FIDELIDADE DE URIAS E COVARDIA DE DAVI (2 Sm 11, 1-17. 26-27)
“1 No ano seguinte, na época em que os reis costumavam partir para a guerra, Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém. 2 Ora, um dia, ao entardecer, levantando-se Davi de sua cama, pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava. Era uma mulher muito bonita. 3 Davi procurou saber quem era essa mulher e disseram-lhe que era Betsabéia, filha de Eliam, mulher do hitita Urias. 4 Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem. Ela veio e ele deitou-se com ela, quando ela acabava de se purificar de sua impureza menstrual. 5 Em seguida, Betsabéia voltou para casa. Como ela concebesse, mandou dizer a Davi: ‘Estou grávida’. 6 Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi. 7 Quando Urias chegou, Davi pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra. 8 E depois disse-lhe: ‘Desce à tua casa e lava os pés’. Urias saiu do palácio do rei e, em seguida, este enviou-lhe um presente real. 9 Mas Urias dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu amo, e não foi para casa. 10 E contaram a Davi, dizendo-lhe: ‘Urias não foi para sua casa’. Davi perguntou-lhe: ‘Não voltaste porventura de uma viagem? Por que não desceste à tua casa?’ 11 Urias respondeu a Davi: ‘A arca, Israel e Judá habitam debaixo de tendas, e o meu senhor Joab e os servos do meu senhor dormem sobre a terra dura, e eu deveria ir para minha casa, comer e beber e dormir com minha mulher? Pela tua vida e pela saúde da tua alma, não farei tal coisa!’ 12 Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. 13 Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa. 14 Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. 15 Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. 16 Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes. 17 Os que defendiam a cidade saíram para atacar Joab, e morreram alguns do exército, da guarda de Davi. E morreu também Urias, o hitita. 26 Ao saber da morte de seu marido, a mulher de Urias o chorou. 27 Terminados os dias de luto, Davi mandou buscá-la e recolheu-a em sua casa. Tomou-a por esposa e ela deu-lhe um filho. Mas o procedimento de Davi desagradou ao Senhor”.
Davi enviou o exército para a guerra e permaneceu em Jerusalém: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1) . O SUPERIOR tem o DEVER de CAMINHAR JUNTO com os SÚDITOS: “Melhor é calar e ser, do que falar e não ser. Coisa boa é ensinar, se quem diz o faz” (Santo Inácio de Antioquia).
Davi não foi para a batalha, mas ficou em Jerusalém: “Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1). Ele ficou em Jerusalém, no seu palácio, enquanto os súditos guerreavam contra muitos inimigos. Davi ficou tranquilo e sossegado no seu palácio: “A ociosidade ensina muitos males” (Eclo 33, 28).
Se Davi não quisesse combater, deveria ao menos ter acompanhado os seus soldados para incentivá-los na hora da batalha… mas preferiu ficar na sua casa: “Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1), acomodado em “cantos escuros”: “Necessitamos de fortaleza para ser fiéis nas pequenas coisas de cada dia” (Pe. Francisco Fernández Carvajal).
O exército venceu… massacrou os inimigos de Israel; mas se Davi estivesse presente, os soldados teriam voltado mais seguros e animados para Jerusalém. Davi não foi para a batalha, deixou de dar bom exemplo para os súditos: “Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1). Todos devem dar bom exemplo… Deus quer que sejamos sal e luz para o próximo: “Obrigação de dar bom exemplo todos a temos; têm-na, porém, mais que todos, aqueles que o deram mal” (Pe. Alexandrino Monteiro).
Não é possível afirmar que Davi ficara só no palácio, mas é verdade que ele enviou para a guerra todos os soldados e oficiais: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel… Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1). Quem não possui uma íntima união com Deus, corre grande perigo de viver no “isolamento”: “Quem encontra prazer na solidão, ou é fera selvagem ou é Deus” (Aristóteles).
Será que Davi não foi para a guerra por medo da morte? Não sabemos! “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel… Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1). Aquele que vive unido a Deus enfrenta as dificuldades e batalhas com os olhos fixos no Senhor que o protege… sem medo da morte: “Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (Mt 10, 28).
Davi enviou Joab e todo o Israel para a guerra… e eles venceram a batalha longe do rei, cumpriram bem o dever sem ser fiscalizados pelo superior. Foram maduros e responsáveis! “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1). Muitas pessoas para cumprir bem o dever precisam da presença do superior; a Sagrada Escritura proíbe tal atitude: “Portanto, meus amados, como sempre tendes obedecido, não só na minha presença, mas também particularmente agora na minha ausência, operai a vossa salvação com temor e tremor, pois é Deus quem opera em vós o querer e o operar, segundo a sua vontade” (Fl 2, 12-13).
Feliz do superior que possui bons súditos, isto é, pessoas que realizam os deveres com pontualidade, perfeição e responsabilidade. Davi possuía esses bons súditos: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá. Mas Davi ficou em Jerusalém” (2 Sm 11, 1). Joab e o exército fizeram exatamente o que Davi havia pedido.
Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel para a guerra: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá” (2 Sm 11, 1). Joab foi fiel ao rei Davi, não planejou fazer “panelinhas” para se rebelar contra o rei que ficara em Jerusalém: “Se queremos a verdadeira liberdade, procuremo-la na fidelidade” (Pe. Javier Abad Gómez).
Davi ordenou… Joab e os outros obedeceram cegamente ao rei: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram…” (2 Sm 11, 1). Não disseram que não iriam para a guerra sem a presença do rei Davi; mas sim, o obedeceram cegamente: “Obediência cega é unificar a nossa vontade à do superior” (Bem-aventurado José Allamano).
Davi enviou Joab com os seus oficiais: “Davi enviou Joab com os seus oficiais” (2 Sm 11, 1). Nenhum oficiou disse não para Joab… a amizade verdadeira “reinava” entre eles. Não havia nenhum rebelde ou contestador entre eles: “Um amigo fiel não tem preço, é imponderável o seu valor” (Eclo 6, 15).
Não havia divisão entre Joab, os oficiais e todo o Israel; por isso venceram a guerra… eram unidos: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá” (2 Sm 11, 1). A união entre as pessoas ajuda a vencer todos os obstáculos, dificuldades e provações. É preciso afastar aqueles que comprometem a união: “Ai dos que comprometem este vínculo bonito, esta união de caridade!” (São Bernardo de Claraval). A verdadeira caridade só existe mediante a união e união de todos.
O rei Davi confiava em Joab e nos outros súditos, ele não fez reuniões para saber se eram homens de confiança… mas os enviou para a batalha: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel” (2 Sm 11, 1). Como é agradável conviver e trabalhar com pessoas de confiança… com pessoas convictas e sinceras!
Joab com os seus oficiais e todo o Israel não abandonaram a guerra pela metade; mas sim, lutaram até o fim… cumpriram o dever rigorosamente: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá” (2 Sm 11, 1). Como é triste trabalhar com pessoas que fazem o dever pela metade… que quer e não quer… que se poupa no trabalho. Esse tipo de gente não pode agradar a Deus: “Cada um, portanto, cumpra seu dever com exatidão… devemos ser ativos e diligentes, a fim de executar todas as coisas com perfeição” (Bem-aventurado José Allamano).
Não basta lutar, mas é preciso lutar para vencer! Joab, os oficiais e os outros guerreiros foram para a batalha não somente com a intenção de lutar… mas de lutar e vencer: “… e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá” (2 Sm 11, 1). Deus quer que lutemos para vencer… vencer a carne, o mundo e o demônio. Para se salvar não basta lutar, mas é preciso vencer: “Nos cristãos não se procura o princípio, mas o fim. O Senhor não exige somente o começo da boa vida, quer também seu bom termo; o fim é que alcançará a recompensa” (São Jerônimo).
O exército do rei Davi não “brincou” em serviço, isto é, não deu chance ao inimigo, mas o destruiu: “… eles devastaram o país dos amonitas” (2 Sm 11, 1). Devemos também lutar até vencer os nossos inimigos. É impossível vencer a carne, o mundo e o demônio, inimigos da nossa alma sem luta contínua… somente com muito esforço é possível “devastá-los”: “… mais que nunca, deves estar prevenido para o combate, porque nossos inimigos, o mundo, o demônio e a carne, se armarão para te atacar e fazer-te perder tudo o que tiveres conquistado” (Santo Afonso Maria de Ligório, Tempo e eternidade).
O exército de Davi devastou os amonitas e sitiaram a Rabá: “… eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá” (2 Sm 11, 1). Sitiar, quer dizer, cercar. Não deixou que os inimigos de Rabá se aproximassem deles… manteve-os distante. Não podemos fazer “amizade” com as ocasiões de pecar; pelo contrário, devemos sitiá-las, cercá-las… mantê-las longe de nós: “O que toca no piche sujar-se-á” (Eclo 13, 1).
Davi enviou Joab, seus oficiais e todo o Israel: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel” (2 Sm 11, 1). O rei Davi não prometeu-lhes nenhum agrado ou prêmio em caso de vitória. Eles cumpriram o dever sem interesse. Infelizmente, muitas pessoas realizam o dever com os olhos no prêmio em dinheiro ou em elogios. Devemos realizar o dever com a intenção de agradar a Deus, isto é, com reta intenção: “Em tudo o que fizerdes ponde a vossa alma, como para o Senhor e não para homens, sabendo que o Senhor vos recompensará como a seus herdeiros: é Cristo o Senhor a quem servis” (Cl 3, 23-24).
O exército de Davi foi rigorosíssimo com os seus inimigos: Devastou uns e sitiou outros: “… eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá” (2 Sm 11, 1). Infeliz da pessoa que abre o coração para os inimigos… devemos rezar pela conversão deles, mas não podemos “brincar” com a maldade dos mesmos. É preciso “devastá-los”, isto é, expulsá-los da nossa vida para sempre… rezando por eles. Os outros inimigos “suportáveis”, devemos “sitiá-los”, isto é, não expulsá-los… mas mantê-los à distância com a “cerca” da prudência: “Há três espécies de companheiros: os bons, os maus e os que estão no meio termo. Com os bons podemos nos relacionar, que será muito frutuoso; com os medíocres, somente quando houver necessidade, mas sem contrair familiaridade; quanto aos maus, devemos evitar sempre” (São João Bosco, O cristão bem formado).
Nesse trecho de 2 Sm 11, 1, Davi não dialogou com os amonitas e com os moradores de Rabá… mas mandou devastá-los e sitiá-los: “Davi enviou Joab com os seus oficiais e todo o Israel, e eles devastaram o país dos amonitas e sitiaram Rabá”. No Livro de Ezequiel 18, 32 diz: “Eu não tenho prazer na morte de quem que seja, oráculo do Senhor Deus. Convertei-vos e vivereis!” Antes de expulsar um inimigo para sempre ou sitiá-lo, isto é, mantê-lo afastado da nossa vida, devemos chamá-lo para um diálogo sincero… “regado” com a “água” do perdão e da oração: “Aquele de quem desesperávamos, de repente se converte e se torna ótimo. De quem muito esperávamos, subitamente fraqueja e se faz péssimo. Nem nosso temor é seguro, nem certo o nosso amor” (Santo Agostinho, Do Sermão sobre os pastores).
Será que o rei Davi dormia todos os dias à tarde ou foi somente nesse dia? Não sabemos! É muito perigoso dar ao corpo além do necessário: “Ora, um dia, ao entardecer, levantando-se Davi de sua cama” (2 Sm 11, 2). Aquele que dorme bem à noite e não está enfermo, não precisa repousar durante o dia: “Trato duramente o meu corpo e reduzo-o à servidão…” (1 Cor 9, 27).
O rei Davi poderia muito bem ter mudado de atividade sem ter que dormir durante o dia, se realmente estivesse cansado: “Ora, um dia, ao entardecer, levantando-se Davi de sua cama” (2 Sm 11, 2). É muito perigoso viver momentos na ociosidade com a desculpa de estar descansando: “Sempre entendi o descanso como um afastar-se do acontecer diário, nunca como dias de ócio. Descanso significa represar: acumular forças, ideais, planos… Em poucas palavras: mudar de ocupação, para voltar depois – com novos brios – aos afazeres habituais” (São Josemaría Escrivá, Caminho, 498).
O rei Davi exagerou no descanso naquela tarde. Ele levantou-se da cama e pôs-se a passear: “… levantando-se Davi de sua cama, pôs-se a passear” (2 Sm 11, 2). Davi não se levantou e foi trabalhar… mas foi passear. Não é certo tratar o corpo como se fosse “ursinho” de pelúcia… ele é o nosso pior inimigo: “E para que a grandeza das revelações não me ensoberbecesse, foi-me dado o estímulo da minha carne, um anjo de Satanás, que me esbofeteie” (2 Cor 12, 7).
A atitude do rei Davi não foi nada edificante e exemplar. Depois do descanso “necessário” é preciso trabalhar, não passear: “… levantando-se Davi de sua cama, pôs-se a passear” (2 Sm 11, 2). Devemos amar o trabalho: “O trabalho é um dever… é também uma honra… é virtude” (Bem-aventurado José Allamano, A Vida Espiritual).
O rei Davi deixou a cama e foi passear, isto é, foi perder tempo…, pois, já havia descansado: “… levantando-se Davi de sua cama, pôs-se a passear” (2 Sm 11, 2). Infeliz da pessoa que joga o tempo fora… devemos aproveitá-lo para realizar o bem, porque a vida é curta: “O tempo é uma benção que dá ao homem o céu, ou uma maldição que o leva ao inferno. O tempo vale muito” (Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz).
O rei Davi não quis passear na planície… no jardim; mas sim, no terraço… lugar alto: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa” (2 Sm 11, 2). Passeando no terraço, no alto… o rei podia avistar longe. É muito perigoso querer ver tudo, é preciso mortificar os olhos: “… o cristão sincero, que quer salvar a sua alma, custe o que custar, vai mais longe; para estar seguro de não sucumbir à sensualidade, mortifica a curiosidade dos olhos” (Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 776. B). Quem não mortifica os olhos, transforma o coração num depósito de lixo.
Passeando pelo terraço, o rei Davi não contemplou as plantações, as montanhas, os animais e outros; mas sim, fixou os olhos numa mulher: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher” (2 Sm 11, 2). É impossível uma pessoa conservar a pureza sem mortificar os olhos: “Há olhares gravemente culpados, que ofendem não somente o pudor, mas até a castidade em si mesma e que, por conseguinte, é forçoso evitar. Outros há que são perigosos, por exemplo, fixar a vista sem razão em pessoas ou objetos que naturalmente hão de suscitar tentações” (Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 775. A).
Está claro que Davi olhou demoradamente para essa mulher: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher” (2 Sm 11, 2). É grande imprudência olhar demoradamente para pessoas do outro sexo… dificilmente não cairá em pecado quem comete essa imprudência; é preciso mortificar os olhos: “Eu fiz um pacto com meus olhos: para não olhar para uma virgem” (Jó 31, 1).
O rei Davi viu que era uma mulher que estava tomando banho, deveria ter descido imediatamente do terraço… não era a sua mulher: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava” (2 Sm 11, 2). O homem solteiro ou casado deve respeitar a mulher do próximo: “Ao mandamento que proíbe de cobiçar as coisas alheias, segue-se outro que nos proíbe desejar a mulher do próximo” (Catecismo Romano, Parte III, X, 19).
Essa mulher estava, tudo indica, tomando banho nua e num lugar aberto… porque chamou a atenção do rei Davi: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava” (2 Sm 11, 2). Não é prudente expor o corpo diante do próximo… essa péssima atitude pode levar muitas pessoas a pecar: “Se o sangue de Abel bradou ao céu por vingança, qual não será o brado do Sangue de Jesus Cristo contra aqueles que dão escândalo… quem dá escândalo, completa a obra do demônio, seduzindo as almas e levando-as à eterna perdição” (Pe. João Batista Lehmann, Euntes Praedicate! Volume III).
Muitas pessoas, principalmente mulheres, dão escândalo na maneira de se vestirem quando vão às praias, piscinas e outros. Essa mulher vista pelo rei Davi não estava num lugar fechado, porque estava ao alcance das vistas do rei: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava” (2 Sm 11, 2). Quem dá escândalo rouba as almas de Deus: “Salvar as almas, é entre as obras divinas, a mais divina. Portanto, induzir as almas ao pecado pelo escândalo é, entre as obras diabólicas, a mais diabólica!” (São Dionísio Areopagita).
Se esta mulher estivesse tomando banho num lugar fechado, com certeza o rei Davi não teria lhe avistado: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava” (2 Sm 11, 2). A pessoa recatada não se expõe e não serve de tropeço para o próximo. Recato: característica do que é decente, do que tem pureza; honestidade, pudor e modéstia.
O rei Davi ficou encantado com a beleza da mulher que estava tomando banho. Se fosse feia, será que Davi teria olhado demoradamente para ela? “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava. Era uma mulher muito bonita” (2 Sm 11, 2). A Palavra de Deus diz: “Diante de quem quer que seja, não te detenhas na beleza e não te assentes com mulheres. Porque das vestes sai a traça e da mulher, a malícia feminina” (Eclo 42, 12-13).
Essa mulher foi uma armadilha para o rei Davi naquela tarde: tomava banho nua ou seminua… mulher muito bonita: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava. Era uma mulher muito bonita” (2 Sm 11, 2). Muitas pessoas já caíram nessa terrível armadilha: nudismo e beleza: “E descobri que a mulher é mais amarga do que a morte, pois ela é uma armadilha, seu coração é uma rede e seus braços, cadeias” (Ecl 7, 26). Quem não quiser cair deve evitar o perigo.
Se o rei Davi estivesse preocupado em agradar somente a Deus, com certeza não teria olhado demoradamente para aquela mulher bonita, mas teria mortificado os olhos: “… pôs-se a passear pelo terraço de sua casa e avistou dali uma mulher que se banhava. Era uma mulher muito bonita” (2 Sm 11, 2). Quem deseja verdadeiramente agradar a Deus foge das ocasiões… não põe o pé na armadilha: “Quem agrada a Deus escapa da mulher (armadilha), mas o pecador a ela se prende” (Ecl 7, 26).
O rei Davi não só não fugiu da ocasião, mas quis saber quem era a mulher bonita… muita curiosidade: “Davi procurou saber quem era essa mulher e disseram-lhe que era Betsabéia, filha de Eliam, mulher do hitita Urias” (2 Sm 11, 3). Santo Tomás de Aquino diz que a curiosidade “consiste no desejo imoderado de saber o que nos não interessa, ou o que nos pode ser prejudicial”.
O rei Davi bisbilhotou a vida alheia… não foi para a guerra, mas estava firme para saber da vida alheia: “Davi procurou saber quem era essa mulher e disseram-lhe que era Betsabéia, filha de Eliam, mulher do hitita Urias” (2 Sm 11, 3). O vício de bisbilhotar a vida alheia é frequente: “Quer na aquisição de toda classe de conhecimento, quer na daqueles que só podem servir para procurar prazeres para os sentidos e fomentar as paixões” (Santo Tomás de Aquino).
Nesse trecho da Palavra de Deus, o rei Davi foi muito descarado. Ele procurou saber quem era a mulher… muitos ficaram sabendo da sua curiosidade, não guardou somente para si… estava interessado na mulher do próximo: “Davi procurou saber quem era essa mulher e disseram-lhe que era Betsabéia, filha de Eliam, mulher do hitita Urias” (2 Sm 11, 3). Infeliz da pessoa que passa para terceiros as suas tentações e desejos. Essa atitude pode levar muitas pessoas para o caminho da perdição… pode incentivar muitos a entrar pelo caminho das trevas.
O rei Davi não quis saber sobre o que estava acontecendo na batalha, se os seus soldados estavam precisando de algo; mas sim, quis saber sobre a mulher bonita que estava tomando banho… atitude irresponsável: “Davi procurou saber quem era essa mulher e disseram-lhe que era Betsabéia, filha de Eliam, mulher do hitita Urias” (2 Sm 11, 3). É grande sabedoria cuidar com perfeição dos deveres sem bisbilhotar a vida do próximo.
Apesar de ser rei, Davi mostrou imaturidade nesse trecho da Palavra de Deus. Em plena guerra, estava curioso em saber quem era a mulher bonita que banhava… curioso em saber quem era a mulher… sendo que o seu marido estava guerreando: “Davi procurou saber quem era essa mulher e disseram-lhe que era Betsabéia, filha de Eliam, mulher do hitita Urias” (2 Sm 11, 3). A pessoa imatura é incapaz de lidar com a realidade da vida. O imaturo tira qualquer um do sério!
Foi grande o atrevimento do rei Davi… péssimo exemplo para os súditos: “Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem” (2 Sm 11, 4). A pessoa atrevida e insolente não agrada as pessoas honestas e sinceras.
O rei Davi abusou de sua autoridade. Betsabéia não era solteira, tinha um marido fiel ao rei: “Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem” (2 Sm 11, 4). Aquele que abusa de sua autoridade atrai a antipatia dos súditos e é desprezado pelas pessoas do bem.
Foi lamentável a sem-vergonhice do rei Davi. Deveria ser exemplo para Betsabéia e para os outros súditos e não pedra de torpeço: “Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem” (2 Sm 11, 4). Deveria orientá-los no caminho da santidade e não colocá-los no caminho da perdição: “… porque velam pessoalmente sobre as vossas almas, e disso prestarão contas” (Hb 13, 17).
Betsabéia não deveria ter deitado com o rei Davi, pois tinha um esposo e deveria ter dito não ao rei e ao pecado: “Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem. Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Quando se trata de pecado, não devemos obedecer ao superior: “É evidente que não é nem obrigatório nem permitido obedecer a um superior que, porventura, mandasse qualquer coisa manifestamente contrária às leis divinas…” (Adolfo Tanquerey, Compêndio de Teologia Ascética e Mística, 1061).
O rei Davi mandou buscá-la, não para um diálogo ou faxina; mas sim, para cometer adultério: “Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Péssimo exemplo do rei Davi… deitar com a mulher de um soldado, enquanto o mesmo guerreava: “O adultério. Esta palavra designa a infidelidade conjugal… é uma injustiça” (Catecismo da Igreja Católica, 2380-2381).
Foi enorme a covardia do rei Davi… violência contra o mais fraco. Não levou em conta a fidelidade do soldado Urias por ele, mas o traiu: “Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem. Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Davi foi covarde, cruel… A covardia é a mãe da crueldade.
O rei Davi, senhor de muitas pessoas, cometeu uma grande injustiça… abusando de sua autoridade e cometendo o adultério: “Então Davi enviou mensageiros para que a trouxessem. Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). O Catecismo da Igreja Católica diz: “O adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos. Fere o sinal da Aliança que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamente” (n.º 2381).
Betsabéia foi infiel ao seu esposo Urias. Ela deitou com Davi porque quis: “Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Quando foi chamada, ela não sabia da intenção do rei Davi, mas poderia ter evitado o adultério. A infidelidade é sempre cega, principalmente na vida conjugal.
Está claro que Betsabéia não possuía uma vida de intimidade com Deus, através da oração fervorosa e contínua… não conseguiu resistir ao convite do rei: “Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Deus quer que sejamos sempre fortes, principalmente quando formos convidados a cometer pecado: “Sede sóbrios e vigilantes! Eis que o vosso adversário, o diabo, vos rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. Resisti-lhe, firmes na fé” (1 Pd 5, 8-9).
Betsabéia perdeu uma ótima oportunidade de fazer uma sincera correção fraterna no rei Davi, abrindo-lhe os olhos sobre a gravidade do seu convite… mas preferiu pecar: “Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Devemos corrigir o próximo com caridade e paciência: “Quem ama não sossega enquanto não acha meios de se chegar ao culpado e admoestá-lo com bondade e firmeza” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 300, A).
Betsabéia não resistiu à tentação; mas sim, aceitou o convite do rei Davi e deitou-se com ele: “Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Devemos pedir a Deus todos os dias força para resistir às tentações. Tentação não é pecado… pecado é consentir na tentação: “Quem resiste às tentações não perde nada, ‘mas tira delas grande proveito’ (1 Cor 10, 13). Por isso o Senhor muitas vezes permite tentações às almas mais escolhidas para que adquiram maiores méritos neste mundo e mais glória no céu” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do amor a Jesus Cristo, capítulo XVII).
Betsabéia perdeu uma grande oportunidade de provar o seu amor ao seu esposo Urias, dizendo não ao rei Davi, mas caiu no pecado: “Ela veio e ele deitou-se com ela” (2 Sm 11, 4). Quem ama está disposto a sofrer humilhações e desprezos para permanecer fiel à pessoa amada: “O amor fiel faz com que entre o esposo e a esposa – e entre eles e os filhos – haja uma prontidão para o sacrifício que não é possível achar em outra parte” (Pe. Javier Abad Gómez, Fidelidade).
Betsabéia, mulher bonita, cometeu o pecado de adultério… mas não abandonou o lar, quis permanecer com o marido Urias: “Em seguida, Betsabéia voltou para casa” (2 Sm 11, 5). Milhares de pessoas casadas cometem o pecado de adultério e desgraçam completamente a vida… abandonam o lar e o cônjuge.
Quando veio para o palácio do rei Davi para cometer adultério, Betsabéia estava acompanhada pelos mensageiros (2 Sm 11, 4). Será que na volta para casa foi acompanhada pelos mesmos? Não sabemos! “Em seguida, Betsabéia voltou para casa” (2 Sm 11, 5). Assim acontece na nossa vida: Antes de pecar somos acompanhados por “mensageiros” do Rei Eterno, Deus, que são os Anjos.
Betsabéia deitou com o rei Davi e ficou grávida… “fruto” do adultério. Não disse que iria abortar; mas sim, disse: “Estou grávida” (2 Sm 11, 5). Mesmo sendo “fruto” do adultério, a criança não tem culpa… é preciso respeitá-la e aceitá-la com amor e alegria.
Assim que o rei Davi ficou sabendo que Betsabéia estava grávida, tentou encobrir o erro cometido chamando Urias, o esposo dela: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). Aquele que assume o erro cometido agrada a Deus; mas o que tenta escondê-lo não pode agradá-lo.
O rei Davi, cego de paixão, mandou chamar Betsabéia e deitou com ela sem pensar nas consequências. Depois tentou tapar o erro cometido: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). Aquele que comete um erro sem pensar nas consequências vive inquieto e sem paz.
Para cometer o pecado de adultério, o rei Davi não pediu a presença de Urias, mas agora, para “transferir” a culpa, quer a presença do mesmo: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). Como é vergonhoso uma pessoa cometer uma falta e “maquinar” para lançar a culpa no próximo!
O pecador não sente paz após o pecado! Está claro que o rei Davi ficou inquieto após o adultério e da gravidez de Betsabéia… e tentou encobrir o pecado: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). O pecador não possui paz na alma, mas caminha nas trevas… cheio de inquietação.
É triste e vergonhosa a atitude do rei Davi! Um rei que abusa de sua autoridade e tenta tapar o seu pecado… um rei insincero: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). A falta de sinceridade é vergonhosa… principalmente quando o mentiroso é o superior.
O rei Davi não mandou chamar Urias para que descansasse um pouco da batalha; mas sim, para tentar enganá-lo: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). É triste a convivência com pessoas enganadoras, que usa do próximo como se fosse um objeto.
Quando Urias recebeu a notícia dada por Joab, com certeza ficou surpreso… por detrás daquela ordem está uma terrível falsidade: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’. E ele mandou Urias a Davi’” (2 Sm 11, 6). Muitos usam de falsidade para destruir o próximo e sair ilesos.
Urias não teve escolha, porque o rei Davi mandou uma ordem a Joab… queria, custe o que custar, encobrir o seu adultério: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’” (2 Sm 11, 6). Muitos superiores abusam do seu poder e “esmagam” sem piedade a vida dos súditos.
O rei Davi agiu com hipocrisia… com máscara… pecou e não assumiu o pecado… fingiu ser bom, sendo que estava cheio de maldade: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita” (2 Sm 11, 6). Santo Agostinho escreve: “O pior dentre todos os homens é aquele que, sendo mau, finge ser bom e, sendo infame, fala em virtude e pudor”.
Urias era um soldado fiel, obediente e bom… amava o seu rei; mas Davi abusou da sua bondade… tentou “transferir” o seu pecado para Urias: “Davi mandou esta ordem a Joab: ‘Manda-me Urias, o hitita’” (2 Sm 11, 6). Aquele que abusa da bondade alheia não merece respeito.
Urias foi dócil… não questionou a ordem do rei Davi, mas foi imediatamente para ouvi-lo: “Quando Urias chegou” (2 Sm 11, 7). É agradável a convivência com pessoas dóceis!
Urias não fez a própria vontade dizendo que permaneceria na batalha… mas de inclinou diante da ordem do rei Davi: “Quando Urias chegou” (2 Sm 11, 7). São Bernardo de Claraval escreve: “Desapareça a vontade própria e não haverá mais inferno!”
Fingir é encobrir artificialmente a intenção… foi isso o que aconteceu com o rei Davi quando fez perguntas a Urias: “Quando Urias chegou, Davi pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra” (2 Sm 11, 7). A pessoa fingida é insuportável… quer passar pelo que não é.
É assustadora a malvadeza do rei Davi! Fez algumas perguntas a Urias sobre o exército… sendo que a sua intenção era outra: “Quando Urias chegou, Davi pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra” (2 Sm 11, 7). A pessoa maldosa possui o coração petrificado.
O rei Davi foi ardiloso diante de Urias. O ardiloso faz uso de ardis, é cheio de astúcias; esperto, manhoso e velhaco: “Quando Urias chegou, Davi pediu-lhe notícias de Joab, do exército e da guerra” (2 Sm 11, 7). Davi nem queria ver o rosto de Urias, mas para tentar cobrir o pecado cometido com a esposa de Urias, o chamou e foi ardiloso no diálogo.
O rei Davi agiu como pessoa interesseira quando mandou que Urias fosse para casa lavar os pés: “E depois disse-lhe: ‘Desce à tua casa e lava os pés’. Urias saiu do palácio do rei e, em seguida, este enviou-lhe um presente real” (2 Sm 11, 8). Ele queria “transferir” o filho do adultério para Urias… não estava preocupado com a higiene do mesmo.
A amizade de Davi por Urias era perigosa… um verdadeiro amigo nunca faz isso com o outro: “E depois disse-lhe: ‘Desce à tua casa e lava os pés’. Urias saiu do palácio do rei e, em seguida, este enviou-lhe um presente real” (2 Sm 11, 8). Deu-lhe uma “folga” não por caridade; mas sim, com segundas intenções, com um interesse escondido.
Se o rei Davi amasse verdadeiramente a Urias, o teria convidado a lavar os pés no próprio palácio… mas não fez assim: “E depois disse-lhe: ‘Desce à tua casa e lava os pés’. Urias saiu do palácio do rei e, em seguida, este enviou-lhe um presente real” (2 Sm 11, 8). O desamor estava “escondido” no coração do rei… ele não possuía a caridade verdadeira: “A caridade é a perfeição do amor” (São Francisco de Sales, Tratado do amor de Deus).
O rei Davi agiu como um mascarado e bajulador. Ordenou que Urias fosse lavar os pés em sua casa e depois enviou-lhe um presente real: “E depois disse-lhe: ‘Desce à tua casa e lava os pés’. Urias saiu do palácio do rei e, em seguida, este enviou-lhe um presente real” (2 Sm 11, 8). Urias não se vendeu, mesmo sem saber do adultério. Aquele que se vende não é um homem; mas sim, uma coisa.
O rei Davi cometera um pecado gravíssimo, não lavou os pés… mas mandou que Urias o fizesse… porque deveria “lavar” a alma que estava morta espiritualmente: “E depois disse-lhe: ‘Desce à tua casa e lava os pés’. Urias saiu do palácio do rei e, em seguida, este enviou-lhe um presente real” (2 Sm 11, 8). O pecado mortal expulsa Deus da alma do pecador: “Não podemos estar unidos a Deus se não fizermos livremente a opção de amá-lo. Mas não podemos amar a Deus se pecamos gravemente contra Ele, contra nosso próximo ou contra nós mesmos” (Catecismo da Igreja Católica, 1033).
Urias, soldado fiel e batalhador, não quis uma noite de regalia… não quis dormir com sua mulher nem o conforto de sua casa: “Mas Urias dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu amo, e não foi para casa” (2 Sm 11, 9). Infeliz da pessoa que se torna objeto nas mãos dos superiores!
Urias renunciou a cama confortável de sua casa para dormir à porta do palácio do rei Davi: “Mas Urias dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu amo, e não foi para casa” (2 Sm 11, 9). Urias não era um soldado mole e frouxo; mas sim, valente e firme: “O verdadeiro amor supera todo obstáculo, aceita qualquer condição, abraça qualquer renúncia” (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 32, 1).
Urias, homem batalhador, iluminou os servos de Davi com o seu exemplo de sacrifício: “Mas Urias dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu amo, e não foi para casa” (2 Sm 11, 9). Ser luz é dever de todos, porque Jesus Cristo disse: “Brilhe a vossa luz diante dos homens para que vendo as vossas obras boas, eles glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16).
Urias, com certeza, amava a sua esposa… mas possuía um coração desapegado, era escravo do dever: “Mas Urias dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu amo, e não foi para casa” (2 Sm 11, 9). Não quis ir para junto de sua esposa para ficar entre os servos do rei Davi. Feliz da pessoa que vive desapega da família para se dedicar ao Rei Jesus: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo” (Mt 16, 24).
Urias era tão dedicado ao serviço do rei Davi, que não quis se afastar do palácio… mas dormiu à porta do mesmo: “Mas Urias dormiu à porta do palácio com os outros servos do seu amo, e não foi para casa” (2 Sm 11, 9). Assim como Urias era dedicado ao serviço de Davi, devemos ser dedicados ao serviço do Rei Jesus.
Enquanto o rei Davi, superior de Urias dormia num quarto e numa cama confortável, ele dormia à porta do palácio… não quis descer para dormir em casa… deu exemplo para o rei: “E contaram a Davi, dizendo-lhe: ‘Urias não foi para sua casa’. Davi perguntou-lhe: ‘Não voltaste porventura de uma viagem? Por que não desceste à tua casa?’” (1 Sm 11, 10). Deus quer que sejamos exemplo para todos, também para os superiores.
Urias era incansável… estava na guerra… chegou de viagem e não quis descansar na sua casa: “E contaram a Davi, dizendo-lhe: ‘Urias não foi para sua casa’. Davi perguntou-lhe: ‘Não voltaste porventura de uma viagem? Por que não desceste à tua casa?’” (1 Sm 11, 10). Aquele que ama não busca vida fácil e cômoda; mas sim, trabalha incansavelmente para o Rei Jesus.
Urias, homem valente e esposo de uma mulher bonita, não quis descer para casa para dormir com a sua mulher… “praticou” a abstinência sexual… fez de livre e espontânea vontade: “E contaram a Davi, dizendo-lhe: ‘Urias não foi para sua casa’. Davi perguntou-lhe: ‘Não voltaste porventura de uma viagem? Por que não desceste à tua casa?’” (1 Sm 11, 10). O sexo não é tudo na vida de um casal: “Uma prática honesta da regulação da natalidade exige, acima de tudo, que os esposos adquiram sólidas convicções acerca dos valores da vida e da família e que tendam a alcançar um perfeito domínio de si mesmos. O domínio do instinto, mediante a razão e a vontade livre, impõe, indubitavelmente, uma ascese, para que as manifestações afetivas da vida conjugal sejam conformes com a ordem reta e, em particular, concretiza-se essa ascese na observância da continência periódica” (São Paulo VI, Humanae Vitae, 21).
Urias não mentiu, mas disse a verdade para o rei Davi: “Urias respondeu a Davi: ‘A arca, Israel e Judá habitam debaixo de tendas, e o meu senhor Joab e os servos do meu senhor dormem sobre a terra dura, e eu deveria ir para minha casa, comer e beber e dormir com minha mulher? Pela tua vida e pela saúde da tua alma, não farei tal coisa!’” (1 Sm 11, 11). Muitas pessoas tremem e ficam tímidas diante dos superiores. Dizer a verdade aos superiores, com respeito, não é falta de educação.
É assustadora a maldade do rei Davi… tentou a qualquer preço encobrir o seu adultério embriagando o seu fiel soldado Urias: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). Infeliz do superior que usa do seu poder para fazer maldade aos súditos! “A maldade não deixa escapar aquele que a comete” (Ecl 8, 8).
Urias era um soldado forte… a sua força era grande. Mesmo embriagado não desceu para a sua casa, permaneceu firme: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). Feliz da pessoa que permanece firme nos seus propósitos, principalmente quando é enganada!
A firmeza de Urias foi inquebrantável diante da insistência do rei Davi. Não cedeu aos caprichos do seu “patrão”, mesmo estando embriagado: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). Devemos ser firmes em nossas decisões, principalmente diante dos caprichos dos nossos superiores: “Mantém-se firme como bigorna sob golpes” (Santo Inácio de Antioquia, Ad Policarpo 3, 1).
Urias foi muito resistente! Não desceu para casa a pedido do rei Davi, mesmo estando embriagado… não deixou o rei esconder a sua máscara: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). Não podemos pactuar com o erro do próximo, mesmo sendo os superiores. Devemos resistir ao mal por amor a Deus e para agradá-lo.
A alimentação (comida e a bebida) oferecida pelo rei Davi ao soldado Urias não o fez descer para sua casa… era um servo fiel: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). Não devemos nos levar pelas coisas passageiras, vazias e caducas desse mundo… devemos servir a Deus com fidelidade: “Na vida de quem ama a Jesus Cristo não existe ambição desmedida pelas coisas materiais. Sua ambição é o próprio Jesus Cristo” (Santo Afonso aria de Ligório, A prática do amor a Jesus Cristo).
Urias possuía um coração convicto, não vivia sobre o muro… não desceu para casa, não se inclinou diante do presente nem se esmoreceu com a bebida e comida: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). É agradável e seguro trabalhar e conviver com pessoas convictas… que não se deixam levar por opiniões.
Urias conversava com o rei Davi, se alimentava em sua mesa, no palácio… era presenteado… mas não abandonava a companhia das pessoas simples… dormia com os servos. Era um homem humilde: “Davi disse então a Urias: ‘Fica aqui ainda hoje, e amanhã te mandarei de volta’. E Urias ficou em Jerusalém naquele dia e no dia seguinte. Davi convidou-o para comer e beber à sua mesa e o embriagou. Mas, ao entardecer, ele retirou-se e foi-se deitar no seu leito, em companhia dos servos do seu senhor, e não desceu para a sua casa” (1 Sm 11, 12-13). Não podemos desprezar as pessoas simples quando formos elogiados ou preferidos pelos superiores: “… o maior dentre vós torne-se como o mais jovem, e o que governa como aquele que serve” (Lc 22, 26).
O rei Davi, depois de usar todos os argumentos para encobrir o seu adultério, escreveu uma carta e mandou que Urias a entregasse a Joab… levou inocentemente a própria sentença: “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes” (1 Sm 11, 14-16). Muitas pessoas são enganadas pelos seus superiores e morrem inocentemente. Esses superiores jamais escaparão das mãos de Deus!
Urias era grande amigo de Joab e chegou a chamá-lo de seu senhor (1 Sm 11, 11). Mas agora foi abandonado também por Joab: “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes” (1 Sm 11, 14-16). É muito triste confiar numa pessoa e ser abandonada por ela… somente Deus merece a nossa confiança.
Urias foi traído brutalmente por Joab. Ele o colocou no lugar mais perigoso da batalha… ele devia morrer: “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes” (1 Sm 11, 14-16). A traição é uma ação detestável… até os bandidos detestam a traição. Urias foi traído por um grande amigo!
O rei Davi, inconformado com a atitude correta de Urias, desejou-lhe a morte e quis que ele morresse imediatamente: “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes” (1 Sm 11, 14-16). Muitas pessoas odeiam os súditos quando esses não fazem vistas grossas diante de suas vidas desordenadas e desejam-lhes a morte.
O rei Davi, desejoso de encobrir o seu adultério, mandou colocar Urias onde o combate era mais violento… no pior lugar, para que morresse: “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes” (1 Sm 11, 14-16). Hoje, depois de milhares de anos desse acontecimento, ainda acontece essa covardia por parte de pessoas que para cobrir um crime, arrasa a vida de parentes e amigos, colocando-os em situação irreversível.
Urias, o soldado fiel e dedicado do rei Davi, caiu numa terrível enrascada… foi colocado onde os inimigos eram valentes… Davi não queria que ele vivesse: “Na manhã seguinte, Davi escreveu uma carta a Joab e mandou-a pelas mãos de Urias. Dizia nela: ‘Colocai Urias na frente, onde o combate for mais violento, e abandonai-o para que seja ferido e morra’. Joab, que sitiava a cidade, colocou Urias no lugar onde ele sabia estarem os guerreiros mais valentes” (1 Sm 11, 14-16). Não podemos cochilar diante dos nossos perseguidores… eles tramam continuamente para nos destruir, preparando perigosas armadilhas para arruinar a nossa vida.
Urias morreu… não somente ele, mas também alguns da guarda do rei Davi. O rei Davi lutou pela liberdade, mas conseguiu uma falsa liberdade, porque a sua ação não agradou a Deus: “Os que defendiam a cidade saíram para atacar Joab, e morreram alguns do exército, da guarda de Davi. E morreu também Urias, o hitita. Ao saber da morte de seu marido, a mulher de Urias o chorou. Terminados os dias de luto, Davi mandou buscá-la e recolheu-a em sua casa. Tomou-a por esposa e ela deu-lhe um filho. Mas o procedimento de Davi desagradou ao Senhor” (1 Sm 11, 17. 26-27). Infeliz da pessoa que para viver certa liberdade destrói a vida alheia… essa será castigada por Deus.
O rei Davi estava completamente cego pela mulher de Urias. Cometeu adultério com ela estando Urias vivo, e, agora, estando ele morto, recolheu-a em sua casa: “Os que defendiam a cidade saíram para atacar Joab, e morreram alguns do exército, da guarda de Davi. E morreu também Urias, o hitita. Ao saber da morte de seu marido, a mulher de Urias o chorou. Terminados os dias de luto, Davi mandou buscá-la e recolheu-a em sua casa. Tomou-a por esposa e ela deu-lhe um filho. Mas o procedimento de Davi desagradou ao Senhor” (1 Sm 11, 17. 26-27). A carne deixa a pessoa cega… não teme mais a Deus e não treme diante do fogo do inferno: “Se há vício no mundo que rebaixe a natureza humana, é a impureza. Este vício degradante deprime o homem até à condição do bruto. Como ele, o impuro vive da satisfação de apetites materiais” (Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz).
Betsabéia, mulher de Urias, chorou a morte o seu esposo… e foi morar com o “monstro” Davi. Ela dormia com um homem que fez todo o mal possível para o seu esposo: “Os que defendiam a cidade saíram para atacar Joab, e morreram alguns do exército, da guarda de Davi. E morreu também Urias, o hitita. Ao saber da morte de seu marido, a mulher de Urias o chorou. Terminados os dias de luto, Davi mandou buscá-la e recolheu-a em sua casa. Tomou-a por esposa e ela deu-lhe um filho. Mas o procedimento de Davi desagradou ao Senhor” (1 Sm 11, 17. 26-27). Muitas mulheres vivem na companhia de verdadeiros monstros que “comprou-as” derramando sangue inocente ou cometendo todo tipo de injustiça.
OBS: Essa pregação não está concluída; assim que “surgirem” novas mensagens as acrescentaremos.
Pe. Divino Antônio Lopes FP (C) Anápolis, 28 de agosto de 2019
|
|||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Este texto não pode ser reproduzido sob
nenhuma forma; por fotocópia ou outro meio qualquer sem autorização por
escrito do autor Pe. Divino Antônio Lopes FP(C). www.filhosdapaixao.org.br/escritos/comentarios/escrituras/escritura_0578.htm |