Instituto Missionário dos Filhos e Filhas da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo e das Dores de Maria Santíssima

18 – A cruz é a árvore que possui preciosos frutos

 

 

“Não queira mais nada a não ser somente a cruz, que é uma linda coisa” (São João da Cruz, Ditames de Espírito, 41).

Ó cruz santa, infeliz daquele que busca algo fora de ti, tu és o mais precioso tesouro: “As cruzes, os desprezos, as dores, as aflições, são os verdadeiros tesouros dos que amam a Jesus crucificado” (Santa Margarida Maria de Alacoque, Carta 10).

Entra pelo caminho largo e vive inquieto aquele que te abandona. Ó cruz, será que existe árvore mais frondosa do que tu, onde podemos repousar? Será que existe repouso longe de sua sombra? Não! É grande ilusão buscar alívio longe de ti, tu és o trono dos verdadeiros amigos de Nosso Senhor: “A cruz é o trono dos que amam Jesus Cristo de verdade” (Santa Margarida Maria de Alacoque, Carta 16).

Mesmo se alguém nos oferecesse uma grande esmola, dizendo que para receber tamanha riqueza seria necessário abandonar a cruz; jamais devemos aceitar tal troca, porque os bens passam, enquanto que a cruz é a chave do céu: “… pois na cruz se encontra Jesus e Ele é amor” (Santa Teresa dos Andes, Carta 14).

Muitos olham para o caminho da cruz como se ele fosse feio, triste e asqueroso; mas para os que buscam a santidade, o caminho da cruz é um mar de felicidade.

Ó Cruz Bendita, por que te abandonar?

Ó Cruz Santa, por que fugir de ti?

Ó Cruz Preciosa, porque te desprezar?

Seria grande estupidez tentar viver longe de ti, porque o  Nosso Salvador e Senhor viveu aqui na terra sempre unido a ti: “Toda a vida de Cristo foi cruz e martírio; e tu queres que a tua seja descanso e alegria?” (Tomás de Kempis, Imitação de Cristo, Livro II, capítulo XII, 7), e: “Este Senhor foi adiante, levando às costas a sua cruz; e nela morreu por ti, para que tu leves também a tua, e nela desejes morrer” (Idem., 2).

O Senhor, Inocente Cordeiro, percorreu o caminho da cruz, a sua vida foi um contínuo martírio.

Ó Querido Jesus, se Tu sofreste, queremos sofrer também; se carregaste a pesada cruz às costas, queremos carregar também a nossa com alegria.

Ó Amado Senhor, se todos mergulhassem na vossa vida, oceano de dores, com certeza sofreriam com amor, conformidade e paz.

Desde o puríssimo seio da doce ovelhinha, o Doce Cordeiro começou a sofrer: “De sorte que já antes de nascer previu os açoites e apresentou seu corpo para recebê-los; previu os espinhos e apresentou-lhes a cabeça; previu as bofetadas e apresentou-lhes as faces; previu os cravos e apresentou-lhes as mãos e os pés; previu a cruz e apresentou a sua vida” (Santo Afonso Maria de Ligório).

No nascimento não foi diferente; o Amado Menino sofreu muito: nasceu em uma pobre e úmida gruta, longe de todos e do conforto, nasceu na escuridão, em uma fria noite, foi atormentado em todo o corpo pelas pontas do capim que forrava a manjedoura: “E ao Rei do céu prepara-se uma gruta fria e sem luz para nela nascer, uns pobres paninhos para cobri-lo, um pouco de palha para leito, e uma pobre manjedoura para colocá-lo” (Santo Afonso Maria de Ligório), e: “Onde está a corte, onde está o trono real deste Rei do céu, não vejo senão dois animais para lhe fazerem companhia, e uma manjedoura de irracionais, na qual deve ser posto” (São Bernardo de Claraval), e ainda: “A Santa Virgem… tendo-o no colo, adora o divino Menino como seu Deus, beija-lhe os pés como a seu Filho e procura depressa cobri-lo e envolve-o  nas mantinhas. Mas, como são ásperos e grosseiros os paninhos!” (Santo Afonso Maria de Ligório).

O Querido Menino sofreu muito na gruta de Belém; Ele, o Deus Onipotente, nos ensina que a cruz é uma bênção e não uma maldição.

Agora, o Doce Menino sofre na viagem para o distante Egito: “… eis que o Anjo do Senhor manifestou-se em sonho a José e lhe disse: ‘Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito. Fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar’. Ele se levantou, tomou o menino e sua mãe, durante a noite, e partiu para o Egito” (Mt 2, 13-14).

Ainda não havia completado dois anos de idade e já queriam matá-lo; e para não ficar à frente do inimigo, teve que fugir para o Egito.

Jesus Amigo, quanto sofrimento! A sua vida é um oceano de dores: “Descera do céu para acender o fogo do divino amor; somente este desejo fizera-o descer sobre a terra para ali sofrer um abismo de dores e ignomínias” (Santo Afonso Maria de Ligório).

Não nos iludamos! O Senhor inocente sofreu… a nossa vida não pode ser diferente… soframos então com paciência… Ele “está na cruz” (Santa Gema Galgani), então corramos para a árvore da vida, porque nela está a Vida.

Se sofrermos com paciência e perseverança, o Senhor que é misericordioso nos consolará… e assim, aumentará a nossa confiança no Deus que tudo pode.

Sim, soframos por amor a Deus e com os olhos fixos no céu, nossa morada eterna… com os olhos fixos no prêmio que jamais será roubado.

Vale a pena suportar todas as contrariedades dessa vida para conquistar a felicidade eterna: “Para ganhar o céu todo sofrimento é pouco” (São José Calazans).

Com a morte, o sofrimento acaba nesse mundo; enquanto que a felicidade do céu é para sempre.

Não se podem comparar as provações dessa vida com a alegria eterna: “Os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá se revelar em nós” (Rm 8, 18).

Aquele que geme sob o pesa da cruz e se revolta será esmagado pela mesma e não caminha pelo caminho da salvação; mas o que suporta as cruzes por amor a Deus será premiado na eternidade feliz: “As nossas tribulações do momento são leves e nos preparam um peso de glória eterna” (2 Cor 4, 17).

Aquele que pensa com frequência no céu e o deseja de todo o coração, carrega as cruzes com paciência e alegria, porque sabe que a recompensa será grande na outra vida: “O bem que espero é tão grande que todo sofrimento é prazer para mim” (São Francisco de Assis).

Quando encontrarmos cruzes pelo caminho, devemos recorrer imediatamente a Deus e pedir-lhe paciência para carregá-las com alegria… sem a paciência não chegaremos ao porto desejado: “Terá maior coroa quem combate com maior paciência… Falando desta vida, é certo que quem padece com mais paciência vive com mais paz… Os que suportam com paciência os sofrimentos desta vida gozam do paraíso. Quem assim não o faz, sofre o inferno”  (Santo Afonso Maria de Ligório).

A revolta leva o homem a odiar as cruzes; enquanto que a paciência leva o mesmo a amá-las de coração: “De algum tempo para cá, as grandes tribulações e oposições que sinto me trazem uma paz tão grande e me predizem a união próxima e estável de minha alma com Deus; sinceramente falando, é a única ambição e o único desejo do meu coração” (São Francisco de Sales).

Para suportar o peso da cruz e carregá-la até o fim, é preciso possuir no coração o amor a Deus… quem ama a Deus não joga a cruz fora nem murmura contra a mesma: “Persuadamo-nos  que neste vale de lágrimas não pode ter a verdadeira paz interior senão quem recebe e abraça com amor os sofrimentos, tendo em vista agradar a Deus” (Santo Afonso Maria de Ligório).

 

Pe. Divino Antônio Lopes FP (C)

Anápolis, 29 de setembro de 2006