FELIZES OS MORTOS... (Ap 14, 13)
“... felizes os mortos, os que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, que descansem de suas fadigas, pois suas obras os acompanham”.
São João Evangelista fala de uma promessa de serenidade divina para os que realizam boas obras, morrendo no amor de Deus. Ele fala das obras que acompanham os justos: “... pois suas obras os acompanham”. Essas obras são a obediência e a fidelidade a Deus, apesar das gravíssimas dificuldades que encontraram para observá-la... paciência nos sofrimentos, fé operante, não obras sem fé nem fé sem obras. O autor sagrado não se refere unicamente aos mártires, isto é, aos que morrem pelo Senhor, mas a todos os cristãos que morrem no Senhor: unidos a Ele pela fé e pelo amor. A morte corporal para os ímpios é o começo da segunda morte no lago de fogo e enxofre (Ap 21, 8); para os fiéis de Cristo é o começo do descanso de seus trabalhos, porque suas obras lhes acompanham e Deus lhes premiará abundantemente. Por isso, os cristãos mortos no Senhor poderão gozar do descanso e da bem-aventurança para sempre antes do dia da parusia: “... os que desde agora morrem no Senhor”. A bem-aventurança divina anuncia o gozo dos que terminam a sua vida sendo fiéis a Cristo. Os mestres judaicos ensinam que “quando um homem morre não o acompanham a prata nem o ouro, as pedras preciosas nem as pérolas, mas a lei e as boas obras” (Pirquè Abot, VI, 9). Não se trata somente de que os justos sejam premiados pelas suas obras, mas de que estas – de algum modo – permanecem com eles; como ensina a Igreja, “os bens da dignidade humana, a união fraterna e a liberdade, numa palavra, os frutos excelentes da natureza e do nosso esforço, depois de tê-los propagado pela terra no Espírito do Senhor e de acordo com o seu mandato, voltaremos a encontrá-los limpos de toda a mancha, iluminados e transfigurados, quando Cristo entregar ao Pai ‘o reino eterno e universal; reino de verdade e de vida; reino de santidade e de graça; reino de justiça, de amor de paz’” (Gaudium et spes, 39). A morte entendida assim não é o fim, mas um trânsito, um passo, comparado com a Páscoa por São Bernardo de Claraval: “A este passo para a vida, os pobres infiéis chamam morte, mas os fiéis hão de chamar-lhe senão Páscoa. Porque se morre para o mundo para viver por completo para Deus. Entra-se para o lugar do tabernáculo admirável, para a casa de Deus”.
Pe. Divino Antônio Lopes FP. Anápolis, 06 de setembro de 2013
Bibliografia
Sagrada Escritura São Bernardo de Claraval, Divini amoris, cap. 15 Edições Theologica Gaudium et spes, 39 Pe. Miguel Nicolau, La Sagrada Escritura (Texto y comentario) Pe. Jose Salguero, Biblia comentada
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