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                      JESUS PERANTE PILATOS 
                    
                    (Mt 27, 11-26) 
                      
                    
                    “11 
                    Jesus foi posto perante o governador e o governador 
                    interrogou-o: ‘És tu o rei dos judeus?’ Jesus declarou: ‘Tu 
                    o dizes’. 12 
                    E ao ser acusado pelos chefes dos sacerdotes e anciãos, nada 
                    respondeu. 13 
                    Então lhe disse Pilatos: ‘Não estás ouvindo de quanta coisa 
                    te acusam?’ 14 
                    Mas ele não lhe respondeu sequer uma palavra, de sorte que o 
                    governador ficou muito impressionado. 
                    
                    15 
                    Por ocasião da Festa, era costume o governador soltar um 
                    preso que a multidão desejasse. 
                    16 
                    Nessa ocasião, tinham eles um preso famoso, chamado Barrabás.
                    17 
                    Como estivessem reunidos, Pilatos lhes disse: “Quem quereis 
                    que vos solte, Barrabás ou Jesus, que chamam de Cristo?’
                    18 
                    Ele sabia, com efeito, que eles o haviam entregue por 
                    inveja. 
                    
                    19 
                    Enquanto estava sentado no tribunal, sua mulher lhe mandou 
                    dizer: ‘Não te envolvas com esse justo, porque muito sofri 
                    em sonho por causa dele’. 
                    
                    20 
                    Os chefes dos sacerdotes e os anciãos, porém, persuadiram as 
                    multidões a que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus 
                    perecer. 21 
                    O governador respondeu-lhes: ‘Qual dos dois quereis que vos 
                    solte?’ Disseram: ‘Barrabás’. 
                    22 
                    Pilatos perguntou: ‘Que farei de Jesus, que chamam de 
                    Cristo?’ Todos responderam: ‘Seja crucificado!’ 
                    23 
                    Tornou a dizer-lhes: ‘Mas que mal ele fez?’ Eles, porém, 
                    gritavam com mais veemência: ‘Seja crucificado!’ 
                    24 
                    Vendo Pilatos que nada conseguia, mas, ao contrário, a 
                    desordem aumentava, pegou água e, lavando as mãos na 
                    presença da multidão, disse: ‘Estou inocente desse sangue. A 
                    responsabilidade é vossa’. 
                    25 
                    A isso todo o povo respondeu: ‘O seu sangue caia sobre nós e 
                    sobre nossos filhos’. 26 
                    Então soltou-lhes Barrabás. Quanto a Jesus, depois de 
                    açoitá-lo, entregou-o para que fosse crucificado” 
                    (conferir também: Mc 15, 2-15; 
                    Lc 23, 2-5. 13. 25 e Jo 18, 28-19,1; 19, 4-16). 
                      
                    
                      
                      
                    
                    Os sacerdotes chegaram à praça 
                    do pretório, e subiram ao pórtico que estava levantado sobre 
                    a praça, a que se subia por uma escadaria, e o Manso 
                    Cordeiro foi levado perante Pilatos, o governador:
                    “Jesus foi posto perante o 
                    governador...” 
                    
                    Pilatos: 
                    “Forma portuguesa do nome latino Pontius Pilatus, procurador 
                    da Judéia de 25-27 a 35 d.c... Tanto Josefo como Filon, os 
                    quais citam uma carta de Agripa I, o pintam de modo 
                    extremamente desfavorável: obstinado e áspero, violento, 
                    saqueador, cruel, culpado de executar pessoas sem processo 
                    legal... Os procuradores romanos não trouxeram para a Judéia 
                    os estandartes das legiões com as imagens de César por 
                    deferência à proibição judaica de imagens. Quando Pilatos 
                    assumiu o cargo, trouxe as imagens secretamente à noite. 
                    Então, os judeus enviaram-lhe uma numerosa delegação a 
                    Cesaréia (a residência do procurador), que lhe solicitou 
                    audiência durante cinco dias; então, ele os reuniu num 
                    estádio, mas lançou seus soldados contra a multidão e grande 
                    número de judeus foi morto. Gastou parte dos fundos do 
                    templo na construção de um aqueduto em Jerusalém; esse uso 
                    ilícito do tesouro sagrado, apesar da utilidade do projeto, 
                    fez com que uma multidão se reunisse para protestar: Pilatos 
                    mandou seus soldados disfarçados entre a multidão, e, a um 
                    sinal, eles começaram a matar arbitrariamente. Em 35 d.c., 
                    atacou uma procissão religiosa no Monte Garizim, matou 
                    alguns, aprisionou outros e dispersou o resto. Os 
                    samaritanos declararam a Vitélio, o legado da Síria, que não 
                    se achavam em estado de insurreição, e Vitélio enviou 
                    Pilatos a Tibério, a Roma, para prestar conta de sua ação”
                    (Pe. John L. Mckenzie, 
                    Dicionário Bíblico), e:
                    “Calígula não aceitou as razões da 
                    defesa, exilou-o para as Gálias, onde aborrecido de tudo e 
                    de todos, se suicidou, ao passo que Cláudia Prócula se 
                    tornou cristã, faleceu em fama de santidade, sendo venerada, 
                    ainda hoje, pela Igreja Grega” 
                    (Frei Benvindo Destéfani). 
                    
                    O Senhor, mesmo exausto, com 
                    sono e fome, não tremeu diante do governador; com certeza 
                    manteve-se de pé. 
                    
                    Pilatos era violento, mas a sua 
                    fama de homem sanguinário não intimidou a Cristo Jesus, 
                    paciente e sereno Cordeiro: “O 
                    procurador pôde contemplar a paz e a serenidade do acusado, 
                    em contraste com a agitação e a pressa dos que querem a sua 
                    morte” (Pe. 
                    Francisco Fernández-Carvajal). 
                    
                    Católico, seja forte! Não tenha 
                    medo de enfrentar os inimigos de Deus e do Santo Evangelho, 
                    mesmo que esses sejam famosos pela maldade que espalham 
                    entre as pessoas: 
                    “Seria crime 
                    negar obediência a Deus para dá-la aos homens; seria delito 
                    infringir as leis de Jesus Cristo para obedecer aos 
                    magistrados, ou violar os direitos da Igreja sob pretexto de 
                    guardar as leis de ordem civil. ‘Importa obedecer mais a 
                    Deus do que aos homens’ 
                    (At 5, 29). 
                    Esta resposta que outrora costumavam dar Pedro e os demais 
                    Apóstolos aos magistrados, quando lhes ordenavam coisas 
                    ilícitas, cumpre repeti-la todos os dias muito resolutamente 
                    em circunstâncias iguais. Não há melhor cidadão quer na paz, 
                    quer na guerra, do que o cristão que o é deveras; mas por 
                    isso mesmo que o é, deve estar resolvido a sofrer tudo e a 
                    mesma morte, do que desertar a causa de Deus e da Igreja”
                    (Leão XIII, 
                    Sapientiae christianae, 10). 
                    
                    Seja firme na fé! Não recue nem 
                    se cale diante daqueles que lutam furiosamente para desviar 
                    as almas do caminho do céu: “Recuar 
                    diante do inimigo, ou calar-se, quando de toda parte se 
                    ergue tanto alarido contra a verdade, é próprio de homem 
                    covarde ou de quem vacila no fundamento de sua crença. 
                    Qualquer destas coisas é vergonhosa em si; é injuriosa a 
                    Deus; é incompatível com a salvação tanto dos indivíduos, 
                    como da sociedade e só é vantajosa aos inimigos da fé, 
                    porque nada tanto afoita a audácia dos maus, como a 
                    pusilanimidade dos bons” 
                    (Leão XIII, Sapientiae 
                    christianae, 18). 
                    
                    Católico, seja valente! Cumpra o 
                    seu dever de cristão, custe o que custar. Quanto mais o 
                    ambiente for adverso, mais você deverá brilhar com o seu 
                    exemplo e com a sua coragem: “As 
                    árvores que crescem em lugares sombreados e livres de 
                    ventos, enquanto externamente se desenvolvem com aspecto 
                    próspero, tornam-se fracas e moles, e facilmente qualquer 
                    coisa as fere; mas as árvores que vivem no cume dos montes 
                    mais altos, agitadas pelos muitos ventos e constantemente 
                    expostas à intempérie e a todas as inclemências, atingidas 
                    por fortíssimas tempestades e cobertas por freqüentes neves, 
                    tornam-se mais robustas que o ferro” 
                    (São João Crisóstomo, Homilia 
                    sobre a glória da tribulação). 
                    
                    Cristo Jesus, Humilde Cordeiro, 
                    permaneceu de pé diante de Pilatos, e esse governador 
                    sanguinário Lhe perguntou: “És tu o 
                    rei dos judeus?” 
                    
                    Nosso Senhor, Deus verdadeiro, 
                    não vacila nem se intimida, e responde com serenidade a 
                    Pilatos: “Tu o dizes”, e em Jo 
                    18, 37 diz: “Tu o dizes: eu sou rei”. 
                    
                    Católico, o Imaculado Cordeiro 
                    não se acovardou diante de Pilatos nem dos outros inimigos, 
                    mas disse abertamente que era rei. 
                    
                    Imite o exemplo de Jesus Cristo; 
                    professe a sua fé sem vacilar e não se intimide diante dos 
                    inimigos que trabalham para te desviar do caminho da 
                    salvação. 
                    
                    Viva sem medo! Se pelas ruas da 
                    cidade alguém lhe perguntar se você é seguidor de Cristo 
                    Jesus, não se intimide, e diga-lhe: 
                    “Tu o dizes”. 
                    
                    Viva sem medo!  Se no local de 
                    trabalho alguém te interrogar se você busca a santidade, não 
                    se envergonhe, mas responda: “Tu o 
                    dizes”. 
                    
                    Viva sem medo! Se no colégio 
                    onde você estuda, algum funcionário te perguntar se você 
                    participa fervorosamente da Santa Missa e se confessa com 
                    freqüência, não vacile, e diga-lhe: 
                    “Tu o dizes”. 
                    
                    Católico, não recue nem se 
                    intimide diante de certos interrogatórios, imite o exemplo 
                    do Manso Cordeiro e de muitos santos que derramaram o sangue 
                    por amor a Ele. 
                    
                    Diante da firmeza em seguir a 
                    Cristo Jesus, São Cipriano foi martirizado:
                    “Dito isso, leu a sentença: ‘Apraz que 
                    Táscio Cipriano seja degolado à espada’. O bispo Cipriano 
                    respondeu: ‘Graças a Deus” 
                    (Das Atas Proconsulares sobre o 
                    martírio de São Cipriano, bispo). 
                    
                    São Piônio, morto em 251, 
                    derramou o sangue por amor a Cristo e não negou ser 
                    católico: “Polemon o interrogou: 
                    
                    Como és chamado? 
                    
                    Cristão. 
                    
                    De que igreja? 
                    
                    -Católica”
                    (Ruinart. Acta martyrum, 
                    pág. 122, 9). 
                    
                    Em Mt 27, 12-14 diz:
                    “E ao ser acusado pelos chefes dos 
                    sacerdotes e anciãos, nada respondeu. Então lhe disse 
                    Pilatos: ‘Não estás ouvindo de quanta coisa te acusam?’ Mas 
                    ele não lhe respondeu sequer uma palavra, de sorte que o 
                    governador ficou muito impressionado”. 
                    
                    Jesus nada respondeu! E na 
                    verdade, que havia de responder Jesus a esta pergunta, senão 
                    que Ele tinha curado a muitos paralíticos, restituído a 
                    vista aos cegos e alimentado as turbas no deserto. Que havia 
                    de responder, senão que tinha perdoado a Maria Madalena, 
                    convertido a um Zaqueu, e expulsado demônios. Que havia de 
                    responder, senão que tinha restituído a saúde às pessoas, 
                    enxugado as lágrimas da viúva de Naim e ressuscitado a 
                    Lázaro. 
                    
                    O Senhor não abriu a boca, não 
                    respondeu às acusações dos seus inimigos. 
                    
                    Católico, em algumas ocasiões o 
                    silêncio é a melhor atitude do cristão; mas em outras 
                    ocasiões é necessário se defender, principalmente quando as 
                    calúnias e maledicências começarem a prejudicar a sua vida:
                    “Entretanto, aconselha o sábio que 
                    cuidemos de nosso bom nome, porque a reputação não se funda 
                    na excelência duma virtude ou perfeição, mas nos bons 
                    costumes e na integridade da vida; e, como a humildade não 
                    proíbe crer que temos esse merecimento comum e ordinário, 
                    também não nos proíbe que amemos e cuidemos da reputação. É 
                    verdade que a humildade desprezaria a fama, se não fosse 
                    necessária à caridade; mas, sendo a reputação um dos 
                    principais fundamentos da sociedade humana e sendo nós sem 
                    ela não só inúteis, mas até perniciosos ao bem público, pela 
                    razão do escândalo que damos, a caridade nos obriga a 
                    desejá-la e conservá-la, e a humildade conforma-se com esses 
                    desejos e cuidados” 
                    (São Francisco de Sales, 
                    Introdução à Vida Devota, Parte III, capítulo VII), 
                    e: “Toda falta cometida contra a 
                    justiça e a verdade impõe o dever de reparação, mesmo que 
                    seu autor tenha sido perdoado. Quando se torna impossível 
                    reparar um erro publicamente, deve-se fazê-lo em segredo; se 
                    aquele que sofreu o prejuízo não pode ser diretamente 
                    indenizado, deve-se dar-lhe satisfação moralmente, em nome 
                    da caridade. Esse dever de reparação se refere também às 
                    faltas cometidas contra a reputação de outrem. Essa 
                    reparação, moral e às vezes material, será avaliada na 
                    proporção do dano causado e obriga em consciência”
                    (Catecismo da Igreja 
                    Católica, 2487). 
                    
                    Em Mt 27, 15-18 diz:
                    “Por ocasião da Festa, era costume o 
                    governador soltar um preso que a multidão desejasse. Nessa 
                    ocasião, tinham eles um preso famoso, chamado Barrabás. Como 
                    estivessem reunidos, Pilatos lhes disse: 'Quem quereis que 
                    vos solte, Barrabás ou Jesus, que chamam de Cristo?’ Ele 
                    sabia, com efeito, que eles o haviam entregue por inveja”. 
                    
                    Pilatos estava convencido de que 
                    os sacerdotes haviam entregue a Nosso Senhor por inveja:
                    “Ele sabia, com efeito, que eles o 
                    haviam entregue por inveja”. 
                    
                    Esses lobos não suportavam ver o 
                    Senhor ser amado e seguido por uma multidão, os seus 
                    corações se corroíam de ódio e inveja contra a Luz Eterna, e 
                    assim, lutaram furiosamente para apagá-la. 
                    
                    Católico, quão terrível é o 
                    pecado de inveja! 
                    
                    Inveja, é o vício pelo o homem 
                    experimenta tristeza profunda em face do bem alheio, 
                    acompanhada do desejo de que esse bem seja destruído. O 
                    invejoso é amigo do demônio. 
                    
                    Eis quatro sinais para saber se 
                    uma pessoa é invejosa: 
                    
                    Alegrar-se com o mal alheio. 
                    
                    Entristecer-se com o bem alheio. 
                    
                    Reprimir os louvores dados aos 
                    outros. 
                    
                    Falar mal do próximo. 
                    
                    A inveja não é uma brincadeira 
                    ou passatempo; ela, plenamente consentida é pecado mortal, 
                    porque é diretamente oposta à virtude da caridade. 
                    
                    Os judeus tinham o costume de 
                    soltar um preso a cada ano pela Páscoa:
                    “...era costume o governador soltar um 
                    preso que a multidão desejava” 
                    (Mt 27, 15). 
                    Com este motivo pareceu a Pilatos que tinha encontrado o 
                    modo de livrar Jesus: “Ora, havia um, 
                    chamado Barrabás, preso com outros amotinadores que, numa 
                    revolta, haviam cometido um suicídio” 
                    (Mc 15, 7). 
                    
                    
                     Diante da multidão, Pilatos 
                    perguntou: “Quem quereis que vos 
                    solte, Barrabás ou Jesus, que chamam de Cristo?"
                    (Mt 27, 17). 
                    
                    Já o simples fato de comparar o 
                    Manso Cordeiro a Barrabás era uma ofensa e uma injustiça, 
                    ainda que Ele saísse  vencedor. Mas nem esse mesquinho favor 
                    o povo quis fazer. Estando já bem preparado pelos 
                    sacerdotes, começaram a gritar: “Faz 
                    morrer esse, e solta-nos Barrabás!” Era tanto o ódio 
                    que sentiam contra Cristo Jesus, que nem lhe chamava pelo 
                    nome: esse, diziam: “Não a esse, mas a 
                    Barrabás” (Lc 23, 
                    18 e Jo 18, 40). 
                    
                    Católico, que terrível 
                    ingratidão fizeram com o Senhor! Preferiram Barrabás ao 
                    Cristo. 
                    
                    Barrabás era um
                    “assassino” 
                    (cf. Mc 15, 7), 
                    enquanto Nosso Senhor é o “Caminho, a 
                    Verdade e a Vida” 
                    (Jo 14, 6). 
                    
                    Barrabás era um
                    “bandido” 
                    (cf. Jo 18, 40), 
                    enquanto Cristo Jesus é “luz”
                    (cf. Jo, 8, 12). 
                    
                    Que ingratidão! O coração do 
                    homem é realmente um abismo: “Talvez 
                    esta ofensa que recebeu do seu povo tenha sido o que mais 
                    doeu ao Senhor em toda a sua Paixão, porque uma alma 
                    generosa não teme tanto as pancadas como o desprezo, e que 
                    foi senão desprezo e ingratidão o que lhe fizeram ao 
                    preferirem um ladrão e assassino a Ele?” 
                    (Pe. Luis de La Palma). 
                    
                    Hoje, infelizmente, existem 
                    milhões de católicos que imitam o povo judeu, e o pior é que 
                    milhares desses vão à Santa Missa e recebem o Corpo de Nosso 
                    Senhor. 
                    
                    Milhões de adolescentes, moças e 
                    senhoras, preferem os “Barrabás” 
                    de hoje, que são as roupas imorais, novelas pornográficas, 
                    filmes obscenos e anticoncepcionais, a Cristo Jesus, 
                    Puríssimo Cordeiro. 
                    
                    Milhões de jovens e senhores, 
                    preferem os “Barrabás” de hoje, 
                    que são a fornicação, drogas, adultérios e assassinatos, a 
                    seguir os ensinamentos deixados por Cristo Jesus. 
                    
                    Católico, aconteça o que 
                    acontecer, permaneça sempre unido a Cristo Jesus, e 
                    agradeça-Lhe por todas as graças recebidas. 
                    
                    Em Mt 27, 19 diz:
                    “Enquanto estava sentado no tribunal, 
                    sua mulher lhe mandou dizer: ‘Não te envolvas com esse 
                    justo, porque muito sofri em sonho por causa dele”. 
                    
                    O Pe. Francisco 
                    Fernández-Carvajal escreve: “Talvez 
                    conhecesse já Jesus, e a sua intuição feminina impelia-a a 
                    compreender a sua inocência”. 
                    
                    No evangelho apócrifo de 
                    Nicodemos lê-se que Pilatos referiu aos judeus esta mensagem 
                    de sua mulher, e que eles responderam: 
                    “Já te tínhamos prevenido de que este homem é um bruxo; 
                    agora já está a influir na tua mulher”. 
                    
                    Como já fora comentado, o povo 
                    judeu pediu para libertar Barrabás, assassino e bandido, e 
                    que crucificassem o Manso Cordeiro: 
                    “Os chefes dos sacerdotes e os anciãos, porém, persuadiram 
                    as multidões a que pedissem Barrabás e que fizessem Jesus 
                    perecer. O governador respondeu-lhes: ‘Qual dos dois quereis 
                    que vos solte?’ Disseram: ‘Barrabás’. Pilatos perguntou: 
                    ‘Que farei de Jesus, que chamam de Cristo?’ Todos 
                    responderam: ‘Seja crucificado!’ Tornou a dizer-lhes: ‘Mas 
                    que mal ele fez?’ Eles, porém, gritavam com mais veemência: 
                    ‘Seja crucificado!’ Vendo Pilatos que nada conseguia, mas, 
                    ao contrário, a desordem aumentava, pegou água e, lavando as 
                    mãos na presença da multidão, disse: ‘Estou inocente desse 
                    sangue. A responsabilidade é vossa’. A isso todo o povo 
                    respondeu: ‘O seu sangue caia sobre nós e sobre nosso 
                    filhos” (Mt 27, 
                    20-25). 
                    
                    Católico, como é triste vermos a 
                    Nosso Senhor, Santo dos santos considerado mau entre os 
                    maus, como disse Isaías: “Foi 
                    considerado como um malfeitor, como o pior e o mais 
                    desprezível dos homens” 
                    (53, 12). 
                    Esta foi a grave acusação que Pedro lhes lançou no rosto:
                    “Vós sois os que negastes o Santo e o 
                    Justo, e pedistes o perdão para um ladrão e homicida, e 
                    matastes o Autor da vida” 
                    (At 3, 14-15). 
                    Essa escolha foi para os judeus a causa de que muitos 
                    perdessem a vida e viesse a guerra ao seu pais, se afundasse 
                    a sua nação, e se cometessem tantos roubos e saques que a 
                    sua cidade morreu. 
                    
                    
                     O 
                    Pe. Luis de La Palma escreve: “Pilatos 
                    intercedeu de novo a favor do Salvador, desejando 
                    libertá-lo: ‘Que quereis, pois, que eu faça ao rei dos 
                    judeus?’ Perguntou-o desta maneira para os envergonhar. Ao 
                    nomear a Jesus como seu rei pedia-lhes uma solução mais 
                    honrosa do que a de o condenar à morte da cruz. 
                    
                    Mas eles, que 
                    não desejavam outra coisa que a condenação de Jesus Cristo, 
                    gritaram: ‘Crucifica-o!’ E gritaram-no repetidas vezes. 
                    Pilatos, pela terceira vez, insistiu com mais força: ‘Mas 
                    que mal fez ele? Não encontro nele causa alguma de morte; 
                    castigá-lo-ei, pois, e o soltarei’ 
                    (Lc 23, 22). 
                    
                    Mas quanto 
                    mais falava o juiz a seu favor, mais se enfureciam eles, ‘e 
                    insistiam em altos gritos que fosse crucificado’, até ao 
                    ponto de dominarem a boa vontade do procurador”. 
                    
                    
                     Quanto a Pilatos lavar as mãos, 
                    escreve São Leão Magno: “A ablução das 
                    mãos não lava a sujeira de sua alma; não é fazendo escorrer 
                    água sobre seus dedos que ele expia o ato cometido com a 
                    cumplicidade de seu coração ímpio. É verdade que a falta de 
                    Pilatos é ultrapassada pelo crime dos judeus, os quais, 
                    aterrorizando-o com o nome de César e ensurdecendo-o com 
                    seus gritos raivosos, impeliram-no a cometer seu crime. Não 
                    obstante, ele também não escapa à culpa, porque cooperou com 
                    a sedição, renunciando ao seu próprio julgamento e 
                    assentindo no crime dos outros” 
                    (VIII Sermão sobre a Paixão do 
                    Senhor, 2). 
                    
                    Em Mt 27, 26 diz:
                    “Então soltou-lhes Barrabás. Quanto a 
                    Jesus, depois de açoitá-lo, entregou-o para que fosse 
                    crucificado”. 
                    
                    Pilatos teve então a torpe idéia 
                    de mandar flagelar Jesus, com o fim de mover a compaixão as 
                    turbas enfurecidas. Jesus está calado, não se defende, nem 
                    argumenta, nem implora: “Maltratado e 
                    afligido, não abriu a boca, como cordeiro levado ao 
                    matadouro, como ovelha muda” 
                    (Is 53, 7). 
                    
                    
                     O 
                    Pe. Francisco Fernández-Carvajal escreve:
                    “A flagelação deve ter sido pública, 
                    na própria praça onde depois se ditou sentença, na presença 
                    de todos. Era tão brutal este castigo que não se podia 
                    aplicar aos cidadãos romanos. Os judeus não davam mais de 
                    quarenta açoites. Mas Jesus foi açoitado por romanos ou 
                    mercenários, e estes não tinham limite. Dependia da 
                    resistência dos condenados. Usavam dois açoites: o flagellum 
                    de correias, que costumava ter nos seus extremos ossos ou 
                    bolas de chumbo, e mesmo de ferro, e neste caso chamava-se 
                    flagrum. O réu era atado pelos pulsos a uma coluna baixa, 
                    ficando o peito apoiado sobre a parte superior e as costas 
                    nuas para receber os açoites, que podiam chegar até ao 
                    ventre e ao peito e mesmo ao rosto. Por vezes a flagelação 
                    causava a morte do réu. Só se podia aplicar a escravos e a 
                    soldados rebeldes. Jesus ficou desfeito e tremendo. Sangrava 
                    por todas as partes”. 
                    
                    Católico, o Manso Cordeiro é 
                    flagelado sem piedade; Ele não fala nem reclama, mas sofre 
                    tudo com amor, paciência e serenidade. 
                    
                    Aprendamos de Nosso Senhor a 
                    suportar com paciência as dificuldades que aparecerem à 
                    nossa frente. Não fujamos do caminho da cruz, mas o 
                    percorramos com os olhos fixos na recompensa eterna. 
                      
                    
                      
                      
                    
                    Oração: 
                    Ó Jesus Amor, quão infeliz é aquele coração que vive longe 
                    de Ti; esse percorre o caminho das trevas e vive a tropeçar 
                    em suas misérias. 
                    
                    Senhor, somente em Ti 
                    encontramos a paz que a nossa alma imortal tanto deseja; em 
                    Ti bebemos da verdadeira felicidade que necessitamos para 
                    permanecermos de pé nesse vale de lágrimas. 
                    
                    Jesus Querido, será que 
                    encontramos livro mais precioso que nos ensina a vencer as 
                    dificuldades da vida, do que o livro de vossa Sagrada 
                    Paixão? Claro que não! A Sua Bendita Paixão nos ensina que 
                    nesse mundo tudo é passageiro, que a vida é breve e que a 
                    felicidade verdadeira só é possível na Eternidade Feliz. 
                      
                    
                    Pe. Divino Antônio Lopes FP. 
                    
                    Anápolis,
                    17 de março de 2007 
                     
                     
                    
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