É DO DIABO (1 Jo 3, 8)
“Aquele que comete o pecado é do diabo”.
A justiça dos filhos de Deus reflete-se nas suas obras, enquanto o que peca, esse é do Diabo, visto que pelo próprio pecado rompeu com Deus e submeteu-se à escravidão do Demônio. A antiga heresia voltou a brotar, de alguma maneira, na nossa época: há quem afirme que a transgressão dos mandamentos divinos, mesmo em matéria grave, não rompe a união com Deus, enquanto se mantenha a “opção fundamental” por Ele. Contra este erro, o Magistério da Igreja recorda que “se deverá evitar reduzir o pecado mortal a um ato de ‘opção fundamental’ – como hoje se costuma dizer – contra Deus, entendendo com isso um desprezo explícito e formal de Deus ou do próximo. Comete-se, com efeito, um pecado mortal também, quando o homem, sabendo e querendo escolhe, por qualquer razão, algo gravemente desordenado. Com efeito, nesta escolha está já incluído um desprezo do preceito divino, uma rejeição do amor de Deus para com a humanidade e para com toda a criação: o homem afasta-se de Deus e perde a caridade” (São João Paulo II). “Aquele que comete o pecado é do diabo”, porque participa de sua malícia e se submete ao seu império. A expressão “é do Diabo” indica uma relação de domínio e de dependência. Os que são do Diabo desejam ser conduzidos por ele, seguem suas inspirações (Jo 13, 2. 27; 2 Ts 2, 9), imitam sua maneira de proceder. Por isso disse muito bem Santo Agostinho que “é filho do Diabo por imitação”. Foi o Diabo que introduziu o pecado no mundo e também seduziu os nossos primeiros pais: Adão e Eva. Santo Agostinho comenta: O pecador é do Demônio! Compreendeis o que isso significa? Ele imita o Demônio! O Demônio não fez ninguém, não gerou ninguém, não criou ninguém, mas quem se torna seu imitador é como se dele tivesse nascido. Torna-se filho do Demônio, não propriamente por geração, mas por imitação. Como és filho de Abraão? Será por descenderes de Abraão? Não, mas como os judeus – filhos de Abraão – que sem terem imitado a fé de Abraão, tornaram-se filhos do Demônio. Eles nasceram da carne de Abraão, mas não imitaram a sua fé. Se, pois, aqueles que nasceram de Abraão, ficaram deserdados por não terem imitado a sua fé, tu, que não descendes dele, tu te tornas filho seu, imitando-o. Mas ao contrário, se tu imitares o Demônio, que pelo orgulho e impiedade levantou-se contra Deus, tu serás filho do Demônio por causa dessa imitação e não por ele te ter criado ou gerado.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 10 de dezembro de 2014
Bibliografia
Sagrada Escritura Edições Theologica São João Paulo II, Reconciliatio et Paenitentia, n.º 17 Santo Agostinho, In Epist. I Ioannis tr. 4, 10 Pe. José Salgueiro, Bíblia comentada
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