe em três Pessoas iguais e distintas, que são as três Pessoas a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo: “Ao pensarmos na Trindade Santíssima, temos que estar em guarda contra um erro: não podemos pensar em Deus Pai como aquele que ‘vem primeiro’, em Deus Filho como aquele que vem depois, e em Deus Espírito Santo como aquele que vem ainda um pouco mais tarde. Os três são igualmente eternos porque possuem a mesma natureza divina; o Verbo de Deus e o Amor de Deus são tão sem tempo como a Natureza de Deus. E Deus Filho e Deus Espírito Santo não estão subordinados ao Pai de modo algum; nenhuma das pessoas é mais poderosa, mais sábia, maior que as demais. As três têm igual perfeição infinita, igualmente baseada na única natureza divina que as três possuem” (Pe. Leo J. Trese). Para que um ser seja uma pessoa é preciso ter inteligência. Cada um de nós é uma pessoa. Pedro, Joaquim, são pessoas. Não são pessoas um boi ou uma pedra. Entre as criaturas, onde há várias pessoas, há desigualdade. Uma é grande, outra é pequena; uma é fraca, outra é forte; uma é mais velha, outra mais moça. Isto que se dá entre os homens não se verifica nas três Pessoas divinas. São realmente distintas as três Pessoas divinas, isto é, uma não é a outra. O Pai não é o Filho, nem o Espírito Santo; o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo; o Espírito Santo não é o Pai, nem o Filho. Até aqui tudo claro. Não compreendemos, porém, que essas três Pessoas divinas sejam perfeitamente iguais: todas as três têm a mesma natureza divina, isto é, a mesma inteligência, o mesmo poder, a mesma vontade, por outras palavras todas as três têm o mesmo pensamento, o mesmo querer e a mesma atividade no mundo. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, mas só há um Deus. É um mistério que nós não podemos nunca compreender. Podemos, contudo, ilustrá-lo por algumas comparações. São Patrício, o primeiro apóstolo dos irlandeses, aos quais levou as primeiras noções do Evangelho, pregando àqueles povos pagãos o mistério da Santíssima Trindade, julgavam eles que as três Pessoas fossem três deuses. Então o santo, para tornar a ideia um pouco acessível, tomou uma folha de trevo e mostrou-lhe três folhinhas distintas, mas constituindo uma só folha. Do mesmo modo, disse ele, que estas três folhas constituem uma só folha, assim também as três Pessoas divinas constituem um só Deus. E aqueles pagãos acreditaram que em Deus há três Pessoas e que as três Pessoas não fazem senão um Deus só. Este fato é comemorado por todos os irlandeses no dia 17 de março, festa de São Patrício, em que todos os fiéis levam no paletó ou no chapéu um raminho de trevo, em recordação da evangelização cristã de São Patrício. O que sucedeu com São Patrício ocorreu com todos os Missionários. Todos eles pregaram a doutrina e a devoção à Santíssima Trindade. Isto também aconteceu no Brasil; o Bem-aventurado José de Anchieta e todos os missionários ensinaram aos nossos índios a devoção à Santíssima Trindade. Vejamos outra comparação que poderá igualmente ilustrar este mistério de um Deus em três Pessoas iguais e realmente distintas, é o seguinte: imaginemos uma lanterna de três lados, cujos vidros sejam de cor diferente, digamos: verde, encarnado (cor da carne) e amarelo. Pondo na lanterna uma vela acessa, ela, embora seja uma só, de um lado aparecerá verde, do outro encarnado, do outro amarela, como se fossem três velas distintas. Assim também em Deus, as três Pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus verdadeiro, possuem uma e a mesma natureza divina. As três Pessoas Divinas são um só Deus, que está em toda a parte, é onipotente, sabe tudo, e é a bondade infinita. Entre os homens o pai vem antes do filho; mas isto não se dá com as Pessoas divinas; as três Pessoas divinas são todas eternas. Não o compreendemos, mas devemos lembrar-nos que estamos diante de um mistério que foi revelando pelo próprio Deus, sabedoria infinita, que não pode enganar. Agradeçamos a Deus por nos ter revelado este mistério sublime de um só Deus em três pessoas. Adoremo-Lo e vivamos para este Deus que nos fez para si. Rezemos com devoção muitas vezes na vida o “Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo”. Façamos também muitas vezes com devoção o sinal da cruz que é o sinal do cristão e no qual nós afirmamos que existe um só Deus em três Pessoas iguais e realmente distintas.
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 04 de março de 2012
Bibliografia
Catecismo da Igreja Católica, 234 Concílio Lateranense IV Leituras da doutrina cristã Pe. Leo J. Trese, A fé explicada Sagrada Escritura Santo Agostinho, A Trindade
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