SERMÃO

(Pregado no encerramento das Santas Missões em Cruzeirinho e Santa Bárbara, de Jaraguá-GO, Domingo, às 16:00 h., e às 17:30 h., nas celebrações das Santas Missas)

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Quero falar-lhes hoje sobre a maior desgraça depois do pecado mortal: O pecado venial.

1º PONTO

O QUE É PECADO VENIAL?

Muitos brincam com o pecado venial, dizendo que ele é “algo insignificante” ou uma “coisa que não devemos nos preocupar”, e assim, cometem-no como se estivessem bebendo água na hora da sede.

Prezados fiéis, lhes darei algumas definições do pecado venial, e vereis que ele não é tão simples assim.

a) “O pecado venial é uma desobediência à Lei de Deus ou da Igreja em matéria leve, ou em matéria grave mas sem pleno conhecimento e perfeito consentimento” (Pe. Leo J. Trese, A fé explicada, Resumo da Doutrina Católica).

b) “O pecado venial é a transgressão de um preceito leve, ou ainda de um preceito grave, sem perfeita advertência, ou sem pleno consentimento” (Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã, Terceira Parte, Lição XV).

Está claro que o pecado venial não é algo tão “simples”, ou de “pouca importância”, como dizem aqueles que não temem a Deus; ele é um pecado, é um ato de ingratidão, e depois do pecado mortal, ele é a maior desgraça: “Qualquer pecado é, ao menos, uma falha parcial no amor, um ato de ingratidão para com Deus, que nos ama tanto. Em toda a criação não há maior mal que um pecado venial, à exceção do pecado mortal” (Pe. Leo J. Trese, A fé explicada, Cap. V).

2º PONTO

POR QUE SE CHAMA PECADO VENIAL?

Chama-se pecado venial, porque se pode alcançar facilmente o perdão dele e não tira a vida da alma: “Estes pecados chamam-se “veniais” do latim “venia”, que significa “perdão” (Pe. Leo J. Trese, A fé explicada, Cap. V).

3º PONTO

O PECADO VENIAL CONTRISTA O ESPÍRITO SANTO

Caríssimos fiéis, em Ef 4,30 diz: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, pelo qual fostes selados para o dia da redenção”.

O pecado venial não expulsa o Espírito Santo da nossa alma, mas o amargura.

Todas as vezes que usamos da nossa língua para dizer palavras levianas, certas imprecações de impaciência, etc., não causam alegria ao Deus que habita em nossa alma.

Também amargura o Espírito Santo; as pessoas que perdem tempo com as coisas do mundo, que se distraem voluntariamente nas orações, que não mortificam os olhos, etc.

Aqueles que mentem também entristecem o Espírito Santo, como está em At 5,3-4: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração para mentires ao Espírito Santo, retendo parte do preço do terreno? Porventura, mantendo-o não permaneceria teu e, vendido, não continuaria em teu poder? Por que, pois, concebeste em teu coração este projeto? Não foi a homens que mentiste, mas a Deus”.

Prezados fiéis, sejamos sábios e gratos; eliminemos da nossa vida, tudo aquilo que contrista o Doce Senhor da nossa alma.

Cuidemos para que as nossas ações sejam puras e santas, e que de nossos lábios saiam somente palavras que edificam.

4º PONTO

OS SANTOS DETESTAVAM O PECADO VENIAL

Nesse mundo paganizado, onde não existe mais o temor de Deus, é preciso aprender dos santos a detestar o pecado venial. Esses nutriam um imenso horror ao pecado venial, declarando-lhe guerra de morte, e estavam dispostos a sofrer qualquer tormento, antes do que cometê-lo.

a) Santo Edmundo: “Prefiro lançar-me nas chamas de uma fogueira antes do que cometer qualquer pecado contra o meu Deus”.

b) Santa Catarina de Gênova: “Ó meu Deus, para fugir de um pecado, ainda que leve, eu me jogaria, se fosse preciso, em um abismo todo em chamas, aí permanecendo por toda a eternidade, ainda que, cometendo pudesse sair imediatamente”.

c) Santa Catarina de Sena: “Se a alma, imortal por natureza, pudesse morrer, bastaria para matá-la a vista de um só pecado venial conspurcando-lhe a beleza!”.

d) Santo Inácio de Loyola: “Quem é zeloso da pureza de sua consciência deve, na presença de Deus, confundir-se pelos mais pequeninos pecados considerando a infinita perfeição d’Aquele contra quem são cometidos, perfeição essa que lhes agrava infinitamente a malícia”.

e) Santo Afonso Rodrigues: “Senhor, antes sofrer todas as penas do inferno, do que cometer um só pecado venial!”.

Prezados fiéis, façamos nossas as palavras desses santos, e detestemos também o pecado venial.

5º PONTO

EFEITOS DO PECADO VENIAL DELIBERADO

Como já lhes disse; o pecado venial não é tão simples assim; ele possui também os seus efeitos.

1. Priva-nos a alma de muitas graças: “Não da graça santificante, nem do amor divino, senão duma nova graça que ela teria recebido, se houvesse resistido à tentação, e, por isso mesmo, dum grau de glória que poderia adquirir pela sua fidelidade, dum grau de amor que Deus lhe queria dar. E não é isto uma perda imensa, a perda dum tesouro mais precioso que o mundo inteiro?” (AD. TANQUEREY, 729).

2. Diminui progressivamente o fervor: “É uma diminuição de fervor, isto é, daquela generosidade que se dá completamente a Deus. Esta disposição supõe efetivamente um ideal elevado e um esforço constante para dele nos aproximarmos. Ora, o hábito do pecado venial é incompatível com estes dois estados de alma” (AD. TANQUEREY, 730).

3. Predispõe-nos para o pecado mortal: “O grande perigo que então nos ameaça é de resvalar pouco a pouco ao pecado mortal. É que as nossas tendências ao prazer proibido aumentam, ao passo que as graças de Deus diminuem, até que enfim chega o momento em que são para temer todas as capitulações” (AD. TANQUEREY, 731).

Prezados fiéis, detestemos o pecado venial e fujamos do mesmo; ele causa grandes prejuízos à nossa vida espiritual.

Ele se assemelha à lepra, e deixa a nossa alma asquerosa e coberta de úlceras.

Peçamos diariamente ao Deus Onipotente, as graças necessárias para evitarmos o pecado venial.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amém.

Pe. Divino Antônio Lopes FP.