SEMEI AMALDIÇOA DAVI

(2 Sm 16, 5-14)

 

“Quando o rei Davi chegou a Baurim, surgiu um homem, membro do mesmo clã da família de Saul, cujo nome era Semei, filho de Gera, e saiu proferindo maldições. Atirava pedras em Davi e em todos os oficiais do rei Davi, e por isso todo o exército e todos os valentes se puseram à sua direita e à sua esquerda. Semei amaldiçoava a Davi com estas palavras: ‘Vai-te! Vai-te! homem sanguinário, bandido! Deus fez cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste. Assim fez Deus, tirando das tuas mãos a realeza para dá-la a teu filho Absalão. Estás entregue à tua própria maldade, porque és homem sanguinário’. Abisaí, filho de Sárvia, disse então ao rei: ‘Por que este cão morto há de ficar amaldiçoando o senhor meu rei? Deixa-me atravessá-lo e cortar-lhe a cabeça’. Mas o rei respondeu: ‘Que tenho convosco filhos de Sárvia? Se ele amaldiçoa e se Deus lhe ordenou: ‘Amaldiçoa a Davi’, quem poderia dizer-lhe: ‘Por que fazes isso?’ Davi disse a Abisaí e a todos os seus oficiais: ‘Vede: o filho que saiu das minhas entranhas busca a minha morte. Com mais razão, este benjaminita! Deixai que amaldiçoe, se Deus lhe ordenou que o fizesse. Talvez Deus considere a minha miséria e me restitua o bem pelas maldições de hoje’. Davi e os seus homens continuaram o seu caminho. Semei ia andando ao lado da montanha, paralelamente a Davi, e, enquanto andava, proferia maldições, atirava pedras e jogava terra para o ar. O rei e todo o povo que o acompanhava chegaram extenuados a..., e lá tomaram fôlego”.

 

 

MENSAGENS PARA A VIDA

 

1.ª mensagem: Quem foge da cruz encontra outras cruzes.

 

“Quando o rei Davi chegou a Baurim, surgiu um homem, membro do mesmo clã da família de Saul, cujo nome era Semei, filho de Gera, e saiu proferindo maldições” (2 Sm 16, 5). Davi estava fugindo da perseguição de seu filho Absalão: “Então Davi disse a todos seus oficiais que estavam com ele em Jerusalém: ‘Levantemo-nos e fujamos! Doutra sorte não escaparemos de Absalão. Apressai-vos em partir...’” (2 Sm 15, 14), e encontrou pelo caminho outro perseguidor chamado Semei que o amaldiçoava.

Fugiu do perseguidor Absalão e encontrou outro perseguidor: Semei: “A maior parte dos homens voltam as costas às cruzes e fogem diante delas. Quanto mais eles correm, tanto mais a cruz os persegue... Quando amamos as cruzes, não as sentimos; mas quando as rejeitamos, elas no esmagam... O medo da cruz é a nossa grande cruz. Tudo vai bem se carregamos bem a nossa cruz” (São João Maria Vianney).

 

2.ª mensagem: A cruz está em todas as partes.

 

Davi fugiu de Jerusalém, cidade grande e populosa, e chegando a Baurim, vila a oeste de Jerusalém, no caminho para Jericó, pouco habitada... ali também tinha alguém para persegui-lo: “Assim está preparada a cruz e te espera em toda parte. Não lhes podes fugir em parte alguma porque, onde quer que estejas, a ti mesmo levas e encontras. Quer te voltes para cima ou para baixo, para fora ou para dentro, em todas as coisas encontrarás a cruz” (Tomás de Kempis).

Quem quiser se salvar deve abraçar a cruz de cada dia onde quer que esteja... vivendo com multidões ou só: “É pura ilusão querer se salvar longe da cruz” (Santa Margarida Maria Alacoque).

 

3.ª mensagem: Os perseguidores são atrevidos e insolentes.

 

Semei saiu ao encontro de Davi: “... e saiu...” (2 Sm 16, 5). Semei não se intimidou diante do rei Davi.

Devemos rezar pela conversão dos perseguidores; mas não podemos recuar nem calar a boca diante dos seus ataques: “Recuar diante do inimigo ou calar-se, quando de toda parte se ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem covarde ou de quem vacila no fundamento de sua crença. Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, como da sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé” (Leão XIII).

 

4.ª mensagem: O perseguidor quer o mal para o próximo.

 

Semei não ficou em silêncio diante do rei Davi, mas o amaldiçoou (maldição: palavra ou conjunto de palavras que revela a vontade de que algo negativo aconteça; imprecação, praga): “... e saiu proferindo maldições” (2 Sm 16, 5).

Os perseguidores atacam os amigos de Deus, principalmente com calúnias, maledicências e difamações. Deixar esses perseguidores sem resposta é fortalecê-los: “... nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade dos bons” (Leão XIII).

 

5.ª mensagem: As pessoas más são hipócritas, gostam de se passarem por justas.

 

Semei era um santo? Não! Era exemplar? Não! Era apenas um parente de Saul e agiu covardemente contra o rei Davi.

É preciso arrancar a máscara do hipócrita, principalmente daquele que se esconde por detrás da falsidade e da mentira, querendo ser o que não é: “Menor pecado é pecar abertamente que simular santidade” (São Jerônimo).

 

6.ª mensagem: Os perseguidores não só vão ao encontro das pessoas justas para humilhá-las... não só as amaldiçoam, mas também tentam matá-las... ou as matam.

 

“Atirava pedras em Davi e em todos os oficiais do rei Davi, e por isso todo o exército e todos os valentes se puseram à sua direita e à sua esquerda” (2 Sm 16, 6).

Não podemos abandonar o caminho do bem por causa das perseguições dos inimigos de Deus e do Evangelho; pelo contrário, devemos suportar tudo, dar a própria vida, com os olhos fixos no prêmio eterno: “Para ganhar o céu todo sofrimento é pouco” (São José Calazans), e: “Sou cristão e cristão permanecerei. Honra maior não conheço que esta, de sacrificar não só meus bens e minha fortuna, como também minha vida, pela glória de Jesus Cristo” (São Flaviano, mártir).

 

7.ª mensagem: Ódio.

 

Semei não sentia somente uma antipatia por Davi, mas o odiava: “Atirava pedras em Davi...” (2 Sm 16, 6).

Devemos ser ariscos com as pessoas que odeiam. O ódio é pecado gravíssimo. Odiar não é o mesmo que sentir desgosto por uma pessoa, nem sentir-nos magoados quando abusam de nós de uma forma ou de outra. O ódio é um espírito de rancor, de vingança. Odiar é desejar mal a outrem, sentir prazer com a desgraça alheia.

 

8.ª mensagem: Perseguição generalizada.

 

Semei odiava o rei Davi, e, por isso, perseguiu também os seus oficiais: “Atirava pedras em Davi e em todos os oficiais do rei Davi” (2 Sm 16, 6).

O coração cheio de ódio assemelha-se ao vulcão em erupção: lança “pedras” não somente no sopé, mas em toda a região. Quer atingir o odiado e os que estão próximos dele.

 

9.ª mensagem: Verdadeira amizade.

 

Os que caminhavam com o rei Davi eram súditos fiéis, porque o protegeu das pedras lançadas por Semei: “... e por isso todo o exército e todos os valentes se puseram à sua direita e à sua esquerda” (2 Sm 16, 6).

Feliz da pessoa que encontrou um verdadeiro amigo que a protege nas horas difíceis: “Um amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o descobriu, descobriu um tesouro” (Eclo 6, 14).

 

10.ª mensagem: Uma pessoa má pode mobilizar multidões.

 

Para proteger Davi e também seus oficiais, da fúria de Semei, foi preciso enfileirar todo o exército e todos os valentes: “... e por isso todo o exército e todos os valentes se puseram à sua direita e à sua esquerda” (2 Sm 16, 6).

Quem não possui Deus no coração e trilha o caminho das trevas pode realizar muitas tragédias, como ataques terroristas, que é necessário mobilizar não somente um exército, mas vários para detê-los.

 

11.ª mensagem: Paciência diante das acusações dos perseguidores.

 

Semei não poupou palavras pesadas contra o rei Davi, que ouviu tudo com paciência: “Semei amaldiçoava a Davi com estas palavras: ‘Vai-te! Vai-te! homem sanguinário, bandido!” (2 Sm 16, 7).

Manter a paciência diante das acusações dos inimigos não significa que estamos consentindo nelas; mas sim, estamos entesourando preciosos tesouros no céu: “Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1, 12).

 

12.ª mensagem: Caminhar durante as provações.

 

O rei Davi não deixou de caminhar, mesmo com a “chuva” de palavras pesadas proferidas por Semei: “Semei amaldiçoava a Davi com estas palavras: ‘Vai-te! Vai-te! homem sanguinário, bandido! Deus fez cair sobre ti todo o sangue da casa de Saul, cujo trono usurpaste. Assim fez Deus, tirando das tuas mãos a realeza para dá-la a teu filho Absalão. Estás entregue à tua própria maldade, porque és homem sanguinário” (2 Sm 16, 7-8).

Quem ama verdadeiramente a Deus não deixa de caminhar pela via da santidade, mesmo que “chova” todo tipo de imprecações sobre a sua vida: “O que o povo fala o vento leva” (Tomás de Kempis).

 

13.ª mensagem: Fortaleza na dor.

 

Davi estava sofrendo com a perseguição do seu filho Absalão; e, agora, a dor aumenta, sofrendo ataques de um estranho. Dois querendo matá-lo: Absalão e Semei.

Não podemos nos desesperar nas provações; mas sim, confiantes no Deus que tudo pode, devemos enfrentar as dificuldades sem desistirmos: “Deus ama os corações fortes e generosos” (Bem-aventurada Elisabete da Trindade).

 

14.ª mensagem: Mansidão nas provações.

 

Abisaí, filho de Sárvia, não suportava mais ouvir os gritos de Semei e pediu para matá-lo: “Abisaí, filho de Sárvia, disse então ao rei: ‘Por que este cão morto há de ficar amaldiçoando o senhor meu rei? Deixa-me atravessá-lo e cortar-lhe a cabeça” (2 Sm 16, 9). A voz ameaçadora de Semei era uma terrível cruz para Abisaí.

 

Para muitos, é mais fácil “cortar” a cruz que suportá-la. Deus quer que usemos de mansidão nas horas difíceis: “Devemos exercer a mansidão principalmente com os inimigos... Assim fizeram os santos e por esse meio conseguiram o afeto de seus inimigos” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

15.ª mensagem: Não se precipitar diante dos obstáculos.

 

Diante da gritaria de Semei, Abisaí se precipitou e queria matá-lo... não soube suportar a baixaria do parente de Saul: “Deixa-me atravessá-lo e cortar-lhe a cabeça” (2 Sm 16, 9).

É preciso agir com calma nas horas difíceis. Quando a provação pesar em nossos ombros, devemos analisar tudo com muito cuidado para não precipitarmos nas nossas decisões: “A calma impede que se cometam graves erros” (Ecl 10, 40).

 

16.ª mensagem: Não fugir da vontade de Deus.

 

Davi disse: “Que tenho convosco filhos de Sárvia?” (2 Sm 16, 10), isto é, não vos intrometeis neste assunto, pois é negócio meu. Minha opinião é outra e outro o meu sentimento. Davi quis fazer a vontade de Deus.

Não podemos permitir que uma pessoa, mesmo bem intencionada, nos atrapalhe em fazer a vontade de Deus. A vontade de Deus é o caminho mais curto para o céu: “Quem quiser permanecer eternamente, deve realizar a vontade de Deus” (São Cipriano).

 

17.ª mensagem: Não irar-se nas dificuldades.

 

Abisaí pediu para matar Semei. Davi reprime as iras dos filhos de Sárvia: “Que tenho convosco filhos de Sárvia?” (2 Sm 16, 10), como Jesus mais tarde reprimirá o zelo dos filhos de Zebedeu (Lc 9, 52-55).

A pessoa irada não pode agradar a Deus e escandaliza quem vive à sua volta... além de expulsar a paz do coração: “A ira consiste em certo ímpeto que turba a paz, saindo dos seus limites” (São João da Cruz). O homem irado sempre acredita poder fazer mais do que na realidade pode.

 

18.ª mensagem:  Deus está por trás de tudo.

 

Davi disse: “Se ele amaldiçoa e se Deus lhe ordenou: ‘Amaldiçoa a Davi’, quem poderia dizer-lhe: ‘Por que fazes isso?’” (2 Sm 16, 10).

Seja como for, por trás de tudo está Deus. Só não podemos dizer que o pecado e a maldade foram determinados e originados diretamente por Ele... digamos apenas que Deus permite a maldade. Mas tudo aquilo que nos atinge é vontade de Deus ou permitido por Ele.

 

19.ª mensagem: Não se revoltar contra Deus nas dificuldades.

 

Davi não murmurou contra o céu diante do ataque de Semei, mas disse: “Se ele amaldiçoa e se Deus lhe ordenou: ‘Amaldiçoa a Davi’, quem poderia dizer-lhe: ‘Por que fazes isso?’” (2 Sm 16, 10).

Devemos inclinar a cabeça diante das provações que surgem pelo caminho e não nos revoltar contra Deus. O Senhor sabe o que faz: “Se as coisas correm bem, alegremo-nos, bendizendo a Deus que dá o incremento. Correm mal? Alegremo-nos, bendizendo a Deus que nos faz participar da sua doce cruz” (São Josemaría Escrivá).

 

20.ª mensagem: Deus não faz maldade, mas a permite.

 

Davi disse: “Se ele amaldiçoa e se Deus lhe ordenou” (2 Sm 16, 10). Deus não pode ser cruel nem por um instante.

Deus criou os homens como seres livres; deixa-lhes, portanto, a liberdade no querer e no agir, e, por isso, para não destruir a liberdade humana, permite o que não quer.

 

21.ª mensagem: Cuidado com a adulação.

 

Abisaí disse ao rei Davi: “Por que este cão morto há de ficar amaldiçoando o senhor meu rei?” (2 Sm 16, 9). Será que Abisaí falou isso porque amava verdadeiramente o rei, ou era para adulá-lo? Ele chamou Davi de “senhor meu rei”.

Devemos tomar cuidado com as pessoas aduladoras... são falsas, interesseiras e perigosas. A adulação é o louvor falso ou exagerado que damos a alguém. Alimenta o orgulho, deturpa a verdade e muitas vezes favorecem os vícios.

 

22.ª mensagem: Não se esconder por detrás de um certo respeito para com o superior para cometer um crime.

 

Abisaí disse ao rei Davi: “Por que este cão morto há de ficar amaldiçoando o senhor meu rei? Deixa-me atravessá-lo e cortar-lhe a cabeça’” (2 Sm 16, 9). Será que Abisaí não era um desses que sentia prazer em matar?

Muitas pessoas covardes e vingativas se escondem por detrás de um certo respeito aos superiores e patrões para cometerem crimes horríveis; outros se escondem por detrás de uma falsa obediência para arruinar a vida alheia.

 

23.ª mensagem: Não matar.

 

O rei Davi não permitiu que Abisaí tirasse a vida de Semei. Ele queria atravessar Semei com a lança e cortar-lhe a garganta... queria matá-lo “duas” vezes: “Mas o rei respondeu: ‘Que tenho convosco filhos de Sárvia?’” (2 Sm 16, 10).

Devemos aconselhar as pessoas que sentem prazer em matar a não cometerem esse gravíssimo pecado. Só Deus dá a vida; só Deus pode tomá-la. Cada alma é individual e pessoalmente criada por Deus, e só Deus tem o direito de decidir quando o seu tempo de permanência na terra terminou.

 

24.ª mensagem: A violência não pode agradar.

 

Abisaí chamou Semei de cão morto, e pediu a Davi a permissão para atravessá-lo com a lança e cortar-lhe a garganta; mas não agradou a Davi esse pedido: “Mas o rei respondeu: ‘Que tenho convosco filhos de Sárvia?’” (2 Sm 16, 10).

Não podemos apoiar as pessoas violentas, porque a violência não agrada a Deus e não constrói nada de bom: “A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano” (São João Paulo II).

 

25.ª mensagem: Não menosprezar os perseguidores.

 

Abisaí menosprezou Semei chamando-o de cão morto; mas ele se sentiu incomodado diante do “latido” desse “cão” que até pediu permissão para cortar-lhe a garganta.

É imprudência menosprezar o perseguidor, isto é, não dar-lhe importância, desprezá-lo... É preciso rezar pela sua conversão, mas é necessário observar suas atitudes, porque ele poderá atacar a qualquer momento: “O inimigo só tem doçura nos lábios, mas no seu coração maquina jogar-te no abismo” (Eclo 12, 16).

 

26.ª mensagem: Patricídio.

 

Absalão queria matar seu pai Davi; por isso Davi estava em fuga: “Vede: o filho que saiu das minhas entranhas busca a minha morte” (2 Sm 16, 11).

Pecam gravemente contra o quarto mandamento os filhos que desejam um mal grave a seus pais... os que os ferem e os matam.

 

27.ª mensagem: Mau exemplo.

 

O mau exemplo de Absalão em querer matar o próprio pai, deu “força” para Semei também persegui-lo: “Vede: o filho que saiu das minhas entranhas busca a minha morte. Com mais razão, este benjaminita!” (2 Sm 16, 11).

O homem é muito fraco e se inclina com facilidade para o mau exemplo: “Mais fácil é contrair uma doença do que dela se curar. Assim acontece que menos nos custa imitar o mau exemplo que outros nos dão, do que deixar nos arrastar pelo seu bom exemplo” (São Gregório Nazianzeno).

 

28.ª mensagem: Humildade.

 

O rei Davi não reagiu com violência contra Semei, mas assumiu estas humilhações como vindas de Deus: “Deixai que amaldiçoe, se Deus lhe ordenou que o fizesse. Talvez Deus considere a minha miséria e me restitua o bem pelas maldições de hoje” (2 Sm 16, 11-12).

É grande sabedoria se humilhar diante de Deus e confiar, com mansidão, no seu poder e bondade: “O homem manso é útil não só para si mesmo, mas também para os outros, pelo bom exemplo que dá de sua mansidão, quando é desprezado” (São João Crisóstomo).

 

29.ª mensagem: Agir com indiferença diante das provocações.

 

Muitas pessoas gostam de reagir diante das provocações dos inimigos; o rei Davi não reagiu: “Deixai que amaldiçoe” (2 Sm 16, 11).

Aceitar provocações é para os fracos; forte é aquele que mantêm o silêncio confiante na justiça do alto: “Fica longe das discussões e evitarás o pecado, porque o homem colérico atiça a discussão” (Eclo 28, 8).

 

30.ª mensagem: Depois do sofrimento virá a recompensa.

 

O rei Davi suportou todos os ataques de Semei confiando na recompensa do alto: “Talvez Deus considere a minha miséria e me restitua o bem pelas maldições de hoje” (2 Sm 16, 12).

Deus é Pai! O Senhor recompensa os corações generosos e dóceis que aceitam os sofrimentos com fé e paciência: “Uma grande recompensa será dada no céu aos que são amaldiçoados pelo mundo, perseguidos e caluniados pelos homens, se sofrerem tudo isso com paciência” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

31.ª mensagem: Confiar em Deus nas horas difíceis.

 

O rei Davi não voltou as costas para o Senhor nas provações, mas confiou na sua ajuda: “Talvez Deus considere a minha miséria e me restitua o bem” (2 Sm 16, 12).

É preciso confiar na proteção do alto em todas as horas; mas principalmente durante as provações: “Repouso tranquilo e firme segurança para os fracos só nas chagas do Salvador! Ali permaneço seguro porque Ele é poderoso para salvar! O mundo agita, o corpo dificulta, o demônio arma ciladas; não caio, estou firme na rocha” (São Bernardo de Claraval).

 

32.ª mensagem: Crescer na virtude.

 

O rei Davi aceitou com paciência a perseguição de Semei; com certeza agradou a Deus e cresceu na virtude: “Deixai que amaldiçoe, se Deus lhe ordenou que o fizesse” (2 Sm 16, 11).

É na escola da cruz que os amigos de Deus crescem na virtude: “Bem-aventurados os que agora sofrem, porque o Salvador os louvará. Os que agora são perseguidos serão consolados e deles será o reino dos céus” (Pe. Richard Gräf).

 

33.ª mensagem: Não fazer vista grossa diante dos maus, mesmo sendo parentes.

 

O rei Davi não protegeu seu filho Absalão que o queria matar, mas disse a todos: “Davi disse a Abisaí e a todos os seus oficiais: ‘Vede: o filho que saiu das minhas entranhas busca a minha morte’” (2 Sm 16, 11).

Devemos rezar e perdoar os perseguidores, mesmo os que planejam tirar a nossa vida; mas não podemos fazer vista grossa diante de suas maldades, mesmo que sejam amigos ou familiares: “Não terás no teu coração ódio pelo teu irmão. Deves repreender o teu compatriota, e assim não terás a culpa do pecado” (Lv 19, 17).

 

34.ª mensagem: Não fazer falsas acusações.

 

O rei Davi não perdeu tempo, não jogou palavras fora nem aumentou os crimes de Absalão; disse somente a verdade: “... o filho que saiu das minhas entranhas busca a minha morte” (2 Sm 16, 11).

Milhares de pessoas para dizer a verdade perdem quase o dia todo com assuntos vazios e inúteis; é preciso ir direto ao assunto sem aumentá-lo: “Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’, não. O que passa disso vem do Maligno” (Mt 5, 37).

 

35.ª mensagem: Insinceridade.

 

Abisaí não era um verdadeiro protetor do rei Davi... a falsidade reinava no seu coração. Se fosse sincero teria dito ao rei: Vamos matar Absalão, seu filho, porque estamos aqui sendo apedrejados fugindo dele. Ele ofereceu para matar Semei: “Deixa-me atravessá-lo e cortar-lhe a cabeça” (2 Sm 16, 9).

Muitos tremem de medo em dizer a verdade aos superiores... respeito e reverência, sim; covardia e insinceridade, não:  “Não tenhas medo à verdade, ainda que a verdade acarrete a morte” (São Josemaría Escrivá).

 

36.ª mensagem: Deus não é obrigado a nos atender.

 

O rei Davi, com humildade e confiança, abandonou-se nas mãos poderosas de Deus: “Talvez Deus considere a minha miséria e me restitua o bem” (2 Sm 16, 12).

Não podemos nos desesperar diante do “silêncio” de Deus; Ele sabe do que precisamos: “Deus guarda um silêncio tantas vezes insuportável” (Pe. Richard Gräf).

 

37.ª mensagem: Suportar as perseguições dentro e fora de casa.

 

O rei Davi estava fugindo do seu filho Absalão e encontrou Semei que também o perseguiu: “Vede: o filho que saiu das minhas entranhas busca a minha morte. Com mais razão, este benjaminita!” (2 Sm 16, 11).

Milhares de pessoas que seguem fielmente a Deus são perseguidas dentro e fora de casa. É preciso seguir o Senhor sem desanimar: “Os inimigos do homem serão os seus próprios familiares” (Mt 10, 36), e: “Guardai-vos dos homens...” (Mt 10, 17).

 

38.ª mensagem: Perseguição interna e externa.

 

O rei Davi foi perseguido pelo próprio filho: “... que saiu das minhas entranhas” (2 Sm 16, 11), e por Semei, parente de Saul: “... clã da família de Saul” (2 Sm 16, 5). Aqui estão as duas “perseguições”: interna e externa.

Não podemos cochilar diante das perseguições do Demônio; ele envia seus servos para nos perder... e essa luta é interna e externa: “Assim como um único rei perseguidor envia muitas ordens de perseguição, e desse modo em cada cidade ou província há diversos perseguidores, também o diabo envia muitos servos seus para moverem perseguições, não apenas exteriormente, mas interiormente, na alma de cada uma” (Santo Ambrósio).

 

39.ª mensagem: Corrigir os filhos.

 

O rei Davi fugiu de Absalão que queria matá-lo: “Então Davi disse a todos seus oficiais que estavam com ele em Jerusalém: ‘Levantemo-nos e fujamos! Doutra sorte não escaparemos de Absalão. Apressai-vos em partir...” (2 Sm 15, 14). É assim que um pai deve agir?

O correto, não é o pai fugir dos filhos, como o fez Davi; mas sim, ir ao encontro deles para corrigi-los: “Corrige o teu filho, e ele te dará descanso, trará delícias para ti” (Pr 29, 17).

 

40.ª mensagem: O inimigo nos perseguirá até o último suspiro.

 

O rei Davi não deixou que Abisaí matasse a Semei... e Semei continuou a persegui-lo, ambos andavam paralelamente... lado a lado: “Davi e os seus homens continuaram o seu caminho. Semei ia andando ao lado da montanha, paralelamente a Davi, e, enquanto andava, proferia maldições, atirava pedras e jogava terra para o ar” (2 Sm 16, 13).

O Demônio nos odeia e “caminha” paralelamente conosco tentado nos destruir... essa perseguição irá até o fim: “O infame não cessará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes... Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-te das armas, nunca poderás entregar-te ao descanso, caso queiras ficar ileso... Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a nossa perdição do que nós para a nossa salvação!” (São João Crisóstomo).

 

41.ª mensagem: Quem persevera arrasta multidões.

 

Davi não desistiu, não ficou parado à beira do caminho... caminhou... e com ele, todos os homens caminharam: “Davi e os seus homens continuaram o seu caminho” (2 Sm 16, 13).

Não podemos desistir de andar pelo caminho do bem! A nossa perseverança arrastará muitas pessoas para a santidade: “Palavras comovem, exemplos arrastam!” (Pe. Afonso de Santa Cruz).

 

42.ª mensagem: Não retroceder por causa dos obstáculos.

 

O rei Davi não retrocedeu por causa dos ataques de Semei... mas caminhou com firmeza: “... continuaram o seu caminho” (2 Sm 16, 13).

Quem retrocede do bem começado não se salvará; mas irá para o inferno: “Quem retrocede condena-se voluntariamente e jamais atingirá a meta: é um fraco, um vil, um desertor; enquanto deve o cristão ser forte, intrépido e perseverante” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena).

 

43.ª mensagem: Quem persegue os justos não subirá à montanha do Senhor.

 

Semei não estava no cume da montanha, mas ao seu lado: “Semei ia andando ao lado da montanha” (2 Sm 16, 13).

Quem possui o coração cheio de ódio e maldade jamais subirá a montanha de Deus, o céu: “Quem pode subir à montanha de Deus? Quem pode ficar de pé no seu lugar santo? Quem tem mãos inocentes e coração puro, e não se entrega à falsidade, nem faz juramentos para enganar” (Sl 24, 3-4).

 

44.ª mensagem: Quem não se preocupa em subir à montanha do Senhor, ocupa-se em praticar a maldade.

 

Semei não subiu à montanha; mas permaneceu no seu sopé realizando más obras: “Semei ia andando ao lado da montanha, paralelamente a Davi, e, enquanto andava, proferia maldições, atirava pedras e jogava terra para o ar” (2 Sm 16, 13).

Quem não luta para escalar a “montanha” do céu, ocupa o tempo em seguir o mundo, o Demônio e a carne.

 

45.ª mensagem: Seguir o mundo inimigo de Deus.

 

Semei não subiu à montanha, mas ficou na planície: “Semei ia andando ao lado da montanha” (2 Sm 16, 13).

Assim são os mundanos... deixam de subir à “montanha” da santidade para viverem na planície, isto é, seguindo o mundo inimigo de Deus e das almas imortais: “Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, não está nele o amor do Pai” (1 Jo 2, 15).

 

46.ª mensagem: O mundo, o Demônio e a carne: inimigos da nossa alma.

 

Semei não só caminhava, mas amaldiçoava, atirava pedras e jogava terra para o ar... contra Davi.

Enquanto vivermos nesse mundo, devemos lutar com coragem contra esses terríveis inimigos da nossa alma: O mundo e suas “maldições”, o Demônio e suas “pedradas”... a carne e sua “terra”: “Atende que, então, mais que nunca, deves estar prevenido para o combate, porque nossos inimigos, o mundo, o demônio e a carne, agora mais que nunca, se armarão para te atacar e fazer-te perder tudo o que tiveres conquistado” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

47.ª mensagem: A terra é lugar de luta e luta contínua.

 

O rei Davi chegou ao lugar desejado... todos estavam extenuados (que apresenta, pela magreza, o aspecto de grande enfraquecimento e de debilidade). Não era um simples cansaço: “O rei e todo o povo que o acompanhava chegaram extenuados a...” (2 Sm 16, 14).

Não há indicação do lugar por omissão dos copistas; mas dizem que foi “ao Jordão” (Códice dos LXX) ou “oásis de Jericó” (Texto grego de Lagarde).

Para chegarmos ao “lugar” desejado, isto é, o céu; devemos lutar sem descanso... sem pausa... continuamente: “... o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele” (Mt 11, 12).

 

48.ª mensagem: É impossível se salvar sem grande esforço.

 

O rei Davi, depois de ouvir tantas maldições da boca de Semei, de ver o inimigo lançar pedras e terra... chegou com os seus homens ao lugar desejado... estavam magros, enfraquecidos e débeis... sofreram muito: “... chegaram extenuados a...” (2 Sm 16, 14).

Quem quiser se salvar... conquistar o céu, deve se esforçar muito: penitência, jejuns, orações, vigílias... deve mortificar o corpo: “Um dos Anciãos tomou a palavra e disse-me: ‘Estes que estão trajados com vestes brancas, quem são e de onde vieram?’ Eu lhe respondi: ‘Meu Senhor, és tu quem o sabe!’ Ele, então, me explicou: ‘Estes são os que vêm da grande tribulação: lavaram suas vestes e alvejaram-nas no sangue do Cordeiro. É por isso que estão diante do trono de Deus, servindo-o dia e noite em seu templo” (Ap 7, 13-15).

 

49.ª mensagem: Repouso seguro, somente no céu.

 

O rei Davi e seus homens chegaram ao lugar desejado extenuados... lá descansaram: “... e lá tomaram fôlego” (2 Sm 16, 14).

É pura ilusão buscar repouso nesse mundo! O mundo é um campo de batalha... somente no céu “repousaremos” para sempre nos braços de Deus: “Trabalhemos, trabalhemos, depois descansaremos no céu!” (São José Cafasso).

 

OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 25 de julho de 2016

 

 

Bibliografia

 

Sagrada Escritura

São João Maria Vianney, Escritos

Tomás de Kempis, Imitação de Cristo

Santa Margarida Maria Alacoque, Escritos

Leão XIII, “Sapientiae christianae”, 18

São Jerônimo, Escritos

São José Calazans, Escritos

Pe. Leo J. Trese. A fé explicada

Bem-aventurada Elisabete da Trindade, Obras Completas

Santo Afonso Maria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo; Preparação para a morte

São Cipriano, Escritos

São João da Cruz, Escritos

Pe. Richard Gräf, O cristão e a dor

Monsenhor Cauly, Curso de Instrução Religiosa

Pe. J. Bujanda, Teologia Moral para os fiéis

São Gregório Nazianzeno, Escritos

São Bernardo de Claraval, Escritos

São Josemaría Escrivá, Escritos

Santo Ambrósio, Escritos

São João Crisóstomo, O sacerdócio

Pe. Afonso de Santa Cruz, Escritos

Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina

São José Cafasso, Escritos

 

 

 

 

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Pe. Divino Antônio Lopes FP(C). “Semei amaldiçoa Davi”

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