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SERMÃO
(Pregado na Capela de São Cristóvão, Vila Colombo, Jaraguá-GO, no encerramento da Santa Missão pregada nesse bairro, no dia 01/12/1991, domingo, às 17:00 h., na celebração da Santa Missa)
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Caríssimos fiéis, no encerramento dessa Santa Missão, quero falar-lhes sobre Jesus Cristo, o Grande Missionário: “... o próprio Jesus... foi o primeiro e o maior dos evangelizadores. Ele foi isso mesmo até o fim, até a perfeição, até o sacrifício da sua vida terrena" (Paulo VI, Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”,7).
1° PONTO
JESUS CRISTO: O INCANSÁVEL
Sabemos perfeitamente que o amor verdadeiro nunca diz basta, quem possui esse amor dentro de si, trabalha incansavelmente para o bem das almas: “A caridade de Cristo estimula, incita-nos a correr e voar com as asas do santo zelo. Quem ama a Deus de verdade, também ama o próximo; o verdadeiro zeloso é o mesmo que ama, mas em grau maior, conforme o grau de amor; quanto arde de amor, tanto mais é impelido pelo zelo” ( Das Obras de Santo Antônio Maria Claret, bispo). Jesus Cristo é o nosso modelo, Ele é o Grande Missionário, cheio de amor e de zelo, Ele é o incansável, que percorria campos, povoados, vilas e cidades pregando a Boa Nova: “Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinando em suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino, enquanto curava toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 9,35). Acompanhando o trabalho missionário de Nosso Senhor, a sua dedicação e zelo, veremos que Ele era um missionário apaixonado pelas almas, isto é, trabalhava incansavelmente e por amor. Caríssimos, acompanhemos os passos de Nosso Senhor em seu trabalho missionário, e envergonhemo-nos do nosso comodismo e falta de zelo pelas almas.
● “Quando Jesus acabou de dar instrução a seus doze discípulos, partiu dali para ensinar nas cidades deles” (Mt 10,1). ● “Naquele dia, saindo Jesus de casa, sentou-se à beira-mar. Em torno dele reuniu-se uma grande multidão. Por isso, entrou num barco e sentou-se, enquanto a multidão estava em pé na praia. E disse-lhes muitas coisas em parábolas” (Mt 13,1-3). ● “Quando Jesus acabou de proferir essas parábolas, partiu dali e, dirigindo-se para a sua pátria, pôs-se a ensinar as pessoas que estavam na sinagoga, de tal sorte que elas se maravilhavam e diziam: “De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres?” (Mt 13,53-54). ● “Jesus, ouvindo isso, partiu dali, de barco, para um lugar deserto, afastado. Assim que as multidões o souberam, vieram das cidades, seguindo-o a pé. Assim que desembarcou, viu uma grande multidão e, tomado de compaixão, curou os seus doentes” (Mt 14,13-14). ● “Jesus, partindo dali, foi para as cercanias do mar da Galiléia e, subindo a uma montanha, sentou-se. Logo vieram até ele numerosas multidões trazendo coxos, cegos, aleijados, mudos e muitos outros, e os puseram aos seus pés e ele os curou, de sorte que as multidões ficaram espantadas ao ver os mudos falando, os aleijados sãos, os coxos andando e os cegos a ver. E renderam glória ao Deus de Israel” (Mt 15,29-31). ● “Saindo dali, foi para o território de Tiro” (Mc 7,24). ● “Saindo de novo do território de tiro, seguiu em direção do mar da Galiléia, passando por Sidônia e atravessando a região da Decápole” (Mc 7,31). ● “Tendo partido dali, caminhava através da Galiléia” (Mc 9,30). ● “Partindo dali, ele foi para o território da Judéia e além do Jordão, e outra vez as multidões se reuniram em torno dele. E, como de costume, de novo as ensinava” (Mc 10,1). ● “Jesus voltou então para a Galiléia, com a força do Espírito, e sua fama espalhou-se por toda a região circunvizinha. Ensinava em suas sinagogas e era glorificado por todos” (Lc 4,14-15). ● “Antes do nascer do sol, já se achava outra vez no Templo. Todo o povo vinha a ele e, sentando-se, os ensinava” (Jo 8,2).
Existem dezenas de outras passagens que mostram Nosso Senhor pregando a Boa Nova, mas escolhi essas, e tenho certeza que são suficientes para mostrar o Seu zelo pelas almas, e servem também para nos acordar, são sinos que tinem nos nossos ouvidos acomodados, chamando-nos para missionarmos com zelo e fervor. Nosso Senhor percorria as estradas poeirentas da Palestina, sob um sol escaldante, pregando o Evangelho do Reino para multidões. O incansável missionário não buscava uma vida fácil, mas enfrentava inúmeras dificuldades em busca das ovelhas desgarradas: “Também a sua última viagem, de Jericó a Jerusalém, constituiu uma demonstração de notável resistência física. Sob um sol abrasador, por estradas sem sombra, ou através de colinas rochosas e desertas, venceu numa caminhada de seis horas uma subida de mais de mil metros. É de admirar que, à chegada, ainda se achasse bem disposto. Na mesma noite, com efeito, tomou parte num banquete que Lázaro e suas irmãs lhe haviam preparado” (Karl Adam, Jesus Cristo, 2ª edição, Quadrante, pág. 11). Prezados fiéis, se cada católico descruzasse os braços e imitasse o exemplo de Jesus Cristo, com certeza a nossa Santa Igreja Católica seria mais fervorosa, e conquistaria um número maior de almas para o céu. Mas o que vemos é totalmente o contrário; a maioria vive adormecido no comodismo, correm de qualquer compromisso, são como que cadáveres ambulantes; esse tipo de gente é a vergonha da Igreja e também os seus piores inimigos: “É uma vergonha fazer-se de membro regalado, sob uma cabeça coroada de espinhos” (Dos Sermões de São Bernardo, abade), e: “... nada tanto afoita a audácia dos maus, como a pusilanimidade dos bons” (Leão XIII, “Sapientiae Christianae”, 18).
2º PONTO
JESUS CRISTO: O PREGADOR DA VERDADE.
Jesus Cristo é o missionário da verdade, Ele nunca bajulou ninguém e jamais agiu com duplicidade: “Falei abertamente ao mundo. Sempre ensinei na Sinagoga e no Templo, onde se reúnem todos os judeus; nada falei às escondidas” (Jo 18,20); e de seus lábios jamais saiu mentira: “... mentira nenhuma foi achada em sua boca” (1 Pd 2,22). O Amado Senhor não se envolvia com política ou com outros assuntos vazios, e sim, somente com a Palavra que salva e que consola a nossa alma imortal: “Certa vez em que a multidão se comprimia ao redor para ouvir a palavra de Deus...” (Lc 5,1). Nosso Senhor, o missionário da verdade, não pregava para tapear o povo, como acontece hoje com muitos mercenários; de sua boca saía somente a verdade, e assim, tocava a alma dos ouvintes que ficavam maravilhados: “Todos testemunhavam a seu respeito, e admiravam-se das palavras cheias de graça que saíam de sua boca” (Lc 4,22). Caríssimos, se cada sacerdote imitasse o exemplo de Nosso Senhor, e pregasse somente a verdade, com certeza o mundo seria melhor; se cada pregador pregasse somente para agradar a Deus, o fruto da pregação seria bem maior: “... em suas pregações procure apenas agradar a Deus” (São João Crisóstomo, O Sacerdócio, Livro V, 7). É ridículo ouvir sacerdotes pregando para enganar o povo, com bajulações e mentiras, essa maneira de pregar não muda os corações e não agrada a Cristo Jesus, que sempre pregou com sinceridade: “Aconteceu que ao terminar Jesus essas palavras, as multidões ficaram extasiadas com o seu ensinamento, porque as ensinava com autoridade e não como os seus escribas” (Mt 7,28-29). Hoje, infelizmente, muitos fiéis vão à igreja e saem revoltados, escandalizados e vazios, porque só ouvem coisas vazias e sem convicção, verdadeiras baboseiras. Peçamos a Cristo Jesus a graça de missionarmos com zelo e convicção, e de pregarmos sempre a verdade.
Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
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