O ESPÍRITO DOS FILHOS DE DEUS

(Rm 8, 16)

 

“O próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus”.

 

E este GRITO de TERNURA é um sinal da AÇÃO do ESPÍRITO SANTO. É Ele quem soma seu testemunho ao do nosso espírito que está enriquecido com essas disposições filiais.

O plural, SOMOS, deve entender-se do grupo dos fiéis. Porém, a Igreja tem a experiência da presença nela do ESPÍRITO SANTO, não só como corpo; também seus membros pessoalmente participam desta experiência sobrenatural e podem reconhecê-la em sua história pessoal. Nos indivíduos, este discernimento é uma coisa mais delicada: “Não experimentamos o ESPÍRITO SANTO senão através da sua ação, e para isso faz falta um juízo espiritual aperfeiçoado” (Pe. Juan Leal).

 

O ESPÍRITO SANTO SUSCITA E MANTÉM NOS FIÉIS O SENTIDO DA FÉ

 

No batismo, o fiel, associado misteriosamente à morte e à ressurreição de Jesus Cristo, recebe seu Espírito que o justifica, regenerando-o para a nova vida divina: “Fomos salvos... pelo banho de regeneração e renovação operado pelo Espírito Santo” (Tt 3, 5). Com o batismo inicia no homem o ESPÍRITO SANTO sua obra de santificação que é, sobretudo, “banho”, ou seja, purificação do pecado e “regeneração” mediante a graça. Deste modo o homem, “remido por Cristo”, torna-se criatura nova no ESPÍRITO SANTO e d’Ele recebe um espírito novo, espírito de adoção de filho de Deus: “Enviou Deus aos vossos corações o Espírito de seu Filho que clama ‘Abbá, Pai’” (Gl 4, 6).

Ao ESPÍRITO SANTO que é o Espírito do Filho, são atribuídos, de modo especial, a graça e o espírito de adoção. É o ESPÍRITO SANTO que infunde no batizado o sentido de sua filiação, que o solicita a voltar-se para Deus com filial confiança, invocando-o como “Pai” e que, além disso, torna-o seguro de sua adoção: “O próprio Espírito se une ao nosso espírito para testemunhar que somos filhos de Deus” (Rm 8, 16).

A segunda etapa da ação do ESPÍRITO SANTO nos fiéis é marcada pelo sacramento da crisma. Refere São Lucas que aos samaritanos, que tinham “só recebido o batismo em nome do Senhor Jesus”, Pedro e João “impunham-lhes... as mãos e recebiam o Espírito Santo” (At 8, 16-17). É o que acontece com todo fiel mediante o sacramento da confirmação: renova nele o ESPÍRITO SANTO sua efusão, confirma-o no espírito de filho de Deus, na fé e na prática da vida cristã.

O ESPÍRITO SANTO, porém, não age somente através do batismo e da crisma, e sim em qualquer outro sacramento.

Assim como em todos os sacramentos age Cristo, assim não pode faltar a ação do seu Espírito. Toda a vida cristã, desde seu despontar, é envolta na ação secreta, misteriosa do ESPÍRITO SANTO. N’Ele, cada fiel é vivificado, santificado e n’Ele se torna filho no Filho.

Falando do ESPÍRITO SANTO, diz o Concílio Vaticano II: “É este o Espírito da vida, a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele o Pai vivifica os homens”.

Embora a graça que vivifica os fiéis seja dom de toda a Trindade, todavia, assim como ao Pai se atribui particularmente a criação da graça, assim como o Filho com sua Paixão e Morte mereceu-a para os homens, assim o ESPÍRITO SANTO a infunde nos fiéis, pois a Ele, de fato, Espírito de Amor, é atribuída, de modo especial, a obra da santificação. Esta obra não se limita aos sacramentos: o ESPÍRITO SANTO é sempre ativo no coração dos batizados, é o Mestre interior que santifica o povo de Deus e o orna de virtudes.

Acima de tudo, o ESPÍRITO SANTO suscita e mantém nos fiéis o sentido da fé, comunicando-lhes a inteligência profunda de Cristo e de seu Evangelho, segundo o que disse o mesmo Senhor: “O Confortador, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo” (Jo 14, 26). Desempenha o ESPÍRITO SANTO esta missão não só iluminando interiormente os fiéis, mas também com meios externos, especialmente com a Sagrada Escritura e o magistério da Igreja.

A Sagrada Escritura é Palavra de Deus enquanto redigida sob a moção do Espírito de Deus, e faz ressoar, através das palavras dos Profetas e dos Apóstolos, a voz do ESPÍRITO SANTO. Portanto, meditar os livros sagrados é mais ou menos como ir à escola do DIVINO PARÁCLITO que, enquanto ajuda a inteligência a penetrar o sentido da Palavra de Deus, move a vontade para praticá-la.

Também através do magistério da Igreja o ESPÍRITO SANTO instrui, ilumina e atrai os fiéis; Ele que foi dado à Igreja para que a guie “na plenitude da verdade” (Jo 16, 13), preservando-a de erros e extravios.

Quando decide, o católico, agir sob a luz e os impulsos – internos e externos – do ESPÍRITO SANTO, acompanha-o o mesmo Espírito e o assiste com a graça atual para que leve a termo a obra virtuosa. Deste modo assiste o ESPÍRITO SANTO continuamente os filhos de Deus: guia-os, sustenta-os na busca da verdade e na prática da perfeição evangélica.

 

Oração

 

Ó Senhor, pedimos-vos, concedei-nos inteligência mais aguda... e abri mais nossos sentidos à verdade, a fim de que, considerando no Espírito Santo o que pelo Espírito foi escrito, e exprimindo, de maneira espiritual, a realidade do Espírito, possamos explicar as Escrituras segundo Deus, segundo o Espírito Santo que a inspirou. Amém.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 02 de julho de 2014

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

Concílio Vaticano II

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

Orígenes, Das orações dos primeiros cristãos, 58

Pe. Lorenzo Turrado, Bíblia comentada

Pe. Juan Leal, A Sagrada Escritura

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP. “O Espírito dos filhos de Deus”

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